terça-feira, 16 de dezembro de 2014

A Falácia da Igualdade

               Nossa cultura latino-americana tem um traço muito forte de imediatismo, de busca de resultados rápidos através de atalhos que encurtem nossos caminhos. Falta-nos visão de longo prazo, paciencia e persistencia na busca de nossos objetivos. Um país de constrói ao longo de séculos, na melhor da hipóteses, ao longo de várias décadas.
               Quando analisamos os séculos de construção de alguns países bem-sucedidos, tidos como exemplos de igualdade e justiça social, tais como Holanda, Suécia, Dinamarca e Noruega, percebemos que a igualdade nunca foi um objetivo em si. A igualdade e justiça social que desfrutam foi, na verdade, consequencia da defesa intransigente da liberdade acima de tudo, da criação e manutenção de regras claras e instituições fortes para que os cidadãos pudessem sempre controlar o Estado, e não ao contrário, tudo isso ao longo de séculos.
               Alguns podem questionar, mas que liberdade é essa da qual você está falando? E a resposta, é melhor que seja a mais simples possível, a mais fácil de entender e que possa servir de fundamento para qualquer questão que envolva a relação entre um povo e seu governo. Estou falando de liberdade total, ampla e irrestrita, para fazer, pensar, falar, escrever, produzir, consumir, trabalhar, ir e vir, proferir sua fé, cuidar de sua família, errar, acertar, corrigir seus erros, até o limite que essa liberdade não interfira ou prejudique a liberdade e os direitos do próximo. É a liberdade com responsabilidade, aquela que você tem o direito de usufruir de toda riqueza que produz, assim como tem o dever e a obrigação de pagar pelos prejuízos que causa aqueles que estão a sua volta. E ao governo, caberá apenas garantir essa liberdade a seus cidadãos, a cada um individualmente e exatamente na mesma medida, sem nenhum privilégio a quem quer que seja, não importando a sua classe social, cor da pele, opção sexual, posição dentro ou fora do governo. Essa deve ser a única igualdade a ser perseguida e garantida pelo governo, a igualdade de todos os indivíduos perante a lei.
               Agora, vamos considerar a outra opção. Muitos podem e (ainda) tem a liberdade para discordar. São as pessoas que priorizam a busca da igualdade social, a defesa dos pobres e oprimidos como objetivo maior de qualquer governo. Sempre me faço as seguintes perguntas: quem define o nível certo de igualdade? Se as pessoas nascem diferentes, com características e habilidades distintas, qual critério deve ser usado para definir esse ponto de equílibrio em que todos estarão satisfeitos e felizes? Qual o momento certo de dizer "até aqui eu ajudo e daqui pra frente voce caminha sozinho? Onde isso acaba? E se não acaba? Será que existe alguém, algum partido político, algum grupo de pessoas tão superior e iluminado que seja capaz de coordenar esse processo e nos conduzir a esse estágio avançado de igualdade e equilibrio perfeitos?
               Os últimos que se julgaram iluminados e superiores, levaram milhões de pessoas a morte, alcançando a igualdade apenas na pobreza sendo o conceito de liberdade eliminado parcial ou integralmente.
               Eu escolhi defender um país livre. Acredito na liberdade, não acredito na igualdade. Nunca vi a igualdade funcionar nos últimos séculos. A liberdade não é perfeita, ela também causa dor e sofrimento em alguns momentos e a alguns grupos de pessoas, pois nem todos sabem usar essa liberdade, nem todos tem responsabilidade para administrar sua própria liberdade. Apesar de todas essas imperfeições, quando analisamos a história e a evolução dos países ao longo dos últimos séculos de maneira racional e sem preconceitos, fica claro e evidente que a liberdade já produziu mais riqueza, mais felicidadee, até mesmo, mais igualdade do que a própria igualdade foi capaz de produzir para si mesma.

Gisela Régis



2 comentários:

  1. O artigo nos faz pensar. É claro, objetivo e muito bem colocado.
    aprender a viver a liberdade e com isso as diferenças é um exercício cheio de erros e acertos.

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  2. conviver com as diferenças é um exercício nem sempre fácil,mas possível ,se fizermos ao outro o que gostaríamos que fizessem a nós .

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