quarta-feira, 6 de maio de 2015

Sobre a Morte por Ricardo Nunes

SOBRE A MORTE.



“Um desses a quem amais vai morrer. Inclinado para ele, com o coração opresso, vedes estender-se lentamente, sobre suas feições, a sombra da morte. O foco interior nada mais dá que pálidos e trêmulos lampejos; ei-lo que se enfraquece ainda, depois se extingue. E agora, tudo o que nesse ser atestava a vida, esses olhos que brilhavam, essa boca que proferia sons, esses membros que se agitavam, tudo está velado, silencioso, inerte. Nesse leito fúnebre mais não há que um cadáver! Qual o homem que a si mesmo não pediu a explicação desse mistério?” Léon Denis 


O maior problema do ser humano de todas as latitudes geográficas e de todos os tempos é o problema da morte. O homem, entre todos os animais, é o único que consegue antecipar em pensamento o seu fim, é o único que possui consciência de que vai morrer.  Esta autoconsciência de sua própria finitude, fez com que o homem procurasse respostas para esta angustiante questão. Como resultado desta procura, surgiram as religiões que pretenderam responder ao grande enigma e, ao mesmo tempo, trazer conforto diante da precariedade e brevidade da existência humana.

Não apenas as religiões procuraram respostas sobre este tormentoso tema, a filosofia, por sua vez, tentou, desde seus primórdios, elucidar racionalmente esta questão. Grandes pensadores da humanidade, de Sócrates a Heidegger, refletiram sobre o tema, sendo que obtiveram respostas distintas, às vezes, contraditórias.

O espiritismo de Allan Kardec também refletiu sobre o significado da morte e ofereceu ao mundo respostas consistentes. Infelizmente, o espiritismo ainda não foi devidamente valorado nas perspectivas que abre para o conhecimento científico e filosófico de nosso tempo.

 Para o homem contemporâneo, a morte ainda é o grande tabu a ser enfrentado. Vivemos em sociedades materialistas e de consumo, nas quais o brilho da vida está ligado indissoluvelmente a ideia do prazer sensorial e da posse de bens. Vivemos em sociedades hedonistas do culto ao corpo, das cirurgias plásticas e dos silicones.

Nestas sociedades do século XXI, reflexões mais profundas sobre a morte e o morrer são frequentemente descartadas, ignoradas e rejeitadas pela grande maioria das pessoas.  Neste sentido, já dizia o grande compositor brasileiro Gonzaguinha: “ninguém quer a morte, só saúde e sorte”. No entanto, se é natural que a morte não seja uma aspiração ou anseio humano, talvez devamos repensar o extremo pavor que ela nos causa, pois na verdade ainda não sabemos  encarara-la com naturalidade e serenidade.

   A Dra. Elizabeth Kubler Ross, uma das maiores estudiosas da morte e do morrer, diz, em um dos seus preciosos livros: “a morte constitui ainda um acontecimento medonho, pavoroso, um medo universal”. De fato, desde épocas imemoriais o homem assimilou ao fim da vida as ideias de culpa e castigo, daí as oferendas, os sacrifícios, na busca de aplacar a ira divina.

Já Kardec dizia no século  XIX, que associamos  à morte as piores ideias, como aquela de uma caveira com um capuz e uma foice ou então ideias da decomposição pútrida do corpo.  Luc Ferry, filósofo francês contemporâneo, afirma que nossas sociedades laicas se calam à beira dos túmulos, pois as questões de sentido do ser e da vida  ainda estão para serem respondidas. 

 A morte, para o espiritismo, não é o fim. A essência do ser humano, sua alma, seu espírito, consciente e individualizado, sobrevive ao túmulo. A doutrina de Allan Kardec nos ensinou, inclusive, que podemos ter evidências desta realidade através do estudo da mediunidade. Com o espiritismo, conseguimos ir além da fé, e nos direcionamos rumo a uma convicção racional, rigorosamente fundamentada no estudo de uma ampla variedade de fenômenos.

 Quando observamos a lagarta se transformar em um casulo, nossos sentidos dizem que é o fim de tudo, que não há esperança. No entanto, a partir de  um processo de metamorfose invisível e surpreendente, nasce uma  linda borboleta, que ganha livremente os ares colorindo e embelezando a vida. Assim é a morte para o espírita, o ingresso em uma nova fase da existência.

Nota do moderador: ERRATA – artigo Sobre a morte
Infelizmente o Artigo  - Sobre a Morte, saíu na edição de Abril do Jornal ABERTURA como de autoria de Roberto Rufo e na verdade seu autor é Ricardo de Moraes Nunes. O ICKS e o Jornal ABERTURA lamentam o erro e publicam o artigo no Blog com seu verdadeiro autor como pedido de desculpas.


2 comentários:

  1. A Morte realmente assusta a todos por imaginar a perda de afetos, sentimentos, e a consciencia . A luz do espiritismo vem alertar pela continuidade de afetos, virtudes e defeitos dando-nos o direito de prosesguir o caminho da evolução.

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  2. O corpo morre,o espírito permanece ,sobrevive ,reencarna para ser feliz....

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