quarta-feira, 20 de abril de 2016

A delicada questão do equilíbrio editorial - por Alexandre Cardia Machado

Jaci Régis sempre pautou o Abertura por não esquivar-se das questões mais importantes do país e do mundo. Basta comparar qualquer edição do Abertura com a revista Reformador da FEB para vermos realidades ali representadas totalmente distintas: a FEB não escreveu nenhuma linha sobre os problemas políticos brasileiros ou sobre a primavera árabe, para citar só dois exemplos.
Este é o nosso DNA: tratar dos assuntos importantes para a sociedade, buscando, como nos ensinou Allan Kardec, usar sempre uma linguágem de alto nível, para manter alto o padrão vibratório. Fazendo isso, ajudamos uma parcela da população a pensar e refletir sobre as relações do mundo físico com os conhecimentos do Espiritismo.

Este é, inclusive, o quarto princípio norteador do Instituto Cultural Kardecista de Santos (ICKS) que fundamentalmente edita o Abertura :

“ O ICKS deverá manter-se atualizado com a cultura atual e que possua relevância com a Doutrina Espírita.”
Nos preocupa a maneira como muitos estão protestando. Policiando uns aos outros, desrespeitando as convicções individuais, como se fosse possível que todos pensassem da mesma forma. Recomendo a leitura cuidadosa dos artigos de Ricardo Nunes e do grande pensador espírita e ex-Presidente da CEPA, Milton Medran.
Está ficando claro, para boa parte da população, que a forma de se fazer política no Brasil está errada. Muitos de nós não nos sentimos representados. O número gritante de políticos envolvidos na Operação Lava-Jato e em outas operações em curso no país é alarmante. Claro que nem todos foram formalmente acusados, nem condenados ainda. Mas creio que este fato em si demonstra nossa tese.
Faltam lideranças éticas, sobram aproveitadores. O cuidado com o nosso voto é a única arma  que nos resta, façamos com que este ato cívico seja o momento mais importante do ano, ou teremos de conviver com o resultado por, pelo menos, 4 anos.

Não existe ideologia perfeita. Todas, de alguma maneira, favorecem uns em detrimento de outros.
Kardec era favorável à aristocracia intelecto-moral como uma forma de representação ideal. Certamente esta ideia é utópica e não resistiria aos tempos de “Big Brother” em que vivemos hoje. Qualquer um, com um simples telefone celular, pode facilmente desmascarar uma pessoa até então considerada de bem.

A justiça está aí para retirar de circulação aqueles que abusam do poder neles investido. E sim, sejam eles quem forem, são pessoas como quaisquer outras, tem os mesmos direitos e deveres, ainda que possam dispor de forum privilegiado.

Não há passe de mágica, precisamos votar tomando como base a melhor informação que dispomos e depois, se não agradar a escolha, na próxima oportunidade tentar votar melhor.

Este é um exercício que se enquadra dentro do que Jaci Régis denominou , com muita perspicácia, de Imortalidade Dinâmica:

 “Na Dinâmica do processo, o que, dentro da visão sensorial sugere o caos, o acaso, na verdade caminha para a busca do equilíbrio. A questão, nessa visão sensorial, se complica pela variável do tempo, cronológico ou sensível. A culpa será desenvolvida no nível hominal. Dispondo da capacidade de analisar, comparar e decidir, ele exercerá ou sofrerá a ação recíproca do ato e da resposta. Mas, sobretudo, descobre o outro. É nessa descoberta e nessa relação conflitiva e ao mesmo tempo essencial que ele desenvolve o senso moral, o certo e o errado, o bem e o mal, que por isso mesmo é relativo ao grau evolutivo” Doutrina Kardecista – Modelo conceitual ( reescrevendo o modelo espírita). Portanto, dinâmico como conclusão.


Que este período de atrito em que vivemos termine logo e que possamos encher nossas páginas com boas notícias. Isto é o que desejamos. Até lá, continuaremos atentos.

Um comentário:

  1. Belissimo artigo.Adoro o jornal Abertura.Atual, dinamico, envolvido no seu tempo. Buscando compreensão espírita em fatos importantes.Continue assim.Trabalhando sempre nesta perspectiva.
    Claudia

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