quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Humildade a virtude dos sábios - por Roberto Rufo e Silva

Não se pode servir a dois senhores.

" Se Deus não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se Deus não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela " ( Salmo 127 ).

" Se Deus não existe, tudo é permitido ". ( Dostoiévski ) 

                                                                   
A casa caiu literalmente. Depois das delações das grandes empreiteiras não sobrou pedra sobre pedra. A casa, a qual podemos chamar de morada da política,  era construída sobre alicerces de areia. Porque se fosse construída sobre rochas teria resistido aos ventos e tempestades das denúncias. Negar a desonestidade se transformou num mero exercício de retórica. Usar as armas da competência administrativa ou falar das finalidades sociais para se justificar só os torna mais ridículos do que já são. 

Troquemos a palavra Deus por espiritualidade, que nada mais é do que a posse de valores positivos, visão de vida futura e exercício de amor ao próximo, e a frase de Dostoiévski mais o Salmo 127 ficam mais palatáveis ao espírita intelectualizado. 

De dois homens ricos, um nasceu na opulência e não conheceu jamais a necessidade, o outro deve a sua fortuna ao seu trabalho; todos os dois a empregam exclusivamente em sua satisfação pessoal; qual é o mais culpável? pergunta Kardec aos espíritos. Aquele que conheceu o sofrimento e sabe o que é sofrer. Ele conhece a dor que não alivia, mas muito frequentemente, dela não se lembra mais respondem os espíritos.

Uma das grandes virtudes humanas é o reconhecimento do erro e o esforço para mitigar suas consequências ruins. Todavia o show de soberba é avassalador, onde todos se justificam dizendo que as coisas funcionam assim mesmo e que caixa 2 é um instrumento válido para o exercício da política em época de eleições. Afinal sem eleições não há democracia! É risível esse silogismo. Mas obviamente trata-se de uma estratégia para que tudo caia no ralo comum do caixa 2 na esperança de que do STF surja o perdão de todos os pecados. Muito bem orientado pelo seu advogado, o governador Sérgio Cabral, um ladrão contumaz, diz agora que o dinheiro utilizado na compra de joias era resto de campanha oriundo do famigerado caixa 2. Esse mesmo argumento é utilizado para justificar aeroporto na fazenda da família, de sítio no interior e apartamento no litoral.  

Todos frequentam Igrejas, templos, batizam seus filhos e netos, comparecem a missas e procissões em épocas apropriadas, mas a espiritualidade já citada e o desejo de perfeição moral passam a léguas de distância de suas consciências. Infelizmente são incapazes de assumirem seus graves erros e com isso demonstrar aos seus simpatizantes que podem se recuperar moralmente. Afinal Jesus disse que sempre estão abertas as portas ao verdadeiro arrependimento. Mas não, continuam com seus discursos mentirosos e algo mais incrível,  levando consigo uma legião de tontos e militontos que teimam em vê-los como injustiçados. Enquanto isso a verdadeira injustiça social no Brasil só faz crescer.

Qual a mais meritória de todas as virtudes? pergunta mais uma vez Kardec aos espíritos. Ao responderem que todas as virtudes têm seu mérito, os espíritos realçam que o mais sublime na virtude consiste no sacrifício do interesse pessoal para o bem do próximo sem oculta intenção. A mais meritória  é aquela que está fundada sobre a mais desinteressada  caridade. Não existe virtude em comprar joias da H. Stern para a mulher com dinheiro público. Perdão, dinheiro de sobras de campanha oriundo do caixa 2.


Roberto Rufo

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