quarta-feira, 16 de maio de 2012

A hora da classe C - Editorial Jornal Abertura Março de 2012

O site Terra assim publicou no dia 8 de março: “Eles já são 53% da população do Brasil e até 2014 serão 60%”. Eles são a novidade e estão fazendo com que as empresas corram para entender como querem ser servidos, o que querem consumir, a quais valores são fiéis. A nova classe C movimenta a economia brasileira e faz com que o País passe com mais calma pela crise, em relação a americanos e europeus. Especialista nesses novos consumidores, o presidente do instituto Data Popular, Renato Meirelles, diz que essa transformação ainda está em curso e que “as empresas que melhor entenderem as demandas desses brasileiros terão mais chances de serem líderes”.
Parece que estamos no rumo certo. Com o crescimento percentual e real do poder de compra desta parte tão importante da nação, o país começa a apresentar um perfil mais próximo ao dos chamados desenvolvidos. A história demonstra que somente um superávit de riqueza é capaz de sustentar o crescimento de um país; primeiro há a necessidade de haver algum consumo, depois haverá um refino na qualidade deste consumo. Abrirá espaço para a cultura, primeiro pelo entretenimento, depois para as coisas mais sérias. Hoje existe acesso ao ensino, com um resultado muito ruim e de baixa absorção pelos jovens. Com o passar do tempo, com as avaliações periódicas iniciadas há mais de 15 anos e com as mudanças que vem ocorrendo desde então, mais recursos serão direcionados e o IDH – Índice de Desenvolvimento Humano, que seguirá o do crescimento da renda, sempre defasado, é verdade.
As classes A e B já começam a consumir produtos mais naturais, mais caros. O número de teatros, centros culturais, museus vêm aumentando, propiciando o conhecimento a toda população. As passagens aéreas caíram de preço para aqueles que planejam a viagem com antecipação e, o brasileiro nunca gastou tanto no exterior. Este movimento foi precedido por outros países; na década de 70 eram os europeus, na de 90 os japoneses – hoje os principais turistas internacionais –, ao lado dos americanos vêm os chineses e, em pouco tempo, indianos e brasileiros farão o mesmo. Como e onde entra o lado espiritual nesta mudança social parece ser, para nós o mais importante. Sabe-se que junto com esta alteração no perfil econômico houve também uma debandada de católicos. A grande maioria migrou para as igrejas evangélicas, muito mais efetivas nas ações imediatas, muitas delas baseadas no aqui e agora – “trabalhe duro, pague seu dízimo e Jesus é teu pastor e nada te faltará”. Os diversos ramos de Espiritismo também crescem, porém mais lentamente, pois nossa proposta é de desenvolvimento contínuo e infinito, o que não parece animar muito aqueles que têm pressa.
Peter Jay, autor do livro ‘A riqueza do homem – uma história econômica’, editora Record, que cobre a evolução econômica mundial desde a pré-história até nossos dias, defende que todo o progresso da humanidade se deu pela geração de excedentes (produção agrícola como o primeiro grande impulsor, depois as navegações de longo curso, a máquina a vapor entre outros). A geração de excedentes em quantidades superiores às necessidades de produzi-las permitiu ao homem liberar energias para outras atividades. É exatamente isto que começamos a ver acontecer no Brasil, em larga escala: a existência de um círculo virtuoso.
Nossa expectativa é de que junto com esta ascensão da classe C, também ascendam os desejos de paz, harmonia, ética e compreensão de que nossos limites chegam quando encontramos os limites do outro.

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