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sábado, 14 de outubro de 2023

A história de cada um - por Cláudia Régis Machado

 

A história de cada um

 

Todas as pessoas têm uma história de vida e, na concepção espírita das múltiplas encarnações, compreendem que já tiveram vários existências no percurso de sua evolução que por suposto tem muitas histórias de vidas que se traduzem, se mostram na sua existência atual.

Creio que aquilo de importante que se construiu na trajetória evolutiva como espírito  não se perde e fica armazenado no seu interior e se exprimirá em síntese na vida presente, o que  leva de forma progressiva a definição de sua estrutura.



“Cada encarnação é um novo começar, mas ninguém e, propriamente, novo”. Somos uma construção que foi desenvolvida através das vidas sucessivas, mas que nos primeiros anos de vida é esquecida para dar espaço para novas experiências, para educação e novas realidades que ao longo do processo vai desconstruir aquilo que não é mais satisfatório, que não atende a nova realidade, ressignificando e reajustando sua estrutura. Tendo um novo olhar para esse “eu” mais intrínseco.

Construir e desconstruir, ressignificar e significar são movimentos realizados pela introspecção e honestidade que proporciona uma investigação interna, visando equilíbrio e harmonia pessoal e relacional.

Muito se fala de autoconhecimento que não é um processo fácil e, uma maneira, não a única, que ajuda a conquistar é escrever o que se aprendeu com os erros e acertos, como estes impactaram e que rumos foram tomados a partir daí, se aproveitaram ou não o que foi oferecido, quais os sentimentos advindos das vivencias, relatos desses sentimentos, como nasceram as oportunidades e possibilidades por conquista de esforço e desempenho. Como enfrentou as circunstâncias, as intempéries e as situações inusitadas que a vida lhe trouxeram. A palavra pode ser a mão que conduz o olhar para  dentro de nós mesmo.

Quando escrevemos nos envolvemos de tal forma e entrando no fluxo da escrita podemos  conectar e também reconectar com partes de nós mesmos. É um instrumento de crescimento fazendo romper com os limites de situações sedimentadas.

Reforçando o registro de vários aspectos da encarnação favorece um mergulho interno e  dá subsídios para entender melhor angústias, alegrias, tristezas, memórias infantis, ganhos, sucessos e insucessos.  A escrita pode também ser um momento de desabafo deixando o caminho vivencial menos penoso. Se algo já que não se encaixa na narrativa que estamos construindo, talvez seja hora de deixá-lo de lado

Toda esta ação é  para sermos protagonista da narrativa da nossa existência  já, que estamos acostumados a pensar que a influência sobre a nossa história não está em nosso controle.

Esta preleção que advém muito dos conceitos da Psicologia nos ajuda a nos conhecermos melhor e a fazer uma revisão constante daquilo que somos, do que poderemos ser. Com isto evoluir, crescer como espírito, questão que requer muito trabalho e esforço.

Acrescentando ainda, este procedimento acarreta maior clareza em relação ao enredo que desejamos para a história de vida e também elementos para tornar mais fácil escrever novos capítulos.

Lembremos que cada dia é uma oportunidade para adicionar novos elementos a história de vida: uma pitada de alegria, uma profunda tristeza, um desafio aparentemente impossível de resolver, uma história de amor para aquecer os corações. Além de muitos encontros, desencontros “.

E isso se faz com muito autoconhecimento, conversas, trocas, decisões e desapegos. Sendo a própria fonte principal de informação, embora não necessariamente a única.

Importante associar este ato como um cuidado das coisas do espírito num comportamento dinâmico e com a possibilidade de pensar a história de vida como um processo sempre de construção, buscando novos sentidos para vida ou para aspectos dela com ressignificação constante.

Alcançando uma narrativa original e criativa de própria vida.

Gostou do artigo - foi publicado no jornal Abertura de outubro de 2023, quer ler o jornal completo?

Baixe aqui - em pdf e gratuito.

https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/31-jornal-abertura-2023?download=269:jornal-abertura-outubro-de-2023



sexta-feira, 10 de junho de 2022

Imortalidade em nossas vidas - por Cláudia Régis Machado

 

Imortalidade em nossas vidas

Cláudia Régis Machado

Às vezes pensar sobre a imortalidade nos parece algo distante que só pensamos quando estamos perto da morte. Mas como inseri-la em nosso dia a dia? Que comportamentos nos fazem expressá-la?



Primeiro o principal, ter o conceito que a imortalidade é dinâmica, não é um lugar, ou um estado do plano extrafísico. A Doutrina Espírita nos dá oportunidade junto do seu arcabouço estrutural de analisá-la de uma forma distinta da explicada pelo espiritualismo cristão, pois dentro da visão evolucionista que o Espiritismo nos propõe, de um continuum existencial, a vida se expressa e acontece em uma dimensão interexistencial no plano físico e extra físico Isto nos leva a perceber que a imortalidade não é estável. “A descoberta do plano extrafisico deu sentido à imortalidade e integrou as dimensões em que se manifesta o ser humano”. (Jaci Régis).

O conceito de imortalidade é de grande importância, o início, muitas vezes, para a compreensão da idéia espírita. Este é um do motivo que escrevi o livro – Kadu e o Espírito Imortal – livro infanto- juvenil que foi elaborado como um jogo, de idas e vindas para encontrar respostas e entender o fenômeno da morte, compreendendo assim a imortalidade de forma tranqüila, com leveza e de forma lúdica. O livro também é para adultos, iniciantes da Doutrina Espírita, que gostam de adentrar no assunto de um jeito ameno e pedagógico, que com certeza apreciariam, há no livro fatos da história do Espiritismo, sobre a mediunidade e outros pontos.

Mas voltando, o que a imortalidade propicia em nosso dia a dia?

Perceber-se imortal é um estado que é construído pouco a pouco na estrutura mental do espírito e, colocar em prática este estado é aprender a sua importância em nosso circulo de vivencia. Com isto seremos favorecidos, através de sua compreensão, um olhar, um sentir, um enxergar as coisas, os acontecimentos em nossas vidas e as pessoas do nosso redor com uma lente diferente.

Além do mais, e de suma relevância, levar a transformar nossa relação com os outros e também a visão de nós mesmos, porque a imortalidade dinâmica amplia a consciência de quem somos e o nosso papel e atuação no mundo e isto sem dúvida se reflete em nosso comportamento.

Esta é uma escolha que deve ser feita por nós todos os dias para que se torne um estado cotidiano e esteja presente em nossas reflexões e atitudes.

 Concretamente sabendo da existência do plano extrafísico, está demonstrado que somos imortais e sendo a vida um continum, o intercâmbio do plano físico e extrafisico torna-se presente onde as vibrações energéticas interligam e interagem. Como na manifestação da mediunidade de todas as ordens onde a comunicação com os amigos espirituais é uma realidade e nos fenômenos que sugerem reencarnação através da lembrança de sua vida pregressa.

Assim percebemos que ser imortal é real. “A imortalidade sinaliza a natureza espiritual do ser inteligente. Ela o define como um ente que permanece”.

A imortalidade se expressa também quando traz esperança para lidar com os conflitos da vida e quando amplia nosso ponto de vista para o futuro para a evolução espiritual.

Como coloca o Espiritismo- Ciência da Alma- o conceito de espiritualidade, de sermos espíritos imortais, atemporais em nossa estrutura de vida nos traz benefícios e responsabilidades.

O objetivo da Ciência da Alma é desenvolver a espiritualidade na estrutura da pessoa. Lutar para que a espiritualidade seja inserida como natural no comportamento humano, sendo assim, a “Imoralidade ganha um novo sentido e um novo horizonte, como a seqüência natural da pessoa além do fenômeno da morte”.

Lutar porque sabemos a significância desse conceito- sabemos aonde queremos chegar, mas há um caminho a percorrer , é preciso encontrar ferramentas, estudo, persistência, coragem para alcança- lo. É uma jornada para se viver melhor.

Artigo foi publicado no Jornal Abertura de maio de 2022.

Baixe aqui:

https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/22-jornal-abertura-2022?download=174:jornal-abertura-maio-de-2022


 

segunda-feira, 30 de maio de 2022

O que é a vida - por Cláudia Régis Machado

 

O que é a vida?

 

Na filosofia espírita a vida corporal é a oportunidade para o espírito exercitar suas qualidades, desenvolver potencialidades, retratar suas condições vivenciais e acima de tudo um período de aprendizagem.

Para nós espíritas esse é objetivo de nossas vidas.

Para o Espiritismo realidade existencial inclui corpo físico, perispírito e espírito.

A vida tem uma dinâmica própria e podemos “construir o sentido da vida no viver quando fazemos ela ter significado ou valor.” Rodrigo Tavares Mendonça (psicólogo).

Parafraseando alguns versos da música de Gonzaguinha “O que é. O que é” destaco alguns que compõe nosso pensamento e inquietações sobre o que é a vida:



 

“A vida é viver. /

Somos nós que fazemos a vida, como der, ou puder ou quiser. /

Ela é maravilha ou é sofrimento. /

Ela é alegria ou lamento. /

Ela é luto ou prazer”.

 

Creio que a letra nos leva a pensar que os “ou” sejam uma escolha ou outra mas, na realidade nos movimentamos entre várias situações e sentimentos em momentos distintos, assim que um não exclui o outro.

Extraindo ainda da mesma música, o que completa aquilo que temos como pensamento

 

Viver e não ter a vergonha de ser feliz/

A beleza de ser um eterno aprendiz/

Que a vida devia ser bem melhor. E será/

Mas isso não impede que eu repita é bonita, é bonita é bonita/

É a vida.

 

Dando sequência podemos nos perguntar durante a trajetória da vida:

Como vivemos?

Quais os valores que comandam a nossa existência?

Qual o nosso olhar para o mundo e do nosso estar no mundo?

Quais atitudes que priorizamos em nossa vida? 

Questões estas que nos ajudam a dar uma condução, um sentido à vida.

 

“A vida sem reflexão não merece ser vivida” Sócrates.

 

 

Cada ser humano tem uma concepção própria acerca da vida, do mundo, do universo.

E essa concepção se manifesta nas atitudes, nos comportamentos, nos sentimentos. Na forma que levamos e direcionamos a nossa vida. Na maneira como enfrentamos acontecimentos como doenças, relacionamentos, mortes, perdas e trabalho. O dia a dia.

 

De acordo com Jaci Régis “A lei natural estabelece uma sequência fundamental para o desenvolvimento dos seres: sobrevivência convivência e produtividade.

O impulso agressivo estrutural do ser se transforma em vontade que garante a sobrevivência, em desejo que permite a convivência e a busca da felicidade o que cria uma produtividade capaz de propiciar o prazer.” Essa estrutura se manifesta como base na formulação da vida, da existência.

Tendo como fim a felicidade, ou seja, o homem busca vida boa e feliz.

“O prazer é a meta, na vida.

O sofrimento é transitório, eventual”. (Jaci Régis).


Este artigo foi ariginalmente publicado no Jornal Abertura de abril de 2022. Quer ver o jornal completo?

Baixe aqui:

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segunda-feira, 9 de maio de 2022

Imortalidade em nossas vidas - por Cláudia Régis Machado

 

Imortalidade em nossas vidas

Cláudia Régis Machado

Às vezes pensar sobre a imortalidade nos parece algo distante que só pensamos quando estamos perto da morte. Mas como inseri-la em nosso dia a dia? Que comportamentos nos fazem expressá-la?



Primeiro o principal, ter o conceito que a imortalidade é dinâmica, não é um lugar, ou um estado do plano extrafísico. A Doutrina Espírita nos dá oportunidade junto do seu arcabouço estrutural de analisá-la de uma forma distinta da explicada pelo espiritualismo cristão, pois dentro da visão evolucionista que o Espiritismo nos propõe, de um continuum existencial, a vida se expressa e acontece em uma dimensão interexistencial no plano físico e extra físico Isto nos leva a perceber que a imortalidade não é estável. “A descoberta do plano extrafisico deu sentido à imortalidade e integrou as dimensões em que se manifesta o ser humano”. (Jaci Régis).

O conceito de imortalidade é de grande importância, o início, muitas vezes, para a compreensão da idéia espírita. Este é um do motivo que escrevi o livro – Kadu e o Espírito Imortal – livro infanto- juvenil que foi elaborado como um jogo, de idas e vindas para encontrar respostas e entender o fenômeno da morte, compreendendo assim a imortalidade de forma tranqüila, com leveza e de forma lúdica. O livro também é para adultos, iniciantes da Doutrina Espírita, que gostam de adentrar no assunto de um jeito ameno e pedagógico, que com certeza apreciariam, há no livro fatos da história do Espiritismo, sobre a mediunidade e outros pontos.

Mas voltando, o que a imortalidade propicia em nosso dia a dia?

Perceber-se imortal é um estado que é construído pouco a pouco na estrutura mental do espírito e, colocar em prática este estado é aprender a sua importância em nosso circulo de vivencia. Com isto seremos favorecidos, através de sua compreensão, um olhar, um sentir, um enxergar as coisas, os acontecimentos em nossas vidas e as pessoas do nosso redor com uma lente diferente.

Além do mais, e de suma relevância, levar a transformar nossa relação com os outros e também a visão de nós mesmos, porque a imortalidade dinâmica amplia a consciência de quem somos e o nosso papel e atuação no mundo e isto sem dúvida se reflete em nosso comportamento.

Esta é uma escolha que deve ser feita por nós todos os dias para que se torne um estado cotidiano e esteja presente em nossas reflexões e atitudes.

 Concretamente sabendo da existência do plano extrafísico, está demonstrado que somos imortais e sendo a vida um continum, o intercâmbio do plano físico e extrafisico torna-se presente onde as vibrações energéticas interligam e interagem. Como na manifestação da mediunidade de todas as ordens onde a comunicação com os amigos espirituais é uma realidade e nos fenômenos que sugerem reencarnação através da lembrança de sua vida pregressa.

Assim percebemos que ser imortal é real. “A imortalidade sinaliza a natureza espiritual do ser inteligente. Ela o define como um ente que permanece”.

A imortalidade se expressa também quando traz esperança para lidar com os conflitos da vida e quando amplia nosso ponto de vista para o futuro para a evolução espiritual.

Como coloca o Espiritismo- Ciência da Alma- o conceito de espiritualidade, de sermos espíritos imortais, atemporais em nossa estrutura de vida nos traz benefícios e responsabilidades.

O objetivo da Ciência da Alma é desenvolver a espiritualidade na estrutura da pessoa. Lutar para que a espiritualidade seja inserida como natural no comportamento humano, sendo assim, a “Imoralidade ganha um novo sentido e um novo horizonte, como a seqüência natural da pessoa além do fenômeno da morte”.

Lutar porque sabemos a significância desse conceito- sabemos aonde queremos chegar, mas há um caminho a percorrer , é preciso encontrar ferramentas, estudo, persistência, coragem para alcança- lo. É uma jornada para se viver melhor.

Artigo foi publicado no Jornal Abertura de maio de 2022.

Baixe aqui:

https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/22-jornal-abertura-2022?download=174:jornal-abertura-maio-de-2022


 

segunda-feira, 6 de julho de 2020

Reencarnação, ponto de partida - por Roberto Rufo

Reencarnação, ponto de partida

 

"Se você vivencia sua espiritualidade, só pode esperar o melhor da vida, pois ou usufrui o sucesso ou aprende alguma coisa. É simples assim". (Leila Navarro ) .

 

No Jornal Espiritismo e Unificação, de abril de 1982 o pensador e jornalista espírita José Rodrigues escreveu uma coluna com o mesmo título que assino neste artigo. Esse trabalho foi recentemente reproduzido também no excelente livro "Perspectivas Contemporâneas da Reencarnação" organizado pelos pensadores espíritas Ademar Artur Chioro dos Reis e Ricardo de Morais Nunes.

 

José Rodrigues nos alerta de que ao contrário do que Allan Kardec escreveu colocando a reencarnação como instrumento de progresso e justiça, criou-se no movimento espírita brasileiro um pensamento atávico que coloca a reencarnação como algo punitivo. A meu ver isso se deve principalmente ao relativismo intelectual e moral que contagiou a teoria espírita no Brasil, enfraquecendo os fundamentos da cultura espírita e consequentemente do convívio social, pois nos leva a um fatalismo, uma ideia que o Espiritismo não aceita segundo José Rodrigues.

 

Kardec já havia escrito que "normalmente, a encarnação não é uma punição para o Espírito, conforme pensam alguns, mas uma condição inerente à inferioridade do Espírito e um meio de progredir". Observa José Rodrigues que não se trata de uma expressão pejorativa; apenas identifica o nosso estágio. Desse modo, pode-se identificar que cada nova encarnação é um ponto de partida e não apenas como ponto de chegada.

 

O discurso espírita, constituído de serenidade e equilíbrio, encontra dificuldades para se impor pois os tempos atuais são de polarização ideológica, de materialistas ou de religiosos fanáticos. Esse fenômeno não se restringe ao Brasil, pelo contrário, contamina o debate político em várias partes do mundo. Na minha opinião sucede-se um abandono espiritual e cultural do Ocidente, quando se pretende anular as contribuições espirituais e transcendentais, até mesmo do cristianismo. Um mundo sem Deus. José Rodrigues afirma que "Deus é e Deus está, mas por suas leis, ditas inderrogáveis, sábias e justas, dentro das quais nos situamos, procurando nelas nos aprofundar. em busca da felicidade. que nunca é completa. Isso, a nosso ver, deve fazer com que se veja a encarnação como prova maior da imortalidade, o fator existencial que amplia nossa liberdade". É visível, como escreve o autor Eugenio Lara, que José Rodrigues possuía o dom da palavra escrita. Um texto primoroso.

 

Eu tenho um grande temor atualmente, que o Espiritismo seja levado para caminhos políticos onde por força da maior organização da política oficial ele se torne estéril e se esgote como um solo que não produz frutos. O outro lado que embarcou no aspecto religioso é a prova de que o espiritismo acabou cooptado e se perdeu. Não existe acordo entre desiguais.

 

 Roberto Rufo

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

Gostou? Você pode encontrar muito mais no Jornal Abertura – digital, totalmente gratuito.

Acesse: CEPA Internacional


sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Revolucionário, eu? Seria a reencarnação obrigatória? por Reinaldo di Lucia


Durante o XXI Congresso Espírita Panamericano, realizado em Santos, o trabalho que escrevi, propondo a possibilidade da reencarnação não ser obrigatória, provocou alguma polêmica. Muitos vieram dizer-me: “Quer dizer que agora, depois de tirarmos Jesus e questionarmos o Perispírito, estamos também eliminando a Reencarnação do Espiritismo?”




Penso que o medo da mudança é tão constante no homem que chega a ser natural este tipo de questionamento. Afinal, desde crianças, quando frequentávamos a infância espírita – naquela época ainda chamada de “escolinha”, um provável diminutivo de “escola de evangelização” – a reencarnação é encarada quase como um dogma. Aliás, em perfeita consonância com Kardec: “Em que se funda o dogma da reencarnação? Na justiça de Deus e na revelação (...)” (Livro dos Espíritos, pergunta 171).

Talvez eu seja mesmo um espírito, digamos, inquieto. Penso que o comodismo do pensamento, o congelamento das ideias leva a uma cristalização que é fatal para a sobrevivência de uma doutrina tão dinâmica quanto o Espiritismo. E assim, desde muito, as perguntas “e se ...” e “ou não” fazem parte integrante da minha visão espírita. Considero necessária e fundamental a revisão periódica dos princípios espíritas, ainda mais se considerarmos o quão rapidamente o conhecimento humano vem evoluindo.

Eis porque considero que a proposta de um trabalho consistente de atualização do Espiritismo, feita há mais de 10 anos pela CEPA, é o que há de mais importante neste século XXI. Não há outras formas de mantermo-nos vivos e atuantes a não ser construindo pontes com as demais formas de conhecimento humano e, se necessário, revendo conceitos que já não mais se sustentam.

Mas, para que isso se efetive, é essencial que nós, espíritas laicos, livres-pensadores e progressistas, tenhamos a mente aberta para a possibilidade da mudança. E, para isso, não pode haver tabus, temas proibidos, impossibilidades a priori. A discussão, o questionamento é obrigatório; a conclusão será feita a partir desse questionamento.

Vamos tirar a reencarnação do corpo doutrinário espírita? Não, não é essa a proposta. Mas temos que analisar com calma até que ponto o livre arbítrio de cada ser pode possibilitar a ele a escolha da não reencarnação. E essa avaliação passa por uma série de outros questionamentos, como fica o edifício conceitual espírita se isso for assim? Qual a extensão do nosso livre-arbítrio? Que outras formas de aprendizado seriam possíveis? Como se dá a evolução? Enfim, há um desdobramento significativo que, de modo amplo, só contribuirá para que o Espiritismo seja mais firme – e que cada um de nós, espíritas, compreendamo-lo ainda melhor.

Que tal, despretensiosamente, despertar o livre-arbítrio revolucionário que vive em você? A reflexão te dará embasamento para mudar seus conceitos, ou mantê-los (seja da mesma forma de antes, seja com novos pilares). Modernizar é isso: pensar, repensar, reciclar, redescobrir, reinventar. Afirmar o mesmo de sempre em uma realidade absolutamente diferente, sem nem ousar uma dúvida sobre o posto, é contextualizar às avessas. Necessário, em algumas situações, mas já exaustivamente explorado, há pelo menos 100 anos, no que tange a filosofia Espírita.  

NR: Este artigo foi publicado no jornal Abertura em novembro de 2012

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

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sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

A reencarnação na História da Humanidade - por Jaci Régis


A reencarnação na História da Humanidade


A idéia da reencarnação é conhecida desde a mais remota antiguidade. Mas perdeu-se no emaranhado das superstições e do misticismo, refletindo as dificuldades da cultura em desvencilhar-se das pressões atávicas a respeito da relação da criatura e o Criador.

A vivência dos problemas cotidianos, a fragilidade do ser humano diante da natureza, fomentou uma relação casual entre os humores dos deuses e os sofrimentos baseada no medo, na condição de culpa, castigo, desobediência e punição.

Dentro desse quadro confuso, criaram-se seitas fundamentadas em crendices e superstições, seitas baseadas em crendices e superstições acerca da reencarnação. Por isso, a metempsicose foi aceita largamente por simbolizar o castigo mais cruel imposto ao pecador, fazendo com que, sendo uma pessoa humana, reencarnasse num animal. Até um filósofo como Pitágoras a aceitou e difundiu.

            A reencarnação é muito aceita na cultura asiática, mas não teve uma ação social redentora, revolucionária. Ao contrário, propiciou uma atitude contemplativa, conformista e acomodatícia. Em culturas como a indiana, a reencarnação não evitou, ao contrário, deu certa consistência à separação em castas sociais, mantendo um estado de flagelo para os mais pobres e desafortunados.

            A cultura ocidental sofreu sucessivas transformações até cristalizar-se, de uma maneira geral, sob a égide da Igreja, com a visão judaico-cristã. A predominância da religião como centro de conhecimento e comportamento, criou uma forma não racional de ver e compreender o ser e o mundo.
            Embora espiritualista, a Igreja não aceitou a reencarnação e fixou-se na unicidade da existência. Com isso estabeleceu o princípio de finitude e concretude para o ser humano. Ele é produto biológico ao qual se adiciona uma alma. Vive um certo tempo e morre e aí finda seu período produtivo. A imortalidade da alma é reflexo da existência terrena e não apresenta qualquer oportunidade de reciclagem, uma vez que após o período da encarnação da alma está definitivamente catalogada como boa ou má.

            Logo, a pessoa humana é um ser com trajetória fixada entre o berço e o túmulo. Na cultura isso significa que ele é concreto, definido e mortal.

            Toda a estrutura doutrinária da Igreja se funda no pecado original. A moralidade e a culpa se inserem na cultura como instrumentos de como preparatória para a vida eterna.

            Certamente a idéia de punição pela desobediência e até pelos humores dos deuses e de Deus não é exclusiva do judaico-cristianismo. Mas a adoção do deus Jeová dos judeus, manteve a relação criatura-Criador dentro dos limites do medo, terror e insegurança.


A Reencarnação no Espiritismo

A reencarnação, todavia, não é um princípio solitário e autônomo no pensamento kardecista. Faz parte de um corolário de leis que se encadeiam e dá um novo sentido, uma nova visão de vida e da pessoa.

            O projeto espírita é abrangente e inovador. Ele aproveita velhos conceitos sobre a natureza do ser humano, o progresso, sobre Deus e os redefine, atualiza, dando-lhes novas dimensões e refugando superstições e crendices.

            A Doutrina Kardecista procura escoimar seus princípios das concepções místicas procurando dar-lhes uma base científica, caminho que Kardec definiu para dar validade à proposta doutrinária.

            A doutrina kardecista reformula o entendimento sobre a Justiça Divina, que tem sido vista como uma forma policial, punitiva, exigindo pagamento. Para isso apresenta uma nova compreensão da lei de causa e efeito, geralmente tomada no seu aspecto negativo, de expiação. Para a doutrina kardecista, a Justiça Divina, ao contrário, só tem por objetivos dar oportunidade de crescimento e ampliação das qualidades do ser espiritual.

A reencarnação, como foi dito, é um elo no processo evolutivo a Lei da Evolução, uma concepção revolucionária do Espiritismo que ajuda a entender o ser humano e o mundo.

Texto extraído do livro Novas Ideias de Jaci Régis

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Além do Tempo – o que poderia acontecer mesmo - uma visão espírita por Alexandre Machado

A TV Globo constuma colocar no ar, enredos com viés espírita, mais uma vez explora a temática através da novela Além do Tempo, assistindo a alguns capítulos começei a pensar se toda a trama poderia realmente acontecer.

Além do Tempo - uma visão espírita Kardecista


Cerca de 20 pessoas se reencontram, cem anos depois, vivendo em famílias que mantém uma certa semelhança com o passado. A novidade é que a novela começa no passado, no que parecia ser o século XIX e retoma, após alguns acontecimentos traumáticos, em pleno século XXI, nos dias atuais.
Analisando as mudanças dos personagens, que carregam consigo, algumas características muito semelhantes às que possuíam, na encarnação passada no século XIX. 

Claro que para facilitar o entendimento dos telespectadores, todos os personagens voltam com o mesmo nome que possuíam na encarnação passada. Este detalhe tem muito a ver com o que Allan Kardec propõe no livro – Obras Póstumas – no capítulo “Tribunal das Vidas Futuras”, ou seja, mudamos de uma encarnação a outra por fruto de nossas reflexões no período de erraticidade e pela influência do meio familiar e social da nova encarnação.

Esta questão do nome, evidentemente, é impossível, pois, fico imaginando o Plano Extrafísico, a espiritualidade tentando planejar e influenciar, não apenas os 20 personagens, mas apenas para fazer com que eles tivessem o mesmo nome, teríam também que influenciar ao menos outras 40 pessoas, que seriam os seus pais.

Na trama passada no século XIX, vários personagens que se encontraram na cidade fictícia de Bela Rosa, na serra gaúcha vinham de São Paulo, por diversos motivos profissionais. Já na narrativa do século XXI, os personagens não locais, vem do Rio de Janeiro. Vale a ideia, pois todo o enredo busca mostrar que as encarnações servem para nos ensinar. Na realidade, todo este planejamento até então, à época de Kardec era possível de imaginar, pois um homem ou mulher, na média, durante toda a sua vida, não saía de um raio de 20 km, do ponto em que nascia. Nos dias de hoje, esta transitoriedade aumentou infinitamente. Conseguir reunir, todos os envolvidos nos dramas do passado, ficou muito mais difícil. Outros agentes aleatórios entrariam na vida destas pessoas. A população mundial, neste 100 anos, aumentou em mais de 10 vezes.

Alguns dirão, mas a força de atração espirtual que carregamos todos nós é maior que tudo isto, isso pode ser verdade, mas a reencarnação não está para corrigir ou reparar os erros do passado, mas sim para ajudar a que nós Espíritos melhoremos e para isto, não necessitamos voltar para os mesmos dramas. As multiplas oportunidades que a vida nos proporciona já nos depura naturalmente.
Gostaria de citar um dos princípios da Ciência da Alma – proposta por Jaci Régis: “Justificando o fato da reencarnação ser um processo natural ... “A reencarnação é um processo natural, psíquico-físico. Ocorre automaticamente sempre que se crie um clima vibracional decorrente da fecundação do óvulo no ventre materno.”

Na Ciência da Alma, portanto, Jaci Régis irá dizer que “ nesse novo dicionário de entendimento, não haverá espaço para pecado, nem para a visão dolorosa da vida e reconhecerá que a alma humana caminha, com altos e baixos, para o seu destino de superação, apreensão do conhecimento e desenvolvimento das virtudes, pelo fato de viver, de reciclar, de morrer, viver, reencarnar.

As vicissitudes da alma, expressão de seus conhecimentos e, sobretudo, na expressão de seus sentimentos serão analisadas num amplo sentido de reparação e renovação, no qual o sofrimento vem como resposta e até uma solução, mas de modo algum como ação divina de revanche, vingança ou punição. A questão da culpa será entendida como reação natural da violação dos valores individuais e sociais”.

Portanto a novela serve para provocar a curiosidade das pessoas sobre o espiritismo, sobre a realidade da reencarnação, mas a proposta é praticamente impossível de ocorrer nos dias de hoje. Pelas dificuldades práticas que descrevemos mas também , porque não se faz necessário, evoluiremos e melhoraremos de qualquer maneira, pela melhora de nossa conduta.

Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de dezembro de 2015

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domingo, 6 de setembro de 2015

A crise árabe - e o menino que pode mudar tudo - por Carol Régis di Lucia e Roberto Rufo

Dentre os muitos horrores que as guerras trazem, nada mais comove do que uma foto de uma criança inocente, morta em decorrência destas desgraças. Vale a pena ler os artigos abaixo, que estarão no Jornal Abertura de Setembro de 2015, mas que pela importância do momento em que vivemos, não podem esperar e devem ser publicados hoje mesmo.

O conflito chegou ao Brasil, uma corveta brasileira que estava no mediterrâneo, participando de missão humanitária na Líbia, socorreu, atendendo a pedido de socorro da Itália, 220 pessoas que estavam a deriva, sem beber água há 2 dias.



Sobre tudo isto vale ler os artigos abaixo:

A foto e o Menino - Carol Régis di Lucia


 E quando vejo aquele pequeno em posição de plácido sono, lembro de meu filho em seu berço quente e seguro. Dormem de modo semelhante: de bruços, braços relaxados para trás, as pernas levemente apoiadas, erguendo-se “chamando o irmão” como diziam os antigos. Porém,  reparo que a imagem mostra a água batendo em seu rosto e um forte instinto me leva a pensar em retirá-lo antes que ele aspire o mar. Mas ele já o fez, algumas horas atrás, quando do naufrágio. E então entendo que ele parece dormir, mas diferente do meu, esse filho de alguém não irá acordar mais...



É assim que mais uma imagem entra para a História terrível das guerras nesse pretenso planeta de provas e expiações. Assim como em outras fotos, uma criança retrata o horror das famílias que largam tudo (ou nada) para fugir dos conflitos em seus países e perdem suas vidas tentando sobreviver. O menino sírio, como ficou conhecido, foi capa de noticiários e chocou o mundo para o óbvio: os refugiados estão morrendo aos montes, todos os dias, a mercê do Mar, dos Desertos, das Fronteiras. E os governos...

Mas desta vez, eles invadiram nossas casas, pela inevitável e perturbadora semelhança do garoto Aylan com nossos filhos. Nos sacudiu os instintos mais primários de proteção, sobrevivência, dor, revolta. E o que fazer? A unicidade nessa foto é justamente trazer o conflito, tão distante e estranho ao nosso cotidiano, para bem perto, em nosso conforto do lar. A foto conscientizou, provocou discussões, chamou a atenção e formou opiniões. Só por isso já é válida.

Retratou o pai, único sobrevivente, como um vizinho ou parente próximo, que levou sua família para ter um futuro melhor. Futuro esse que “escorregou” de suas mãos quando a travessia não deu certo. Mostrou a dor de se perder filhos, mas também de ser renegado, não ser ouvido, não ser ajudado. Tão longe e tão perto.

Vi muitos depoimentos de Espiritas, nas redes sociais, pedindo orações aos garotos mortos e à família, li citações sobre as guerras, textos de mensagens de Chico Xavier. Tudo válido, mas vago. Por outro lado, vi e participei de manifestos, abaixo assinados, discussões práticas de ONGs que zelam por essas pessoas. Uma oportunidade efetiva de ajudar e participar ativamente para a amenização da questão, cobrando soluções aos governos que negam a entrada dessas pessoas em seus territórios.

Creio que esse é o papel do Espirita que compreende a responsabilidade de cada um sobre àqueles que sofrem a violência das tantas guerras que estão em andamento e precisam de amparo – e incluo aqui as guerras urbanas, como as que vivemos no Brasil, ao lado de nossas casas, com tantos Aylans mortos diariamente. Além das orações, temos a obrigação de praticar o auxílio, promover debates, questionar, posicionar-se.

Que a perturbação dessas imagens nos seja mola propulsora à ação. Que nossa indignação não morra na praia, não perca a validade como as capas de jornais. Temos muito o que fazer, seja pelos sírios, seja pelos brasileiros mesmo. Existem grupos esperando nossa ajuda, pessoas necessitando apoio, ações a serem tomadas. Só nos resta deixar a posição de espectadores e fazer parte da fotografia, para que hajam muitos melhores momentos a retratar.


OS REFUGIADOS E A ETERNA QUESTÃO DA IGUALDADE - por Roberto Rufo


“A igualdade pode ser um direito, mas não há poder sobre a Terra capaz de torná-la um fato”. (Honoré de Balzac).
“Os que comem bem, dormem bem e têm boas casas acham que se gasta demais em política social”. (Pepe Mujica).
                                                                                                                                                                   Tragédias do século XXI, mais especificamente em 2015, envolvem a questão dos refugiados de países árabes e africanos, que no desespero de fugir de governos despóticos e cruéis se lançam na aventura de chegar a um porto seguro nos países da Europa. Infâmias se sucedem:

11.02.2015 – mais de 300 imigrantes desaparecem no mar quando os botes em que viajavam naufragaram perto da costa da Líbia. O acidente gerou críticas contra a União Europeia por tratar o incidente com menosprezo.
19.04.2015 – o naufrágio de um barco com imigrantes da Síria e Líbia pode ter deixado até 700 mortos, segundo órgão para refugiados da ONU.
27.08.2015 – os corpos de 71 pessoas, crianças inclusive, são encontrados em caminhão em rodovia da Áustria. Segundo autoridades, eram imigrantes provavelmente da Síria.

Há alguns meses verificou-se uma mudança radical nos itinerários da imigração. Há um ano, o caminho real começava na Sicília. Hoje, a rota de Lampedusa ainda funciona, mas uma nova rota foi aberta. A dos Bálcãs. A Hungria já está providenciando a construção de uma cerca para impedir a passagem de imigrantes pelo seu país.  É muita dor e sofrimento, onde a tolerância, humanidade e solidariedade estão colocadas á prova da nossa evolução espiritual.

Kardec em comentário à pergunta 803 do Livro dos Espíritos (Todos os homens são iguais diante de Deus?) nos fala que todos os homens nascem com a mesma fraqueza, estão sujeitos às mesmas dores e o corpo do rico se destrói como o do pobre. Portanto, Deus não deu, a nenhum homem superioridade natural, nem pelo nascimento, nem pela morte. Diante dele, todos são iguais.  Eis um momento específico da história da humanidade, onde valores como igualdade devem ser provados quanto à sua eficiência no trato das relações humanas.

O pensador José Rodrigues, no XI Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita em 2009, apresentou um trabalho muito instigante de nome “A Crise da Ambição”.

Neste trabalho ele vai à causa raiz do problema dizendo que “as crises sistêmicas da economia mundial refletem formas de ação individual e coletiva que não deixam dúvida sobre as suas causas: a ambição”. Aliás, nunca é demais repetir, no citado Livro dos Espíritos , quando Kardec indaga aos espíritos quais são as duas maiores chagas da humanidade , estes respondem: o orgulho e o egoísmo.
Em se tratando da Europa, especialmente França, Luxemburgo, Alemanha e Suíça, é bom que se lembre de que grandes fortunas “escondidas” nos grandes bancos desses países são provenientes das ditaduras da África e do Oriente Médio. Nunca houve qualquer pudor ou vergonha ética que impediu a lavagem de dinheiro dessas ditaduras em países da chamada democracia ocidental.

Num gesto que até podemos considerar nobre, a primeira ministra da Alemanha, a Sra. Ângela Merkel, quer que a Europa adote regras de tolerância para os que fogem de países em guerra. Outros tipos de refugiados que queiram somente se beneficiar da pujante economia alemã não serão aceitos.

A Alemanha acolheu refugiados de guerra, mesmo porque as famílias alemãs não têm muitos filhos e a indústria e a agricultura carecem de mais braços. Ou seja, a “caridade” tem como sempre nesses casos um viés econômico. Mesmo assim essa liberalidade ocasionou, nos últimos seis meses, duzentos ataques contra centros de acolhimento de refugiados. A primeira ministra foi vaiada pelos grupos neonazistas. Tempos de crise são tempos de muito preconceito.  Mas também tempos de muita solidariedade e amor ao próximo como demonstram grupos de direitos humanos na Europa que trabalham para o alívio do sofrimento dessas pessoas.

Certas frases colocadas por Kardec em comentário às diversas respostas dadas pelos espíritos podem soar piegas aos ouvidos de pessoas que, isentas de espiritualidade, veem o mundo de uma forma unicamente materialista. Todavia como seriam úteis se habitassem os corações de governantes e do mundo financeiro e fossem colocadas em prática. Digo isso, pois no comentário à pergunta 886 do Livro dos Espíritos Kardec diz que o amor e a caridade são o complemento da lei de justiça, porque amar ao próximo é fazer-lhe todo o bem que está ao nosso alcance.

Qual a solução? Provavelmente passa pelos ensinamentos do pensador José Rodrigues, no trabalho citado acima , quando afirma que “enquanto uma expressão exagerada da paixão , a ambição, como fator psicológico, não é considerada nas avaliações e previsões dos agentes econômicos, centradas em dados de predomínio quantitativo".

“O Espiritismo, em sua expressão filosófica, ao tratar das causas dos conflitos humanos, oferece elementos capazes de elucidar e ajudar a superação das crises, pela mudança de sus antecedentes”.  Brilhante.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Gente que faz - um garoto holandês e a poluição marinha - por Alexandre Machado

Gente que faz – um garoto holandês e a poluição marinha

A revista Superinteressante de janeiro de 2015, publica uma reportagem sobre um garoto holandês que, aos 16 anos de idade, em viagem de férias pela Grécia, percebe o mar repleto de plásticos boiando. Ao contrário da maioria das pessoas que só se lamentam, ele bolou um plano de como limpar os oceanos.

Anotem este nome: Boyan Slat. A história que começamos a relatar aconteceu em 2011, hoje este jovem, já com 20 anos, vem recebendo todos os prêmios possíveis, pois desenvolveu um projeto de ciência, com uma solução simples, capaz de capturar o lixo plástico que flutua nos oceanos. Ele criou um site na internet e com as contibuições voluntárias  contratou especialistas para desenvolverem o projeto, já agora, para aplicação global.

Do que se trata este projeto?  Boyan estudou as correntes marítimas cíclicas e percebeu que, com a utilização de boias extensas, em forma de “U”, com cerca de 100 km, localizadas em cada uma destas correntes,  poderíamos coletar  cerca de 16% do plástico já existente no oceano a cada 10 anos, ou seja, em pouco mais de 50 anos, praticamente limparíamos o oceano. O projeto se completa com a utilização de cargeiros que recolheriam este plástico para reciclagem.

Boyan já arrecadou cerca de 2 milhões de dolares, pela internet. Recebeu muitas críticas de especialistas, que se referiam principalmente em  como reciclar um plástico atacado pelo mar e pelos raios solares, ou pela dificuldade técnica de execução. Um exemplo disto seria  como fixar as boias ao fundo do oceano. Ele não se intimidou, contratou mais cientistas e elaborou um procedimento detalhado, com 530 páginas provando a viabilidade de sua empreitada.

O tempo nos mostrará se ele tem razão, pois o problema que ele busca atacar é real e muito maior do que pensamos. Todos os anos, nós humanos jogamos 6,4 milhóes de toneladas de plásticos no oceano.

Boyan certamente é uma pessoa determinada e, sem conhecer o espiritismo trata  aqui  de uma série de leis naturais aplicadas. São elas: lei da sobrevivência, da destruição e do progresso. Alguém motivado pode fazer uma grande diferença. A partir de sua iniciativa,  a Universidade de Caxias do Sul fez uma pesquisa e encontrou maneiras de limpar o plástico, rico em microorganismos vivos e assim, permitir a sua reciclagem. É o efeito dominó.

Se de um lado temos pessoas empenhadas, com ideias interessantes, de outro temos uma grande maioria de pessoas que não pensam nas consequências de seus atos:  a maior parte do lixo plástico que chega ao mar  vem carregado pelas chuvas. Nós não jogamos o plástico no mar, jogamos na rua e é  a chuva que leva ao oceano, ou seja, é uma poluição gerada pela ignorância, pela falta de educação ambiental.

Ver gente que faz a diferença nos demonstra que temos encarnados Espíritos mais adiantados, capazes de se diferenciar em muitas áreas de saber. Temos gênios em matemática, física, artes, mas também temos gênios na arte de melhorar a vida de nossos semelhantes, mesmo quando a grande maioria é incapaz de percebê-los.


Publicado originalmente no Jornal Abertura, na edição de Janeiro - Fevereiro de 2015 - seja assinante, entre em contato conosco pelo email: ickardecista1@terra.com.br.