quarta-feira, 25 de julho de 2018

Reforma Íntima? Só que não! por Cláudia Régis Machado


Reforma Íntima? Só que não!

Na Doutrina Espírita a ideia de reforma intima é muito conhecida e difundida. Termo usado muito pelos espíritos Emmanuel, André Luiz e Joana de Angelis

A palavra reforma quer dizer – mudança - modificações, dar melhor forma.
Intima - interna, interior.

Este termo vem ligado a ideia de que a encarnação é uma maneira de resgatarmos os erros, os deslizes cometidos nesta ou em outra existência. Enfatizando a ideia que estamos sempre em dívida, que somos e estamos constantemente errados e necessitamos de reformulações.

A vida desta maneira é vista sempre como uma prova. Um resgate.

Jaci Régis faz um paralelo dizendo que como espíritas não temos laços com o pecado original da doutrina católica, mas tendemos a acomodar as ideias espíritas com a simbologia cristã e temos assim, não o pecado original, mas o pecado originário, originado em outra existência.

Como se tivéssemos tido uma queda por más tendências e precisamos domar estas más inclinações para ascender novamente.

 Com uma visão progressistas a vida é sempre uma oportunidade de aprendizado, de desenvolvimento que podemos aproveitar ou não.

Aprendemos por acertos e erros. Aprendemos através das experiencias vividas. Aprendemos com os erros.

E mais do que reparar temos a chance de crescer, desenvolver, alcançar potencialidade não antes desenvolvidas e aprimorar outras qualidades já conquistadas, ampliou-se ou melhor ressignificou-se o conceito de reencarnação. E daí usarmos a reforma intima, como baluarte moral já não cabe mais.
Nosso papel fundamental é melhorarmos enquanto espíritos nas experiências da vida.

Então o termo - reforma intima -  seria melhor substituído por construção interna. Um termo mais adequado para uma mudança de visão do homem como espírito em evolução.

Visão moderna, adequada a realidade atual, dinâmica, com mais profundidade e mais próximo do que sejam os conceitos básico do espiritismo e não do cristianismo.

Construção interna porque implica na construção do ser - feita através das diversas encarnações onde há e deve haver reformulações, substituições reparos, adaptações, novas assimilações e novas aquisições.

O papel da Doutrina Kardecista é o de facilitar ao homem conhecer a si mesmo. Construindo quem somos, para onde vamos e para que vivemos, nesta trajetória vamos num processo gradual e progressivo, de forma contínua e permanente. E o de compreender também que depende de nossa decisão, comandar conscientemente nossa vida, nosso próprio futuro.

Crescer não é um processo fácil porque modificar nossas estruturas mentais com novas aquisições, experiências, vivências, é sempre um desafio. O processo de crescimento muitas vezes pede novas atitudes. E para novas atitudes, novos paradigmas.

Em cada encarnação temos uma personalidade, um perfil construído pelo nosso arcabouço, nossa educação, nossa cultura, nossas experiências. E este perfil estabelece o nosso modo de ver o mundo e o modo de agir em nossas relações.

Este perfil tem possibilidade de mudanças, flexibilidade e disponibilidade para que isso ocorra sem nos desestruturarmos.  É um processo que conta com inseguranças, com incertezas, mas também com firmeza, estudo e esforço. As mudanças podem vir pelas angústias, mas também pela necessidade de ser mais feliz, de ter mais satisfação na vida e ter equilíbrio seja em si mesmo e nas relações com os outros.

Para que isso ocorra requeremos de uma vontade ativa, um olhar para dentro de nós mesmo, do nosso acervo, analisando nossas possibilidade e aspirações.

Todo este processo causa medo porque saímos daquilo que estamos acostumados, de um estado de acomodação para um estado novo, em parte desconhecido, mas não parece existir outro caminho, temos que vivenciá-lo.

Necessário:

Auto aceitação. Aceitação de quem somos e que temos condições de mudar.
Trabalho único e constante que depende da condição de cada um.
Prestar atenção nas experiencias de vida.

A primeira lição comportamental do Espiritismo é que devemos nos livrar da angústia da perfeição, a fim de que possamos equacionar nossa própria imperfeição.

Sem essa precaução, cairíamos facilmente na armadilha da presunção ou no desânimo diante da tarefa a ser executada, isto é, a da execução da mudança decidida.

Extrair das experiências vividas resultados positivos.
Entender melhor, por ter experimentado.
Enfrentar nossas dificuldades, vícios e desenvolver potencialidades para passar os momentos de maneira mais tranquila. Enfrentar para superar. Processo de conquista.
Aprender a aplicar bons conceitos à vida.

Para terminar podemos colocar os dizeres de Jaci Régis em seu best-seller Comportamento Espírita, A verdadeira mudança comporta dois estágios:

O da decisão, que é instantânea, definidora. Às vezes é fruto de uma lenta maturação e até de muitas e muitas experiências negativas. Mas quando surge é decisivo. Ninguém decide mudar aos poucos.

O outro estágio é o da concretização. Esse sim, pode ser algo demorado, porque a decisão de mudar não transforma o que somos, no que desejamos ser de uma hora para outra.

Essa transformação segue um caminho, uma sequência, mais ou menos demorada, conforme o poder de execução desenvolvido, no interior de cada um”.

Cláudia Régis Machado é psicóloga e reside em Santos

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