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segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Pauta identitária, um radicalismo que pode ser inútil e perigoso. Um convite a reflexão - por Roberto Rufo

 

Pauta identitária, um radicalismo que pode ser inútil e perigoso.    Um convite a reflexão                                                                                 

"Um radical é um homem com os pés firmemente plantados no ar". (Franklin Delano Roosevelt)

 "A vida é construída nos sonhos e concretizada no amor". (Chico Xavier)

O ex-ministro de vários governos petistas Aldo Rebelo, em recente entrevista classificou a linguagem neutra como algo inaceitável, um atentado à sociedade nacional. Segundo ele, trata-se de uma tentativa de criar outra língua e inventar palavras para impor à sociedade outra forma de cultura. Para o ex-deputado, outra invenção, o chamado  “identitarismo” é “uma criação das grandes corporações”. Querem transformar o Brasil em um país de brancos e pretos.

“ É uma permuta. As corporações, o capitalismo, o sistema financeiro transformou a luta identitária em uma ilusão de igualdade para negar a igualdade, como se fosse possível igualdade de gênero, de raça, linguística, de orientação sexual sem que esse sistema fosse alterado” disse o ex-ministro.  A Doutrina Espírita corrobora essa afirmação de que o atual sistema precisa ser alterado na pergunta 806 - A desigualdade das condições sociais é uma lei natural? Os espíritos dizem que não, que a desigualdade é obra do homem e não de Deus. A busca da igualdade tem que ser feita sem criar divisões entre cidadãos.

A pauta identitária, a meu ver, mais exclui do que aproxima as pessoas, tanto é verdade que os grupos supremacistas nos EUA apoiam que deve se assim mesmo, o negro e o branco devem ficar cada um no seu lugar, sem se misturar. Em tempos que nos pedem reflexão o Espiritismo tem palavras esclarecedoras para o nosso trabalho de autoaperfeiçoamento sem abrir mão da convivência pacífica. Pode parecer piegas, mas não nos esqueçamos que somos todos irmãos. Vamos aplaudir e apoiar a diversidade humana com respeito e fraternidade. Allan Kardec sempre procurou princípios na Doutrina Espírita que revelem leis sábias e eternas. Lei do amor, da caridade, da imortalidade da alma, da reencarnação, da evolução são os nossos parâmetros para compreensão do ser humano.

Vejam o estrago causado pelas políticas identitárias na Universidade de Harvard nos EUA. A reitora negra Sra. Claudine Gay teve que renunciar ao cargo de prestígio, primeiro por compactuar com o antissemitismo ( aversão atávica aos judeus) sendo conivente com atitudes antissemitas na universidade. O seu esquema mental era de equiparar judeus a brancos opressores. Foi também acusada de plágio, o que não conseguiu explicar a contento. Nunca escreveu um livro e os seus artigos publicados eram considerados insignificantes. Aí vem a pergunta, como essa senhora chegou ao cargo de reitora de tão prestigiada universidade? A resposta é óbvia: foi escolhida pela cor da pele com apoio sistemático do departamento de estudos africanos e afro-americanos. Seu argumento foi aquele lugar comum: "sou vítima do racismo", o que não se sustenta, pois, a reitora da Pensilvânia, Elizabeth Magill foi obrigada a renunciar por razões semelhantes sendo branca e loira. O citado Aldo Rebelo alerta justamente contra esse perigo, a divisão da sociedade pelas pautas identitárias. 

Vejam que belo texto da Gênese e da Revista Espírita:

"Com a reencarnação, desaparecem os preconceitos de raças e de castas. A reencarnação se funda numa lei da natureza, o princípio da fraternidade universal, da igualdade dos direitos sociais e principalmente o direito à liberdade". (A Gênese, cap. I e Revista Espírita 1867). Pode-se notar então que na Doutrina Espírita vigora o mais absoluto respeito à diversidade humana, sem preconceitos de nenhuma espécie. O Espiritismo não adota, portanto, discursos de ódio e ou separatistas.

Artigo publicado no Jornal Abertura de janeiro-fevereiro de 2024.

Quer ler o jornal completo:

https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/42-jornal-abertura-2024?download=286:jornal-abertura-janeiro-de-2024


                                                                                                                                                      

sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Depois da tempestade teria chegado o dia do Espiritismo Racional se implantar? por Roberto Rufo

 

 Depois da tempestade teria chegado o dia do Espiritismo Racional se implantar?

 

"A crise consiste praticamente no fato de que o velho está morrendo e o novo não pode nascer : nesse interregno surgem os sintomas mórbidos mais variados" ( Antonio Gramsci).

 

"O Espiritismo é acima de tudo, o processo libertador das consciências, a fim de que a visão do homem alcance horizontes mais altos". ( Chico Xavier ).

 


Vivemos um tempo de insegurança onde fica muito difícil para o senso comum entender o mundo. As variáveis de sempre, religião, marxismo, capitalismo já não respondem ou são mesmo incompetentes para nos oferecer um porto seguro que possamos habitar. 

A destruição da natureza e o domínio cada dia mais crescente do crime organizado nas esferas públicas minam esperanças num mundo onde o equilíbrio proporcione uma evolução espiritual consistente. O que fazer? Como agir nestas condições? O desalento parece ser geral. Daí a se atirar em caminhos das trevas é um passo em busca de um falso conforto, pois a capacidade da mente humana de relacionar todos os seus conteúdos parece uma empreitada impossível. 

 Isso é constatado pela elevação ao poder de um grande número de lunáticos como Donald Trump, Boris Johnson, Benjamin Netanyahu, Vladimir Putin e Jair Messias Bolsonaro. A negação da racionalidade e da ciência é um traço comum, além das teorias conspiratórias sem nenhum fundamento. O culto da personalidade ressurgiu. Os "Mitos" deram sua graça.

O professor Ricardo Abramovay, titular sênior do Instituto de Energia e Ambiente da USP em recente palestra expressou o seguinte pensamento:


1º) - "A valorização da ciência é um dos mais importantes pilares da convivência democrática. Isso se deve a duas razões básicas. A primeira é instrumental. É a ciência que abre caminho a inovações tecnológicas que permitem melhorar a qualidade de vida, que se trate da eletricidade, dos antibióticos, das vacinas, da mobilidade, da alimentação, do conhecimento do sistema climático, das interações entre os diferentes componentes da natureza ou dos estudos populacionais.

Mas, independentemente de sua utilidade social, a ciência é decisiva para a democracia por estimular a curiosidade, por contestar verdades estabelecidas e por se apoiar naquilo que as diferentes formas de fanatismo fundamentalista sempre combateram: a dúvida e a crítica".

2º) - "Mas, além da dúvida e da crítica, a ciência, sobretudo a partir do início do século XX, é marcada por um terceiro elemento: a humildade. Até meados do século XIX a atividade científica (sobretudo a física newtoniana) estava imersa na convicção triunfante em uma espécie de capacidade infinita de conhecer o mundo". 

3º) - "O avanço do conhecimento científico derrubou essa soberba . E vem de Benjamin Labatut, um jovem escritor chileno, no livro - Quando deixamos de entender o mundo[1] - em que a ciência mergulha, ao início do século XX, não apenas na incerteza (“esmigalhando a esperança de todos aqueles que tinham acreditado no universo de relojoaria que a física de Newton prometia”), mas também na evidência de que seus resultados poderiam estar na raiz dos piores ataques à vida".

4º) - "O segundo alerta é, de certa forma, aquele que o sociólogo alemão Max Weber (1864-1920) dirigiu aos jovens que o ouviam em Munique, em 1919, na célebre conferência A ciência como vocação. Por mais importante que seja a ciência, ela é incapaz de nos dar qualquer pista sobre as questões mais decisivas de nossa existência, como o sentido da vida, o sentido da morte e a orientação sobre como devemos agir".

As velhas histórias que deram sentido ao mundo estão entrando em colapso; creio que uma nova grande história surgirá, num processo que será traumático, pois os poderes políticos ,econômicos  e ideológicos querem a nossa submissão como se restassem tão somente duas opções: o capitalismo selvagem ou o socialismo hipócrita. E as grandes empresas seguem na sua ambição de nos espionar com seu arcabouço de algoritmos. 

Quem sabe o Espiritismo não ocupe agora o seu devido e merecido lugar na sociologia humana: realizar a transformação moral da criatura humana, para conduzir o homem à prática do bem. Essa é afinal a missão essencial do Espiritismo.

Lembremos sempre desse pensamento sublime : "Reconhece-se  o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más". Para isso giramos em torno da constante evolução espiritual do ser humano. Finalizamos com Allan Kardec : "fé inabalável só é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da humanidade".  A doutrina espírita tem condições plenas de suportar essa tarefa em prol da humanidade. Como fazer chegar às esferas de poder  sua influência é o trabalho de cada um de nós e dos seus órgãos representativos.

 Artigo publicado no jornal ABERTURA de dezembro de 2023 - gostaria de ler o jornal completo em pdf?

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[1] Quando deixamos de entender o mundo  - leiam, pois, é muito interessante e instigador - Protagonizado não somente por cientistas famosos como Einstein e Schrödinger, mas também por figuras menos conhecidas e igualmente fascinantes, o livro é uma investigação literária sobre homens cientistas que atingiram o “ponto de não retorno” do pensamento e nos revelaram em alguma medida o “núcleo escuro no centro das coisas”.

Equação de Schrödinger. Na mecânica quântica, a equação de Schrödinger é uma equação diferencial parcial linear que descreve como o estado quântico de um sistema físico muda com o tempo. Foi formulada no final de 1925, e publicada em 1926, por este físico austríaco

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

A GRANDE VIOLÊNCIA EXISTENTE NO BRASIL - por Roberto Rufo

A GRANDE VIOLÊNCIA EXISTENTE NO BRASIL - por Roberto Rufo 

    Na teoria espírita, mais específicamente no Livro dos Espíritos, quando se toca no assunto violência, aparece uma solução para esse mal – a educação, não apenas a educação das escolas, mas a educação moral, que cria caracteres saudáveis. 

    O Espiritismo fala no homem novo que substitui o homem velho existente em nós. Qual a consequência dessa transformação? – É óbvio, uma sociedade mais justa e solidária. 

    No Livro dos Espíritos, questão 756 Allan Kardec pergunta aos espíritos se a sociedade de bem se verá algum dia expurgada dos seres malfazejos? – Os espíritos respondem que a humanidade progride. Esses homens, em quem o instinto do mal domina e que se acham deslocados entre pessoas de bem, desaparecerão gradualmente. 

    Coloquei todo esse preâmbulo da teoria espírita para analisarmos se de fato estamos alterando os caracteres entre a população brasileira e criando uma sociedade mais justa. O primeiro parágrafo, como pura teoria é irretocável, no entanto quanto ao segundo parágrafo a previsão dos espíritos não aconteceu, pelo menos no Brasil. 

    Os números da violência no país são impressionantes. Temos 3% da população mundial, e respondemos por 13% dos assassinatos do mundo, o que desmente a tão falada cordialidade do brasileiro, bem como o paradigma de que somos um povo pacífico. A taxa de homicídios por 100 mil habitantes chega a ser 13.100% maior que na Inglaterra e 609,3% maior que na vizinha Argentina. São dados do Atlas da Violência divulgada pelo IPEA em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (09/6/2017). 

    A grande pergunta é: como chegamos a essa situação (obra de governos dos últimos 20 anos pelo  menos) e o que pode ser feito para mudar esse quadro repulsivo? Em primeiro lugar é como cidadãos cobrar o porquê da ausência e ineficiência do Estado, principalmente na falta de políticas e ações eficazes de proteção e defesa da população. O crime organizado deita e rola. E em segundo lugar, atentar que sem uma melhoria substancial na educação, fica difícil controlar a violência. 

    Quando não se tem nem uma coisa nem outra, só resta investir na construção de presídios como se fosse solucionar o problema. Ainda mais que as nossas penitenciárias são simplesmente lamentáveis. 

    Mas como vivemos desde a segunda metade do século XX, do ponto de vista espiritual, na filosofia do nada, a questão da agressividade humana é tratada cientificamente. “Bem aventurados os mansos e pacíficos porque herdarão a terra” e “Vós sois todos irmãos”, palavras de Jesus de Nazaré não entram no cômputo da solução do problema. Trata-se de religião. 

    Ouso dizer, como falei num dos dias da nossa reunião no ICKS, que se algum presidente brasileiro no dia de Natal citar Jesus de Nazaré na sua mensagem de final de ano, no dia seguinte será atacado em nome do estado laico, que se transformou na verdade num estado ateu. 

Este artigo foi publicado em março de 2018 no Jornal Abertura: baixe aqui!

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    Enquanto isso nossos governantes, geralmente corruptos, assistem (às vezes num home theater instalado na prisão) esse quadro melancólico sem nenhum gesto no sentido de estarem arrependidos com a sua ganância e egoísmo. Falta-lhes espiritualidade.

sábado, 26 de agosto de 2023

A utilidade do ser humano por Roberto Rufo

 

A utilidade do ser humano.

 

"O bem que você faz hoje pode ser esquecido amanhã. Faça o bem assim mesmo. Veja que, ao final das contas, é tudo entre você e Deus! Nunca foi entre você e os outros". (Madre Tereza de Calcutá).

 "Eu sou uma pessoa útil" (Jaci Régis).

 

Em setembro de 1939 Adolf Hitler mandou invadir a Polônia, dando início à 2ª Guerra Mundial. No inverno de 1942 as tropas dele estavam famintas e congelando nas nevascas da Rússia, onde seu melhor general morreu de enfarto, e os Estados Unidos tinham entrado na guerra. Pela 1ª vez o sonho de Hitler sobre o império alemão durar mil anos ficou incerto. Enquanto Hitler contratava e demitia generais e o inverno ficava mais frio, quinze homens de confiança do III Reich, liderados pelo general da SS Reinhard Heydrich, se encontraram para uma reunião secreta em Wannsee, subúrbio de Berlim. Em duas horas eles mudaram o mundo para sempre, pois ali foi decidido a "Solução Final", que tinha por objetivo eliminar todos os judeus da Europa.

 Recomendo a todos que assistam ao filme "Conspiração 2001" com Keneth Branagh e Colin Firth que trata justamente dessa reunião secreta citada acima, onde por descuido, uma das atas não foi destruída e acabou sendo encontrada após a II Guerra Mundial. O filme é muito bom e requer que se tenha um estômago forte para ver algo que parece inacreditável, qual seja, a maneira tão fria e cruel que se decidiu sobre o destino de 6 milhões de seres humanos.

 Sob o ponto de vista de estratégia, planejamento e execução, poderíamos afirmar que foi feito um "trabalho" perfeito. O "trabalho" dos juristas alemães em estabelecer leis que dessem um arcabouço legal à bárbarie, o "trabalho" dos médicos alemães na criação de métodos científicos de eliminação rápida das vítimas e o "trabalho" dos engenheiros na elaboração da logística de transporte e na construção dos galpões de armazenamento das pessoas a serem eliminadas. 

 Não, para a teoria espírita com seu humanismo à flor da pele, jamais se pode dizer que esses fascínoras fizeram um trabalho digno desse nome. Há algo peculiar, de muita importância na definição do que se possa chamar de trabalho. Entra o conceito de utilidade na análise da questão. Os espíritos nos ensinaram que "toda ocupação útil é trabalho". Mas o que poderia nos guiar no caminho da compreensão do que seja utilidade? O Espiritismo nos diz que o maior exemplo de utilidade seria seguir a moral de Jesus de Nazaré. Não estou falando de Jesus Cristo  que foi sequestrado pelas igrejas, templos e muitos Centros Espíritas. Falo do Jesus que foi concebido através de uma relação sexual entre Maria e José, nasceu de um parto normal e viveu durante 33 anos sem fazer julgamento de quem quer que seja, e praticando atitudes sempre isentas de preconceito.

 Mas onde entra a questão de utilidade? Entra quando Jesus nos fala que servir ao próximo é a chave que abre a porta da evolução espiritual. O maior é o que serve. Jesus de Nazaré, e por extensão qualquer ser humano de bem nunca participariam da reunião dos nazistas em 1942. 

 Em 2001, acadêmicos judeus e católicos que investigavam as relações entre o Vaticano e os nazistas suspenderam sua pesquisa, alegando que muita coisa havia sido escondida deles.

O Vaticano há muito enfrenta críticas por conta da postura do Papa Pio XII, que não teria se pronunciado contra a perseguição nazista aos judeus.

A Igreja Católica também não teria revelado detalhes do possível envolvimento do papa no Holocausto, que provocou a morte de seis milhões de judeus, bem como de ciganos e homossexuais.

Em março de 2000, o Papa João Paulo II pediu desculpas a qualquer postura incorreta dos católicos em relação aos judeus, às minorias e às mulheres durante o nazismo.

 Não consegui localizar como agiram os líderes espíritas no mundo e no Brasil em relação ao nazismo. Se agiram tal como durante a ditadura militar brasileira, quando foram omissos em relação à tortura, a questão da utilidade não teve a importância devida.

 Gostou, veja o exemplar do Abertura de março de 2019:

  https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/28-jornal-abertura-2019?download=215:jornal-abertura-marco-de-2019

                                                                                             

quinta-feira, 15 de junho de 2023

Contra o racismo, não bastam palavras. Temos que ser antirracistas - por Roberto Rufo

 

Contra o racismo, não bastam palavras. Temos que ser antirracistas

 

"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar". (Nelson Mandela).

"O que eu mais me orgulho em mim mesmo é da minha condição de cidadão". (Ator Marcello Mastroianni).

 

Vini Júnior

É profundamente injusto e nojento o preconceito racial sofrido pelo jogador Vini Jr. na Espanha. O caso expõe a covardia da cúpula do futebol, que se limita a notas ridículas de repúdio e alguns slogans vazios. Esses dirigentes de futebol estão a anos luz de dimensionar os efeitos nefastos do racismo. A dor e a humilhação da vítima não os comovem.

 O Espiritismo tem uma posição clara e definida sobre os preconceitos:

  "Com a reencarnação, desaparecem os preconceitos de raças e de castas, pois o mesmo Espírito pode tornar a nascer rico ou pobre, capitalista ou proletário, chefe ou subordinado, livre ou escravo, homem ou mulher. De todos os argumentos invocados contra a injustiça da servidão e da escravidão, contra a sujeição da mulher à lei do mais forte, nenhum há que prime, em lógica, ao fato material da reencarnação. Se, pois, a reencarnação funda numa lei da Natureza o princípio da fraternidade universal, também funda na mesma lei o da igualdade dos direitos sociais e, por conseguinte, o da liberdade. (A Gênese, cap. I, item 36, p. 42-43. Vide também Revista Espírita,1867, p. 373.)".

 Essa é uma luta que tem de ser protagonizada por todos que se julgam cidadãos do mundo, os quais devem ter sempre atitudes antirracistas, para que desde hoje as pessoas e até às futuras gerações não passem por situações humilhantes como passou o jovem Vini Jr. de apenas 21 anos de idade.

 Mais uma vez o Espiritismo nos oferece um caminho de trabalho cujo objetivo nos torne pessoas melhores do ponto de vista moral:

 "Nós trabalhamos para dar a fé aos que em nada creem; para espalhar uma crença que os torna melhores uns para os outros, que lhes ensina a perdoar aos inimigos, a se olharem como irmãos, sem distinção de raça, casta, seita, cor, opinião política ou religiosa; numa palavra, uma crença que faz nascer o verdadeiro sentimento de caridade, de fraternidade e deveres sociais. (KARDEC, Allan. Revista Espírita de 1863 – 1. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. – Janeiro de 1863.)”       

 Allan Kardec indaga na pergunta 795 qual é a causa da instabilidade das leis humanas, e os espíritos respondem que nos tempos de barbárie, são os mais fortes que fazem as leis. As leis vão se aperfeiçoando à medida que os homens compreendam melhor a justiça. As leis humanas se tornam mais estáveis quanto mais se identificam com a lei natural. 

Contra o racismo só há dois caminhos: a aplicação da lei e a sanção moral da sociedade como um todo.

Gostou do artigo - Ele foi o Editorial do Jornal Abertura de junho 2023 - quer ler o jornal todo?

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quinta-feira, 2 de março de 2023

Onde buscar a vontade de superação? por Roberto Rufo

 

 Onde buscar a vontade de superação? 

 

"Estou esperando o tempo passar rapidamente. Quem sabe assim chegam logo os dias melhores que tanto falam ``.(Pensador Desconhecido).

 

"Uma Igreja que se casa com o espírito de sua época, corre o risco dessa época passar e a Igreja tornar-se viúva dessa época" (Frase de Bento XVI ao Cardeal Bergoglio no filme Dois Papas).

 


 

 Em seu fantástico livro "Comportamento Espírita" , Editora Dicesp, 1981 (possuo um exemplar assinado pelo autor), capítulo 3 - O Espírita e o Mundo" o autor Jaci Regis aponta que "a visão global do espiritismo, abrangendo desde as causas primárias à harmonia do Universo, oferece elementos capazes de levar o homem a situar-se na vida". Essas palavras ditas a 41 anos atrás apostavam que a Doutrina Espírita seria condição necessária e suficiente para sabermos o que somos, o que estamos fazendo no mundo e qual o nosso destino. Infelizmente as coisas não caminharam dessa forma. O espiritismo passou a ser visto pela nova intelectualidade surgida na época como pouco aliado à realidade. Era preciso que novas teorias fossem acrescidas ao ideário espírita. Não falo das descobertas das ciências  que nos trazem aperfeiçoamentos na maneira de pensar. Falo da introdução de conceitos que mais não querem do que substituir a essência do conhecimento espírita por teorias sociais que prometem mudanças radicais no mundo. Especialmente contra as desigualdades sociais.

 Situação semelhante é relatada pelo escritor cristão, o americano  Ross Douthat ao alertar que os cristãos devem se tornar minoria nos EUA até 2040. Ele diz que 'heresias' como a teologia da prosperidade, a religião da autoajuda e o nacionalismo cristão chauvinista se mantêm fortes. A porcentagem de cristãos na população americana, que girava em torno de 90% nas décadas de 1970 e 1980, ficou abaixo de 50% para o próximo meio século. Surgiu na América uma igreja de amor-próprio, com profetas como Oprah Winfrey pregando um evangelho do eu divino, uma espiritualidade do "Deus Interior" que arrisca transformar o egoísmo em virtude, O reverendo Joel Osteen, em cerimônia de distribuição de alimentos em Nova York insiste que Deus não deseja mais para seus eleitores do que a prosperidade americana, o sucesso do capitalismo.

 A ascensão de Donald Trump foi um testemunho da força das principais heresias dentro da direita religiosa. Ele frequentava a igreja do pastor Norman Peale, o autor do livro O Poder do Pensamento Positivo. Do lado da esquerda alerta Ross Douthat surgem teorias identitárias que a pretexto de concessões às minorias ( Vidas Negras Importam, #Me Too ), a chamada era da diversidade-equidade-inclusão, na verdade como alerta o ex-deputado Aldo Rebelo, nada mais é do que uma concessão do sistema capitalista às minorias, desde que o próprio sistema não seja alterado. Tudo isso, segundo Ross Douthat, aumenta a distância das pessoas à influência do cristianismo. Principalmente da figura de Jesus Cristo , no caso do cristianismo. Na situação espírita, laica e kardecista,  é cada vez mais difícil ler-se algum artigo onde apareça a figura de Jesus de Nazaré.

Me parece haver uma certa vergonha intelectual nas citações sobre aquele que é considerado pela teoria espírita como o maior exemplo de moral a ser seguido.

Volto-me mais uma vez a Jaci Régis no livro e capítulo citado acima ao nos ensinar que " o espírita vê a sociedade composta de espíritos a exprimirem estados evolutivos próprios, nos atos do dia a dia, nas esquematizações sociais e percebe a ânsia desses mesmos espíritos em buscar, mesmo que no plano teórico, comportamentos mais satisfatórios individual e coletivamente. Por isso, o espírita nega os valores do mundo, enquanto permaneçam no nível do imediatismo e no desconhecimento dos valores espirituais da vida". Vi com muita tristeza nesses anos de turbulência ideológica um vídeo de espíritas bolsonaristas, com o hino nacional num arranjo de piano ao fundo, e de repente surge  a imagem de uma coroa de espinhos e a epígrafe: foi por amor, complementada por Brasil acima de tudo, Deus acima de todos. Um grupo de quinze pessoas vestidas de branco dão mensagens de apoio à manifestação golpista convocada por Bolsonaro para o 07 de |setembro. E terminam cada um com a fala: eu sou espírita e apoio você , meu presidente. Eu te autorizo a fazer o que for necessário.

Assim como a Teologia da Libertação na década de 1960 trouxe a política partidária para dentro da Igreja Católica, o espiritismo também está trazendo a política partidária para dentro das suas hostes. O movimento Espíritas da Esquerda é um claro exemplo disso. Esquecem que a política é um dos campos onde as decisões e os caminhos sempre serão tomados com base nos desejos carnais. Vou além, e afirmo que hoje mais do que nunca os interesses econômicos ou de grupos de interesses é o que rege a política. O espiritismo corre esse risco se trouxer a política partidária para dentro dos seus domínios. 

Na verdade, não há novidade no que está acontecendo no mundo. Como afirma a Doutrina Espírita, o avanço moral não acompanha o progresso intelectual. Estamos bem atrasados moralmente. É inevitável que episódios de violência e transformações de todo tipo se apresentem como parte do processo de evolução dos espíritos. A Doutrina Espírita é uma luz na escuridão. Mas os espíritas são parte da humanidade, portanto sujeitos ao processo. O espiritismo foi sequestrado no Brasil pela FEB que o transformou numa religião desprezada pela sociedade. Essas novidades como esquerda ou direita dentro do movimento espírita fazem parte dessa inquietação que pretende levar o espiritismo para o que consideram a verdade a ser implantada. Mas tudo isso é inútil. O espiritismo não tem dono. Um ótimo 2023 a todos.

Artigo publicado no jornal ABERTURA de janeiro - fevereiro de 2023

Baixe aqui:

https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/31-jornal-abertura-2023?download=224:jornal-abertura-janeiro-de-2023


 

 

 

                                                                                                                Roberto Rufo.

                                                               

 

terça-feira, 31 de janeiro de 2023

METAFÍSICA NUNCA MAIS por Roberto Rufo

 

METAFÍSICA NUNCA MAIS

 

"O estudo da metafísica consiste em procurar, num quarto escuro, um gato preto que não está lá" (Desconhecido).

 

"Quando quem fala e quem ouve, nenhum deles entende o que se entende, isso é metafísico". (Voltaire).

                                                             

 David Hume (1711/1776) foi um, historiador e ensaísta britânico nascido na cidade de Edimburgo (Escócia) que se tornou célebre por seu empirismo radical e o seu ceticismo filosófico. Por ceticismo entende-se a doutrina filosófica segundo a qual o espírito humano não pode atingir nenhuma certeza a respeito da verdade, o que resulta em um procedimento intelectual de dúvida permanente e na abdicação, por inata incapacidade, de uma compreensão metafísica, religiosa ou absoluta do real.

 

A obra de David Hume "Investigações sobre o Entendimento Humano" trata essencialmente, da teoria do conhecimento, que é aquele ramo da filosofia que busca responder questões sobre a origem e a validade de tudo que podemos conhecer. A este respeito, Hume era empirista, ou seja, acreditava que todo conhecimento provém da experiência.  Hume dizia que todo conhecimento só é possível através das percepções da experiência; percepções que podem ser "impressões", dados diretos dos sentidos ou da consciência interna, ou "ideias", que resultam da combinação de impressões. 

 

O filósofo alemão Immanuel Kant (1724/1804) amplamente considerado como o principal filósofo da era moderna operou uma síntese entre o racionalismo continental e a tradição empírica inglesa. Ao ler o livro "Investigações sobre o Entendimento Humano" (1748) de David Hume , Kant diz que despertou do seu sono dogmático, ou seja, aquela ideia racionalista de que conseguimos justificar ou provar só pelo pensamento o nosso conhecimento de aspectos substanciais da realidade física. 

 

Nos Prolegômenos do Livro dos Espíritos, os espíritos que assessoraram Allan Kardec, além de afirmarem que existam fenômenos que escapam das leis da Ciência vulgar, que revelam a ação de uma vontade livre e inteligente, afirma que as comunicações entre o mundo espírita e o mundo corporal estão na natureza das coisas e não constituem nenhum fato sobrenatural. Nada de metafísico. Kardec partiu de um fenômeno, estudou esse fenômeno aplicando o chamado método científico para só obter conceitos após várias tentativas experimentais. O único conceito metafísico que poderíamos dizer que ainda persiste no Espiritismo seria a afirmação da existência de Deus, por ser imune a experiências. Mesmo assim na pergunta 4 do Livro dos Espíritos (Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus?) a resposta dos espíritos e o comentário de Kardec , estão carregados de explicações baseadas nas coisas da natureza. Não se trata de um simples acreditar por crer cegamente. Voltando aos prolegômenos, os espíritos afirmam  a Kardec que a doutrina irá se propagar e ser compreendida. Isso a meu ver, por ser livre de dogmas e misticismos.

 

O Espiritismo não pode cair no erro das metafísicas tradicionais de tentar teorizar sobre coisas que estão além de qualquer experiência possível. Kant dizia que as questões sobre Deus, a imortalidade da alma ou o livre-arbítrio não podem ser resolvidas pela razão humana, pois estariam fora do alcance do conhecimento empírico. 

 

Na verdade, nos dias atuais, somente Deus permaneceria nessa observação kantiana , mesmo assim com as ressalvas que fiz acima. A prova da imortalidade da alma possui muitos estudos sérios, espíritas ou não, sobre a sua real possibilidade. O mesmo pode-se dizer sobre o livre-arbítrio, havendo até estudos de alguns neurocientistas negando a sua possibilidade de existência. Estudos baseados em várias experimentações. Outros estudos, também eivados de provas experimentais, afirmam o contrário. 

 

A metafísica ficou restrita às religiões ortodoxas, onde o ingresso das ideias fica cerceado pelo axioma inicial irremovível, os chamados artigos de fé. As ideologias também estão repletas de conceitos metafísicos, os quais são utilizados para explicar qualquer movimento econômico ou social em qualquer época da humanidade. Um exemplo de valor ideológico metafísico é o da revolução permanente, pois como escreveu Simone Weil a revolução é pensada  não como uma maneira de solucionar os problemas colocados pela humanidade ao longo da história, mas como um milagre que nos dispensa de resolver problemas. É a metafísica na solução dos problemas sociais. Se a realidade desmente a teoria, altere-se a realidade . Como escreveu Millôr Fernandes, o marxismo é uma espécie de alfaiate que quando a roupa não fica boa faz alterações no cliente. 

                                                            

Finalizo com os Prolegômenos quando os espíritos assessores dizem que os bons espíritos assistem aqueles que servem a humanidade e não aqueles que apenas buscam um degrau para as coisas da Terra.  A metafísica passa longe como ferramenta na solução dos problemas sociais.

Este artigo foi publicado  no Jornal Abertura de dezembro de 2022 - se quiseres ler vá:

https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/22-jornal-abertura-2022?download=207:jornal-abertura-dezembro-de-2022


 

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

A MARCHA DA ESTUPIDEZ: GUERRAS E NAZISMO por Roberto Rufo e Silva

 

A MARCHA DA ESTUPIDEZ:GUERRAS E NAZISMO.

 

"Neutralidade ajuda o opressor" (Escritor romeno Elie Wiesel, Nobel da Paz de 1986, sobrevivente dos campos de concentração nazistas).

 

"A humanidade não deve tolerar os intolerantes" (Filósofo austríaco Karl Popper).

 

"A Guerra é um dos maiores pesadelos do mundo, um dos maiores perigos da história humana" (Chico Xavier).

 



  O capítulo VI da terceira parte do Livro dos Espíritos trata da Lei de Destruição. Um dos subitens trata do tema Guerras. Em resposta à pergunta 742 do Livro dos Espíritos, estes respondem que a guerra é a predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e satisfação das paixões. É abominável a invasão da Ucrânia pela Rússia do ditador Putin , uma figura que consegue ser odiada e amada por grupos da direita e também por grupos de  esquerda. Como sempre quem mais sofre com a guerra é a população civil, notadamente mulheres e crianças. 

 

Lembremos que quando os EUA invadiram o Iraque de Saddam Hussein em Março de 2003, sem autorização da ONU , sob o pretexto mentiroso de eliminar armas químicas, o balanço final apontou a morte de aproximadamente 300 mil civis.

 

Já na resposta à pergunta 743, os espíritos nos ensinam que a guerra desaparecerá quando os homens compreenderem a justiça e praticarem a lei de Deus; então, todos os povos serão irmãos.

 

Cento e sessenta e cinco anos depois do lançamento do Livro dos Espíritos creio que já poderíamos estar numa condição melhor. Todavia evoluímos muito na compreensão do apoio que devemos dar a causas que envolvem valores coletivos, tais como liberdade e igualdade. As reações à criminosa invasão da Ucrânia demonstram esse amor por causas coletivas. Isto é muito bom. Num dos seus textos escritos para o site UOL o jornalista Ricardo Kotscho foi muito feliz em um de seus parágrafos:

 

“O mundo enlouqueceu de novo. Não importa quem sejam os contendores desta vez, mas numa guerra ninguém costuma ter razão, perdem todos, principalmente as populações civis que correm para os bunkers. Só quem ganha são as indústrias bélicas, que elegem presidentes dos dois lados em conflito”. 

 

Outro fator preocupante, agora especificamente no Brasil, é o crescente número de simpatizantes do nazismo, um regime delinquente e racista. Já temos mais de 500 grupos organizados de neonazistas no Brasil. O Ministro da Propaganda Nazista Josef Goebbles tinha 06 filhos pequenos. Quando as tropas aliadas estavam próximas a Berlim em 1945, ele e sua mulher envenenaram os seis filhos, pois não podiam admitir que essas crianças fossem criadas num regime que não fosse o nazista. Quem tem alguma admiração secreta pelo nazismo, no conjunto admira esse tipo de gente. Vamos ouvir a  Doutrina Espírita que é o que interessa:

                                              

No Livro dos Espíritos, na questão 803, Allan Kardec pergunta aos Espíritos Superiores: “Todos os seres humanos são iguais perante Deus?”  e a resposta obtida não dá lugar a dúvidas: “Sim, todos tendem para o mesmo fim e Deus fez as suas leis para todos. Dizeis frequentemente: ‘O Sol brilha para todos’, e com isso dizeis uma verdade maior e mais geral do que pensais.”

 

Amigos e leitores do Jornal Abertura não podemos ser espíritas e nos sentirmos confortáveis com qualquer tipo de comportamento preconceituoso. Aliás, não basta que sejamos antirracistas: é preciso que tenhamos uma postura antirracista, condenando e combatendo sempre todo tipo de preconceito e segregação por conta de raça.

Ficou interessado? Leia o Jornal Abertura online: Novembro 2022

https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/22-jornal-abertura-2022?download=206:jornal-abertura-novembro-de-2022


 

quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Compaixão, Solidariedade e Generosidade. Onde se situa o Espiritismo? por Roberto Rufo e Silva

 

Compaixão, Solidariedade e Generosidade. Onde se situa o Espiritismo?

 

"E disse Jesus: Ame o seu próximo como a si mesmo" ( Mateus 22:39).

 

"Amar ao próximo como a si mesmo é uma frase alienante. Por que eu deveria amar a quem eu nem conheço?" (Sigmund Freud).

 

Roberto Rufo e Silva no Lar Veneranda

 

Se não me falha a memória foi Frei Beto quem disse ser a compaixão a maior virtude do cristianismo. Meu grande amigo espírita e intelectual Ciro Felice Pirondi diz ser a generosidade a maior virtude que um ser humano pode aspirar. A solidariedade, diz ele, pode valer até para situações de autoritarismo como ser solidário ao nazismo por exemplo, lembrando que a solidariedade, na maior parte dos casos, está cercada de bons propósitos.

O Espiritismo no seu aspecto mais religioso se prende à prática da caridade, tanto que todo Centro Espírita que se preze sempre procura estar ligado a alguma Casa Assistencial.

Segundo o Espiritismo, o amor é o sentimento por excelência. Jesus promoveu o amor a lei maior a ser seguida.  Mas para praticar o amor qual a virtude maior que devemos possuir ou buscar em obtê-la?

Vamos a um exemplo: um homem sempre que ia ao supermercado notava que o rapaz que ajudava a guardar a compra tinha uma das mãos com os dedos todos fechados. Aquilo um dia o comoveu. Perguntou ao moço: você nasceu assim? Sim, respondeu o rapaz. Você já procurou tratamento? Sim, mas eu teria que fazer várias cirurgias segundo os médicos e depois realizar várias fisioterapias. Além de não ter dinheiro eu não posso parar de trabalhar.

Eu vou ajudar você disse o homem. Estaria ele movido pela compaixão, generosidade ou solidariedade? De que forma se manifestou neste homem o amor ao próximo? 

Esse homem pagou todas as cirurgias e fisioterapias e ao mesmo tempo deu uma ajuda financeira à família no período em que o rapaz não podia trabalhar. Depois de todo tratamento esse homem pensou: a mão dele agora está boa, mas para continuar fazendo o mesmo serviço de auxiliar de supermercado? Resolveu então o homem pagar ao rapaz um curso profissionalizante e lhe deu um empego na sua microempresa depois de terminado o curso. O rapaz, agora um homem, seguiu sua vida nova, inclusive se transferindo para um emprego melhor. Alguns dirão que o homem ajudou porque tinha dinheiro. Será apenas isso? Eu prefiro acreditar na virtude humana. A judia Anne Frank, morta pelos nazistas, em seu famoso diário escreveu que "apesar de tudo eu ainda acredito na bondade humana".

Amigos espíritas coloquei abaixo a definição de compaixão, solidariedade e generosidade obtidas no wikipedia. Em qual das três definições se encaixaria o homem que citei acima? Em qual delas você se coloca?

O corpo teórico do Espiritismo nos leva a qual comportamento após o desenvolvimento moral e intelectual apregoado pela Doutrina Espírita? Felicidades a todos.

 

Compaixão (do termo latino compassione)[1] pode ser descrito como uma compreensão do estado emocional de outra pessoa. Não deve ser confundida com empatia. A compaixão frequentemente combina-se a um desejo de aliviar ou minorar o sofrimento de outro ser senciente, bem como demonstrar especial gentileza para com aqueles que sofrem.

A compaixão pode levar alguém a sentir empatia pelo outro. A compaixão é, frequentemente, caracterizada através de ações, quando uma pessoa, agindo com espírito de compaixão, busca ajudar aqueles pelos quais se compadece.

Ter compaixão é permanecer num estado emotivo positivo, enquanto tenta-se compreender o outro, sem invadir, no entanto, o seu espaço.[2]

A compaixão diferencia-se de outras formas de comportamento prestativo humano no sentido de que seu foco primário é o alívio da dor e sofrimento alheios.[3] Atos de caridade que busquem principalmente conceder benefícios em vez de aliviar a dor e o sofrimento existentes, são mais corretamente classificados como atos de altruísmo, embora, neste sentido, a compaixão possa ser vista como um subconjunto do altruísmo, sendo definida como o tipo de comportamento que busca beneficiar os outros minorando o sofrimento destes.

 

Solidariedade é um ato de bondade e compreensão com o próximo ou um sentimento, uma união de simpatias, interesses ou propósitos entre os membros de um grupo:

1.    Cooperação mútua entre duas ou mais pessoas;

2.    Identidade entre seres;

3.    Interdependência de sentimentos, de ideias, de doutrinas.

Na sociologia, existe o conceito de solidariedade social, que subentende a ideia de que os seus praticantes se sintam integrantes de uma mesma comunidade e, portanto, sintam-se interdependentes.

 

O que forma a base da solidariedade e como ela é implementada varia entre as sociedades. Nas sociedades mais pobres, pode basear-se principalmente no parentesco e nos valores compartilhados, enquanto nas sociedades mais desenvolvidas acumulam-se várias teorias sobre o que contribui para um senso de solidariedade, também chamada de coesão social.

 

Generosidade é a virtude em que a pessoa tem quando acrescenta algo ao próximo. Ela se aplica também quando a pessoa que dá algo a alguém tem o suficiente para dividir ou não. Não se limita apenas em bens materiais. Generosos são tanto as pessoas que se sentem bem em dividir um tesouro com mais pessoas porque isso as fará bem, tanto quanto aquela pessoa que dividirá um tempo agradável para outros sem a necessidade de receber algo em troca.[carece de fontes]

Já segundo René Descartes, em Tratado das paixões e também nos Princípios de filosofia, a generosidade é apresentada como uma despertadora do real valor do eu e ao mesmo tempo como mediadora para que a vontade se disponha a aceitar o concurso do entendimento, acabando assim a causa do erro. Neste caso, passa a ser um conceito de mediação entre a vontade e o entendimento.[1]

 

                                                                                                                               Roberto Rufo.

Este artigo foi publicado no jornal Abertura de maio de 2022, você pode acessar o jornal na integra no link abaixo:

https://cepainternacional.org/site/pt/component/phocadownload/category/22-jornal-abertura-2022?download=174:jornal-abertura-maio-de-2022