quinta-feira, 25 de maio de 2017

Sobre a vida em Jupiter, segundo a Revista Espírita de 1858 - por Alexandre Cardia Machado

Sobre a vida em Jupiter, segundo a Revista Espírita de 1858


Existe um parágrafo inteiro descrevendo as características dos habitantes de Júpiter. Na Revista Espírita (RE) no ano de 1858, em diversas edições. Aqui só destacarei alguns deles:
-          “ Enquanto nós rastejamos penosamente na Terra, o Habitante de Júpiter se transporta de um a outro lugar, deslizando pela superfície do solo, quase sem fadiga, como o pássaro no ar ou o peixe na água”;
-          “ a alimentação é formada de frutas e plantas”

 Allan Kardec recebe um comunicação e a publica, sobre esta comunicação Kardec, faz a seguinte referência:

“ignoramos onde e quando se realizaram, não conhecemos o interpelante, nem o médium, somos completamente estranhos a tudo isso...entretanto é notável a perfeita concordância ...”

-          “ 25 – nosso globo terrestre é o primeiro desses degraus, o ponto de partida, ou vimos ainda de um ponto inferior?
-          Há dois globos antes do vosso, que é um dos menos perfeitos.
-          “ 26 – qual o mundo que habitas? Ali és feliz?
-          Júpiter. Ali desfruto de uma grande calma; amo a todos os que me rodeiam. Não temos ódio.”
- “ ... No planeta Júpiter, onde habito, há melodia em toda parte: no murmúrio das águas, no ciciar das folhas, no canto do vento; ...”


Em outro número da RE do mesmo ano – Agosto de 1858 “A propósito dos desenhos de Júpiter” - Nesta edição Kardec publica o desenho da “famosa casa de Mozart” feita em agua forte – gravada em uma placa de cobre por um médium que não sabia desenhar, nem gravar. Kardec ressalva “ora, como fato de manifestações, estes desenhos são, incontestávelmente, os mais admiráveis, desde que se considere que o autor não sabe desenhar, nem gravar, e ...mesmo que esse desenho seja uma fantasia do Espírito que o traçou, o simples fato de sua execução, não seria um fato menos digno de atenção...”

Análise crítica deste conjunto de textos:

As naves espacias  Pionner no início da década de 80,  as Voyagers, na década de 90, a sonda Galileu, no final da década de 90 e a recente passagem da nave New Horizon que se encaminhava a Plutão nos enviaram fotos fantásticas em diversos comprimentos de onda dos planetas externos do sistema solar, nos revelaram a existência dos anéis de Júpiter e suas 67 Luas.

Sabemos hoje que Júpiter não tem superfície, trata-se de um planeta gasoso, muito massivo, mas com a densidade ¼ da terrestre.
Alguns cientistas admitem que o núcleo do planeta possa ser formado por um líquido altamente pressurizado, formado por Hidrogênio e Hélio.
Com o exposto acima não acreditamos que Mozart pudesse ter uma casa, como desenhada na “Revue”, em um planeta sem superfície sólida.
Jupiter trata-se de um planeta gasoso e portanto insistir na justificativa da existência desta casa seria chover no molhado, todas estas publicações só poderiam ser oriúndas de um Espírito pseudo-sábio.


Para abrir a sua mente: Kardec, Allan – Revista Espírita – Jornal de Estudos Psicológicos Editora EDICEL SP- Brasil– 1858


sexta-feira, 12 de maio de 2017

O Laço Mental - Alexandre Cardia Machado

O Laço Mental




Krisnamurti de Carvalho Dias no seu livro O Laço e o Culto fala sobre a religião como um laço, uma união entre pessoas que comungam da mesma ideia.

Muitas vezes nos perguntam se o jornal ABERTURA tem uma pauta, uma reunião de definição de assuntos que devem ser escritos. A verdade é que isto não existe, temos sim em muitas edições um laço mental entre os articulistas.

Esta edição é uma delas, temos dois artigos que tratam profundamente do livre-pensamento, um de nosso editor Alexandre Machado e outro de Ricardo Nunes, na coluna do CPDoc. São artigos que se complementam e ajudam a propagar nossa maneira de pensar o mundo.

Reinaldo di Lucia tem seu trabalho, apresentado no SBPE em 1995 citado no editorial abaixo e também parcialmente reproduzido na coluna Espiritismo para o Século XXI.

Roberto Rufo, na coluna Fato Espírita comenta o livro Revolução Espírita de Paulo Henrique de Figueiredo, este que estará em Santos em Março no 12° Forum do Livre-Pensar da Baixada Santista, vejam os detalhes na capa do Abertura.

Creio que estas coincidências, são na verdade união de pensamento, demontra a força de nosso pensamento plural, livre-pensador. Na página 8, Roberto Rufo aborda a questão do preconceito de cor algo que ao tempo de Kardec, já haviam algumas considerações, mas que nos dias de hoje, todo este modo de ver e pensar foi atualizado e o Espiritismo não pode ficar para trás. Hoje nosso grupo enfrenta de frente todo e qualquer ataque à liberdade do ser humano.

Esta força plural, aberta, nos motivou a mudar um pouco nosso logotipo, queremos reforçar a ideia de abertura de pensamento e de pluralidade. Nosso jornal tem o subtítulo Jornal de Cultura Espírita o que nos impulsiona para a necessidade de nos abrirmos aos fatos. Tem também em sua barra azul a frase Espiritismo – Ciência da Alma, pois o que importa mais ao espiritismo são as coisas que afetam o ser humano e sua alma encarnada.

Já temos hoje um conjunto de ideias estabelecidas que cada vez mais nos aprofundamos, buscando com isto desenvolver o progresso do Espírito, foco da Ciência da Alma. O nosso movimento progressista já é um segmento separado do Espiritismo à Brasileira, somos um grupo que trabalha, dedica-se a ratificar a ideia de um Espiritismo Livre-Pensador.

NR: Artigo publicado no Jornal Abertura - Janeiro/Fevereiro de 2017


quinta-feira, 4 de maio de 2017

Kardec e os desertores - por Eugenio Lara

KARDEC E OS DESERTORES

Nota do Redator: Destacamos neste mês o trabalho apresentado por Eugenio Lara, em 2013 no 13° Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita, Lara ressalta a dificuldade de manter alinhadas as diversas personalidades que participaram da construção do Espiritismo.

Daremos ênfase a dois sub-capítulos, esperamos capturar o sua atenção e para a leitura do trabalho completo é só visitar o blog do ICKS. Fiquem com Eugenio Lara


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Nos últimos escritos de Allan Kardec, podemos observar sua preocu-pação para com os rumos do Espiritismo, com os desertores, com as divi-sões que o incomodavam. Segundo ele: “Se todas as grandes ideias tiveram apóstolos fervorosos e devotados, mesmo nas melhores tiveram desertores. Não poderia o Espiritismo escapar às consequências da fraqueza humana”. (Os Desertores, em Obras Póstumas). Neste texto, o fundador do Espiritismo desenvolve interessante caracterização dos vários tipos de desertores:

1. Os primeiros desertores consideravam o Espiritismo apenas como divertimento, passatempo, distração social. No século 19, com o modismo das mesas girantes ou dançantes, o Espiritismo como fenômeno ocupava o tempo da elite nos salões parisienses, atraindo a curiosidade e o interesse pelo oculto. No entanto, quando essas mesmas pessoas viram que o Espiritismo era algo sério e não simples objeto de entretenimento, se afastaram.

2. Na segunda categoria se inserem os que viam no Espiritismo uma forma de ganho pessoal, um negócio vantajoso. Seu desejo era obter dos espíritos informações que lhes desse algum tipo de benefício: ganhar na loteria, achar algum tesouro escondido etc. qualquer tipo de vantagem material, pecuniária. Porém, logo se afastaram quando perceberam que o Espiritismo emergia como ciência e filosofia, como uma doutrina séria, racional e, portanto, jamais se prestaria aos seus interesses frívolos. “É destes que se constitui a categoria mais numerosa dos desertores, mas vê-se perfeitamente que não se pode, conscienciosamente, qualificá-los de espíritas”, conclui Kardec.

3. A terceira categoria se caracteriza pela ação dos espíritas de contrabando (spirites de contrebande): “Pregam a união e semeiam a cisão; atiram ardilosamente à arena questões irritantes e ofensivas; excitam a rivalidade de preponderância entre os diferentes centros.” A única utilidade dessa categoria de desertores foi a experiência obtida: “Ensinaram o verdadeiro espírita a ser prudente, circunspeto e não se fiar nas aparências.”

4. E por último, aqueles espíritas que, por divergirem do Espiritismo, se afastaram e seguiram outro caminho. Allan Kardec os divide em dois tipos: a) Os que são guiados pela sinceridade e b) Os que são guiados pelo amor-próprio.

Os primeiros não podem ser considerados desertores porque têm o pleno direito de divergir e buscar outro caminho, pois são sinceros e guiados “pelo desejo de propagar a verdade”.
Quanto à segunda subcategoria, Kardec é bem claro e incisivo: “Seus esforços tendem unicamente para se porem em evidência e captarem a atenção pública, satisfazendo seu amor-próprio e seu interesse pessoal.”

O fundador do Espiritismo enfrentou todo tipo de desertor, desde o mais frívolo até o mais preparado. Essa categorização é fruto da experiência, de seu olhar perspicaz e observador, podendo inclusive ser aplicada na aná-lise do movimento espírita contemporâneo.

O caminho apontado por Kardec para a superação dos conflitos e da rivalidade entre grupos e pessoas é moral, ético: “Espíritas! Se quiserdes ser invencíveis, sede benevolentes e caritativos. O bem é uma couraça contra a qual sempre se anulam as manobras da malevolência.” E, para finalizar, não deixa de lado seu ufanismo e o otimismo exagerado ao ver o intenso desenvolvimento do Espiritismo num curto espaço de pouco mais de dez anos: “A vulgarização universal do Espiritismo é questão de tempo, e, neste século, o tempo caminha a passos de gigante, sob o impulso do progresso”.

Allan Kardec era um homem prático, empreendedor. Ele apontou um caminho moral, ético, mas não se limitou a esse discurso. Ciente da força filosófica do Espiritismo e de sua capacidade de penetrar no âmago das consciências, propôs o Projeto 1868. Publicado inicialmente na Revista Es-pírita (dezembro de 1868) e posteriormente ampliado, em Obras Póstumas, Kardec estabelece nesse texto parâmetros seguros a fim de que as inevitáveis cisões e deserções pudessem comprometer o futuro do Espiritismo, como veremos a seguir.

CHEFE COLETIVO

Allan Kardec tinha plena consciência de que as fraquezas humanas não poderiam ser ignoradas em se tratando do futuro do Espiritismo, tanto que elaborou o Projeto 1868 com a intenção de neutralizar sua ação insidiosa.

A fim de evitar dissidências, procurou dotar o Espiritismo de uma linguagem aberta, objetiva, que desse pouca margem a interpretações. Precisão e clareza foram dois critérios adotados por ele na elaboração de toda a Kardequiana: “Podem formar-se, paralelas à Doutrina, seitas que não adotem os seus princípios, ou todos os seus princípios, mas não dentro da Doutrina por questões de interpretação do texto, como se formaram tantas pelo sentido que deram às próprias palavras do Evangelho. É este um pri-meiro ponto, de importância capital”.

Manter-se no círculo das ideias práticas, deixando de lado teses utópicas que poderiam ser rejeitadas por homens positivos e abrir as portas doutrinárias ao progresso do conhecimento foram outros dois critérios bem definidos pelo fundador do Espiritismo.

Kardec propõe em detalhes a criação de um comitê central dirigente, gestor, encarregado de manter a unidade doutrinária e o caráter progressivo do Espiritismo, sempre sob a responsabilidade exclusiva dos encarnados: “Que os homens se contentem em ser assistidos e protegidos pelos bons Espíritos, mas não descarreguem sobre eles a responsabilidade que lhes cabe como encarnados”.

Esse comitê central teria suas ações controladas por assembleias ge-rais, congressos, a fim de desempenhar o papel de “chefe coletivo que nada pode sem o assentimento da maioria.” A proposta kardequiana fundamenta- se em ações de caráter democrático, sem esquemas hierarquizantes e centralizadoras.

O mais interessante de sua proposta é a relação libertária desse comitê central com os grupos espíritas, que funcionariam num esquema de au-togestão, de independência e liberdade de ação, como células autônomas, cada qual com sua forma peculiar de organização, porém fiel aos princípios doutrinários aceitos por todos, princípios estes que Kardec não pôde finalizar em razão de sua súbita desencarnação.


O profundo respeito à liberdade de pensamento, a tolerância e a alteridade não poderiam ficar de fora, fatores que nos conduzem ao respeito por todas as crenças: “Se estou com a razão, os outros acabarão por pensar como eu; se estou errado, acabarei por pensar como os outros. Em virtude desses princípios, não atirando pedras em ninguém, não dará pretexto a represálias e deixará aos dissidentes toda a responsabilidade de suas palavras e de seus atos”. 

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Uma dor que parece não ter fim por Roberto Rufo

Uma dor que parece não ter fim 



" O Maior é o que serve " . ( Jesus de Nazaré ) .


                                                       " Não é tudo dizer ao homem que ele deve trabalhar , é preciso ainda que aquele que espera do seu labor encontre em que se ocupar, e é o que nem sempre ocorre " ( comentário de Allan Kardec à pergunta 685 ).

                                              O Brasil já tem 14,2 milhões de seres humanos à procura de uma vaga de emprego , praticamente o equivalente à população dos Estados de Pernambuco, Sergipe e Piauí juntos . A taxa de desemprego alcançou a marca recorde de 13,7% no trimestre encerrado em Março/2017.

                                              Isso se deve à péssima gestão econômica de bandidos travestidos de políticos que assaltaram o poder nas esferas municipal , estadual e federal e que hoje se traduz em dor e sofrimento para milhares de famílias.

                                            " Quando a suspensão do trabalho se generaliza, toma as proporções de um flagelo como a miséria " . ( comentário de Allan Kardec à pergunta 685 ) . Agora assistimos na televisão os delinquentes culpando uns aos outros pela grave situação . Assumir responsabilidades nunca foi o forte deles . Falta-lhes a educação que consiste na arte de formar caracteres e com isso adquirir hábitos de pensar no próximo como um ser que merece atenção e respeito.

                                                                                                                                           Roberto Rufo .