quinta-feira, 13 de julho de 2017

Afinal, para que serve o discurso espírita? E a moral de Jesus de Nazaré? por Roberto Rufo

“A moral dos espíritos superiores se resume, como a do Cristo, nesta máxima evangélica: agir para com os outros como quereríamos que os outros agissem para conosco; quer dizer, fazer o bem e não fazer o mal. ( Allan Karde, Introdução ao Livro dos Espíritos ).

“Como se pode definir a justiça? ( pergunta 875 L.E. )? A justiça consiste no respeito aos direitos de cada um, respondem os espíritos”.


 Imaginemos as seguintes situações, a primeira delas um alto executivo de uma multinacional tendo que tomar decisões que concorrem para o futuro da empresa onde trabalha pressionado pela concorrência ; a segunda delas um líder político com a oportunidade de vender US$ 110 bilhões de dólares em armamento a um parceiro aliado, mesmo que esse aliado seja um país onde vigora uma ditadura. A terceira delas a de um líder popular, geralmente um populista de esquerda ou direita e que necessita de uma ótima quantia monetária para dar andamento aos seus sonhos de poder.
Arrisco a dizer que nenhum deles levará em conta qualquer preceito ético defendido pelo Espiritismo, e muito menos qualquer viés da moral ensinada por Jesus de Nazaré.  

Certa ocasião, há pelo menos vinte anos atrás, quando iniciávamos uma mudança de gestão na empresa, foi contratada uma consultoria para nos situar no que se chamava de Gestão Empresarial Moderna. Lá pelas tantas um funcionário que poderíamos chamar de cristão, se contrapôs a um dos”ensinamentos”dizendo que Jesus Cristo não concordaria com aquela posição conceitual apresentada pela consultoria. Na hora foi severamente admoestado pelo professor líder  “aqui não vamos discutir religião, aqui estamos tratando de negócios”. O rapaz falava apenas de moral.
Num tempo mais recente, o pensador espírita Milton Rubens nos falou de algo preocupante que ocorreu nos dias atuais, que foi a separação do que é campo próprio das ”religiões” e aquilo que pertence às ciências, sejam elas de que matizes forem. Com isso o Espiritismo também ficou nessa amarra de ter o seu conteúdo aprisionado nas religiões.

Portanto, nas decisões empresariais ou políticas, o materialismo que eu chamo de funcional, alicerçado na segunda metade do século XX, é a pedra de toque do século XXI, dominado pelo materialismo, do qual Kardec tinha verdadeiro pavor. Pode até ter crescido o número de seitas evangélicas, todavia seus dirigentes são materialistas ao cubo. 

Quem já teve a oportunidade de ler o livro ”A peste” do escritor argelino Albert Camus, ele aventava o perigo do crescimento da xenofobia e das revoltas populistas diante do perigo do fascismo e do stalinismo. A maior das guerras tinha deixado um gosto amargo nos intelectuais da época. Através de um de seus personagens ele alerta que o bacilo da peste não morre nem desaparece nunca. Pode ficar adormecido por dezenas de anos esperando pacientemente o momento adequado para acordar seus ratos para perturbar a sociedade. O Brasil passa por um desses momentos. Os ratos dominam os discursos. Pessoas como o recém falecido Antônio Cândido são figuras inexistentes nos tempos atuais onde tão somente o dinheiro define a escolha empresarial, o ato político e os sonhos de poder.
Confiemos nos espíritos, pois ao mesmo tempo que nos falam que o orgulho e o egoísmo são o maior obstáculo ao progresso, nos alegram ao dizer que o estado de coisa onde o mal parece dominar mudará à medida que o homem compreenda melhor que há, fora dos prazeres terrenos, uma felicidade infinitamente maior e infinitamente mais durável. A esperança num comportamento equilibrado, fruto do aprendizado na razão progressista e evolutiva parece ser o antídoto para eliminar a sensação de impotência que passamos a ter nas atitudes íntegras e sinceras.  

O discurso espírita e a moral de Jesus de Nazaré não devem ser jogados na lata do lixo. Eles são a solução.



                                                                                                                     Roberto Rufo.

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