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quarta-feira, 10 de julho de 2019

Kardec o Filme - por Alexandre Cardia Machado


Kardec o filme

Foi assim no Brasil inteiro, o filme Kardec – história por trás do nome - arrastou muita gente para o cinema e todos queriam tirar uma foto junto ao cartaz. Não poderíamos ficar fora desta onda.


Na foto: Carolina e Reinaldo di Lucia; Heloisa e Evaristo da Lopestur amigos e nossos Apoiadores Culturais do ABERTURA, Palmyra Régis e Cláudia e Alexandre Machado um pequeno grupo entre tantos grupos santistas que foram prestigiar o filme.


Kardec: A história por trás do nome - tem a duração de 1hora e 38 minutos, aborda os momentos que antecedem o aparecimento e fundação do Espiritismo. Em sua resenha apresenta “ história do educador francês Hypolite Leon Denizard Rivail, reconhecido mais tarde como Allan Kardec. Além de tradutor e escritor, Kardec é conhecido por ter codificado o espiritismo”
O filme tem a direção de Wagner de Assis e foi lançado em 16 de maio de 2019. O roteiro é uma adpatação do livro Kardec – A Biografia de Marcel Souto Maior que escreveu também a biografia de Chico Xavier.

O filme balanceia bem as dificuldades, dúvidas e o intenso trabalho do professor Rivail e de sua esposa Amelié Boudet. A história é conhecida, mas talvez em função do trabalho biográfico ter sido feito por um jornalista não espírita tenha contribuído para uma edição mais realistas e menos corporativa do filme, comparado aos produzidos anteriormente.

Do site de FEB extraímos para os nossos leitores trechos da entrevista que foi publicada na Revista Reformador, trazemos Marcel Souto Maior o biógrafo, com Wagner de Assis o diretor  e  Leornardo Medeiros que protagonizou Kardec no filme:


Reformador: O que chamou a sua atenção para contar a história de Allan Kardec?
Marcel Souto Maior: Fui movido por uma pergunta-chave:  o que faz um professor cético mudar de vida e de nome, aos 53 anos, para dar voz aos Espíritos? Quis contar a história desta transformação radical – a do pesquisador cético, que se torna um missionário. O que o moveu? Que obstáculos – e preconceitos – ele enfrentou nesta caminhada?
O processo de escrita de uma biografia requer uma grande pesquisa. Nessa pesquisa você se identificou, de alguma forma, com Allan Kardec, no processo de Codificação da Doutrina Espírita?
Marcel Souto Maior: Sim. Eu me identifiquei com Kardec (ou com o professor Rivail) em dois pontos fundamentais: o cuidado com a pesquisa (precisamos estar sempre checando e “rechecando” informações para evitar erros) e o ceticismo (um dos traços marcantes de sua personalidade, como professor e pesquisador, na primeira etapa de sua vida). Moveu-nos um misto de curiosidade e de desconfiança.
Como é adaptar para o cinema a história do responsável por codificar a Doutrina Espírita?
Wagner de Assis: Por um lado, um novo desafio cinematográfico, com grande complexidade de realização, pois é um filme de época, cuja história se passa num outro país. Por outro lado, um respeito absurdo, uma humildade extrema e uma alegria imensurável. Não temos a pretensão de ser definitivos a respeito de Kardec. Há diversos trabalhos e estudos sobre ele e acho que devem ser feitos cada vez mais. Também não temos a pretensão de contar toda a sua vida, embora seja uma cinebiografia como gênero. Nós nos concentramos no que de mais importante aconteceu na vida dele. É um recorte, uma escolha e assim seguimos adiante. Vale lembrar também que não é um documentário, mas sim uma ficção, dramaturgia, que precisa respeitar algumas leis quando se conta uma história. O filme tem como base a forma como o Marcel Souto Maior escreveu a biografia.
Queremos contar um pouco da vida do professor Rivail para os que o conhecem, mas também para os que não o conhecem. Porque os primeiros sempre podem se surpreender com detalhes, aspectos humanos pouco comentados em geral. Os demais, com certeza, vão se surpreender muito ao encontrar um homem de seu tempo, um homem de ciências, um educador e professor à frente de seu tempo, e, acima de tudo, um homem de muita coragem e bom senso.
Está gostando? Quer ler no original? está disponível em pdf.

O que representa para você interpretar Allan Kardec?
Leonardo Medeiros: Sinto-me ao mesmo tempo imensamente agradecido e temeroso. Estou representando um ícone que faz parte da minha vida dentro de uma família espírita.
Como foi a escolha do elenco para este filme?
Wagner de Assis: Costumo dizer que é maravilhoso ver quando o filme tem vida própria e vai “escolhendo” os profissionais que nele tomarão parte. Claro que procuramos artistas que possam estar sintonizados com os personagens, na verdade sintonizados com pessoas que fazem parte de toda a história de Kardec. Mas a escolha em si tem sempre algo “mágico”, que foge aos aspectos puramente “acidentais”.
Um desses casos, por exemplo, foi Leonardo Medeiros. Nós nos conhecemos, falamos do projeto, lemos um pouco o roteiro e vimos claramente que ali havia um profissional absolutamente capaz de defender a história do professor Rivail na tela. Só depois é que, para nossa surpresa, soubemos de sua ligação com o tema, com a família do Eurípedes Barsanulfo. Isso é muito legal, mas de forma alguma representa um peso para a sua escolha. Assim o fizemos com todos do elenco. Os personagens vão se afeiçoando aos seus intérpretes e pronto. Ganham vida.
Rivail mudou de vida e de nome. Tornou-se Allan Kardec para dar voz aos Espíritos… A história de Kardec é a história de uma conversão, citou Marcel Souto Maior. O que podemos esperar desta adaptação nos cinemas?
Wagner de Assis: Uma jornada de transformação, movida por uma busca  incessante pela verdade, com um pano de fundo de uma sociedade muito sofrida, com índices altos de suicídio, qualidade de vida baixíssima e uma guerra de ideologias. Não poderemos jamais entender o passado com os olhos do presente. Mas podemos delinear como era a Paris de 1850, por exemplo. E buscar entender o papel das instituições como a Ciência, a Igreja, o Estado francês, para que os personagens possam vivenciar os dramas, os receios, os sonhos daquela época. Esta é a história de um homem que aceitou recomeçar de certa forma uma nova vida depois dos 50 anos. Costumo pensar metaforicamente que ele descobriu um tesouro e quis compartilhar com o mundo. Mas, claro, tinha um preço muito alto. E ele pagou para ver.
Sem dar muito spoiler, resumimos que o filme é muito bom e vale a pena conferir.


sexta-feira, 7 de junho de 2019

Afinal o que somos nós? por Alexandre Cardia Machado


Nos dias de hoje onde diversas pressões sociais nos afetam, tem ficado muito difícil agarrar apenas uma bandeira. Quando tratamos de coisas mundanas é fácil dizer, torço pela seleção brasileira de futebol, ou no meu caso particular, torço para S.C.Internacional de Porto Alegre. Mas se tratando de coisas mais complexas como direitos, embates sociais, encontrar um perfil que bata com um grupo específico, fica muito mais difícil.

Assistindo a um programa de TV outro dia aqui em Santos, havia um palestrante falando de Espiritismo. Com espírita vi que eu não era do grupo dele, ficou muito claro para mim, ele falava da ação que se passa neste momento, coordenada do plano espiritual, liderados por Jesus, que estariam movendo nosso planeta para uma transição planetária, algo que dizem vir em ciclos de 28.000 anos. Ele buscava argumentos e apoio em Kardec, em Emmanuel e por aí ia. Eu pensei, eu sou espírita, ele é espírita, mas pensamos de forma muito diferente quanto ao papel do Mundo dos Espíritos. Portanto se ele se diz espírita e eu me digo espírita, algo está muito errado.

Ah! Mas o meu grupo, aquele com a qual me afinizo muito,  se diz espírita laico e livre-pensador, logo não somos exatamente iguais, ele era de outro tipo, do chamado espírita religioso. Bem,com isto consegui dormir à noite.

Mas fiquei com a pulga atrás da orelha e começei a me questionar, não vou dar todas as minhas respostas, mas ao contrário, tenho a intenção de passar a pulga para vocês.
Sobre o que eu pensava? Sobre as questões que nos afetam no dia a dia, então vejamos:

  • ·         Se queremos mais liberdade e flexibilidade social, somos progressistas e liberais;
  • ·         Se queremos manter direitos trabalhista criados num mundo dos anos 40 do século passado, sem atualizá-los para o mundo de 2019, somos conservadores;
  • ·         Se somos a favor da liberdade sexual, da emancipação da mulher em todos os seus aspectos, somos progressistas;
  • ·         Se queremos as mulheres submissas, só trabalhando em casa, somos conservadores;
  • ·         Se somos contra o controle do estado na economia, a favor das liberdades individuais e empresariais, somos liberais e deveríamos ser considerados neste aspecto progressistas;
  • ·         Se somos a favor da economia de estado, com estatais, tudo passando por funcionalismo público, por mais eficiente que se possa imaginar um cenário destes, somos conservadores;
  • ·         Se somos favoráveis às novas formas de trabalho, com horário flutuante, home-office, sem cartão de ponto, somos progressistas;
  • ·         Se quisermos que todos os empregados fiquem dentro da empresa, com cartão de ponto, horário fixo e supervisão, somos conservadores;
  • ·         Se somos contra o uso de tecnologia, para aumentar a produtuvidade da agricultura, reduzir o prejuízo, no campo, o que somos? Conservadores não?
  • ·         Se somos a favor da liberdade de escolha de profissões, das diversas formas de trabalho não convencionais, via internet somos progressistas, não?
  • ·         Se formos nacionalistas, que defendem suas fronteiras, com medo dos estrangeiros e sua cultura, seríamos conservadores, né?
  • ·         Agora, se formos a favor de um mundo sem fronteiras, sem barreiras religiosas, onde o céu seja apenas o espaço sideral, seríamos progressistas, imagine, apenas imagine ...;
  • ·         Se acharmos que o Espiritismo verdadeiro é apenas o nosso, bem, infelizmente seremos conservadores e apegados ao passado.

Chego a conclusão portanto, que não dá para cravar 100% no progressista. Nem, muito menos 100% no conservador. Somos seres complicados e vivemos num ambiente complexo, cheio de viéses e de interesses de grupos de pressão em todos os aspectos, no social, no político, no marketing, na família, no campo espiritual.

Resta entender e aproveitar este que é, o processo maravilhoso da vida, de experimentar, de avaliar, de repensar e reposicionar-se. Enfim viver.

Alexandre Cardia Machado

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos maio de 2019 agora disponível no link abaixo:

https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/28-jornal-abertura-2019?download=217:jornal-abertura-maio-de-2019

Gostou? Você pode encontrar muito mais no Jornal Abertura – digital, totalmente gratuito.

Acesse: CEPA Internacional



terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Curiosidade sobre a musica – Tocando em frente: de Almir Sater por Alexandre Cardia Machado


Curiosidade sobre a musica – Tocando em frente:


Outro dia eu buscava a música de Almir Sater que me agrada muito, acalma minha alma em momentos em que me pego ansioso, o que não é difícil nos dias de hoje, com o nosso rítmo alucinante.
Ao ouvir a música, entrou em seguida pelo youtube uma entrevista do autor, ele conta tranquilamente, que estava sentado na casa de um amigo e que veio em sua mente uma melodia e que ali mesmo, tocando num violão de um menino, faltando uma corda,  em 3 minutos, desenvolveu música e letra.


Para quem quiser conferir a entrevista:




Leiam a letra devagar, sem pressa, pois é uma verdadeira poesia destinada ao bem viver:


Ando devagar
Porque já tive pressa E levo esse sorriso Porque já chorei demais
Mais feliz, quem sabe
Só levo a certeza
De que muito pouco sei
Ou nada sei
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Seja simplesmente
Compreender a marcha
E ir tocando em frente
Levando a boiada
Eu vou tocando os dias
Pela longa estrada, eu vou
Estrada eu sou
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Todo mundo chora
Um dia a gente chega
E no vai embora


Hoje me sinto mais forte
Conhecer as manhas
É preciso amor
Penso que cumprir a vida
Como um velho boiadeiro
Conhecer as manhas
É preciso amor
Todo mundo ama um dia
Cada um…

Na referida entrevista, dada na TV Cultura para Inesita Barroso,  o autor declara que não poderia fazer uma música tão boa, uma letra tão bonita, neste tempo, só poderia ter sido psicografada. Vale a pena conferir e cada que tire a sua conclusão.


Alexandre Cardia Machado
 

Este artigo foi publicado no Abertura de janeiro de 2019, quer ler o jornal completo? Clique abaixo:

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Deve haver mais vida do que isso – (There must be more to life than this) – Freddie Mercury - por Alexandre Cardia Machado


Deve haver mais vida do que isso – (There must be more to life than this) – Freddie Mercury


Deve haver mais vida do que isso /  Como lidamos em um mundo sem amor / Consertando todos aqueles corações partidos / remendando aqueles rostos chorando /Deve haver mais na vida do que viver / Deve haver mais que precisar da luz / Por que deveria ser apenas um caso de preto ou branco / Deve haver mais vida do que isso / Por que esse mundo é tão cheio de ódio / Pessoas morrendo em todos os lugares / E nós destruímos o que criamos / Pessoas que lutam por seus direitos humanos / Mas nós apenas continuamos dizendo “ce la vie” / Então esta é a vida
Deve haver mais vida do que matar / Uma maneira melhor para nós sobrevivermos /
Uma esperança viva para um mundo cheio de amor” 

Música de Freddie Mercury da banda Queen  - cantor inglês desencarnado em novembro de 1991.

Estamos vivendo um tempo onde a valorização da vida do outro está em segundo plano, 
Mata-se por vingança, por que o outro olhou feio em um assalto, por o outro ser policial e ser reconhecido pelo bandido, por ter a cor diferente, por torcer por outro clube ou apoiar outro partido.
Ficou nítido que na última eleição a maioria da população votou por algumas coisas, entre  elas destaco o combate à corrupção e o combate ao crime organizado, mas deve haver um jeito de fazer isto sem matar mais, ou não estaremos progredindo nada.

Estrangular o crime organizado, através de espionagem, inteligência e operações muito bem planejadas, reduz e muito a necessidade de atirar nos criminosos, este deveria ser o foco principal. Claro que a sociedade espera que criminosos condenados fiquem afastados das ruas pelo tempo para o qual forem condenados, isto ficou demonstrado.

Todos os presos precisam cumprir no presídio as suas penas? Claro que não, há tipos e tipos de crimes e condenações, mas é preciso refletir sobre algumas práticas como a das “saidínhas”, segundo o  site UOL em 2017 só 94,78% deles voltaram por livre e espontânea vontade. Este é um benefício garantido por lei, se o presdiário esteja detido no sistema semiaberto, já tendo cumprido um sexto da pena (ou um quarto, no caso de reinicidente), apresentem bom comportamento e recebam autorização do Juíz responsável, poderá sair em até 5 de 6 oportunidades anuais. Ora se este benefício abrange 1 milhão de detentos e 5% não retornam, a cada ano escapam 50 mil apenados.

Além disto de 10% a 15% do total, mesmo dos que retornam comentem no período algum time de crime, está claro que esta ação não está diminuíndo a criminalidade e precisa ser repensada, não tenho a solução mas Jacira Jacinto da Silva, com muita experiência na área, apresenta propostas espíritas para o problema e apresenta experiência concreta com a resocialização de presos em seu livro – Criminalidade: Educar ou punir? -  que passa pela reeducação dos presos.

Pensemos um pouco, quanto tempo é perdido por estas pessoas encarceradas em condições, muitas vezes horríveis, o estado tem que aproveitar esta oportunidade para se fazer presente, com ações edificadoras. Como este tempo não é bem utilizado, ao terem oportunidade de sair, uma boa parte acertará contas e cometerá crimes, não conseguimos parar o ciclo negativo.

Educar é preciso, uma população mais instruída, com boas oportunidades de crescimento como pessoa evita que elas se metam no ciclo destrutivo das drogas e do crime organizado.

Como espíritas deveremos apoiar todas as ações que venham na direção de ações socioeducativas, no aqui e agora, se nos basearmos na filosofia espírita, citando Jaci Régis “ que vê o homem um ser imortal que tem como objetivo desenvolver-se em toda a sua essência intelectual e moral”.

quarta-feira, 11 de abril de 2018

A ARTE OCULTA DE HILMA AF KLINT - sob a ótica espírita por Roberto Rufo


A ARTE OCULTA DE HILMA AF KLINT - sob a ótica espírita por Roberto Rufo

Gosto muito de ler a Revista Cláudia que rotineiramente costumo presentear a minha mulher Valéria Regis. Já escrevi alguns artigos baseados em reportagens dessa revista. Resolvi adquirir o número de fevereiro/2018 pois fiquei entusiasmado por uma reportagem com a americana Ophra Winfrey que se uniu a outras famosas para dar voz às vítimas de assédio. Mas depois pensei que muito certamente as pensadoras espíritas já devem estar debruçadas sobre este assunto e com certeza produzirão artigos sobre este assunto com base na teoria espírita. Afinal trata-se do debate sobre os direitos da mulher.

Todavia outro assunto me chamou mais a atenção. O tema era "Arte e Realidade" e fala da exposição de obras de mulheres neste ano na Pinacoteca em São Paulo. Quem não conhece, deveria urgentemente entrar em contato com a Pinacoteca de São Paulo, um lugar belíssimo e com obras permanentes de primeiro mundo. Adoro a obra de Almeida Junior existente na Pinacoteca.



O museu criou uma programação dedicada às mulheres e estreia com Hilma af Klint, sueca que viveu de 1.862 a 1.944. Como diz a reportagem suas obras só puderam ser conhecidas após 20 anos de sua morte. A própira artista determinou isso em testamento. Frequentou sessões mediúnicas com um grupo de amigas batizado de As Cinco. Foi aí que segundo Hilma af Klint, passou a pintar sob influência de seres superiores. Fascinada pelo espiritismo produziu mais de 200 obras. Museus e galerias negaram-se a exibir suas pinturas. Isso só foi possível em meados da década de 1980.

Este artigo foi publicado no Jornal Abertura de março de 2018: Baixe aqui!



Resolvi pesquisar sobre essa mulher intrigante e descobri um artigo de uma revista de nome Caliban sobre Hilma Af Klint além de trazer vária telas da pintora. Segue abaixo parte do texto da revista:
"  Para alguns ela é uma bruxa, para outros ela é a pioneira da arte abstrata.
A artista sueca Hilma af Klint (1862–1944) foi uma mulher enigmática, viveu de maneira simples e ascética, não casou, não seguiu o padrão de sua época e pertenceu a uma das primeiras gerações de mulheres educadas na Academia Real de Artes de Estocolmo. Trabalhava intensa e rigorosamente. Deixou mais de 1.200 pinturas, 124 cadernos de notas e desenhos em mais de 26.000 páginas manuscritas e datilografadas. Ela foi completamente devota àquilo que considerava ser sua missão: revelar mensagens do mundo espiritual através da arte.
Sua arte diz-se oculta por diferentes aspectos. O mais importante deles é o fato de sua obra ser a representação física em tela do mundo espiritual, por assim dizer, daquilo que não é visível. Mas talvez o fato que desperta maior curiosidade é que a pintora não mostrava suas obras abstratas publicamente e, além disso, deixou testamentado que seus herdeiros não poderiam exibí-las antes de completar 20 anos de sua morte. Ela acreditava que seus contemporâneos não estavam prontos para entender o significado de suas imagens e todas as suas tentativas de mostrar suas obras a grupos seletos e específicos foram recusadas na época. Assim, sua obra abstrata permaneceu secreta por muitos anos.
Mas o fato é que Hilma af Klint pintou uma série de imagens abstratas em 1906, anos antes dos modernistas da abstração Wassily Kandinsky, Kazimir Malevich, Frantisek Kupka e Piet Mondrian produzirem suas obras radicais e não-figurativas na segunda década do século XX.
Contudo, Hilma af Klint ainda não está nos livros de história da arte e muitos ainda desconhecem a importância de seu legado, mas este cenário está prestes a mudar. Se sua arte foi feita para o futuro, este futuro é agora. Mais de 70 anos após sua morte, muitos têm percebido essa urgência de despertar o mundo para o legado de Hilma af Klint. No Brasil, Luciana Pinheiro Ventre, artista plástica e aconselhadora biográfica, lançará o primeiro livro em português sobre a vida e a obra de Hilma af Klint".
Na revista Cláudia que citei está exibida uma de suas telas abstratas. Com certeza na exposição programada na Pinacoteca de São Paulo serão expostas diversa outras telas. Se sobrar um tempinho ( afinal desde 16/12/2017 reencarnaram meus netinhos gêmeos Artur e Benício ) na minha atual função de "vovô de apoio" irei à Pinacoteca de São Paulo. 
                                                                                   Roberto Rufo

sábado, 10 de dezembro de 2016

ARTE ESPÍRITA, UM SONHO DE KARDEC - por Jaci Régis

Allan Kardec acreditava que “Assim como a Arte cristã sucedeu à arte pagã e a transformou, assim a Arte espírita irá complementar e transformar a arte cristã.”
Existe uma arte espírita, como queria Kardec?
Costuma-se dizer que existe arte com temática espírita. Mas não é a mesma coisa.
Existem produções mediúnicas com reprodução de artes plásticas. Mas a essa “arte mediúnica” poderia ser enquadrada no que Kardec sugeriu?
Na poesia, na literatura, no teatro, na música, há atividades de grupos espíritas. Mas certamente não foi inventada uma arte especificamente espírita, talvez porque “arte espírita”, “arte cristã” e “arte pagã” sejam apenas adjetivações da mesma Arte, colocada em letras maiúsculas para sinalizar que ela, como tal, não pode ser mais inventada, existe desde sempre.
Neste artigo vamos analisar essas questões.


A ARTE ESPIRITA

No livro Obras Póstumas, existe um capítulo denominado “Influência perniciosa das idéias materialistas” que contém uma análise de Kardec sobre artigo do jornal “Courrier de Paris du Monde Illustré” de 19 de dezembro de 1868, há 138 anos.

O artigo comenta a fugacidade da fama e cita Caromouche que “escreveu mais de duzentas comédias e revistas teatrais e seria muito justo que ainda hoje seu nome fosse lembrado. Mas é tremendamente fugaz essa glória dramática que excita tantas ambições. A não ser que trate de autor de obras-primas excepcionais, tudo está votado ao esquecimento logo que ele abandona o campo de batalha” O artigo afirma que “as preocupações materiais soprepõem-se cada vez naus aos interesses artísticos”.

Para Kardec “a decadência das artes no século atual (século dezenove) é o resultado inevitável da concentração das idéias nas coisas materiais e essa concentração, por sua vez, é o resultado da ausência de qualquer crença na espiritualidade do ser.” E sentencia: “As artes só sairão de seu torpor quando houver uma reação visando às idéias espiritualistas” Ainda “É matematicamente exato dizer que, sem crença, as Artes não têm vitalidade possível.”.

O fundador do Espiritismo descreve seu sentimento sobre a arte: “O sublime da arte é a poesia do ideal que nos transporta fora da estreita esfera de nossa atividade. E o ideal está precisamente nesta região extra-material, onde só penetramos pelo pensamento e que a imaginação concebe, embora não a alcance os olhos do corpo. Que inspiração pode trazer ao espírito a idéia do nada?”.

A análise continua “O Espiritismo, realmente, nos mostra o futuro sob uma nova luz, mais ao nosso alcance (...) Que inesgotáveis fontes de inspiração para a arte! Quantas obras primas, de todos os gêneros, poderão estas novas idéias criar, pela reprodução das múltiplas e tão variadas cenas da vida espírita!

Em vez de representar frios e inanimados despojos, ver-se-á a mãe tendo a seu lado a filha querida em sua forma radiosa e etérea; a vítima perdoando o algoz; o criminoso fugindo em vão o espetáculo, sempre presente, de suas ações culposas; o isolamento do egoísta e do orgulhoso no meio da multidão; a perturbação do Espírito que renasce par a vida espiritual, etc, etc.

E, se o artista quiser elevar-se acima da esfera terrestre aos mundos superiores, verdadeiros edens onde os Espíritos adiantados gozam a felicidade que conquistaram, ou se quiser reproduzir algumas cenas dos mundos inferiores, verdadeiros infernos, onde dominam as paixões que cenas comoventes terá parta reproduzir! Sim! O Espiritismo abre para a Arte um campo novo, imenso, ainda inexplorado.”.

Passados 149 anos da fundação do Espiritismo não se viu o nascimento de uma arte espírita.

Embora Kardec afirme que “a Arte espírita irá complementar e transformar a Arte cristã” A arte espírita que ele desenhou no texto acima parece muito com um simulacro da arte cristã. Esta, segundo ainda Kardec, “Adquiriu um caráter grandioso e sublime ainda que sombrio, Essa fase pode ser apreciada nas pinturas da Idade Média, representando o inferno e o céu, as penas eternas ou, então, uma beatitude tão elevada que nos parece inacessível. E talvez por isso, tão pouco impressione quando a vemos reproduzida na tela ou no mármore”.

J.Herculano Pires comenta essa parte afirmando que “O caráter grandioso e sublime da arte medieval foi determinado pela concepção cristã. O Renascimento determinou a volta ao Paganismo, mas numa assimilação renovada dos valores antigos sob a influência cristã. O mundo moderno não ofereceu elementos para uma renovação profunda das artes porque não trazia ainda uma cosmovisão nova. As artes modernas são prelúdio de uma nova fase que só o Espiritismo, a concepção espírita do mundo irá difundir. É o que Kardec viu com clareza neste trabalho.

Herculano também disse em nota de rodapé que “A Arte Espírita já uma realidade nascente. A Pintura Espírita começou no tempo de Kardec (...) A Poesia Espírita é realidade que já mereceu antologia (...) A ficção espírita impõe-se no mundo e a influência espírita no Cinema, na Música, no Rádio, na Televisão, no Teatro é visivelmente crescente. (O volume analisado de Obras Póstumas é de 1971).

Além da costumeira ufania de Herculano relativamente ao Espiritismo no mundo, a nota remete a outra questão. Como é ai definida a “arte espírita?” ou seriam apenas temas espíritas e assemelhados?

Claro que Kardec retratou sua época e sua concepção de arte, para ele assentada sobre a crença. A arte espírita seria, então, na sua visão, uma arte voltada para o sublime de um lado e para o horror de outro, com seus edens e infernos, seus Espíritos atormentados e felizes.

Seria, todavia,  uma visão extremamente sectária querer que a artes plásticas, por exemplo, abandonassem a apresentação do que seria “material”. Some-se isso que desde a desencarnação de Kardec muitas escolas artísticas foram criadas, algumas com duração efêmera e que artistas geniais ou pelo menos talentosos surgiram e que exprimir o corpo, a beleza, o cenário material, físico também é obra de arte, quando o artista consegue superar-se.

Depois, se a arte cristã “Adquiriu um caráter grandioso e sublime ainda que sombrio” devido sua ambição de retratar, sobretudo, a visão mística e uma beatitude tão elevada que nos parece inacessível, uma arte inspirada pelo Espiritismo teria quer ser equânime, ou seja, abranger também a beleza e os problemas do ser encarnado e não apenas as projeções da vida futura.


A arte, de modo geral, reproduz o momento, a angustia, a ansiedade e o amor das pessoas encarnadas, vivas, atuantes ou amortalhadas. Poderá fazer introdução na vida extra corpórea sem aquela beatitude ou aquele descer ao inferno.

A ARTE MEDIÚNICA

A produção mediúnica no campo das artes é muito grande. Mas isso caracterizaria a “arte espírita”?

Desde o tempo de Kardec realmente foram produzidos desenhos através da mediunidade.

No Brasil, mais recentemente tivemos o fenômeno Gasparetto, com sua assombrosa produção pictográfica. Com os dedos da mão e do pé, a partir de um borrão de tintas, aleatoriamente misturadas, em poucos segundos surgia uma figura, uma paisagem assinada por um artista famoso, desencarnado.

Logo seguiram-se outros médiuns que fizeram e fazem demonstrações públicas desse tipo de mediunidade. . Todavia, os supostos autores espirituais reproduzem seu estilo, sua marca, talvez como forma de identificação e aí, parece que o que está em jogo é mais a confirmação da imortalidade da alma do que propriamente a arte, embora algumas telas tenham merecido elogios e admiração de especialistas.

 No campo da literatura temos obras de poesia, como O Parnaso de Além Túmulo obra primeira do médium Francisco Cândido Xavier, coletânea de poemas, sonetos e poesias de autores brasileiros e portugueses desencarnados geralmente famosos quando encarnados.

A ficção teve no passado recente, algumas produções muito bem escritas. Atualmente, porém, existe uma produção em escala de romances, novelas, contos, agora assinados por autores desconhecidos, sem biografia ou antecedentes.  São designados por um nome simples e cujo conteúdo e a forma, com raríssimas exceções, não constituem propriamente um literatura, mas uma subliteratura.

Como sabemos que o médium é interprete, por isso nenhuma produção artística pode ser considerada “pura”, isto é, sem interferência do médium. Este interpreta o desejo, a habilidade, o gênio do artista desencarnado dentro de suas possibilidades.

Por isso, a produção mediúnica não pode, a rigor, ser considerada “arte espírita”, como produto próprio, inédito, diferente.

Não se pode negar a crescente invasão de temas espíritas, se considerarmos como tal, todos os fenômenos mediúnicos, no cinema, na televisão, no teatro, mesmo em paises onde a tradição religiosa não tem qualquer ligação com o Espiritismo.

Filmes como Ghost, Sexto Sentido e outros foram saudados com grande entusiasmo e alcançaram muito sucesso e séries de televisão americana, por exemplo, apóiam-se em atuação de médiuns, sem qualquer ligação com a “paranormalidade” defendida pela parapsicologia, embora esta, se consultada, não deixará de encontrar uma explicação fora da mediunidade.

A televisão brasileira também tem aproveitado temas mediúnicos ou espíritas em novelas e séries.

Seria isso, afinal que Kardec pensou? Ou devemos repensar o que ele queria com a arte espírita? Sem dúvida as pessoas com pendores artísticos e que se tornam espírita devem e podem apoiar-se na filosofia espírita como base de suas produções.

Cabe-lhes, contudo, a responsabilidade de veicular o Espiritismo de forma positiva e coerente, pelos canais da música, do teatro, da televisão, da literatura, sem desvios e misturas espiritualistas... 


NR: Encontramos este artigo no computador de Jaci Régis, o artigo tem o estilo de Jaci, mas não está assinado, publicamos aqui, por mostrar uma vertente distinta do autor, na próxima edição complementaremos o artigo.