segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

30 anos da queda do Muro de Berlim - por Roberto Rufo e Silva


Trinta anos da queda do Muro de Berlim.

"Sem o livre-arbítrio o homem não tem nem demérito no mal, nem mérito no bem, e isso é igualmente reconhecido no mundo, onde se proporciona sempre a censura ou o elogio à intenção, quer dizer à vontade. Ora, quem diz vontade, diz liberdade". (Allan Kardec em "Resumo Teórico da Motivação das Ações do Homem").

                          
Há exatos 30 anos, mais especificamente no dia 09 de novembro de 1989, caiu fragorosamente um dos símbolos mais marcantes da Guerra Fria, o Muro de Berlim sem precisar de nenhuma revolução sangrenta. Com a crise econômica do sistema de produção marxista-leninista, os países do Leste Europeu subjugados ao mando da falecida União Soviética desmoronaram como um castelo de areia.

Na pergunta 837 do Livro dos Espíritos kardec indaga justamente sobre qual o resultado dos entraves postos à liberdade de consciência? Poderíamos acrescentar ao direito de ir e vir representado pelo Muro de Berlim.

Os espíritos respondem que os entraves podem constranger os homens a agirem de modo contrário do que pensam, torná-los hipócritas. A liberdade de consciência é um caractere da verdadeira civilização e do progresso.

O muro separou o destino de milhões de pessoas, acarretando sofrimentos incríveis diante daquela brutalidade. É bom que se lembre que o muro foi construído pela Alemanha Oriental comunista, com apoio da União Soviética. Por ironia o país se chamava RDA - República Democrática Alemã, a atestar que o substantivo democracia era apenas uma falácia ideológica.

Como em outras partes do mundo, a extrema direita ronda os países do Leste Europeu, em países da antiga Cortina de Ferro, e não poderia ser diferente no que era antigamente a Alemanha Oriental, onde a população apresenta uma insatisfação e frustração com a pouca prosperidade em relação aos alemães ricos da antiga Alemanha Ocidental. Na reunificação era conhecida a lacuna educacional entre as duas Alemanhas, a diferença de aptidões era enorme. Passados 30 anos, das 500 maiores empresas da Alemanha, 423 ficam na antigamente chamada Alemanha Ocidental. E com isso vem a inevitável pergunta: de que adianta a democracia se os frutos do trabalho são para poucos? 

Kardec na pergunta 831 indaga aos espíritos se a desigualdade natural de aptidões não coloca certas raças humanas sob dependência de raças mais inteligentes?  Sim, para as erguer e não para as embrutecer ainda mais pela subjugação. O governo alemão fez vários esforços nesse sentido, mas parece que foram insuficientes. A importante queda do muro de Berlim trouxe a esperança num país unido e acolhedor, sem cidadãos de segunda classe.

Tenho certeza de que em nome de um mundo livre de ideologias totalitárias saberemos conduzir, com a nossa querida Doutrina Espírita a nos subsidiar, a nossa proposta de que " cabe à educação combater as más tendências e ela o fará quando estiver baseada na natureza moral do homem" nos ensina Allan Kardec. 

O jornalista  Hélio Gurovitz escreveu com muita propriedade: "como todo o Leste da Europa, o território da antiga Alemanha Oriental se tornou terreno fértil para a xenofobia, onde o nacional-populismo floresce no solo arado pelo comunismo. Berlim não. Dividida ao meio por 28 anos, reunificada há 30 anos, voltou a ser metrópole cosmopolita de Albert Einstein e Bertolt Brecht. Traz nos destroços do nazismo e do comunismo, a lição mais necessária para o mundo de hoje: nenhum muro contém a força da liberdade ". O Espiritismo humanista assinaria embaixo. Chega de populismos inúteis.  Como escreveu Friedrich Nietzsche "as convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras ".  

Roberto Rufo.

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

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quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Onde Vamos? por Alexandre Cardia Machado


Onde vamos?

O mês de novembro nos trouxe algumas boas notícias no movimento espírita livre-pensador nas terras brasileiras e países vizinhos.  Tivemos a realização do I Fórum do Livre Pensar em São Paulo que acabou por ocorrer mais ou menos na mesma época em que antes realizávamos o SBPE, com características muito diferentes é claro, mas igualmente importante e produtivo.

Houve também uma iniciativa interessante de um grupo de espíritas brasileiros e argentinos que foram ao Uruguai e realizaram o Primeiro Encontro Espírita Uruguaio – Brasileiro.

O momento me inspirou a buscar alguns pensamentos de Ciro Pirondi que vou me apropriar.  Ciro escreveu logo após a desencarnação de Jaci Régis um texto afetivo e profundo sobre algumas de suas características, ao artigo denominou de – Jaci, Construtor de Barcos - que está disponível no Blog do ICKS. O texto foi originalmente publicado no Jornal ABERTURA de Janeiro - Fevereiro de 2011.

Fui buscar neste artigo a perspectiva de Ciro da importância da liderança, do sentido de direção que dirigentes espíritas precisam ter para manter os militantes focados no que realmente interessa. Assim se referia Pirondi:

“Jaci tem o sentido da direção, percepção dada a poucos. Uma espécie de norte interior.

“Esta clareza vezes é confundida com rigidez e intolerância. Nada mais normal para um dos maiores pensadores espíritas de vanguarda do século XX. Nos anos setenta (do século passado) o pensamento espírita estava estagnado. Alguns poucos – Herculano Pires, Deolindo Amorim – tentavam uma teoria filosófica para conciliar religião e ciência; revelações mediúnicas e pensamento crítico. Sem a metodologia acadêmica, natural dos dois outros grandes filósofos, Jaci chega com textos claros, diretos: fala da família, do casamento, de sexo e dos problemas cotidianos.

“Como um construtor de barco, sábio de seu ofício, mas cujo objetivo maior não é a construção da nau, mas a viagem, o processo no tempo, que ela proporciona: novas paisagens, outros hábitos, novos afetos, um olhar mais sensível e tolerante.”

Precisamos urgentemente definir que viagens faremos no ano 2020 e com que recursos.
Teremos uma grande oportunidade com a realização do XXIII Congresso Espírita da CEPA Internacional que será realizado em Salou na Catalunha, Espanha. Evento que tem como tema central: O Espiritismo ante os desafios humanos. E porque não - O espiritismo ante os desafios internos, pois temos problemas estruturais.

Nossa opção na CEPA é de não sermos formalmente ligados, funcionamos como grupos orgânicos com existência independente. Este modelo de grupos orgânicos por ser leve, é fácil de levar, como um barco pequeno muito manobrável. Mas como cada grupo, ou centro é totalmente independente, tende a cuidar de seus problemas locais que lhes parecem muito mais importantes do que trabalhar para coordenar ações nacionais e internacionais. 
Como boa convivência, isto funciona, mas é pouco produtivo, no sentido mais amplo de penetração de ideias e ações coordenadas. Precisamos de barcos maiores. Quem sabe deste congresso de 2020 possam sair alternativas efetivas de trabalho coordenado e que nos concentremos no que pode ser feito para superamos os desafios e aumentar a nosso impacto na sociedade.

Isto só será possível com interação, muita ação e comprometimento. Quando um movimento é ágil. Os espaços são ocupados.

Temos muitos construtores de barcos em nosso grupo, nos falta um censo de navegação conjunta, como se fossemos fazer uma navegação de longo curso, fazemos uma viagem aqui, outra ali, ... navegar é preciso ... já dizia Fernando Pessoa mas o que buscamos é a construção de um navio capaz de nos levar em uma travessia segura, que garanta a troca de ideias e que agregue todos os segmentos do livre pensar espírita. Se isto ocorrer estaremos dando os passos certos para o sucesso que buscamos.

Esta matéria saiu no Jornal Abertura de dezembro - quer ler clique abaixo:



Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

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