terça-feira, 12 de novembro de 2024

Jornal Abertura de novembro de 2024 está disponível

 

                    Jornal Abertura de novembro de 2024 está disponível

                                                            Baixe Aqui!!

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                                                               Nesta Edição:

* Quatro páginas de cobertura da homenagem do CPDoc, ICKS, CEPABrasil e CEAK de Santos ao colaborador do Abertura e escritor Eugenio Lara, desencarnado em 2024.

* Ecos do 24° Congresso da CEPA em Porto Rico - final

* Cláudia Régis Machado - Pensando a Vida - O que você faz com uma ideia.

* ICKS fez 25 anos -e Quem ganha presente são vocês!

* Alexandre Cardia Machado - Abrindo a Mente - Estudo indica que cães estão evoluindo.

* Roberto Rufo - Fato Espírita - Aristóteles, precursor do Espiritismo laico.

* Milton Medran - Opinião em Tópicos - No trem.

* Notas dos Leitores, Notícias e apoiadores Culturais do ABERTURA.

*Nossa Livraria virtual - onde você pode adiquirir os livros da Editoria ICKS e de outras editoras amigas, além das obras básicas.

* ICKS - Séria Gratuita de livros em pdf - Baixe lá!

* Ricardo M. Nunes - Utopias e Possibilidades - Democracia: uma utopia ainda a ser alcançada.

* Memórias Inesquecíveis - Jaci e Chico anos 70 e um pouco de muitos de nós!


domingo, 3 de novembro de 2024

Ecos do 24° Congresso da CEPA - Porto Rico - 16 a 19 de maio de 2024 - Retrospectiva

Ecos do 24° Congresso da CEPA - Porto Rico - 16 a 19 de maio de 2024

Neste espaço disponibilizamos os artigos apresentados nos jornais Abertura de junho a novembro de 2024.





24° Congresso da CEPA – Associação Espírita Internacional – San Juan, Porto Rico

O Abertura vai se utilizar da Carta de Porto Rico, lida pelo novo Presidente da CEPA – José Arroyo e aprovada por unanimidade no último dia do congresso como um relato do evento, em alguns pontos acrescentaremos algumas observações, (sempre entre parêntesis e em formato itálico e negrito).

Fizemos alterações no formato do documento para que se enquadre na proposta de comunicação deste jornal Abertura. Igualmente estamos introduzindo alguns detalhes do Programa do Congresso, um documento de alta qualidade, que nos guiou e que foi seguido integralmente pela coordenação do evento.

 

 Carta de Porto Rico:

 

19 de maio de 2024

Durante o 24º Congresso da CEPA – Associação Espírita Internacional, realizado entre os dias 16 e 19 de maio de 2024, em San Juan, Porto Rico, múltiplos espíritas, aliados, afinidades, simpatizantes e visitantes participaram e testemunharam que:

1 – Reunimo-nos em um ambiente propício, harmonioso e fraterno para explorar ou mesmo vivenciar as expressões relacionadas ao tema principal que foi: “ Arte, Educação, Cultura e Espírito: o Espiritismo diz presente na experiência humana”.

2 – No dia da abertura, quinta-feira, 16 de maio, ouvimos a exortação de Jacira Jacinto da Silva, ex-presidente da CEPA (naquele momento ainda presidente),



para lembrar que o Espiritismo é ação, é trabalho e é uma doutrina onde o outro, especialmente os sofredores e desamparados, deve estar em nossos pensamentos e em nossa solidariedade e ações diárias.

  

Por outro lado, apreciamos a perspectiva artística e criativa proporcionada por Nélida González (Artista da palavra escrita, Porto Rico), Josy Latorre (Artista da canção, Porto Rico), Miguel Conesa Osuna ( Artista pictórico, Porto Rico), Juan Antonio Torrijo ( Artista Plástico, Espanha) e Gregorio Rivera (Artista da música e declamação, Porto Rico), em torno da inspiração em suas respectivas manifestações artísticas e como eles viam a arte como uma expressão espiritual. Eles validaram nossa tese proposta de que “Desde a antiguidade, em todos os povos e épocas, procurarmos aproximar o subjetivo do objetivo; o imponderável e o próximo. Tentamos nos expressar além das palavras. A arte é uma aliada da evolução espiritual e é necessário que ela seja incentivada nos indivíduos, a fim de estimular o desenvolvimento integral do Espírito”.


Para ver a matéria com todas as fotos - convidamos a baixar o jornal Abertura de junho de 2024

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3 – Na sexta-feira, 17 de maio:

A Cultura foi explorada através de uma visita ao município de Cabo Rojo onde, graças ao trabalho de Ana Troche e Victor Matos, o Prefeito Exmo. Sr. Jorge A. Morales Wiscovith, promoveu um encontro no Salão do Legislativo Municipal. Tomamos conhecimento de fatos importantes sobre Ramón Emerito Betances “el Antillano”, chegamos à Sociedade Espírita Amor do Bem para uma apresentação sobre sua história (criada há 120 anos) e relevância na cidade. Mais tarde, desfrutamos de um grupo de jovens que nos dedicou sua arte de Bomba y Plena (ritmo Caribenho) e fomos presenteados com uma revisão do importante trabalho educativo da María Civico. Passear, estar em comunidade, almoçar em sociedade e retornar cumprindo os roteiros acordados (cerca de 2,5 horas de ida e mais 2,5 horas de volta, cruzando a ilha, dois ônibus com aproximadamente 80 pessoas) enquanto um grande número de visitantes nacionais e internacionais se divertia como se fosse família, reforçou nossa tese de que: “ Sendo cultura o espelho dos grupos e uma extensão da expressão de seus indivíduos, há uma inegável necessidade de uma cultura geral que priorize o respeito aos desejos espirituais de todos aqueles que a representam. Tal cultura geral pode reconhecer e valorizar as diferenças e semelhanças entre todas as culturas, proporcionando ao Espírito uma visão cosmopolita do ser e do agir”.

4 – No sábado, 18 de maio:

Decidimos explorar, rever e investigar temas relacionados à Educação e à formação integral do Ser. (na presença de cerca de 140 pessoas)


É por isso que Yolanda Clavijo nos lembrou do poder do pensamento, das emoções e de como fazemos nossa própria realidade e verdade individual.

 

 

 Iván Figueroa convidou-nos a viver juntos de forma equitativa e respeitosa para garantir a paz que todos almejamos.

 

Mauro Spínola nos mostrou como a Fundação Portas Abertas serve à comunidade e pode ser um modelo replicável.

 

Mauro Barreto nos levou a ter um novo e revigorante olhar para tudo o que nos rodeia como parte e componente fundamental da experiência espiritual.

 Gustavo Molfino nos apresentou uma visão de mundo que tem o Espírito como centro e criador de realidades (a apresentação de Gustavo foi baseada no livro e-book da Série Livre-Pensar – A evolução dos espíritos, da matéria e dos mundos dele próprio e Reinaldo de Lucia, disponível gratuitamente no link da página da CEPA  https://cepainternacional.org/site/pt/phoca-ebooks?download=277:a-evolucao-dos-espiritos-da-materia-e-dos-mundos ).

 Ana Troche levantou importantes considerações sobre a ética que derivam de uma visão filosófica baseada na palingenesia.

 Alcione Moreno procurou apresentar uma visão do Espírito encarnado, da alma, como a soma de sistemas complexos e entrelaçados que nos representam aos outros e se ajustam ao nosso estado de espírito.

 Pablo Serrano nos chamou a atenção para o fato de que a visão científica atual dada às pesquisas sobre o Espírito, a consciência ou o observador, que são a mesma coisa, começou com o trabalho pioneiro de Allan Kardec.

 Dante López nos levou a uma viagem em torno de paralelismos e encontros com crenças, disciplinas, pesquisas e terapias que, a partir de seus respectivos lugares, fornecem contribuições para a evidência da vida como continuum e da transcendencialidade como realidade.

 Adair Ribeiro Jr, terminando (a sessão) e satisfazendo a curiosidade gerada pelos documentos originais de Kardec, pelas cartas ou atas da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e outras raridades que foram encontradas, digitalizadas, estudadas e proporcionaram um novo olhar sobre o passado dos pioneiros, onde novas verdades foram reveladas.

Tudo o que nos foi apresentado naquele dia confirmou que “A elaboração dos próprios critérios, o livre-arbítrio, a criatividade compartilhada e novos parâmetros de felicidade ocorreram na medida em que os seres humanos buscaram uma educação integral, universal e em sintonia com suas necessidades. Hoje, é imperativo que os modelos mais avançados de educação não se esforcem ou se concentrem apenas nas crianças, mas que incluam todas as fases da vida e proporcionam espaços para a avaliação de valores nobres, humanistas e universais”.

Encerramos aquela noite com um jantar devidamente coordenado que depois incluiu música que fez os presentes dançarem, animarem e vibrarem com a música nativa de alguns instrumentistas ( músicos) e nos elevou e educou culturalmente a intervenção de Gregório Rivera (Goyito) no Conjunto Típico Brazos de Oro.

5 - Domingo, 19 de maio:

Foi o dia escolhido para se concentrar no Espirito. Partimos de uma premissa de trabalho: "Tudo começa e termina  com o núcleo gerador da Arte, da Educação e da Cultura: o Espirito. O Espiritismo tem condições de apresentar  propostas interdisciplinares no processo de desenvolvimento do Espirito em sua fase encarnada? Existe algo como a Cultura Espirita,  tal como proposto por Herculano Pires? Podemos nós, espíritas, manter um diálogo constante, sereno e participativo com os diferentes setores de nossas respectivas sociedades nas áreas da arte, da educação, da cultura e mesmo do ativismo social ou solidário?"

Nelly Urruzola, neste dia nos encantou e demonstrou a importância da cultura no desenvolvimento espiritual.

Mercedes Garcia abordou o tema da educação para a morte, que é sempre relevante e necessário trazer para nossas conversas em torno da própria vida.

Roxany Rivera, com o uso da Inteligência Artificial, trouxe-nos vários exemplos de como criatividade, mediunidade a análise coincidem na cultura espírita.

Rosa Díaz nos lembrou que a caminhada evolutiva sempre ocorre com tentativa e erro, falhando e corrigindo, mas que deixar de lado arrependimentos não deve ser um processo adiado, mas priorizado.

Carolina López apresentou um interessante trabalho se síntese em que a pesquisa acadêmica e a mediunidade se combinam com o raciocínio para formular uma proposta de atualização da visão espírita em torno das conversas de gênero.

 Wilson Garcia, com seu habitual estilo direto e profundo, embora simples e divertido, trouxe reflexões maduras sobre questões polêmicas ou desvios nos estudos relacionados a Kardec.

 Alexandre Cardia nos falou sobre os resultados e esforços que tem dado frutos na divulgação de histórias  (livros) e informações espíritas por meio de formatos eletrônicos e até impressos.

Jon Aizpúrua deixou muito claro que a cultura espírita é aquela que nos move para a ação, não apenas a palavra, ela deve nos influenciar em todos os atos da vida e deve nos motivar a viver uma vida plena e coerente.

6 – Para que não perdêssemos a oportunidade de ouvir algumas reações da Adair Ribeiro, Yolanda Clavijo, Gustavo Molfino e Dante López, já que não houve tempo para perguntas e respostas ao final de suas apresentações, preparamos um breve painel. Os participantes do Congresso aproveitaram e trouxeram algumas dúvidas. Os painelistas foram muito eficientes em comunicar o que era necessário e sanar as dúvidas levantadas.

7 – Encerramos este 24° Congresso da CEPA – Associação Espírita Internacional, com alegria, emoção, apoio, solidariedade, abraços e emoções compartilhadas, como nos haviam sido descritas em sessão mediúnica e como esperávamos que fosse. Encerramos este Congresso com a satisfação de nos termos cercado de pessoas altamente comprometidas, altruístas, dedicadas, prestativas e entusiasmadas. Todas elas possibilitaram que o trabalho fosse suportável, agradável e livre de tensões ou frustrações. Encerramos este Congresso com música, dança, alegria, cores e abraços.

Agora, cabe a nós sairmos e aplicar o que aprendemos, enxugar as lágrimas que nos estão próximas, dar conselhos amigáveis e viver tudo o que foi proposto e apresentado aqui de forma coerente, consciente e consistente.

 

José Arroyo

Presidente da Comissão Organizadora, Congresso CEPA – PR 2024


 Jornal Abertura julho 2024 - iniciamos as reportagens que denominamos Ecos do 24° Congresso da CEPA. Aqui vocês encontrarão todas as palestras e os links para assisitir no youtube, basta baixar o Jornal Abertura correspondente.

busque aqui a edição do jornal

Jornal Abertura 
Agosto 2024 - 2a Parte de Ecos do 24° Congresso da CEPA.




Jornal Abertura 
Setembro 2024 - 2a Parte de Ecos do 24° Congresso da CEPA.



Abertura setembro de 2024

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Jornal Abertura 
Oetembro 2024 - 3a Parte de Ecos do 24° Congresso da CEPA.





Abertura outubro de 2024

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 Abertura de novembro de 2024

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segunda-feira, 14 de outubro de 2024

POLARIZAÇÃO POLÍTICA por Milton Medran Moreira

 

OPINIÃO EM TÓPICOS

Milton Medran Moreira

                POLARIZAÇÃO POLÍTICA



                Não sei onde vai parar essa polarização político-ideológica que tomou conta do Brasil.

                Sei, sim, que, no campo das ideias políticas e sociais, há duas forças que, para todo sempre, hão de se digladiar.

Elas são tese e antítese que alimentam o fluir do processo político. Estão presentes na política porque, igualmente, movem o processo individual de crescimento do espírito humano.

Uma busca preservar os valores conquistados. A outra estimula mudanças mediante a superação do que ontem era um valor e hoje pode ser descartado porque incompatível com os novos tempos.

Allan Kardec expressou esses dois movimentos mediante o que denominou Lei de Conservação e Lei de Destruição.

DIALÉTICA

Entretanto, é justamente desse embate dialético que deve resultar uma síntese, capaz de harmonizar as duas tendências humanas e sociais. Novamente, Kardec! Ele compreendeu as forças componentes desse processo e nominou como Lei do Progresso o estágio capaz de harmonizar e sintetizar os movimentos conservadores e destruidores.

Democracia, tolerância, fraternidade, diálogo são, contudo, elementos que o humanismo introduziu para tornar suportável e eficiente essa luta natural entre a tese e a antítese, abrindo espaço à síntese.

Não é, pois, uma luta entre o bem e o mal. Contudo, o que desvirtuou nosso processo político foi, justamente, a ideia de que quem está de um dos dois lados está com o bem, enquanto o mal caracteriza definitiva e irremediavelmente os do lado oposto.

IDEOLOGIAS

Maus políticos, interesseiros e populistas, valendo-se, mesmo da religião – e esta, sim, calca-se numa base doutrinária fundamentalmente dualista e maniqueísta – é que conferiram às ideologias esses pretensos rótulos de boas e más.

Ideologias são visões de mundo que diferentes grupos sociais têm, buscando proteger seus interesses coletivos. Em princípio, não são boas ou más. São expressas por meio de ideias que formam a base doutrinária de partidos políticos. Partidos são partes de um todo. Protegem interesses coletivos que, necessariamente, não contemplam os anseios de uma nação inteira.

Evidentemente, há ideologias mais generosas que outras e há agrupamentos políticos que oferecem instrumentos mais voltados à igualdade de direito e à justiça social. A eles se tem denominado de progressistas, em contraposição ao conservadorismo de outros. Isso, no entanto, não lhes garante a supremacia e a posse exclusiva do bem e da verdade. Até porque nenhum agrupamento humano, por melhor que sejam as ideias por ele teoricamente defendidas, está infenso, na prática, à manipulação de pessoas inescrupulosas, interesseiras, hipócritas e aproveitadoras.

EM SÍNTESE

Por isso tudo, e em meio, mesmo, aos extremismos dessa polarização a que fomos levados pelo discurso de ódio de maus homens públicos, tenho buscado não medir ninguém exclusivamente pela régua política.

Rejeito a ideia de que quem está ou esteve, em determinado momento, ao lado do político A ou B, seja, necessariamente, igual a ele. Mesmo que eu jamais venha a apoiar quem abrace ideias com as quais, por princípios filosóficos, eu nunca concordaria, procuro não julgar o outro exclusivamente por suas preferências eleitorais.

Posições políticas sempre são precárias. Meras ferramentas na construção do progresso. Atendem interesses coletivos ou individuais válidos para aquele momento histórico. Não convém tomar líderes políticos como mitos, nem ideologias como salvadoras do mundo. Cidadão que assim procede pode estar tendo uma visão muito distorcida da exequibilidade das próprias ideias que defende. Ou, pragmático, esteja vendo seu candidato apenas como o meio capaz de derrubar o ídolo do outro, a seu juízo, pior que o dele.

A vida e o relacionamento plural me ensinaram que quem está do outro lado pode ser um sonhador, um ingênuo, um ludibriado, mas, nem por isso, um mal-intencionado. E frequentemente é nosso próprio pai, um irmão, um amigo querido. É um bom chefe de família, profissional responsável, bom colega, vizinho solícito, bem diferente do candidato que cultua ou do agrupamento político no qual detectamos tanto atraso e, às vezes, muita hipocrisia.

Artigo publicado no Jornal Abertura de outubro de 2024, gostaria de ler o jornal completo?

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sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Jornal Abertura de outubro de 2024 - comemora os 25 anos do ICKS disponível online gratuitamente

 Baixe aqui o Jornal Abertura de outubro de 2024


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Nesta edição:

Matéria Principal – 3 páginas sobre os 25 anos de ICKS

O Espiritismo apoia e depende da democracia – Roberto Rufo

Polarização Política – Milton Medran

Os livros em nossas vidas – Cláudia Régis Machado

O que significa o espiritismo para mim – Alexandre Cardia Machado

Ecos do 24° Congresso da CEPA – Parte 4

Democracia: Uma utopia ainda a ser alcançada – 2ª Parte – Ricardo Nunes


domingo, 29 de setembro de 2024

Outono da Vida - por Cláudia Régis Machado

 

Outono da vida

Com o passar dos anos somos convidados a encarar mais um ciclo da vida, o envelhecimento, que com certeza traz questionamentos e dúvidas de como enfrentar esta jornada.

A Doutrina Kardecista nos coloca que somos espíritos imortais, numa trajetória evolutiva e contínua nos remetendo sempre a construir uma forma sadia para conduzir a existência; aproveitando-a para aprender, crescer e otimizar as oportunidades. O espiritismo sendo um norte, uma filosofia para qualquer conduta perante a vida.

A transição para esta nova estação da vida pede um olhar diferente - o corpo - já não é o mesmo, as limitações se fazem presentes, os desejos mudaram, os pensamentos evoluíram, as características existências e espirituais construídas muitas vezes exigem melhores adaptações.

É um turbilhão que não deve ser levado como um momento estacionário, mas de elaboração prática e aprazível para este novo tempo, pois as mudanças significativas afetam toda a maneira de usufruir o tempo e de como tirar maiores possibilidades das oportunidades que advirão.

Neste ciclo – envelhecimento - há o pensamento da proximidade da morte, mas existe vida, energia e aproveitá-la ou dar continuidade é importante e nesta consiste a nossa proposta.

Não posso dizer que é a melhor idade, mas que como todas as fases da vida há oportunidades para desfrutar, ser produtivo e aprender não necessariamente coisas novas, mas com a evolução do conhecimento e do saber é importante ressignificar o aprendizado, dar um sentido mais maduro às situações e às posturas que adotamos durante outros momentos e ciclos. Não deixando que as coisas do passado o identifiquem de uma forma estacionária, sempre tem algo que dá para melhorar no que somos e no que fazemos.

O caráter pedagógico da vida frase interessante que ouvi, deve estar sempre presente na condução de nossa existência.

Este ciclo da vida deve acompanhar as estações da alma, tem o inverno e tem o verão, interessante é não ver apenas as perdas e o sofrimento que possam ocorrer, mas também contemplar a vida. É um caminho que inclui o otimismo, a resiliência com plasticidade porque é um processo que tem idas e vindas. Num processo de repetição que sem dúvida necessita de vontade e constância.

Ele não ocorre de repente ele vem se mostrando aos poucos, melhor não os ignorar, é um outro momento que se for pensado e planejado com cuidado e com certa antecedência ajuda muito no êxito para que possa transcorrer com alegria e felicidade. Com disposição para enfrentar as surpresas que a vida nos propicia.

Como espíritas devemos planejar o envelhecimento para que a vida ainda tenha flores e alegrias não só doenças e decepções. Muitas vezes neste período, já aposentado profissionalmente, no entanto não constitui se aposentar da vida.

 Enquanto houver vida, mais motivo para se viver - vá em busca. Se sinta ativa. Entrar neste ciclo não é desistir da vida, talvez amenizar em vários aspectos, mas um fator importante é manter a curiosidade, estar ligado nas atualizações do mundo é fundamental.

Cláudia - Albacete - Espanha


“A mudança está sempre presente não temos como ficar estacionado em uma estação da vida”.

 As escolhas devem estar num quadro possível não é necessário seguir padrões em realizar isto ou aquilo, mas faça alguma coisa. Afinal você chegou até aqui não por acaso, você tem uma história, tem experiencia, tem um acúmulo de possibilidades e alguns talentos que podem ser mais bem desenvolvidos em questão a disponibilidade temporal ou empregados em outros situações.

Podemos direcionar o percurso. Talvez que mais norteia filtrar o que é essencial, ter foco. Não precisamos atender os padrões, não há uma única rota, podemos navegar não somos “marionetes do destino” podemos direcionar o percurso da forma possível.

Esteja aberto as novidades. Se reinvente. Aprimore seus conhecimentos. Renove contatos, se necessário peça ajuda muitas vezes.

Seja positivo, tudo na vida é um exercício, um caminho, um percurso que as estações da vida devem acompanhar. Isto tudo pode ser obvio, há muitas publicações sobre este tema, mas sempre é bom refletir e pensar em que momento você está.

Este artigo foi publicado no jornal ABERTURA de junho de 2024

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quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Jornal Abertura - Janeiro -Fevereiro de 2024 - baixe aqui grátis

 Jornal Abertura - Janeiro -Fevereiro de 2024


    Chamada para o Congresso da CEPA maio 2024
    Servir: A maior das Virtudes - Roberto Rufo
    Cidades - Milton Medran
    Hora da Colheita - Cláudia Régis Machado
    As Diversas teorias sobre a criação do Universo - Alexandre Cardia Machado
    Jesus este mito que me atormentava - Marcus Videira


domingo, 15 de setembro de 2024

Entrevista e a Palavra da CEPA – feita por Alexandre Cardia Machado ao Presidente da CEPA José Arroyo

 

Destacamos a Entrevista e a Palavra da CEPA – feita por Alexandre Cardia Machado ao Presidente da CEPA José Arroyo 

 

A Palavra do CEPA - Entrevista de Alexandre Cardia Machado com José Arroyo - novo presidente do CEPA.

Resolvemos fazer algo diferente nesta Palavra da CEPA, optamos por entrevistar o novo presidente da CEPA, na conversa José Arroyo nos disse que gostaria de passar a chamar esta comunicação de “ Desde CEPA”, “Palavra da CEPA” passa um tom muito autoritário.

 

José Arroyo - Saudações Alexandre,

Primeiramente, obrigado pela oportunidade de responder essas perguntas para construir uma mensagem que possa ser facilmente lida, estudada e que nos permita comunicar com clareza o que temos feito ou o que faremos, da CEPA – Associação Espírita Internacional.

Alexandre – Quais as suas primeiras impressões ao ser presidente da CEPA? Um coletivo internacional.

José Arroyo – A primeira coisa que posso expressar é que ter sido escolhido para chefiar os planos da CEPA constitui uma honra e uma responsabilidade que levamos muito a sério, como tudo o que fazemos por amor e gratidão ao Espiritismo.

Ouso dizer, sem medo de exagero, que estamos sobre ombros de gigantes. Mulheres e homens de estatura construíram algo que hoje assume uma forma diferente, em sintonia com os tempos, com a maturidade das ideias e com os estilos de interação que nos caracterizam.

Foto com os Ex-presidentes da CEPA Dante Lopes, Jacira Jacinto, Jon Aizpúrua, o atual presidente de azul José Arroyo e Alexandre Machado e Cláudia Régis

Um olhar histórico sobre a trajetória, execução e alcance da CEPA durante estes últimos 78 anos evoca um sentimento de compromisso que nos ativa e motiva. Mas além do institucional, a visão panorâmica acompanhada de conversas adequadas com as pessoas que se nutrem do que a CEPA oferece, pode inspirar e reforçar a vontade de fazer mais. Refiro-me, por exemplo, às pessoas que confessam ter alcançado uma sensação de liberdade, de respirar amplamente, de se permitirem pensar e discordar, ao mesmo tempo que conseguem ser ouvidas e respeitadas, participando em atividades ou aproximando-se da CEPA; em contraste com grupos onde reinava uma intenção unificadora que neutralizava suas aspirações, pensamentos ou ideias que poderiam ser interpretadas como erradas ou incorretas.

Na CEPA, às vezes alcançamos pessoas que, de outra forma, estariam desinteressadas pelo Espiritismo ou ficariam frustradas com o que ele oferece, porque o que encontram não atende às suas necessidades de análise, estudos, debate e diálogo aberto e franco. É claro que o perfil laico, livre-pensador e humanista do Espiritismo, tal como representado pelo CEPA, não é necessariamente o que todo espírita procura, mas é isso que nos permite encontrar aquelas pessoas com ideias semelhantes que precisam vivenciar o Espiritismo como Kardec provavelmente pretendia que fosse: uma filosofia espírita de consequências morais, que se alimentava da ciência e que a escutava para interpretar o mundo e o universo a partir da cosmovisão do Espírito.

Apresentar esta perspectiva, de forma organizada, em diferentes países, regiões, culturas e línguas, é um desafio em si. Porém, tenho a sorte de contar com uma equipe de pessoas dignas de admiração e que sabem transformar uma visão e missão em ação. Isso nos encoraja imensamente e também percebemos solidariedade e apoio sincero, honesto e transparente.

Alexandre – Quais inovações você pensa em implementar?

José Arroyo – Para já estamos a rever todo o maravilhoso trabalho herdado e a familiarizar os novos membros das diferentes equipas ou comissões com o que foi feito e precisamos de manter. É verdade que também temos trabalhado para identificar algumas atividades ou iniciativas que poderiam ser realizadas de uma forma diferente e que oportunamente informaremos ao mundo inteiro.

Também utilizaremos as redes sociais, páginas ou canais da CEPA para poder divulgar o que fazemos, o que somos e o que não somos e não fazemos, de forma dinâmica, respeitosa, ampla e divertida. Isto nos permitirá servir nossas organizações afiliadas como um “Hub” ou espaço central a partir do qual, se alguém nos perguntar sobre grupos, reuniões, cursos ou workshops em seu país ou região, poderemos orientá-los a se comunicarem com um de nossos grupos Cepeanos. Por outro lado, é importante divulgar conteúdos Cepeanos atuais sobre o Espiritismo. Portanto, esta será a cola que unirá as nossas atividades de comunicação.

Alexandre – Após 3 meses de mandato é possível identificar as dificuldades e com base nisso traçar planos de trabalho?

José Arroyo - Estes últimos 3 meses, que se reduzem a 2 meses devido à nossa convalescença com COVID no final da celebração do maravilhoso 24º Congresso que tivemos em Porto Rico, foram para traçar estratégias e planos, recrutar pessoas e identificar ou mover recursos.

É inegável que uma organização com alcance internacional tem desafios únicos ou singulares. Alguns desses desafios incluem:

- Comunicar de forma eficaz tudo o que acontece no mundo da CEPA, que conta com contribuições de várias regiões do mundo.

- Divulgar as iniciativas que podemos desenvolver para apoiar as regiões e grupos, coletivos ou indivíduos da CEPA, permitindo-nos levar uma mensagem coerente em vários idiomas e superando limitações culturais.

- Quando se justificar e houver consenso maioritário, exprimirmo-nos com prudência e sensibilidade relativamente à linha ténue que por vezes separa o apoio aos Direitos Humanos do compromisso dos indivíduos com políticas/líderes ou pseudo líderes partidários, que polarizam estratégica e maquiavelicamente, sem cair nas redes da intolerância.

- O CEPA tem um perfil altruísta, como toda organização espírita deveria ter, mas os recursos financeiros estão em situação desigual em relação a tudo o que gostaríamos de fazer. Portanto, faremos o melhor que pudermos administrando as arrecadações ou doações recebidas com sabedoria, respeito e sucesso.

- Temos recursos humanos de altíssima qualidade e um sentido de compromisso com os nossos ideais que é evidente. Constatei que na CEPA não falta boa vontade, trabalho constante em cada região e criatividade para continuar desenvolvendo uma projeção atual, contemporânea e atual do Espiritismo para a sociedade em geral. Mas precisamos de mais mãos voluntárias, digitalmente qualificadas e atualizadas no uso da tecnologia para promover os nossos objetivos.

Como mencionei, estes são alguns desafios que temos pela frente e já existem ações em torno deles, que serão consolidadas e observadas ao longo dos próximos meses. Caminharemos devagar, mas com segurança. Daremos passos ágeis, mas sólidos. Não hesitaremos em aprender com os nossos erros e ouvir a voz amiga.

Além disso, essa gestão administrativa estará sempre aberta à voz e à inspiração dos Bons Espíritos, que sem dúvida sempre estiveram presentes.

Alexandre – Qual a mensagem otimista que o senhor quer passar aos espíritas livres?

José Arroyo – De norte a sul e de leste a oeste, sem falar de países ou grupos específicos e deixando de mencionar alguém, sentimo-nos acompanhados, apoiados e com grandes expectativas de liderar este grande grupo de pessoas e grupos empenhados.

Recebemos muitas lições boas da nossa ex-presidente Jacira Jacinto da Silva, então tínhamos um bom modelo a seguir. Também nos sentimos acompanhados pelos ex-presidentes da CEPA e isso é vital para nós.

Se eu encerrasse esta entrevista com uma mensagem otimista aos livres-pensadores que nos leem, seria essa: Não se escreveu a última palavra sobre o Espiritismo, mas apenas as primeiras. Agora, no alvorecer do século XXI, temos uma responsabilidade para com as próximas gerações de buscadores da verdade, de caminhantes espirituais, de espíritas insatisfeitos com os movimentos religiosos, de espíritas que raciocinam e questionam suposições, e para com todas as pessoas que não sabem que elas existem. um grupo alteritário, inclusivo, humanista e progressista com uma visão secular em relação às ideias espiritualistas.

Temos convicção de que o Espiritismo é de Kardec e nossa referência primeira é Kardec, apresentando suas ideias, preocupações e propostas à luz da contemporaneidade; Sabemos que podemos, sem medo ou timidez, observar Jesus como modelo de mediunidade e psiquismo equilibrado pela compaixão e solidariedade de quem vive o que prega; Reconhecemos que é um dever com honestidade, ética e verticalidade olhar para a sociedade atual, para além dos fatores económicos, políticos ou culturais, para lhes oferecer uma vida alternativa transbordante de espiritualidade, cheia de amor e sólida nos seus princípios. Para muitas pessoas, outros podem ser os caminhos que atendem a essas expectativas, para nós esse caminho se chama Espiritismo, sem sobrenomes, e faremos o possível para comunicá-lo, expressá-lo e exemplificá-lo.

Essa é a nossa proposta como coletivo, da CEPA, e é também a minha proposta como indivíduo, que assim como você, sou Espírito Espírita.

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domingo, 8 de setembro de 2024

Saiu o Jornal ABERTURA de setembro de 2024

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Neste edição:
Editorial - A morte de Celebridades
Páginas 2 e 3 - Entrevista do presidente da CEPA - José Arroyo
A Lei de Destruição - Roberto Rufo
30 anos (Jornal Opinião) Milton Medran
Estatísticas do ICKS
O Valor da Amizade - Cláudia Régis Machado
Sobre o GPCEB - Memórias Inesquecíveis
Água em Marte - coluna Abrindo a Mente - Alexandre Machado
Livraria virtual -física e e-books
Ecos do 24° Congresso da CEPA - Parte 3 com link pras palestras
Democracia: uma Utopia ainda a ser Alcançada - Ricardo Nunes




sábado, 31 de agosto de 2024

DEMOCRACIA: UMA UTOPIA AINDA A SER ALCANÇADA! por Ricardo de Morais Nunes

 

DEMOCRACIA: UMA UTOPIA AINDA A SER ALCANÇADA! por Ricardo de Morais Nunes

Temos defendido ao longo dos últimos tempos a importância dos espíritas pensarem as questões da política, da economia e da sociedade com vistas a poderem formar uma consciência mais ampla destas questões, de um ponto de vista filosófico, não partidário, como é obviamente o caso quando tratamos desses temas no âmbito do movimento espírita.

Acreditamos mesmo que tais reflexões podem propiciar aos espíritas um melhor desenvolvimento de seu   pensar político e  social , de um ponto de vista crítico, tendo em vista a uma melhor participação cidadã, de natureza humanista, nas diversas sociedades do mundo em que vivem.

Nesse campo temático se há uma discussão que realmente causa muita divergência, mesmo entre os espíritas estudiosos, é sobre o conceito de democracia. O que é afinal democracia? Conceito fundamental que precisa ser aprofundado, pois não basta dizer que somos a favor da democracia ou que somos contra as ditaduras. É necessário explicar o que entendemos por democracia.

É necessário iniciar a nossa reflexão lembrando que o conceito de democracia remonta à Grécia antiga. A pólis ateniense é o primeiro exemplo de democracia direta no mundo. Desde esse momento passou a ser comum remontarmos a essa origem, cantarmos em verso e prosa a democracia que surge em Atenas.

 Porém, é necessário irmos além e perguntarmos como funcionava essa democracia, era realmente democrática a pólis ateniense? Sabemos que não. Em Atenas apenas o cidadão da pólis tinha direito a se manifestar na Ágora. A maioria da população era de escravos, mulheres e estrangeiros que estavam excluídos da participação nos negócios da cidade-Estado.

A democracia grega, quando olhamos bem de perto, quando observamos a sua estrutura, não era tão perfeita assim. Claro que esses defeitos, olhando em retrospecto, não são suficientes para rejeitamos o grande avanço da proposta democrática grega.

De lá para cá muita coisa mudou. Muita água correu debaixo da ponte.

Tivemos o fim das cidades-Estado na Grécia sucedidas pelas várias dominações imperiais da antiguidade, o domínio teológico e político da Igreja católica, o poder dos monarcas, as revoluções políticas contra o poder dos monarcas, o poder dos burgueses, as revoluções contra o poder dos burgueses.  Passamos pelos regimes político-econômicos do tipo escravocrata, feudal, escravista colonial, capitalista e socialista. Passamos pela revolução agrícola, industrial e hoje digital.

No século XX, tivemos, ainda, ditaduras de direita, de esquerda, repúblicas teocráticas, Estados e legislações de segregação racial, imperialismo moderno, colonialismo, guerras de intervenção estrangeira, guerras civis, golpes militares e revoluções.

Como se não bastasse os fatos acima mencionados, em algumas nações, nas últimas décadas, infelizmente, tem ocorrido uma relação promíscua entre as instituições de Estado e a criminalidade comum, o que, sem dúvida, acentua   os problemas políticos e sociais, dificultando, ainda mais, a busca pela concretização dos princípios democráticos.

 Na grande maioria das nações do mundo, hoje, vivemos no sistema que podemos chamar de democracias liberais, representativas, de perfil econômico capitalista. Há alguns países que ainda ostentam, com maior ou menor intensidade, alguns princípios de seu período socialista, mas é possível contar esses países nos dedos após a dissolução da União Soviética e a queda do muro de Berlim.

O comunismo e o socialismo, em nosso tempo, nessas duas primeiras décadas do século XXI, não são mais ameaças ao sistema capitalista e às democracias liberais como insistem os ultradireitistas desse nosso momento histórico, que se utilizam do absurdo e falso argumento da “ameaça comunista” para solapar qualquer possibilidade de crítica ao capitalismo e a essas democracias.

Enfim, o que podemos verificar, hoje, é que as democracias liberais ainda são extremamente incompletas e que não realizam todo o potencial do ideal democrático. O grande modelo, para muitos, dessa democracia moderna, liberal, são os Estados Unidos da América.

 Porém, se olharmos para a realidade social destas democracias liberais com “olhos de ver” observaremos que essa democracia mínima tem sido tão sintonizada com os interesses do capital que muitas vezes ela se torna uma verdadeira antidemocracia nos países nos quais ela foi adotada.

 E, ainda pior, em nossos dias, mesmo essa democracia mínima, está sendo atacada com vistas a retrocessos inaceitáveis que seguem em direção a concepções neofascistas de sociedade que andam de mãos dadas com teorias e práticas econômicas neoliberais, as quais destroem qualquer ideia de justiça social ou bem-estar social.

Frequentemente, a política contemporânea, em seu melhor sentido, como representativa dos direitos dos cidadãos, tem sucumbido aos interesses do dinheiro, da acumulação e da riqueza de alguns poucos. Há necessidade, hoje, de realizarmos uma profunda crítica às sociedades que giram em torno do capital e esquecem o ser humano.

 Devemos, portanto, dizer, em alto e bom som, que, de um ponto de vista espírita, portanto, humanista, que privilegia o ser ao invés do ter, os interesses do “mercado”, do capital, das minorias privilegiadas em termos econômicos, não devem prevalecer sobre os interesses da sociedade como um todo.

É necessário, sob esse horizonte alargado de sociedade, voltarmos a acreditar que os homens e mulheres de nosso tempo, coletivamente, podem construir um destino político diferente, sendo imprescindível, em nosso entendimento, começarmos a construir um novo ideal democrático tendo em vista o futuro da humanidade.

Para esse objetivo é urgente nos descartarmos da ideia, muito útil aos que mandam no mundo e que estão confortáveis nas situações de injustiça e exclusão dos outros, de que não há outro mundo possível.

Nesta linha de raciocínio, devemos ter como premissa fundamental, que a   democracia ainda é a grande utopia a ser alcançada. Nesse sentido, é necessário elevar o nosso conceito de democracia, não nos contentando, apenas, com as chamadas liberdades formais, aquelas dos direitos e garantias do indivíduo perante as possíveis arbitrariedades do Estado.

2ª parte

Não há que se falar em democracia real sem considerarmos também as necessidades materiais dos cidadãos. Não é possível falar em democracia em um mundo de milhões de marginalizados no sentido do acesso aos bens fundamentais ao desenvolvimento da vida.

É necessário lembrar que, atentar contra a dignidade material das pessoas no nível fundamental da sobrevivência digna, é também atentar contra os direitos humanos. Há países que se dizem “livres” e “defensores da liberdade”, mas que atentam contra os direitos humanos no sentido do absoluto desamparo às condições materiais de vida de seus cidadãos. Liberdade para morrer de fome não é liberdade.

Pensamos que esta maneira de compreender os problemas políticos e sociais de nosso tempo corresponde plenamente aos generosos princípios que podemos encontrar em toda a obra de Allan Kardec, a qual nos convida à permanente transformação individual e coletiva.

 Entendemos que nós, espíritas, podemos auxiliar o processo de transformação dessa ordem de coisas, em primeiro lugar denunciando as sociedades que permitem a acumulação de riqueza nas mãos de uns poucos enquanto milhões, em nossos países e no mundo, se encontram privados do básico para uma vida digna e decente.

 Dessa forma, estaremos dando um primeiro passo fundamental no enfrentamento dessas situações que é o da conscientização do maior número de pessoas sobre esse grave problema de nosso tempo. O movimento espírita, com seus centros e instituições, pode colaborar muito nesse processo,  sendo claro que se não o fizer estará colaborando também, só que em um sentido contrário, favorecendo a alienação, portanto, o status quo, a exploração.

E, em segundo lugar, nós espíritas, podemos auxiliar o movimento geral de transformação social com a nossa participação, sempre pacífica em conformidade com os princípios de não violência ensinados pelo espiritismo, em todas as instâncias da palavra, da ação e da manifestação, que nos forem acessíveis no campo das lutas sociais.

Para isso, é necessário nos livrarmos dos conceitos superficiais e ingênuos de democracia e ditadura. É certo que todo espírita minimamente informado dirá, como um mantra religioso ou como uma verdade metafísica quase que vinda do alto, que é favorável à liberdade e à justiça social. Claro, não poderia ser diferente do ponto de vista filosófico-espírita. Isso é de uma evidência cristalina, mesmo em uma baixa compreensão da filosofia espírita.

Mas o que devemos ter em mente é que a conquista destes fatores, liberdade e justiça social, em sociedade, não ocorrerá simplesmente por gratuidade de Deus ou benevolência dos poderosos. Liberdade e justiça social devem ser conquistadas através das lutas sociais.

 É necessário levar em conta os interesses materiais em jogo, em uma palavra: a luta de classes. Mesmo que essa luta de classes, em nosso tempo, tenha adquirido características e peculiaridades distintas da época em que foi concebida teoricamente.

Sem uma compreensão dialética da vida social, dos conflitos de interesses em jogo, das resistências e pressões no campo prático da vida social, não avançaremos um milímetro nem mesmo na compreensão do que efetivamente acontece em nossas sociedades contemporâneas. E sem compreender, não conseguiremos contribuir.  

 É necessário termos claro que as nossas sociedades capitalistas contemporâneas não estão em conformidade com a ideia de justiça natural que encontramos nas propostas espíritas. E que só poderemos realmente ter um conceito mais amplo de democracia quando extinguirmos, socialmente, economicamente, e politicamente, os abismos materiais entre as pessoas, que as fazem tão diferentes em suas condições de vida, apesar da mesma humanidade.

 Não se trata de um objetivo fácil, é um horizonte a ser perseguido por todos que amam a justiça. Os espíritas entre eles.

Essa condição de maior igualdade, dará mais amplo sentido, até mesmo, ao processo da reencarnação dos indivíduos, porque poderíamos perguntar: de que adianta ao Espírito reencarnar em condições tão desfavoráveis que, muitas vezes, o fazem sucumbir em relação ao próprio objetivo da reencarnação, que é seu autodesenvolvimento intelecto-moral em sociedade?

 Na atualidade, há estudiosos que afirmam que vivemos a época do capitalismo pós-fordista, que privilegia a financeirização da economia ao invés da produção, deixando, portanto, nessa nova fase do capitalismo mundial, milhões de pessoas no mundo sem ter condições de acesso a um trabalho ou tendo como perspectiva apenas trabalhos precarizados.

Última parte

 Em O Livro dos Espíritos, publicado em meados do século XIX, época em que ainda não tínhamos no mundo um capitalismo tão desenvolvido, encontramos uma interessantíssima antecipação crítica às subjetividades que giram apenas em torno do capital, da acumulação, do ter.

 Tais subjetividades, ao longo do tempo, acabaram por criar, em uma união de interesses, um sistema, uma estrutura econômica-social-política, altamente favorecedora do egoísmo pessoal. Assim respondiam os Espíritos às perguntas de Kardec à época:

 Questão 711- O uso dos bens da terra é um direito de todos os homens? R: Esse direito é a consequência da necessidade de viver.

Questão 717- Que pensar dos que açambarcam os bens da terra para se proporcionarem o supérfluo, em prejuízo dos que não têm sequer o necessário? R: Desconhecem a lei de Deus e terão de responder pelas privações que ocasionarem.

Em um livro lançado do inicio da década de noventa do século XX, um teórico político norte-americano, Francis Fukuyama, ao verificar a queda do muro de Berlim e a decadência da União Soviética, propôs que a democracia liberal, de perfil capitalista, representava uma espécie de estágio máximo alcançado pela humanidade, uma espécie de “fim da história” quanto aos modelos políticos e econômicos que disputaram o século XX.

Várias décadas depois do lançamento da famosa obra, verificamos que nossas democracias liberais, ao invés de patrocinarem maior inclusão das pessoas aos seus benefícios, acabaram por acentuar, ainda mais, as contradições materiais no mundo.

A carência alimentar, o desamparo, a falta de acesso à saúde, à educação, ao saneamento básico, ao teto, as guerras e intervenções estrangeiras na soberania dos países e a destruição perversa do meio ambiente por razões econômicas ainda são uma realidade vivida na pele por milhões em nosso mundo, os quais são os “perdedores” desse sistema capitalista e dessa democracia liberal que quer nos convencer que todos seremos “vencedores”.

Acreditamos, portanto, que a história não acabou e que ainda nos cabe construir modelos políticos, sociais e econômicos, efetivamente democráticos, que realizem, concretamente, na vida social, os princípios da liberdade e da igualdade enaltecidos pela filosofia espírita e por todos os humanistas do mundo. Tememos que se não alcançarmos maiores patamares de democracia real, estaremos nos encaminhando para a barbárie.

 

 

Nota da Redação: Este artigo será publicado em três partes no Jornal Abertura de setembro, outubro e novembro de 2024.