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quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

O controle da opinião pública e o livre-arbítrio - por Roberto Rufo e Silva

 

O controle da opinião pública e o livre-arbítrio.

 

"A justiça só pode ser obtida por meio de confrontos violentos". (Benito Mussolini).

 

"O conceito de marxismo pertence à história da religião organizada. É um tipo de adoração de um indivíduo que não faz sentido". (Noam Chomsky - Roda Viva 1996).

 

 

Há dois livros interessantes na praça que merecem ser lidos pois na verdade nos alertam contra alguns perigos dos dias atuais, pois almejam o controle da opinião pública. Um deles do escritor italiano Giuliano da Empoli de nome "Os Engenheiros do Caos" que alerta como as fake News, as teorias da conspiração e os algoritmos estão sendo utilizados para disseminar ódio, medo e influenciar eleições. O outro livro de nome "Fascismo - Um Alerta" da ex-Secretária de Estado dos EUA Madeleine Albright. No livro ela nos avisa do perigo do retorno ao confronto entre democracia e fascismo, uma luta que criou incertezas sobre a sobrevivência da liberdade e que levou à morte milhões de pessoas.

 

E agora como denunciou muito bem o documentário O Dilema das Redes temos a busca incessante por lucros dos gigantes da tecnologia e que acabou transformando ferramentas capazes de aproximar pessoas em uma ameaça em várias frentes, da sanidade mental dos jovens à democracia.

 

Por trás de tudo isso está um sonho antigo de religiões e ideologias de massa, que é controlar a opinião pública através da hegemonia cultural.

 

O homem tem o livre-arbítrio dos seus atos interroga Kardec aos espíritos na questão 843 do Livro dos Espíritos. "Visto que ele tem a liberdade de pensar, tem a de agir. Sem livre-arbítrio o homem seria uma máquina" respondem os espíritos. Premissa: liberdade de pensar. Esse é o dilema atual, quando a minha liberdade de pensar está ameaçada pelos algoritmos ou por alucinados produzindo fake news nas redes sociais.

 

Na eleição de 2016 entre Donald Trump e Hillary Clinton, correligionários do bufão Trump colocaram nas redes sociais que a candidata Hillary era pedófila e arregimentava crianças numa pizzaria de Washington. Até ela solicitar à justiça a retirada da infâmia das redes sociais milhões já tinham lido a fake news, sendo que um senhor indignado, munido de um fuzil, desferiu vários tiros contra a pizzaria. 

 

Na pergunta 837 Kardec pergunta qual o resultado dos entraves postos à liberdade de consciência. "Constranger os homens a agirem de modo contrário ao que pensam, torná-los hipócritas. A liberdade de consciência é um dos caracteres da verdadeira civilização e do progresso".

 

Premissas: civilização e progresso.

 

Leandro Karnal escreve que o mundo do século XXI é o das redes sociais e que controlar a opinião pública já era importante na Roma Republicana. Hoje é central em qualquer projeto político. A luta insana entre esquerda e direita sob os mais variados motivos é uma luta pelo controle político e mental das pessoas. A democracia liberal pouco vale para ambos os lados. O que interessa é a obtenção da hegemonia cultural. Para o Espiritismo a democracia liberal é condição imprescindível para o desenvolvimento do livre arbítrio. Confiemos que segundo a doutrina espírita não há arrastamento irresistível.

                                                                                                                                                         

Roberto Rufo é bacharel em Filosofia e reside em Santos, artigo publicado no Jornal Abertura de outubro de 2020

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

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quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Gente que Faz - Maestro João Carlos Gandra da Silva Martins História de superação: por Alexandre Cardia Machado

 

Maestro João Carlos Gandra da Silva Martins História de superação:

João Carlos Gandra da Silva Martins é um pianista e maestro brasileiro. Seu trabalho como pianista é reconhecido mundialmente, especialmente suas gravações das obras de Bach. É irmão do jurista Ives Gandra Martins e do pianista José Eduardo Martins. Nasceu em 25 de junho de 1940, tendo no momento 79 anos.

Retiro dados de uma reportagem da revista IstoÉ: Desde 1998, uma doença e vários acidentes foram comprometendo as mãos do maestro João Carlos Martins, a ponto de fazerem com que ele parasse de tocar piano. A despedida, porém, não foi definitiva — graças a luvas especiais, os dedos do aclamado músico puderam reencontrar as teclas.

“Minha luta se tornou ainda maior quando percebi o reconhecimento do meu passado na imprensa internacional”, disse Martins à AFP durante entrevista no seu apartamento em São Paulo, antes de tocar algumas notas em seu piano Petrof.

A motivação foi recompensada. Prestes a completar 80 anos, Martins comemorará em outubro os 60 anos da sua primeira apresentação no Carnegie Hall, um concerto em Nova York.

 “Sou perfeccionista. João Gilberto e eu, a gente dava se muito bem, um pior que o outro”, brinca o maestro, em referência a conhecida meticulosidade do pai da Bossa Nova.

Em seu caminho há dores e glórias. Martins enfrentou as consequências de uma distonia focal, uma enfermidade neurológica que altera as funções musculares, diagnosticada quando tinha apenas 18 anos. Além disso, machucou o cotovelo em um acidente durante uma partida de futebol e foi golpeado na cabeça durante um assalto na Bulgária.

À medida que seus dedos foram enrijecendo, ele foi renunciando ao piano. Há duas décadas passou a tocar apenas com a mão esquerda, mas aos poucos o movimento se tornou limitado aos polegares. Com todas estas limitações passou a se dedicar à regência.

A mão biônica

Certo dia o designer de produtos Ubiratã Costa, após ver uma entrevista do maestro, apareceu em seu camarim com um par de luvas e a esperança de poder devolver algo de alegria ao lendário músico.

“As luvas não serviram, mas o convidei para almoçar”, disse o pianista, e a partir dali Costa começou a desenvolver novos protótipos.

As luvas, que combinam Neoprene e peças feitas em impressora 3D, passam por constantes adaptações.

“Já perdi a conta de quantas fiz”, relata o designer.

De forma carinhosa, Martins conta que “antes de aparecer esse maluco com essas luvas”, sua rotina consistia em acordar à 5h30, ler os jornais, comer dois ovos fritos e memorizar partituras, já que a sua condição não o permite passar as páginas durante a música. O maestro sabe de cor cerca de 15 mil partituras.

Agora, por causa dessa tecnologia e de um robô desenvolvido na Europa para conseguir passar as páginas das partituras, poderá voltar a fazer o que mais ama: tocar piano.

No programa do dia 29 de fevereiro de 2020 – Altas Horas da TV Globo, o maestro relatou que se surpreendeu, após conseguir tocar piano com os 10 dedos, depois de 20 anos, em janeiro de 2020. Esta notícia saiu em 158 órgãos de imprensa no mundo todo e porque não dizer, 159 contando o nosso ABERTURA. No mesmo programa o maestro tocou a música “A lista de Schindler” de John Williams que ele fez questão de tocar para marcar os 70 anos da libertação dos judeus do campo de concentração de Auschwitz onde o maior número de judeus foi morto em câmaras de gás.

Projetos sociais

O pianista gostaria de trazer para o Brasil uma versão do programa venezuelano “El Sistema”, do maestro José Antonio Abreu, que trouxe esperanças a milhares de crianças pobres e de classe média.  “Tudo foi gratificante na minha carreira como pianista e maestro, mas tem um buraco aqui: tentar deixar um legado, e tentar deixar um legado é o projeto ‘Orquestrando São Paulo, Orquestrando Brasil’, como intitulei ‘El Sistema’ no Brasil”, diz Martins, que resume sua trajetória como “uma vida baseada em ideais”.

O maestro não é espírita, mas é sem sombra de dúvidas um idealista, trabalhador incansável e um apaixonado pela música. Certamente uma mente plural e desprendida. Um grande Espírito.

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

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terça-feira, 17 de novembro de 2020

Afinal somos livres? por Reinaldo di Lucia

 

Afinal, somos livres?

 

É com este tema que marco o reinício de minhas palestras no Centro Espírita Allan Kardec, de Santos, em 2020. Tema instigante, que é debate na Filosofia há séculos. Afinal, o livre-arbítrio existe ou somos determinados pelas condições que nos rodeiam?

Precisamos, antes de mais nada, definir liberdade. E, por incrível que pareça, isto não é tão fácil. Vejamos a definição clássica, do dicionário:

“Conjunto de direitos reconhecidos ao indivíduo, isoladamente ou em grupo, em face da autoridade política e perante o Estado; poder que tem o cidadão de exercer a sua vontade dentro dos limites que lhe faculta a lei”

Ou então, “Liberdade significa o direito de agir segundo o seu livre arbítrio, de acordo com a própria vontade, desde que não prejudique outra pessoa.”

Ou ainda, “Nível de independência absoluto e legal de um indivíduo, de uma cultura, povo ou nação, sendo nomeado como modelo (padrão ideal).”

Uma questão importante nestas definições é em relação aos limites da liberdade. Na segunda definição, por exemplo, “agir segundo o seu livre arbítrio, ou de acordo com sua própria vontade”, poderia ser entendido como não possuindo limites. Entretanto, complementa-se: desde que não prejudique outra pessoa. O que é um limitador por si só, originado de um princípio religioso (“não fazer aos outros o que não desejaria para si”) ou político (a existência de um pacto social que permite a convivência em sociedade). Tal como o limitador legal da primeira definição.

Já na terceira, a ideia de liberdade como um “nível de independência absoluto” implica num homem não limitado em sua possibilidade de ação. Como afirmava Richard Bach, em Ilusões – a história de um messias indeciso, cada um de nós é livre para fazer o que quiser. Independente de prejudicar ou não aos outros.

Ou seja, a resposta à questão do título depende essencialmente da definição que damos à palavra liberdade. Se limitarmos essa definição a fazermos somente o que não afeta negativamente os outros, então nossa liberdade é limitada, e nosso livre-arbítrio está condicionado a não ultrapassar este limite. Concluímos então que só é possível a liberdade plena se não houver uma divisa moral que nos impeça de ir além: a preocupação com aqueles que dividem conosco a existência (e isso, obviamente, não inclui somente os seres humanos).

Pessoalmente, gosto do conceito de liberdade de Spinoza: diretamente associada à ideia de liberdade está a noção de responsabilidade, uma vez que o ato de ser livre implica assumir o conjunto de nossos atos e saber responder por eles. Ou seja, posso sim prejudicar os outros se eu quiser, mas na vida em sociedade isto (normalmente) tem consequências, que devo assumir.

Kardec propõe que só conseguimos a liberdade absoluta pelo pensamento, pois assim estaríamos livres tanto das limitações sociais quanto do cerceamento imposto pela matéria. Mas deu a este tema tanta importância que o colocou como uma das leis morais, que regem o Espírito.

Precisamos encontrar o equilíbrio entre nosso livre arbítrio e a vida em sociedade. Para tanto, precisamos assumir nossa responsabilidade, eliminando os vícios que nos assolam: orgulho, egoísmo etc.

Simples, não?

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

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sexta-feira, 6 de março de 2020

O LIVRE-ARBÍTRIO E OS SEUS INIMIGOS por Roberto Rufo e Silva

INSTITUTO CULTURAL KARDECISTA DE SANTOS


ROBERTO LUIZ RUFO E SILVA






O LIVRE-ARBÍTRIO E OS SEUS INIMIGOS













SANTOS, SÃO PAULO, BRASIL
2013






ROBERTO LUIZ RUFO E SILVA



O LIVRE-ARBÍTRIO E OS SEUS INIMIGOS








Trabalho elaborado para apresentação no XIII SBPE - Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita organizado pelo Instituto Cultural Kardecista de Santos




SANTOS, SÃO PAULO, BRASIL
2013
RESUMO

A liberdade é uma das grandes conquistas da sociedade moderna. Tem-se por pressuposto que uma pessoa, um povoado, uma cidade e um país só se desenvolvem plenamente se os governos garantirem aos seus cidadãos o exercício pleno da liberdade.
E por liberdade entende-se a capacidade de criar, escrever, falar sem quaisquer amarras,  exercer enfim o livre-arbítrio passando então a sua população a ser identificada como o conjunto de cidadãos livres.  Os regimes totalitários, as ditaduras e as grandes religiões sempre se intitularam como as guardiãs do comportamento de todos os seres humanos. As práticas utilizadas para alcançar seus objetivos foi o de sempre colocar percalços ao longo do caminho da evolução das pessoas. Não raro utilizaram  a tortura como “ método corretivo”  aos recalcitrantes .
O Espiritismo, dito evolucionista, tem a priori a necessidade da utilização do livre-arbítrio dos seres humanos, pois somente isso garantirá o progresso moral e intelectual do planeta em que habitamos. Entendemos que vários perigos se interpõem à doutrina espírita quanto à plena utilização do livre-arbítrio e que devemos nos preparar adequadamente para enfrentá-los.













Sumário


















1 INTRODUÇÃO


Procurei ao longo do meu trabalho, composto basicamente de apenas um capítulo, mostrar a evolução do conceito de liberdade ao longo da história até o seu momento atual, definida como a capacidade de livre escolha, e como o Espiritismo tem tudo a ver com essa necessidade da escolha como condição principal da evolução dos espíritos.  A seguir listo quais os principais perigos que a meu ver o livre-arbítrio terá que enfrentar.
Alguns deles já habitam conosco no dia a dia do movimento espírita, outros podem se introduzir caso não tenhamos a capacidade de identificá-los adequadamente.
Reitero no final que devemos ter esperança na construção de uma sociedade digna, partindo sempre do uso do livre arbítrio como condição primordial .














2 O LIVRE-ARBÍTRIO E OS SEUS INIMIGOS


2.1 O LIVRE-ARBÍTRIO


Segundo o Dicionário de Filosofia Nicola Abbagnano, a Liberdade teria três significados fundamentais, correspondentes a três concepções: a 1ª, segundo a qual a Liberdade é a ausência de condições e  limites; a 2ª, a Liberdade é vista como necessidade, que se baseia no mesmo conceito da 1ª, ou seja, a autodeterminação, mas atribuindo-a à totalidade a que o homem pertence; a 3ª concepção vê a Liberdade como possibilidade ou escolha, sendo então a Liberdade limitada e condicionada. ( 1 )
As duas primeiras, ao longo da história da filosofia estão ligadas a uma ordem cósmica ou divina, à Substância, ao Absoluto, ao Estado . A origem dessas concepções está nos estóicos, para os quais, a Liberdade consiste na autodeterminação e, portanto, só o sábio é livre. Isto porque somente o sábio vive em conformidade com a natureza, só ele se conforma à ordem do mundo , do destino .
Ainda segundo o Dicionário de Filosofia Nicola Abbagnano, enquanto as duas primeiras concepções de Liberdade possuem um núcleo conceitual comum, a terceira concepção não recorre a esse núcleo porque entende a Liberdade como medida da possibilidade, portanto escolha motivada ou condicionada. Nesse sentido a Liberdade é um problema aberto. Livre, nesse sentido não é quem se identifica com o Absoluto, o Estado, mas quem possui uma variável de possibilidades. 
Segundo a Doutrina Espírita, especificamente na sua Lei de Liberdade, o homem não pode vangloriar-se de gozar de absoluta liberdade, porque os seres humanos precisam uns dos outros, limitando dessa forma o uso de uma Liberdade absoluta. Dizem os espíritos "Desde que dois homens estejam juntos, há entre eles direitos a serem respeitados e, portanto, nenhum deles gozará de liberdade absoluta."  Mas  reforçam que sem o livre-arbítrio, o homem seria uma máquina ( 2 ) .
O Espiritismo, portanto, se identifica muito mais com a terceira concepção do que com as outras duas, conceito esse apresentado no Capítulo " Fatalidade " do Livro dos Espíritos onde, apesar de falar na escolha das provas antes de encarnar, a escolha inicial que determinaria um destino ,  reforça que o Espírito conservando o livre-arbítrio quanto ao bem e ao mal, é sempre senhor de resistir ou ceder às provas morais.
Sucede-se que historicamente o movimento espírita brasileiro trouxe para dentro de si os vírus da anti-liberdade que acabaram por comprometer a capacidade de escolha e decisão dos seus praticantes bem como dos movimentos espíritas regionais pelo Brasil afora.
"A Sociedade aberta e os seus Inimigos" é o nome de um dos livros mais instigantes do filósofo da ciência Karl Raimund Popper, nascido em Viena em 1.902 e falecido em 1.994 , aos 92 anos de idade , em Londres . Karl Popper fundou a teoria da falibilidade do conhecimento. Argumentou que o conhecimento científico não se assenta no chamado método indutivo, mas numa contínua interação entre conjecturas e refutações.
Entre as consequências desta visão progressista do conhecimento encontram-se duas consequências que terão particular importância para a filosofia política e moral de Popper. A primeira é que passa a se adotar o chamado critério de demarcação entre asserções científicas e não científicas: científicas são apenas aquelas que sejam susceptíveis de teste, isto é, de refutação. Algo do tipo "se a ciência demonstrar que estamos errados em algum ponto, nós mudaremos ".
Uma segunda consequência da teoria do conhecimento de Popper está na liberdade de crítica. "A possibilidade de se criticar uma teoria, de submetê-la a teste e de tentar refutá-la é condição indispensável do progresso do conhecimento", afirma Popper.

2.2 O PRIMEIRO INIMIGO AO LIVRE-ARBÍTRIO


O primeiro inimigo ao livre-arbítrio no Espiritismo oficial surgiu quando se assumiu uma posição claramente avessa a qualquer crítica, já que o Absoluto determinou antecipadamente o certo e o errado.
Diga-se que as ideologias dominantes no século XIX e XX tiveram o mesmo comportamento. Hoje vejo claramente que devemos desconfiar de toda concepção otimista da sociedade baseada nas duas primeiras concepções de Liberdade citadas, pois as injustiças têm um auto grau de aceitação no corolário dessas concepções. Fico com o grande escritor Elias Canetti quando afirma que  a ladainha de uma "astúcia da razão" histórica , capaz de se impor mesmo com a humanidade trabalhando na direção contrária , é um grande embuste ( 3 ) . O mesmo vale para uma razão natural.
O grande pensador espírita Eugênio Lara em seu interessante livro "Breve ensaio sobre o humanismo espírita" nos esclarece que apesar de o Humanismo Espírita ter suas raízes no pensamento iluminista, anteclerical, ele não entra em confronto com o cristianismo, com a Igreja. O autor Eugênio Lara sugere que ao querer interpretar os dogmas e princípios católicos sob a ótica espírita, Allan Kardec trouxe para dentro da Doutrina Espírita o ovo da serpente. Gosto muito quando afirma que o Espiritismo é determinista, mas não é fatalista. E que não há um destino pré-estabelecido bem como não existir fatalidade nos atos da vida moral. ( 4 ) Essa ideia é desenvolvida pelo pensador argentino Manuel Porteiro em uma conferência de 09 de outubro de 1.935 no Teatro Lasalle na Argentina .
Reproduzo aqui o texto completo pela sua beleza e densidade:
A filosofia espírita é determinista, mas não é fatalista, nem no sentido teológico, nem no materialista . No primeiro, porque não admite que as ações humanas nem as causas que as produzam estejam dispostas por Deus para a realização de cada fim individual, e porque este fim não é um limite no qual se encerre a evolução do espírito, nem está fora do ser , nem é oposto à sua essência nem à sua vontade, senão que é dinâmico, indefinido e livre na eleição dos meios e das ações que hão de realizá-lo: é o ser realizando-se a si mesmo no processo sem limites de sua evolução, superando-se nas noções e na prática do bem, da justiça e do amor , desenvolvendo as potencialidades e faculdades de seu espírito, elevando-se a uma maior compreensão de sua personalidade e da natureza no meio da qual se desenvolve. (Manuel Porteiro, 1936)

2.3 O SEGUNDO INIMIGO AO LIVRE-ARBÍTRIO


O segundo inimigo ao livre-arbítrio agora no ideário espírita , assim como à democracia , é não ficarmos atentos ao crescimento da intolerância religiosa e política. Estou preocupado com o que Fernando Bonassi, autor e ensaísta teatral, chama de criação no mundo contemporâneo de uma "República Fundamentalista Evangélica" no mundo ocidental.  Sua regra de conduta se baseia no ódio, às vezes disfarçado pelo desprezo, ao mundo científico e ao avanço do conhecimento, traduzidos numa intolerância ao Estado Democrático de Direito. Especialmente em se tratando dos neo-pentecostais o perigo é ainda maior, pois ao avançarem suas garras no mundo político formal, levam junto consigo a intolerância, que ganha dimensões de tragédia quando é incrementada aos aparelhos de estado.  Sua força na Câmara Federal (a bancada evangélica) colabora no patrocínio de um ideário de desprezo pela individualidade humana.
Se no movimento espírita a presença física nos cargos políticos é ainda incipiente, o perigo do ideário também ultraconservador é latente.  Basta acompanhar o órgão oficial de imprensa da Federação Espírita Brasileira, a revista "O Reformador", que repete os mesmos jargões/conceitos de 50 anos atrás , como se os grandes movimentos civis da segunda metade do século XX ,  que alteraram as relações sociais, nunca tivessem existido.
 E onde se situa nisso tudo o nosso querido Espiritismo? Jaci Regis, em seu artigo "Palavras de Emmanuel" do Jornal Abertura de Junho/2010, demonstra através da análise do livro "O Consolador" psicografado por Francisco Cândido Xavier e publicado  pela FEB em 1940 ( há setenta anos atrás), o qual traz as opiniões do Espírito Emmanuel , que a palavra desse espírito passou a ser considerada como uma "autorizada versão vertida da Espiritualidade Superior e tornou-se paradigma para o movimento espírita brasileiro" nas mesmas palavras de Jaci Regis . Eu complemento afirmando que é um paradigma  que não pode ser submetido a  testes, pois sua fonte advém de uma profecia superior , logo não passível de progressos oriundos de quaisquer avanços do conhecimento . Nesse ponto a FEB é extraordinariamente coerente com seu desprezo pelas mudanças sociais e morais que as ciências apontam como urgentes para o aperfeiçoamento do comportamento humano.

2.4 O TERCEIRO INIMIGO AO LIVRE-ARBÍTRIO


O terceiro inimigo ao livre-arbítrio vem da política. Aquela que nas palavras da filósofa Hannah Arendt seria a nossa última garantia de sanidade mental, hoje se transformou num grande negócio.  A frequência constante dos políticos nas páginas policiais é um atestado do perigo que falarei a seguir.  O grande fracasso da distribuição de renda no mundo e da solidariedade política entra as nações, com países importantes relegando durante anos a segundo ou terceiro planos anseios legítimos de outros povos, foi o combustível necessário para o aparecimento, o que parecia impossível nessa altura do campeonato, de um ideário baseado no controle do Estado, das comunicações e do comportamento humano. É o que eu chamo de perigo do reaparecimento de doutrinas totalitárias, com uma nova roupagem, onde até mesmo o uso de estratégias democráticas são utilizadas em causa própria. O Estado total não reconhece limites morais.
Determinados grupos que sairam às ruas, têm desprezo pelas instituições democráticas, aproveitando a fragilidade das mesmas pelo principal motivo que expus acima. A perseguição a veículos da mídia na cobertura dos protestos, com uso sistemático de violência física, demonstra a pouca importância que esses fanáticos têm pela liberdade de imprensa.  Prestemos atenção, pois como disse a escritora Lya Luft estamos em momentos extremamente confusos, perigosos, de vulnerabilidade e indecisão.
Em seu magistral livro "O povo brasileiro"  em sua introdução , o  antropólogo Darcy Ribeiro ( 5 ) escreve :
A estratificação social separa e opõe os brasileiros ricos e remediados dos pobres, e todos eles dos miseráveis. Nesse plano, as relações de classe chegam a ser tão infranqueáveis que obliteram toda comunicação propriamente humana entre a massa do povo e a minoria privilegiada, que a vê e a ignora, a trata e a maltrata, a explora e a deplora, como se essa fosse uma conduta natural.
Os espíritos foram muito claros e contundentes ao responder que a desigualdade social é obra dos homens e não de Deus. Mas desafio quem nunca leu a estapafúrdia afirmação que as injustiças sociais são resgates do passado. Por esse tipo de conduta aliado ao desprestigio da política, os " revolucionários " e os " reacionários " estão de volta . Cuidado com eles. O livre-arbítrio nada significa para esse tipo de gente. No desejo de participarmos de movimentos sociais coletivos, devemos analisar muito bem o conteúdo desses grupos antes de entregarmos solenemente a nossa liberdade.
O engajamento entusiasmado costuma dar em grandes decepções. Os intelectuais fascistas e socialistas são pródigos em dar cria a grandes monstros.
Nas palavras do filósofo Czeslaw Milosz, Prêmio Nobel de Literatura de 1.980 , em seu livro Mente Cativa , " pertencer às massas é a grande força motriz do intelectual engajado " . 

2.5 O QUARTO INIMIGO AO LIVRE-ARBÍTRIO


O quarto inimigo do livre-arbítrio que listo agora é o da " civilização do espetáculo " , a cultura da celebridade , a adoração das novidades tecnológicas , onde o conhecimento que induz a valores não tem mais significado . Cultura passou a ser diversão. O que não é divertido não é cultura. O capitalismo está passando por uma grave crise justamente por aceitar como único valor existente aquele fixado pelo mercado. É espantosa a generalização da frivolidade, a proliferação do jornalismo de fofocas e de escândalos.
Sinto-me um ser à parte da humanidade quando vou ao cinema com minha esposa, em espaços alternativos, para assistir a um filme denominado " de arte " , ou seja , filmes que tratam das relações humanas e seus valores . Duram no máximo duas a três semanas no circuito cinematográfico. Quando entrei para a Mocidade Espírita Estudantes da Verdade em Santos no ano de 1.978, que maravilha de ambiente cultural encontrei naquela casa e naqueles jovens, assim como eu. Cinema, teatro e televisão eram fontes de cultura, saber e conhecimento do ser humano . Muitos tabus e preconceitos foram ultrapassados com esse conhecimento. Até mesmo na criação de argumentos contra a ditadura militar que vigia na época.
Porque o salto pra trás?  Onde estavam os intelectuais americanos que permitiram vários governos Bush ( pai e filho ) com seu atraso intelectual e moral ? Porque os intelectuais espíritas não perceberam esse fenômeno do aviltamento da cultura e se prepararam adequadamente para suprir as pessoas de subsídios para o seu dia a dia? E a tão famosa frase de que o progresso intelectual engendra o progresso moral, onde fica?
Para os intelectuais de porte mundial há uma explicação dada pelo escritor Mário Vargas Llosa ( 6 ):
 O que levou ao apoucamento e à volatilização do intelectual em nosso  tempo? Uma razão que deve ser considerada é o descrédito em que várias gerações de intelectuais incidiram em virtude de suas simpatias  pelos totalitarismos nazista , soviético e maoísta, bem como de seu silêncio e cegueira diante de horrores como o Holocausto , o Gulag soviético e os massacres da Revolução Cultural chinesa. (2012)
Sugiro a leitura do livro " Por uma esquerda sem futuro " de Timothy James Clark , que ao tratar da crise da modernidade , faz uma pergunta que repasso a todos : " Será que ainda temos à mão os materiais com as quais se constitui uma sociedade digna do nome " ? ( 7 )  Ao responder à pergunta 766 os espíritos de uma outra forma respondem qual o caminho para a busca dos materiais que fazem uma sociedade participativa . Afirma que Deus nos deu a palavra e todas as outras faculdades necessárias à vida de relação. Dizem que os homens devem concorrer para o progresso, ajudando-se mutuamente. T.J.Clark ainda tem esperança quando diz que os " os elementos de uma nova linguagem possam de fato ser encontrados no espetáculo de uma política engessada, de uma economia impiedosa e de um entusiasmo generalizado ( como sempre ) pela mais recente e estúpida novidade tecnológica " .
Finalizo com as palavras  do genial Eugênio Lara no Prólogo ao seu citado livro : " O Espiritismo afasta-se radicalmente do dogmatismo cristão , do religiosismo , do pensamento mágico , da visão teológica do Ser e integra-se ao laicismo, alinha-se à ciência , sobretudo porque ele possui uma natureza humanista, portanto laica e secular " .( 8 ) .
Parece fácil, mas o caminho pela frente é muito árduo e cheio de perigos . A capacidade de organização dos viciados em religião e ideologias não deve ser menosprezada. No entanto , acredito nas palavras do poeta irlandês Seamus Heaney : " virá um dia em que a esperança irá rimar com história " .

















3 CONCLUSÃO


O Espiritismo só sobreviverá como ideia capaz de participar das decisões importantes da humanidade quando for capaz de construir um ideário e um comportamento isentos de preconceitos.  Para isso o livre-arbítrio é a ferramenta mais importante do seu conjunto doutrinário. Sem ele, ficaremos como as demais correntes espiritualistas que repetem sem cessar as mesmas ladainhas conservadoras. O pior corolário disso é a incapacidade de se abrir ao novo, mudar o comportamento, compreender melhor os seres humanos e com isso evoluir.
Infelizmente acredito que corremos o risco atualmente de nos transformarmos em mais uma religião, que para se defender da acusação de retrógrada, imobilizada, repete as palavras de Salomão de que não há nada de novo debaixo do sol.

             












REFERÊNCIAS


( 1 ) Dicionário de Filosofia Nicola Abbagnano - 6ª edição 2012 - Martins Fontes .
( 2 ) O Livro dos Espíritos - 1ª Edição comemorativa do Sesquicentenário - 2007 - FEB .
( 3 )  Livro Auto de Fé - Elias Canetti - 2ª edição 2011 - COSACNAIFY .
( 4 )  Breve ensaio sobre o humanismo espírita - Eugênio Lara -  1ª edição 2012 - CPDoc - Centro de Pesquisa e Documentação Espírita .
( 5 )  O Povo Brasileiro - Darcy Ribeiro - 12ª edição - Companhia de Bolso .
( 6 )  A Civilização do Espetáculo - Maria Vargas Llosa - 1ª edição 2012 - Editora Objetiva Ltda .
( 7 )  Por uma esquerda sem rumo - T.J.Clark - 1ª edição 2013 - Editora 34 .
( 8 )  Breve ensaio sobre o humanismo 

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Politica e Fé não se misturam - Carolina Regis di Lucia e Reinaldo di Lucia


Politica e Fé não se misturam

Há duas décadas, também em período eleitoral, um grande companheiro de Espiritismo lançava-se no cenário politico local. Eu estava na Mocidade e acompanhava o apoio de todos à sua empreitada, certos de que era uma opção acertada e ética a votar. Até que comecei a ver santinhos do candidato no mural do centro e uma discussão sobre trazê-lo para falar aos jovens em uma de nossas reuniões... Aquilo me pareceu estranho, de certo modo até errado, mas, com a maturidade em formação na época, não sabia elaborar perfeitamente o que sentia. Lembro que havia recém convidado duas amigas não espiritas para frequentar o grupo e receava o que elas iriam pensar, vendo uma casa para estudo da Doutrina, estar claramente apoiando, divulgando e incentivando o voto em um candidato interno. Quando da votação sobre trazê-lo ou não para o grupo, fui a única contrária, expondo que não achava correto propaganda politica dentro do centro, de quem quer que fosse. Algumas pessoas ficaram chocadas com meu posicionamento, afinal, era diretor da casa, de moral inquestionável, que faria a diferença na política da região. Outros não entendiam o porquê da casa não poder apoiar um candidato conhecido. Porém, apesar de ser minoria, meus questionamentos foram incômodos o suficiente para que os santinhos saíssem dos murais e o evento não acontecesse. Em tempo, o candidato não alcançou os votos necessários e jurou que nunca mais se meteria com política – desgostoso do que encontrou nos bastidores eleitorais.

Vinte anos após esse episódio, já tenho alguma bagagem a mais para poder afirmar que política e fé não devem se misturar oficialmente. Haja vista o caos social desta eleição: nas redes sociais, mesas de bar, nos almoços e encontros de trabalho e nas manifestações populares são observadas toda a imaturidade do brasileiro em, não apenas discutir política – assunto que absolutamente não dominamos - , mas no direito básico e intrínseco do outro em pensar diferente. Parentes, amigos antigos, colegas e completos desconhecidos, com a tradicional paixão latino americana, se agridem, se humilham, cortam relações pelo simples fato de não aceitarem a escolha eleitoral do outro.
Aceitemos: o brasileiro ainda é analfabeto politico. Sequer entende o próprio sistema de governo, escolhe o candidato por frases e ideias soltas, como se fossem personagens de vídeo game com poderes ilimitados para salvar um país afundado por anos e anos de.... analfabestimo político. A mistura deste campo, ao campo da fé é uma combinação inevitavelmente explosiva e nociva. Exemplos claros são as bancadas já constituídas parlamentares-religiosas, exemplos fanáticos e opressores de voto vicioso de seus fiéis, impedidos de poderem exercer a livre escolha dos candidatos oprimidas pelo argumento religioso.

E as maiores decepções desta eleição, repleta de episódios desagradáveis, foram os manifestos Espíritas e, pasmem, auto intituladas Livre Pensadores, contrários a este ou aquele determinado partido. Chegou-se ao auge da alucinação em afirmar que Espíritas, principalmente os Livre Pensadores, não deveriam votar em X candidato, por motivos Espíritas. Que contraditória a afirmação que um livre pensador de Kardec, por ser livre pensador de Kardec, não deveria votar em X candidato... A que ponto paradoxal a cegueira causada pela imaturidade Espirito-Politica chegou?

Em nossas ultimas filosofias, batemos na mesma tecla de que o Espírita deve vivenciar a Doutrina, não apenas a estudar. Os atos diários, a pratica, o lidar com o outro nas questões sociais são os fatores determinantes da Espiritualidade de alguém, não apenas o que ele lê, o que prega nas palestras, o cargo que ocupa nas casas. E esta eleição expos claramente o hiato existente entre o Filósofo Espirita (profundo conhecedor da doutrina) e o Praticante Espírita (que transpira seus valores éticos em suas ações). O Espírita, assim como qualquer cidadão, tem o direito de votar em quem ele acredita ser o melhor representante de suas ideias para governar a sociedade em que ele está inserido. Se, avaliando as argumentações do candidato, ele como eleitor acredita que se aproximem do que a Ética Espírita propõe, que vote em quem escolher.

Minha maior preocupação é que, talvez, o despreparo histórico para a política impeça esse eleitor Espirita de fazer essa ponte avaliatória entre a ética Espírita e a ética Politica proposta por esse ou aquele partido/candidato. Em geral, as avaliações são feitas isoladamente, olhando em separado, o cenário político, do cenário Espirita. Não há o cruzamento da Ética Espírita com as propostas dos futuros governantes a ponto de realmente embasar a escolha com um arcabouço de valores daquele individuo, escolhendo os políticos que irão governar a todos ao seu redor.
E essa escolha final deve ser particular, individual, fora dos bancos das casas Espiritas. Pelo simples fato de que não temos maturidade para lidar com ambas as questões ao mesmo tempo. E, ainda que tivéssemos, teríamos que ter, sobretudo, alteridade o suficiente, responsabilidade o suficiente e discernimento o suficiente para sair do centro sabendo que, ainda que a maioria julgue tal candidato ou partido melhor, eu posso escolher qualquer outro, sem prejuízo das amizades, sem julgamento moral, sem perder o vinculo com o grupo. Jovens políticos que somos não temos essa capacidade ainda.

 publicado no jornal ABERTURA em outubro de 2018

segunda-feira, 16 de abril de 2018

A mulher, seu dia, seu mês, sempre mulher! Na Ótica Espírita - por Alexandre Cardia Machado


A mulher, seu dia, seu mês, sempre mulher!
Um pouco de história: O Dia Internacional da Mulher é celebrado em 8 de março. A história de lutas por direitos iguais inicia-se no século XIX, é sustentada por movimentos socialistas na europa e Estados Unidos durante a primeira metade do século XX e finalmente é reconhecida pela ONU, na década de 70, no ano de 1975. Foi designado como o Ano Internacional da Mulher e o dia 8 de março foi adotado como o Dia Internacional da Mulher.. Seu objetivo é lembrar as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres, independente de divisões nacionais, étnicas, linguísticas, religiosas, culturais, econômicas ou políticas.
Transcrevo um texto que não tem autor identificado, do blog espírita “ letraespírita”
“A história do empoderamento feminino é mais antiga do que você pode imaginar. Diferente do que muitos pensam, não é uma causa de uma pessoa ou organização. Empoderar uma mulher engloba tudo o que qualquer pessoa pode fazer para fortalecer as mulheres e desenvolver a igualdade de gênero nos âmbitos onde as mulheres são a minoria.

Este artigo foi publicado no jornal ABERTURA de março de 2018: Baixe aqui!



Quais são os 7 princípios do empoderamento feminino?

Desde 2010, existe um documento chamado “Os Princípios de Empoderamento das Mulheres”, lançado pela Organização das Nações Unidas (ONU), para mostrar às empresas e comunidades como dar poder para as mulheres”.  As notas entre parenteses são do autor deste editorial:

“1. Estabelecer liderança corporativa, no mais alto nível, com sensibilidade à igualdade de gênero; ( O Livro dos Espíritos já antecipava isto ainda no meio do século XIX, em 1857)
2. Tratar todas as pessoas, independente do gênero, de maneira justa no ambiente de trabalho, com respeito e apoio aos direitos humanos e à não discriminação; (alinhada com o pensamento Espírita)
3. Garantir saúde, bem-estar e segurança para todas as mulheres e homens que fazem parte de uma organização profissional; (Lei de Igualdade)
4. Promover a educação, o desenvolvimento profissional e a capacitação a todas as mulheres; (medida esta universal, não cabendo somente à mulher)
5. Apoiar o empreendedorismo feminino e promover políticas que deem poder às mulheres por meio de cadeias de suprimento e marketing;
6. Promover a igualdade de gênero, por meio de ações direcionadas à comunidade e ao ativismo social;
7. Medir e documentar os progressos de qualquer empresa na promoção da igualdade de gênero. (grandes empresas, especialmente as multinacionais, costumam ter algum tipo de valorização forçada para minorias, mulhers, negras, latinas etc, como forma de diminuir a desigualdade)”
Mais detalhes sobre o empoderamento da mulher podem ser encontrados no link:
Qualquer artigo espírita sobre a mulher nos dias atuais deveria abordar pelo menos os seguintes assuntos: igualdade de direitos; igualdade de rendimentos, onde hoje vemos a mulher inserida em todas as profissões; igualdade de raças e em especial  o crescimento da valorização da mulher negra e de outras minorias; os abusos contra a mulher;  o papel da mulher na política e a participação da mulher no Movimento Espírita. O Espiritismo não pode se furtar desta discussão, que afeta 50% dos espíritos encarnados.
Não é concebível que ainda existam preconceitos quanto a capacidade da mulher, eles erram e acertam como os homens, hoje temos a presidência do Supremo Tribunal Federal, nas mãos da Ministra Carmen Lúcia, já tivemos uma presidente mulher eleita duas vezes, temos comandantes de navios, embarcadas em submarinos, médicas, engenheiras, presidindo casas espíritas enfim em todas as atividades possíveis e imagináveis.
Este jornal, como demonstrado no 15° Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita, sempre debateu as questões que afetam o emponderamento feminino, ainda, claro, sem conhecer este termo.
Viva a igualdade!