sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Depois da tempestade teria chegado o dia do Espiritismo Racional se implantar? por Roberto Rufo

 

 Depois da tempestade teria chegado o dia do Espiritismo Racional se implantar?

 

"A crise consiste praticamente no fato de que o velho está morrendo e o novo não pode nascer : nesse interregno surgem os sintomas mórbidos mais variados" ( Antonio Gramsci).

 

"O Espiritismo é acima de tudo, o processo libertador das consciências, a fim de que a visão do homem alcance horizontes mais altos". ( Chico Xavier ).

 


Vivemos um tempo de insegurança onde fica muito difícil para o senso comum entender o mundo. As variáveis de sempre, religião, marxismo, capitalismo já não respondem ou são mesmo incompetentes para nos oferecer um porto seguro que possamos habitar. 

A destruição da natureza e o domínio cada dia mais crescente do crime organizado nas esferas públicas minam esperanças num mundo onde o equilíbrio proporcione uma evolução espiritual consistente. O que fazer? Como agir nestas condições? O desalento parece ser geral. Daí a se atirar em caminhos das trevas é um passo em busca de um falso conforto, pois a capacidade da mente humana de relacionar todos os seus conteúdos parece uma empreitada impossível. 

 Isso é constatado pela elevação ao poder de um grande número de lunáticos como Donald Trump, Boris Johnson, Benjamin Netanyahu, Vladimir Putin e Jair Messias Bolsonaro. A negação da racionalidade e da ciência é um traço comum, além das teorias conspiratórias sem nenhum fundamento. O culto da personalidade ressurgiu. Os "Mitos" deram sua graça.

O professor Ricardo Abramovay, titular sênior do Instituto de Energia e Ambiente da USP em recente palestra expressou o seguinte pensamento:


1º) - "A valorização da ciência é um dos mais importantes pilares da convivência democrática. Isso se deve a duas razões básicas. A primeira é instrumental. É a ciência que abre caminho a inovações tecnológicas que permitem melhorar a qualidade de vida, que se trate da eletricidade, dos antibióticos, das vacinas, da mobilidade, da alimentação, do conhecimento do sistema climático, das interações entre os diferentes componentes da natureza ou dos estudos populacionais.

Mas, independentemente de sua utilidade social, a ciência é decisiva para a democracia por estimular a curiosidade, por contestar verdades estabelecidas e por se apoiar naquilo que as diferentes formas de fanatismo fundamentalista sempre combateram: a dúvida e a crítica".

2º) - "Mas, além da dúvida e da crítica, a ciência, sobretudo a partir do início do século XX, é marcada por um terceiro elemento: a humildade. Até meados do século XIX a atividade científica (sobretudo a física newtoniana) estava imersa na convicção triunfante em uma espécie de capacidade infinita de conhecer o mundo". 

3º) - "O avanço do conhecimento científico derrubou essa soberba . E vem de Benjamin Labatut, um jovem escritor chileno, no livro - Quando deixamos de entender o mundo[1] - em que a ciência mergulha, ao início do século XX, não apenas na incerteza (“esmigalhando a esperança de todos aqueles que tinham acreditado no universo de relojoaria que a física de Newton prometia”), mas também na evidência de que seus resultados poderiam estar na raiz dos piores ataques à vida".

4º) - "O segundo alerta é, de certa forma, aquele que o sociólogo alemão Max Weber (1864-1920) dirigiu aos jovens que o ouviam em Munique, em 1919, na célebre conferência A ciência como vocação. Por mais importante que seja a ciência, ela é incapaz de nos dar qualquer pista sobre as questões mais decisivas de nossa existência, como o sentido da vida, o sentido da morte e a orientação sobre como devemos agir".

As velhas histórias que deram sentido ao mundo estão entrando em colapso; creio que uma nova grande história surgirá, num processo que será traumático, pois os poderes políticos ,econômicos  e ideológicos querem a nossa submissão como se restassem tão somente duas opções: o capitalismo selvagem ou o socialismo hipócrita. E as grandes empresas seguem na sua ambição de nos espionar com seu arcabouço de algoritmos. 

Quem sabe o Espiritismo não ocupe agora o seu devido e merecido lugar na sociologia humana: realizar a transformação moral da criatura humana, para conduzir o homem à prática do bem. Essa é afinal a missão essencial do Espiritismo.

Lembremos sempre desse pensamento sublime : "Reconhece-se  o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más". Para isso giramos em torno da constante evolução espiritual do ser humano. Finalizamos com Allan Kardec : "fé inabalável só é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da humanidade".  A doutrina espírita tem condições plenas de suportar essa tarefa em prol da humanidade. Como fazer chegar às esferas de poder  sua influência é o trabalho de cada um de nós e dos seus órgãos representativos.

 Artigo publicado no jornal ABERTURA de dezembro de 2023 - gostaria de ler o jornal completo em pdf?

Baixe aqui👇

https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/31-jornal-abertura-2023?download=274:jornal-abertura-dezembro-de-2023


 

 



[1] Quando deixamos de entender o mundo  - leiam, pois, é muito interessante e instigador - Protagonizado não somente por cientistas famosos como Einstein e Schrödinger, mas também por figuras menos conhecidas e igualmente fascinantes, o livro é uma investigação literária sobre homens cientistas que atingiram o “ponto de não retorno” do pensamento e nos revelaram em alguma medida o “núcleo escuro no centro das coisas”.

Equação de Schrödinger. Na mecânica quântica, a equação de Schrödinger é uma equação diferencial parcial linear que descreve como o estado quântico de um sistema físico muda com o tempo. Foi formulada no final de 1925, e publicada em 1926, por este físico austríaco

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