terça-feira, 26 de março de 2019

A Tão Complexa Lei do Progresso - por Alexandre Cardia Machado


A Tão Complexa Lei do Progresso

Gostaríamos de discutir um pouco esta importante Lei Natural que é a lei do progresso onde muito bem, nos explicam os Espíritos tem como maiores obstáculos ao seu desenvolvimento natural no orgulho e o egoísmo.

Da Questão 793 do Livro dos Espíritos quero extrair uma frase importantíssima “ À medida que a civilização se aperfeiçoa, faz cessar alguns dos males que gerou, males que desaparecerão todos com o progresso moral.” Vejam a pergunta e uma parte da resposta abaixo:

“793. Por que indícios se pode reconhecer uma civilização completa?
“Reconhecê-la-eis pelo desenvolvimento moral. Credes que estais muito adiantados, porque tendes feito grandes descobertas e obtido maravilhosas invenções; porque vos alojais e vestis melhor do que os selvagens. Todavia, não tereis verdadeiramente o direito de dizer-vos civilizados, senão quando de vossa sociedade houverdes banido os vícios que a desonram e quando viverdes como irmãos, praticando a caridade cristã. Até então, sereis apenas povos esclarecidos, que hão percorrido a primeira fase da civilização.” A civilização, como todas as coisas, apresenta gradações diversas. Uma civilização incompleta é um estado transitório, que gera males especiais, desconhecidos do homem no estado primitivo. Nem por isso, entretanto, constitui menos um progresso natural, necessário, que traz consigo o remédio para o mal que causa. À medida que a civilização se aperfeiçoa, faz cessar alguns dos males que gerou, males que desaparecerão todos com o progresso moral...”

Não há dúvida alguma que em todas as áreas do conhecimento, existe uma curva de aprendizado, onde algo novo é tentado, e funciona por algum tempo até que alguma coisa diferente das condições de projeto original ocorrem e o equipamento ou a construção vem a falhar. Em pouco mais de 3 anos vivemos no Brasil, duas catástrofes ambientais e humanas, ambas em Minas Gerais e em processos de mineração.

A mineração existe na face da Terra, desde a era do bronze há cerca de 3000 anos a.C. – ou seja mineramos, os mais diversos materiais há mais de 5000 anos, são incontáveis os acidentes. Quase todo mês há uma notícia aqui ou ali de algum acidente. Os mais comuns são em minas de cobre, ouro e carvão, que normalmente são feitos em minas subterrâneas. O incomum são acidentes de grandes proporções em minas a céu aberto.

77% das jazidas de minério de ferro estão concentradas em 5 países: China, Brasil, Austrália, EUA, Índia e Canadá. O Brasil é o maior exportador mundial, sacudido pelos desastres de Mariana em 2015 e Brumadinho em 2019, muita coisa neste campo de produção deverá mudar. Não vamos aqui aprofundar a discussão técnica sobre os acidentes, pois para isso a imprensa geral está trazendo a público a todo o momento, nos cabe entender o processo social sob a ópica espírita.

Com na resposta à questão 793 do LE, “À medida que a civilização se aperfeiçoa, faz cessar alguns dos males que gerou” é nisto que esperamos que nossos legisladores atuem, é inegável a importância da mineração de minério de ferro, para o Brasil e para Minas Gerais, são milhares de pessoas que vivem e dependem disso, trabalhando diretamente na Vale , ou em outras empresas prestadoras de serviço. Todos querem voltar em segurança para casa, no fim do seu turno de trabalho.
Como exemplos de acidentes que mudaram de certa forma as diversas industrias cito os acidentes na geração de energia nuclear, após Tree Miles Island (EUA-1979) e Chernobyl (Ucrânia- 1986) por falta de controle de processo e recentemente Fukushima (Japão-2011) – atingida por um Tsunami fizeram com que este setor mudasse completamente, hoje em dia poucas Usinas Nucleares estão sendo construídas, devido ao risco ambiental e humano que ele acarreta. A Alemanha tomou a decisão histórica de parar todas as suas usinas até 2022. Há grandes empresas que desapareceram como a Union Carbine, após o vazamento de gás – isocianado de metila em 1984 em Bhopal na Índia. A nuvem de gás, mais pesada que o ar se espalhou pelo vale e mais de 5000 pessoas morreram em uma noite.

Dizer que a engenharia não aprendeu nada com estes acidentes, seria um absurdo, hoje existem técnicas de análise de riscos que são aplicadas a todos os projetos e alterações de instalações em operação e que não eram utilizadas nos anos 70’s ou 80’s, Relatório de Impacto no Meio Ambiente (RIMA) são exigidos pelas autoridades antes que qualquer nova instalação. Todas estas medidas existem hoje. Constatamos sim, muito pouca fiscalização nos casos recentes no Brasil.

Mas acidentes ainda ocorrem por algumas razões externas que não foram consideradas no projeto ou que se alteraram sem que se percebesse. Ou causas internas como falta de manutenção, falha de equipamento, erro operacional. Além disto podem haver três causas criminais, são elas: negligência, imprudência ou omissão. Estas três causas  acarretam a chamada responsabilidade civil – para sua caracterização é preciso provar e determinar que há culpa, nexo causal e dano. Sempre que há dano ambiental considerável ou morte cabe à polícia investigar e a justiça julgar.

Na trajédia de Mariana-2015, 21 altos executivos foram arrolados em processos diversos de responsabilidade civil e criminal, o de Brumadinho deverá seguir pelo mesmo caminho, quem sabe com agravo, por estar a mesma empresa envolvida nos dois casos, pessoas que atestaram a segurança da barragem foram submetidas a prisão.

Mas o que os engenheiros aprenderam com isto, o que os legisladores farão com o conhecimento e o que o poder público vier a fazer é o que pode realmente evitar um terceiro caso, uma terceira tragédia. Somente isso é que ... “faz cessar alguns dos males que gerou ...”, conforme a resposta do LE.

A engenharia, costuma agir rápido, pois as empresas, gerenciam os riscos, neste caso os reservatórios e ao contrário que que a opinião pública costuma pensar, elas são as maiores interessadas em que acidentes não ocorram, pois sua ações caem no mercado, seus executivos e engenheiros são afetados, seus empregados expostos em primeiro grau, suas atividades econômicas são paralisadas. Em Brumadinho mais de 200 empregados da Vale estão desaparecidos ou mortos, gerenciar isto numa empresa é extremamente difícil. No entanto só ter interesse em resolver não é o suficiente, há que haver normas rígidas a seguir e nisto está evidente temos falhado.

... “males que desaparecerão todos com o progresso moral...” é o que desejamos mas para isso todos devemos elevar o nosso senso crítico, não nos acomodarmos com pequenos desvios de procedimentos, atentarmos para as pequenas mudanças em equipamentos, não achar que são coisas normais, estarmos atentos, fazermos corretamente e com responsabilidade o nosso trabalho é a única forma de evitar que pequenos e grandes brumadinhos ocorram.

Artigo publicado no ABERTURA de janeiro de 2019 - quer rever todo o jornal?




terça-feira, 19 de março de 2019

14º Fórum Espírita do Livre Pensar da Baixada Santista ESPIRITISMO E SOCIEDADE

ESPIRITISMO E SOCIEDADE 
As relações humanas e o progresso social em tempos de intolerância nas redes sociais 


Dia 24/04/2019 Tema: Existe um Espiritismo progressista? 
Palestrante:  Dora Incontri                                                                                                                        Coordenação:   Ademar Arthur Chioro dos Reis  
Local: CEB Ângelo Prado - Av. Almirante Tamandaré, 238 - Santos                                                                  

Dia 25/04/2019 Tema: Espiritismo e Mídias Sociais 
Palestrante: Cavour Chrispim Neto            
Coordenação:  Ricardo de Morais Nunes                       
Local: GE Trabalho e Amor – R. Eng. Manoel Ferramenta Jr, 88 – Santos 


Dia 26/04/2019 Tema: Alteridade e a Ética Espírita Palestrantes:
Reinaldo Di Lucia                       
Coordenação:   Alexandre Cardia Machado                       
Local: CE Allan Kardec – Rua Rio de Janeiro, 31 - Santos 


Todas palestras serão realizadas das 20 às 22 horas. 

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Realização: CE Allan Kardec – CEB Ângelo Prado – Instituto Cultural Kardecista de Santos - GE Trabalho e Amor – CE Missionários da Luz – GE León Denis (Guarujá) – CEB Amor Fraterno Universal
Apoio: CEPA (Associação Espírita Internacional) e CEPABrasil

quarta-feira, 13 de março de 2019

Não haverá SBPE neste ano de 2019


Não haverá SBPE este ano (2019)

O último SBPE - Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita foi realizado em Santos em 2017 e foi o 15° SBPE.

Me dê um ponto de apoio e uma alavanca e eu moverei o mundo (Arquimédes 287 a.c.)

Jaci Régis usou deste princípio de Arquimédes e em 1989 resolveu que era preciso haver um fórum, um local para seminários e juntou amigos espíritas para viabilizar o Simpósio Nacional do Pensamento Espírita. O SBPE foi por algum tempo este ponto de apoio.

A necessidade em 1989 era imensa, pois, após a realização de um Congresso da USE – União das Sociedades Espíritas de São Paulo, em 1986 havia ficado claro que nosso grupo era incompatível com o resto do movimento da USE. Precisavamos de novos espaços – neste momento surge o Simpósio Nacional do Pensamento Espírita, que naquela época foi realizado com palestrantes convidados, lideranças livre-pensadoras que exploraram temas específicos, como a influência de Roustaing ou Emmanuel no Movimento Espírita em desacordo com as premissas de Allan Kardec, se o espiritismo era ou não uma religião ou ainda se a prece inicial nas reuniões espíritas poderia ser considerada  ou não um ritual, que haviam se transformado em  debates acirrados que em muitos casos, ultrapassaram o limite da educação.

Escultura - parte do trabalho do ICKS em 2015 -mostrando o aporte de conhecimento dos então 14 SBPEs

Com o sucesso da primeira edição, decidiu-se ao seu final em realizá-lo a cada 2 anos, passando então a chamar-se Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita.

Desde a segunda edição o seu novo formato se manteve até 2017.  Não tínhamos palestrantes convidados, tínhamos sim espíritas que queriam expor suas ideias, seus trabalhos. Ao longo destes 30 anos mais de 280 trabalhos foram expostos e oferecidos aos espíritas livre-pensadores.  

O SBPE foi na maioria de suas edições organizado por um grupo pequeno de pessoas do Instituto Cultural Kardecista de Santos e do Jornal Abertura, este foi o seu maior fator de regularidade, mas também o seu calcanhar de Aquiles. O grupo do ICKS envelheceu, sendo portanto impossível proseguir com a sua organização, esta decisão doí em nossos corações, mas ao mesmo tempo ficamos com a sensação do dever cumprido.

A notícia de que não realizaríamos o evento este ano mobilizou os amigos da CEPA e uma reunião no dia 1° de Fevereiro com a presença de 20 pessoas no Centro Espírita Beneficiente Ângelo Prado, chamada pelo Presidente da Cepa Brasil – Jaílson Mendonça, discutiu as alternativas possíveis. De forma geral refletimos que o modelo de livre apresentação de trabalho é algo que deva ser preservado e caberá à CEPA-Brasil definir em quais de seus eventos poderá ser mantida esta metodologia.

Livre participação significa não existir temas pré-escolhidos, você leitor, interessado,  é quem decide, se o tema for espírita deverá ser aceito, esta foi a grande força do SBPE. Manter esta ideia viva, independe da realização do SBPE. Isto já é um ganho de nosso grupo Ademar Arthur Chioro dos Reis em julho de 2013, escreveu neste jornal um grande depoimento pessoal que destaco aqui mais uma vez alguns pontos: “ Estive presente em praticamente todas as edições do Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita (SBPE), tendo apresentado diversos trabalhos e participado ativamente dos debates nele proporcionados. A minha formação e trajetória como intelectual e dirigente espírita é muito devedora ao evento, que ao longo de mais de duas décadas ininterruptas de existência vem assumindo diversas representações e cumprindo distintos papéis para o movimento espírita e para cada um dos participantes. No presente artigo procuro expressar o que significa pra mim o SBPE, criado e mantido por anos pelo líder espírita Jaci Regis e que se mantém mais vivo do que nunca após o seu desencarne, tendo se constituído num espaço vital e imprescindível de produção e reflexão sobre o pensamento espírita.

Pessoalmente, tenho um débito de gratidão muito grande como o SBPE. Os trabalhos que tenho apresentado em Congressos, Encontros e Conferências, no Brasil e no exterior, e os livros que publiquei - “Magnetismo, Vitalismo e o Pensamento de Kardec” e “Mecanismos da Mediunidade – o Processo de Comunicação Mediúnica”, assim como as contribuições espíritas mais importantes que produzi até hoje, contidas em dois capítulos no livro “A CEPA e a Atualização do espiritismo” e que versam sobre a Agenda e o Método para a atualização do espiritismo, tiveram como laboratórios as reuniões do CPDoc e as sessões de apresentação de trabalhos do SBPE. Não apenas porque me instigaram a produzi-los e apresentá-los, mas porque ali obtive um retorno dos demais participantes, extremamente qualificados, que me aportaram reflexões e críticas tão importantes que praticamente os transformaram em coautores.

Outro aspecto que destaco é o caráter metodológico revolucionário assumido pelo SBPE, proporcionando um espaço inédito para a produção intelectual de autores, grupos de pesquisa e instituições espíritas comprometidas com o pensamento kardecista. Concebido num formato muito simples, em que cada participante pode propor com total liberdade um tema, bastando remeter seu resumo, inscrever-se no evento e dele participar para fazer a sustentação oral e debatê-lo livremente com os demais participantes, o SBPE demonstrou o quanto este tipo de espaço é rico e proveitoso, tanto que assim se mantém desde a primeira edição, com pouquíssimas mudanças, tornando-se referência para outros eventos espíritas. “ O SBPE não ocorrerá mais, tudo na vida tem ciclos e este finda aqui. Mas o que aprendemos a fazer pode ser fácilmente copiado e aprimorado, queremos aqui agradecer as centenas de pessoas que participaram, apoiaram se fizeram presentes, nos acompanharam por todo este tempo e fizeram a história do SBPE.