terça-feira, 17 de janeiro de 2017

E viva a Democracia - por Reinaldo di Lucia

E viva a Democracia

Na  edição de setembro do jornal Abertura, o colunista Roberto Rufo relembrou que em 2017 serão comemorados os 100 anos da revolução que deu origem ao regime comunista na Rússia, que, com o tempo, gerou a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Lembrava ele também que todos os regimes comunistas que surgiram posteriormente foram fracassos redundantes (vide Cuba, Coréia, Vietnam, China).
A constatação destes fatos leva normalmente à exaltação do sistema democrático de cunho capitalista como a melhor solução político-econômica para as nações. Fala-se muito das oportunidades iguais que tal sistema proporciona aos cidadãos, da geração contínua de riqueza, da liberdade que todos gozam. E, por tabela, elogia-se a economia de livre mercado, verdadeira panaceia econômica para o mundo.
O outro lado da moeda é a situação que vemos no Brasil. Observamos uma promiscuidade generalizada entre o poder público e a iniciativa privada, com propinas a políticos de todos os matizes, formação de carteis, fraudes em licitações, “pedaladas”, e outras tantas práticas que vêm cada vez mais fazendo parte do vocabulário do brasileiro.

Agora em Athenas



Mas não nos enganemos. A crise que vivemos (que, a propósito, é menos política ou econômica que moral) não é prerrogativa do Brasil. Ocorre em todos os países, em maior ou menor grau. Difere em tamanho, na punição e no grau, mas em todos eles encontramos a mesma promiscuidade.

E aí vemos as pessoas dizendo que “o povo tem uma arma: o voto!”. Mas como usá-la se não há partido em que se possa confiar, se não existe agremiação política que não tenha por princípio o mesmo velho princípio do “é dando que se recebe”. A democracia existe na teoria: na prática...E a faceta mais perversa desta prática, que tanto mal causa ao país foi mostrada ao Brasil na última semana: para tentar garantir um mínimo de governabilidade, a presidente entregou o ministério de maior orçamento ao partido com maior número de representantes, visando, obviamente, garantir quórum nas votações do Congresso. Seria só mais do mesmo se, para tanto, ela não tivesse que demitir o melhor Ministro da Saúde que já tivemos, nosso companheiro Arthur Chioro (Ademar, para nós dqui de Santos).

Saímos deste episódio mais fracos, mais desamparados, mais desesperançados. E, pelo menos eu, cada vez mais desacreditado do sistema capitalista. Um sistema que tentam nos mostrar como justo, mas que concentra 50% (isso mesmo, metade!) de todo o dinheiro do mundo na mão de 86 pessoas. Essa desigualdade na distribuição da riqueza, historicamente, levou a grandes desgraças – esperemos que isto não ocorra novamente.


Ademar, obrigado pelo trabalho excepcional neste curtíssimo tempo. E quem sabe este exemplo possa inspirar a todos a como tratar a coisa pública. Precisamos de tempo, mas esse é um começo muito promissor.

NR: Artigo originalmente publicado no Jornal ABERTURA em novembro de 2015.

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