Reforma
Íntima? Só que não!
Na
Doutrina Espírita a ideia de reforma intima é muito conhecida e difundida. Termo
usado muito pelos espíritos Emmanuel, André Luiz e Joana de Angelis
A
palavra reforma quer dizer – mudança - modificações, dar melhor forma.
Intima
- interna, interior.
Este
termo vem ligado a ideia de que a encarnação é uma maneira de resgatarmos os erros,
os deslizes cometidos nesta ou em outra existência. Enfatizando a ideia que
estamos sempre em dívida, que somos e estamos constantemente errados e
necessitamos de reformulações.
A
vida desta maneira é vista sempre como uma prova. Um resgate.
Jaci
Régis faz um paralelo dizendo que como espíritas não temos laços com o pecado
original da doutrina católica, mas tendemos a acomodar as ideias espíritas com
a simbologia cristã e temos assim, não o pecado original, mas o pecado
originário, originado em outra existência.
Como
se tivéssemos tido uma queda por más tendências e precisamos domar estas más
inclinações para ascender novamente.
Com uma visão
progressistas a vida é sempre uma oportunidade de
aprendizado, de desenvolvimento que podemos aproveitar ou não.
Aprendemos
por acertos e erros. Aprendemos através das experiencias vividas. Aprendemos
com os erros.
E
mais do que reparar temos a chance de crescer, desenvolver, alcançar
potencialidade não antes desenvolvidas e aprimorar outras qualidades já
conquistadas, ampliou-se ou melhor ressignificou-se o conceito de reencarnação.
E daí usarmos a reforma intima, como baluarte moral já não cabe mais.
Nosso
papel fundamental é melhorarmos enquanto espíritos nas experiências da vida.
Então
o termo - reforma intima - seria melhor substituído por construção interna. Um termo mais
adequado para uma mudança de visão do homem como espírito em evolução.
Visão
moderna, adequada a realidade atual, dinâmica, com mais profundidade e mais
próximo do que sejam os conceitos básico do espiritismo e não do cristianismo.
Construção
interna porque implica na construção do ser - feita através das diversas
encarnações onde há e deve haver reformulações, substituições reparos,
adaptações, novas assimilações e novas aquisições.
O
papel da Doutrina Kardecista é o de facilitar ao homem conhecer a si mesmo. Construindo
quem somos, para onde vamos e para que vivemos, nesta trajetória vamos num
processo gradual e progressivo, de forma contínua e permanente. E o de compreender
também que depende de nossa decisão, comandar conscientemente nossa vida, nosso
próprio futuro.
Crescer
não é um processo fácil porque modificar nossas estruturas mentais com novas
aquisições, experiências, vivências, é sempre um desafio. O processo de crescimento
muitas vezes pede novas atitudes. E para novas atitudes, novos paradigmas.
Em
cada encarnação temos uma personalidade, um perfil construído pelo nosso
arcabouço, nossa educação, nossa cultura, nossas experiências. E este perfil
estabelece o nosso modo de ver o mundo e o modo de agir em nossas relações.
Este
perfil tem possibilidade de mudanças, flexibilidade e disponibilidade para que
isso ocorra sem nos desestruturarmos. É
um processo que conta com inseguranças, com incertezas, mas também com firmeza,
estudo e esforço. As mudanças podem vir pelas angústias, mas também pela
necessidade de ser mais feliz, de ter mais satisfação na vida e ter equilíbrio
seja em si mesmo e nas relações com os outros.
Para
que isso ocorra requeremos de uma vontade ativa, um olhar para dentro de nós mesmo,
do nosso acervo, analisando nossas possibilidade e aspirações.
Todo
este processo causa medo porque saímos daquilo que estamos acostumados, de um
estado de acomodação para um estado novo, em parte desconhecido, mas não parece
existir outro caminho, temos que vivenciá-lo.
Necessário:
Auto aceitação.
Aceitação de quem somos e que temos condições de mudar.
Trabalho
único e constante que depende da condição de
cada um.
Prestar
atenção nas experiencias de vida.
A
primeira lição comportamental do Espiritismo é que devemos nos livrar da
angústia da perfeição, a fim de que possamos equacionar nossa própria
imperfeição.
Sem
essa precaução, cairíamos facilmente na armadilha da presunção ou no desânimo
diante da tarefa a ser executada, isto é, a da execução da mudança decidida.
Extrair
das experiências vividas resultados
positivos.
Entender
melhor, por ter experimentado.
Enfrentar
nossas dificuldades, vícios e desenvolver
potencialidades para passar os momentos de maneira mais tranquila. Enfrentar
para superar. Processo de conquista.
Aprender
a aplicar bons conceitos à vida.
Para
terminar podemos colocar os dizeres de Jaci Régis em seu best-seller
Comportamento Espírita, “A
verdadeira mudança comporta dois estágios:
O
da decisão, que é instantânea, definidora. Às vezes
é fruto de uma lenta maturação e até de muitas e muitas experiências negativas.
Mas quando surge é decisivo. Ninguém decide mudar aos poucos.
O
outro estágio é o da concretização. Esse sim, pode ser algo demorado,
porque a decisão de mudar não transforma o que somos, no que desejamos ser de
uma hora para outra.
Essa
transformação segue um caminho, uma sequência, mais ou menos demorada, conforme
o poder de execução desenvolvido, no interior de cada um”.
Cláudia
Régis Machado é psicóloga e reside em Santos
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