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terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Um ano difícil que passa e a esperança no futuro - por Alexandre Cardia Machado

Um ano difícil que passa e a esperança no futuro

2017 foi um ano de transição no Brasil. Passado o processo traumático do Impeachment da Presidente da República em 2016, as rachaduras ficaram evidentes: a onda de notícias desagradáveis dos bastidores do poder em quase todos os níveis não pararam de chegar, a cada mês um novo escândalo.

Tratamos aqui, na página 4 de escravidão rural, ou algo assemelhado a isto.  Uma vergonha que estejamos no século 21 tratando de um assunto que deveria ter morrido no século 19.

O que pensar de 2018? Ainda que no momento o quadro de aspirantes à sucessão de Temer não esteja definido, há que se pensar que virão renovações e assim podemos entrar o ano com um novo ânimo.
Mas não só de más notícias vivemos em 2017. Realizamos o 15° Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita, que vem sendo realizado sem interrupção e com sucesso por 28 anos. Novos trabalhos foram apresentados que estaremos discutindo neste jornal durante o ano de 2018.

Na página 2, uma nova coluna, temporariamente, será criada: “ Ressonâncias do 15° SBPE para a Construção do Espiritismo que Queremos”, discutiremos os trabalhos apresentados e ao mesmo tempo disponibilizaremos os textos originais no blog do ICKS. Acompanhem.

Esta edição, como não poderia deixar de ser, tráz 2 artigos discutindo o Espiritismo e a Política, vale a leitura. O espiritismo, por seu caráter abrangente e ético tem muito a contribuir para o pensar político, ainda que não tenha caráter partidário.

Fernando Pessoa, no prólogo de uma obra escreve esta frase: Navegar é preciso, viver não é preciso , nas suas palavras:

“Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa: navegar é preciso, viver não é preciso. Quero para mim o espírito d’esta frase, transformada a forma para a casar com o que eu sou: viver não é necessário; o que é necessário é criar. Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo. Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha”. Fernando Pessoa.

O que é necessário é criar – eis aí um caminho certo a percorrer, buscar formas de unir a nação e os espíritas na busca de um bem estar maior para o nosso povo. Na coluna abaixo – “Gente que Faz”, Roberto Rufo nos tráz o caminho tomado por Jacques Conchon, o problema do suicídio estava ali, todos viam , mas ele criou algo e tem ajudado muitos a escapar deste ato desesperado.

Já que estamos navegando num universo poético, vamos recorrer a Chico Buarque de Holanda, “ desesperar jamais, já vivemos muito neste anos, afinal de contas não tem cabimento, entregar o jogo no primeiro tempo ... “.


A vida é assim mesmo, o progresso não se dá sem sustos, retrocessos, avanços e recuos, a vida é mesmo assim. Penso que isto tem um algo de beleza, há quem não concorde, mas a vida é bonita, mesmo sendo feia.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

A poética das vidas intinerantes - Por Ciro Pirondi

A Poética das Vidas Itinerantes


Ciro Pirondi*


O olhar estético sobre a existência comumente é associado à dimensão do desnecessário, do supérfluo. Nosso comprometimento com a lógica, com a razão, ensinou-nos a ver na estética, no belo, seus contrários. “Não precisa ser belo, deve funcionar...”, frase comum de ouvirmos no cotidiano das pessoas.

Ciro Pirondi


A “eficiência” toma conta do mundo, do Homem Máquina, razão, capaz de entender tudo, construir máquinas cada vez mais perfeitas, em uma sociedade comprometida com a produção em série, com o desespero pelo consumo priorizando o crescimento econômico. Tratamos cada vez mais a educação como se seu objetivo principal fosse ensinar os alunos a serem economicamente produtivos, ao invés de ensiná-los a raciocinar criticamente e a se tornarem cidadãos instruídos e compreensivos. A perda dessas capacidades básicas põe em risco a saúde das democracias e a esperança de um mundo decente. Somos uma máquina de ansiedade, ligada no automático, em uma sociedade desorientada.
O homem máquina é consequência de um sistema de valores baseado no lucro e no sucesso individual. O trabalho, via de regra, é punitivo e a insegurança consome nossas energias.
Nesse contexto da máquina como espelho, não podemos admitir o erro com um olhar acolhedor, e entender que falhar nos ajuda a crescer e construir um caminho com múltiplas possibilidades. Difícil pensar assim em uma sociedade na qual a palavra de ordem é eficiência. Somos uma engrenagem constituída para produzir sem reflexão, sem questionar. Esquecemos do velho provérbio indiano sobre a transformação: “A nuvem bebe água salgada e chove água doce”.

Livreto distribuído pelo autor no XIV SBPE


Estamos com o botão da reflexão crítica desligado.

Esse estado de cegueira está nos levando a desconfiar do futuro; no entanto, o mundo só melhorou. A média de longevidade ampliou-se muito; as tecnologias diminuíram o trabalho braçal; os meios de comunicação encurtaram a distância entre os homens; pensamos com muita seriedade na possibilidade de construirmos cidades e civilizações em outros planetas.

Habitar o universo.

Contraditoriamente, no entanto, não diminuímos a distância entre ricos e pobres; marginalizamos as mulheres; praticamos chacinas como as de Osasco; discriminamos as minorias; o poder está nas mãos de incapazes...

A aflição de nossa solidão, como descreve o sublime Garcia Márquez, nos faz continuar buscando nossa Macondo ou com Homero, a eterna travessia de Odisseu (o Ulisses romano), em sua jornada pelos mares revoltos. Vezes em lugares mágicos. Vezes em situações terríveis, a nos mostrar ser mais importante na travessia da vida, não onde vamos chegar ao final, mas a maneira como seguimos por ela.

Se optarmos por seguir como máquinas, talvez “a máquina do Mundo”, como no belo poema de Drummond, nos destrua. Mas se amplificarmos as fronteiras do que ainda temos para
descobrir, inventar novas alternativas, com serenidade e sabedoria e entendermos que todo excesso nega o fim proposto, desenhando os caminhos do meio de Buda, não permitindo que o crescimento econômico sirva apenas para destruir a natureza; criar profundas desigualdades, descontentamento e violência entre os desfavorecidos e marginalizados.

O que importa saber é: quais são os ideais políticos, éticos deste homem máquina? Se ele pretende ou ajuda construir uma sociedade justa, humana e compassível?

Penso ser a possibilidade de vidas itinerantes uma alternativa possível.

Fundamento este raciocínio na dimensão de tempo que esta alternativa possibilita. Tempo onde todo o universo flui e se insere; incluso a vida, as fragilidades e sua rapidez.

Como é possível apenas 80 ou 90 anos para aprendermos os conhecimentos já descobertos? Como podemos educar nossos ouvidos e vistas às belezas da música e das artes em apenas 80 anos?

O Espiritismo, como é natural para o período no qual ele surgiu; apostou todas suas reflexões na lei de causa e efeito de maneira cartesiana, ou seja, a toda ação corresponde uma relação direta e imutável, muito ainda influenciada pelo conceito de punição e pecado. E, em um segundo preceito, o da supremacia da razão. Razão pura, Kantiana, crítica e único caminho possível para evoluirmos e encontrarmos a plenitude da vida.

O século XX e XXI nos inundou de outras possibilidades.

Pierre Lévy em seu texto “Inteligência coletiva” afirma: ‘Hoje, o Homo sapiens enfrenta a rápida modificação de seu meio, da qual ele é o agente coletivo, involuntário’. Sugere a via da inteligência coletiva. Tenho a intuição ser este o caminho capaz de produzir novos sistemas de signos, nova forma de organização social, e regulação que nos permitiriam pensar em conjunto.

Nossas forças intelectuais e espirituais multiplicaram nossas imaginações e experiências.

Aprenderíamos, aos poucos, diz o filósofo, a “nos orientar num cosmo em mutação”.

A razão, por si, como pensávamos no século XIX, não basta. A vida é mais bela e complexa. Não cabe em uma lei que pretendia ser totalitária e completa.

Arthur Conan Doyle, por exemplo, um escritor de inteligência iluminada e com uma imaginação invejável, com seu principal personagem - Sherlock Holmes -, chega a afirmar em seu livro “A História do Espiritismo”, que se a reencarnação não fosse uma verdade, precisaria ser inventada para satisfazer a razão. Mesmo um homem de brilho raro como ele, joga tudo na razão.

As reflexões apresentadas aqui no Simpósio Brasileiro do Pensamento Espirita visam compartilhar e apontar a possibilidade de acrescermos a dimensão poética da existência, conjuntamente à razão, à lógica tão valorizada nos meios acadêmicos e espíritas.

Compreendermos e valorizarmos, de verdade, as descobertas artísticas; educarmos nossos ouvidos para percebermos nas sonatas de Mozart tanto valor para o desenvolvimento humano, quanto nas descobertas de Newton ou Einstein; ele mesmo um exímio violinista que afirmava serem elas, as sonatas de Mozart, a expressão mais próxima de sua concepção de desenho do universo.

Se em alguns milênios o Homo habilis tornou-se sapiens, rompeu uma barreira, lançou-se no desconhecido, inventou a Terra, os deuses e o mundo infinito de significação, o que proponho aqui é inventarmos, uma inteligência coletiva, capaz de associar Razão e poética à dimensão das vidas itinerantes. Criarmos uma nova linguagem para o Espiritismo. Este é o nosso principal desafio para este século, cujo resultado não veremos, pois as mudanças de linguagens são obras de gerações.
Mas devemos intuir algo novo. Podemos e desejamos, por pura alegria, contar aos “outros” o quanto é bom e leve sabermos sermos seres projetados no tempo, termos o Universo como nossa casa, e não apenas este pedaço de Terra.

Entendermos de maneira dialética, sabedores desde futuro, ser o presente, tudo o que temos, o mais importante a ser vivido, experimentado. A felicidade não está fora de nós e eu um outro tempo. Com a dimensão poética das vidas itinerantes nos educaremos, onde, com quem e com o que temos hoje.
Em “Emílio ou da Educação”, Rousseau escreve: ‘Cada um perceberá que a própria felicidade realmente não está em si, mas depende de tudo aquilo que o circunda’. Mais tarde, a propósito da felicidade, Marx irá mais longe: ‘A experiência define como felicíssimo o homem que tornou feliz o maior número de outros homens... Se escolhemos na vida uma posição em que possamos melhor operar pela humanidade, nenhum peso nos pode envergar, porque os sacrifícios são para o benefício da humanidade; então, não provaremos uma alegria mesquinha, limitada, egoísta, mas a nossa felicidade pertencerá a milhões de pessoas, as nossas ações viverão silenciosamente, mas para sempre’. (DE MASI, 2014).

Em uma passagem de Fedro, na qual Platão descreve Sócrates que, já ancião e cansado, durante uma abafada tarde de verão se protege num lugar sombreado e aprecia toda a simples fruição que o local oferece: “Ah! Por Hera, que lugar magnífico para se fazer uma pausa! O plátano oferecendo uma sombra maravilhosa! Em plena floração, como está, o lugar não poderia ser mais perfumado. E o fascínio ímpar desta fonte que corre sob o plátano, a frescura da sua água: basta pôr o pé para me assegurar... E diga-me, por gentileza, se o ar puro por aqui se respira não é desejável e extraordinariamente agradável! Clara melodia do versão que faz eco ao coro das cigarras. Mas a mais saborosa dentre essas belezas é este prado, com a natural doçura da sua inclinação, a qual permite, quando nele se deita, que a cabeça fique numa posição perfeitamente confortável” (DE MASI, 2003).
Não concluo, pois é impossível concluir, apenas intuo ser urgente pensarmos associar à tese das vidas itinerantes, além da necessária exploração científica da razão e dos relacionamentos com novas descobertas da neurociência, das pesquisas sobre o cosmo, a educação com os aspectos da poética na construção do Homem espiritual e eterno.

BIBLIOGRAFIA

 DE MASI, Domenico. O futuro chegou – Modelos de vida para uma sociedade desorientada. [tradução Marcelo Costa Sievers]. 1ed. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2014.
 DE MASI, Domenico. Criatividade e grupos criativos. [tradução Léa Manzi e Yadyr Figueiredo]. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.


* Ciro Pirondi é Arquiteto e Urbanista. Graduado em Arquitetura e Urbanismo (1980), possui doutorado (1980/1982), pela Escola Técnica Superior de Arquitetura – Universidade Politécnica de Catalunya – Barcelona – Espanha. Diretor da Escola da Cidade – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (SP), desde 2002 até o momento. Conselheiro da Fundação Oscar Niemeyer, Casa de Lúcio Costa, Instituto de Arquitetos do Brasil e do IBAC (Instituto Brasileiro de Arte e Cultura). Escritório próprio desde 1983 (Ciro Pirondi Arquitetos Associados).

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Imagine, apenas imagine por Alexandre Cardia Machado

Imagine , apenas imagine

O jornal Folha de São Paulo, no dia 24 de janeiro publicou em sua capa a foto abaixo, mostrando o espaço em uma avenida, ocupado, por automóveis, ônibus, metro e bicicleta. Isto nos faz pensar se realmente tomamos as decisões corretas.

Não se trata apenas de substituir o carro pela bicicleta, mas sim em planejarmos uma cidade para que todas as opções estejam disponíveis e que todas elas sejam dignas.

Quando jóvens, nossos meios de transporte são a bicicleta e o ônibus, por que paramos de usá-los cotidianamente? Parar apenas por  termos um automóvel?



Cada ato tem a sua consequente reação, quanto mais consumimos combustíveis fósseis, mais aquecemos o planeta e mais mudanças no meio ambiente e no clima acontecem. Precisamos usar todas as alternativas, ir a pé, pegar um ônibus, usar, no caso de Santos, as bicicletas do Itaú, que são de graça. Se nenhuma destas opções puder ser usada, aí sim, usar o automóvel.

Kardec não teve que passar por este dilema, em sua época recém surgiam os primeiros “ vapores”, navios movidos a vapor e as estradas de ferro com suas locomotivas, estas sem dúvidas um grande progresso, pois permitem uma grande quantidade de carga transportada em pouco tempo, ainda que naquela época, já muito poluente.

Do livro Obras Póstumas, buscamos inspiração em Kardec que discorre sobre o egoísmo.
“O egoísmo, por sua vez, se origina do orgulho. A exaltação da personalidade leva o homem a considerar-se acima dos outros. Julgando-se com direitos superiores, melindra-se com o que quer que, a seu ver, constitua ofensa a seus direitos. A importância que, por orgulho, atribuí à sua pessoa, naturalmente o torna egoísta.

O egoísmo e o orgulho nascem de um sentimento natural: o instinto de conservação. Todos os instintos têm sua razão de ser e sua utilidade, porquanto Deus nada pode ter feito inútil. Ele não criou o mal; o homem é quem o produz, abusando dos dons de Deus, em virtude do seu livre-arbítrio. Contido em justos limites, aquele sentimento é bom em si mesmo. A exageração é o que o torna mau e pernicioso. O mesmo acontece com todas as paixões que o homem  freqüentemente desvia do seu objetivo providencial.

Ele não foi criado egoísta, nem orgulhoso por Deus, que o criou simples e ignorante; o homem é que se fez egoísta e orgulhoso, exagerando o instinto que Deus lhe outorgou para sua conservação.”
Associado ao exagero da utilização do automóvel, está a vontade de possuí-lo e de transformá-lo acima do valor de meio de transporte em uma forma de exercer e demonstrar poder, daí a principal razão de seu uso excessivo, como forma de orgulho e egoísmo. Se investimos consumistas no transporte individual, deixamos governos desobrigados de investir e manter bons serviços de transporte público, ou regular serviços privados de boa qualidade.


Não somos contra o automóvel, mais do que nada o utilizamos aqui como um grande exemplo, para que possa ser possível refletir sobre como imaginamos o mundo que queremos viver.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Pela Sobrevivência da Literatura - por Alexandre Cardia Machado

É inegável que as pessoas estão cada vez com menos tempo disponível para a leitura, existe uma enormidade de concorrentes hoje, a televisão a cabo, com mais de 200 opções de acessos, a internet e mais recentemente o tablet, que permite inclusive a leitura de livros virtuais.

Não há dúvidas que o livro virtual veio para ficar, mas assim como o disco de vinil sobreviveu ao CD e às midias eletrônicas em geral, pela sua singularidade, o livro impresso ainda existirá por muitos anos. A lei do progresso não pode ser detida, como espíritas, sabemos disto, mas o livro impresso tem o seu valor real, ele é palpável, você pode sentir o seu cheiro, pode escrever, anotar, virar a orelha da folha e colocar na estante. Não depende de conexão com internet e muito menos de ter eletricidade disponível, além de que ninguém irá te assantar para roubar o teu livro.

Foto do Livro A Mulher na Dimensão Espírita - ICKS

Este artigo não é contra o livro virtual, ele terá cada vez mais o seu papel, é muito mais barato de ser feito e mais acessível ao leitor, não tem o mesmo charme, mas sobre o ponto de vista de acessar a informação e adquirir conhecimento e rapidez de acesso ao mesmo será sempre incomparável.

Agora voltando ao livro impresso, a revista Veja, em seu anexo – Veja São Paulo, trás uma matéria  -  A paulistana nota dez Ivani Naked que nos motivou a escever sobre este tema, iniciou um movimento em 2000, com a ajuda do marido William Nacked , criou o Instituto Brasil Leitor, que desde então criou 144 espaços para leitura em São Paulo, dispondo de um acervo de 20000 livros disponíveis para leitura de graça pela população. Parabéns a ela pela persistência. Ela considera a missão de seu instituto “ colocar a literatura no caminho das pessoas”.

Recentemente vivemos a experiência de tentar doar livros, na cidade de Santos, onde a prefeitura tem uma grande malha de bibliotecas públicas e recebemos a seguinte resposta: aceitamos livros de ficção, mas não queremos livros técnicos nem enciclopédias, pois ou não há interesse; ou existem em demasia. Assim que existe demanda de livros para leitura, mas a internet ocupou, sem dó, nem piedade o espaço das antigas enciclopédias, fato este que fez com que as mais tradicionais, só existam virtualmente, via internet.

Enquanto isto o livro espírita  passa pelo mesmo processo, mesmo a FEB já disponibiliza toda a sua enorme lista de livros gratuitamente, no seu site. De uma forma ou de outra, o importante é que existe espaço para os bons livros. Aqueles que queremos consultar várias vezes, que nos apoderamos, como se fosse parte de nosso arsenal de argumentação.

Fica então aqui o convite, comprem leiam e ofereçam de presente a amigos, filhos e netos, livros de qualidade espíritas ou não. E se tiverem livros em casa, ocupando espaço, busquem quem os possa disponibilizá-los ao grande público carente. Sejamos distribuidores de conhecimento, sonhos e ideias.


sábado, 8 de agosto de 2015

20 REFLEXÕES ESPÍRITAS PARA O BEM VIVER - por Ricardo Nunes

Ricardo de Morais Nunes


1 -   Amar o presente. O passado já passou. O futuro ainda não existe. É necessário vivermos na dimensão do agora.

2 -    Precisamos nos conscientizar da impermanência de todas as coisas. Devemos aprender a transitar.

3 -       O pressuposto do amor ao próximo é o amor a si mesmo.

4 -   É necessário nos livrarmos da ideia da culpa e do castigo. Nossas ações têm consequências.

5 -     Não devemos nos comparar com ninguém. Temos a nossa própria individualidade. Somos únicos.

6 -    Confiar na existência de um sentido profundo, de uma diretriz maior, para a realidade.  

7 -   Somos hoje o produto do que fizemos ontem. E amanhã seremos o produto do que fizermos hoje.

8 -    Somos, em essência, espíritos imortais neste universo complexo e misterioso.  
9 -  Devemos renunciar às nossas pretensões de segurança absoluta. Nossa jornada na terra é uma verdadeira “aventura existencial”.

10 - A reencarnação e o tempo são os instrumentos de nosso aprimoramento intelecto-moral.

11 -  É necessário distinguir entre as vitórias reais e as aparentes. Nem todos que aparentam sucesso são realmente bem sucedidos, segundo as leis maiores que regem a vida.

12 -   Não precisamos ficar procurando exaustivamente as causas da dor nas vidas anteriores. A dor é inerente ao fenômeno da vida. A reencarnação é uma flecha que nos lança para o futuro e não uma âncora a nos prender ao passado.

13 - O diferente não precisa ser nosso inimigo, pode ser alguém que nos proporciona outra maneira de enxergar a vida.

14 - A solidariedade é nos reconhecermos na pessoa do outro. A indiferença ao sofrimento alheio é próprio das almas ainda egocêntricas.

15 - A família e as amizades são os pequenos grupos onde exercitamos o amor que um dia teremos à humanidade.

16 - A vontade é o grande instrumento para transformação de nós mesmos e do mundo.

17 - O prazer é o que nos move para a ação.

18 - Para a nossa saúde emocional é necessário estabelecermos sintonia mental com as mensagens positivas, desligando-nos, o quanto possível, das mensagens negativas.

19 - Possuímos amigos no plano extra-físico que desejam o nosso bem, e atuam em nossa vida através da intuição, desde que nos coloquemos em sintonia mental com eles.

20 - Conhecer e amar são os objetivos fundamentais das existências sucessivas. A felicidade é o destino final da evolução. Porém, existe uma felicidade possível já neste mundo.


Ricardo Nunes

quinta-feira, 7 de maio de 2015

  "O EXERCICIO DA LIBERDADE" 

                                            por Gisela Régis

                    Nesse exato momento, existe um sentimento em quase toda a população de que nos encontramos numa situação lastimável, somos um país doente, fraco. A grande questão que se coloca é como curar essa doença cronica, qual a verdadeira origem desses males que nos afligem há séculos, com apenas breves intervalos de saúde e disposição?
                    É senso comum que para ter um corpo saudável você precisa exercitá-lo, praticar esportes, andar, correr, caso contrário os músculos atrofiam. Quando falamos em liberdade, nunca vi nem ouvi alguém recusar ou ser contrário. Todos nós queremos e defendemos ser livres. O problema é que, por essas bandas do nosso Brasil, estamos atrofiados, somos sedentários da liberdade. Nunca tivemos a oportunidade de exercitar plenamente esse músculo e o resultado é que mal reconhecemos sua existencia, não sabemos ao certo como funciona, como deve ser treinada e estimulada para que cresça e nos transforme em um país mais saudável, mais próspero e mais admirado.
                    Somos um país em que as pessoas buscam e defendem constantemente a solução dos problemas através dos governos e esperam dos políticos decisões e atitudes que solucionem esses problemas. Ao longo de toda a nossa história o Brasil  sempre foi marcado por um profundo paternalismo, uma presença intensa e constante das estruturas de governo no direcionamento dos rumos da economia, da cultura, chegando até as questões familiares e religiosas em muitos casos.
                    Parece que a fórmula não deu certo. Nesse exato momento, existe um sentimento em quase toda população de que  de que encontramos numa situação lastimável, somos um país doente, fraco. Conhecemos os sintomas dessa doença. Empobrecemos rapidamente com uma moeda exatamente fragilizada, inflação crescente e quase fora de controle, juros altíssimos que invibializam investimentos, desemprego batendo na porta de milhões de trabalhadores, serviços públicos de saúde, educação e segurança que simplesmente não funcionam, aumentos de impostos e, coroando isso tudo, escândalos de corrupção cada vez maiores e mais frequentes. Esses sintomas são percebidos facilmente pelo povo brasileiro, muito poucos não os sentem.
                   Portanto, a grande questão que se coloca é como curar essa doença crônica, qual a verdadeira origem desses males que nos afligem há séculos, com apenas breves intervalos de saúde e disposição? E aqui temos um problema. Cada brasileiro, com sua forte cultura paternalista e os músculos da liberdade atrofiados, procura os remédios que necessariamente passam pelo governo e não demandam o exercício pleno de sua liberdade. A pessoa cansada de tanta corrupção defende a proibição das doações de empresas e indivíduos aos partidos políticos e defende a adoação exclusiva do financiamento público de campanhas com recursos distribuídos pelo governo. O trabalhador quer benefícios, como seguro-desemprego e fundo de garantia, gerenciados pelo governo. O empresário industrial quer incentivos do governo na forma de juros subsidiados e proteção contra produtos importados. E tem até quem defenda que o governo tem que cuidar do nosso petróleo.
                    Mas se a doença existe há tantos anos, se os remédios ministrados são os mesmos há tanto tempo e ninguém está satisfeito com os resultados, porque insistimos em pedir uma dose maior dos mesmos remédios? Por que continuamos pedindo mais e mais governo em nossas vidas? Será que não está na hora de invertermos essa lógica? Será que não precisamos, na verdade, pedir ao governo que fique longe e faça apenas o mínimo necessário para garantir nossa segurança e a concorrência nos mercados? Que nos devolva o dinheiro que toma de nós com tantos impostos e nos permita fazer as nossas próprias escolhas? Será que temos medo dessa liberdade? Medo de errar sozinho? Medo do próprio fracasso, ou pior, do sucesso do vizinho? Porque, errar em conjunto já o fazemos há muito tempo.
                    Se você quer menos corrupção, ao invés de pedir ao governo que controle as verbas de campanha política, peça ao governo que devolva o dinheiro que foi tomado de você para essa verba, e escolha você mesmo o político pra quem doar seu dinheiro, depois o monitore e cobre os resultados. Se você quer ter uma poupança para passar pelos momentos de crise e desemprego ou para comprar uma casa, exija que o governo devolva a você o dinheiro tomado para o seguro-desemprego e FGTS, e cuide você mesmo de sua poupança. Se você quer fazer sua empresa crescer e prosperar, não peça incentivos ao governo, pois mais cedo ou mais tarde você receberá uma conta muito maior na forma de impostos. Apenas peça que o governo garanta que as regras do jogo sejam cumpridas, sem trapaças por seus concorrentes, pois você com certeza não é um trapaceiro.
                    Aquilo que amamos e desejamos tanto - quando falamos em liberdade - é ainda apenas um conceito abstrato, uma palavra bonita, simpática, mas que não conseguimos até hoje exercitar na prática mais simples e corriqueira de nossas vidas. Enquanto não assumirmos essas responsabilidades individualmente, praticando o exercício da liberdade de forma intensa exaustiva, estaremos fadados a morrer sem conhecermos o país do futuro. Temos que aceitar que, como qualquer outro exercício, esse também levará ao cansaço e causará dores em alguns momentos. Mas ao final de alguns anos de treinamento consistente e paciente, estaremos em forma, fortes, curados da doença que nos assola há tanto tempo. E seremos finalmente um país admirado no presente.

"Quanto mais inteligência tenho o homem para compreender um princípio, menos escusável será de não o aplicar a si mesmo." (828- Livro dos Espíritos por Allan Kardec).
"Deus é justo e tudo leva em conta, mas vos deixa a responsabilidade dos poucos esforços que fazeis para superar os obstáculos". (850 - Livro dos Espíritos por Allan Kardec).