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terça-feira, 12 de novembro de 2024

Jornal Abertura de novembro de 2024 está disponível

 

                    Jornal Abertura de novembro de 2024 está disponível

                                                            Baixe Aqui!!

https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/42-jornal-abertura-2024?download=328:jornal-abertura-novembro-de-2024

                                                               Nesta Edição:

* Quatro páginas de cobertura da homenagem do CPDoc, ICKS, CEPABrasil e CEAK de Santos ao colaborador do Abertura e escritor Eugenio Lara, desencarnado em 2024.

* Ecos do 24° Congresso da CEPA em Porto Rico - final

* Cláudia Régis Machado - Pensando a Vida - O que você faz com uma ideia.

* ICKS fez 25 anos -e Quem ganha presente são vocês!

* Alexandre Cardia Machado - Abrindo a Mente - Estudo indica que cães estão evoluindo.

* Roberto Rufo - Fato Espírita - Aristóteles, precursor do Espiritismo laico.

* Milton Medran - Opinião em Tópicos - No trem.

* Notas dos Leitores, Notícias e apoiadores Culturais do ABERTURA.

*Nossa Livraria virtual - onde você pode adiquirir os livros da Editoria ICKS e de outras editoras amigas, além das obras básicas.

* ICKS - Séria Gratuita de livros em pdf - Baixe lá!

* Ricardo M. Nunes - Utopias e Possibilidades - Democracia: uma utopia ainda a ser alcançada.

* Memórias Inesquecíveis - Jaci e Chico anos 70 e um pouco de muitos de nós!


terça-feira, 16 de julho de 2024

Eugenio Lara nos deixa em junho de 2024 - da redação

 

Eugenio Lara nos deixa em junho de 2024

   Foto - Eugenio Lara

Desencarna Eugenio Lara aos 61 anos.

    Difícil perder um companheiro tão inteligente, um pesquisador de primeira linha, tão cedo, com apenas 61 anos. Eugenio faz parte deste jornal Abertura, desde o primeiro número.

 


Cláudia e eu fomos ao velório, conversei com o seu irmão Vicente Lara, Eugenio teve problemas relacionados com o fígado seguido de anemia muito forte. Aos poucos foi complicando resultando em falência múltipla dos órgãos. Alguns dias antes da desencarnação ele falou ao irmão, já com alguma confusão mental que estava sendo tratado pelos irmãos espirituais. Temos certeza de que sim e ele também tinha.

    Eugenio tem uma relação profunda com o ICKS, este relacionamento é bem anterior à própria criação de nosso instituto. Eugenio era responsável pela diagramação dos jornais Espiritismo e Unificação em seus últimos anos e do sucessor Jornal de Cultura Espírita – Abertura. Onde militou por cerca de 10 anos.



Jornal Abertura-maio de 1998 – Eugenio Lara estava no Conselho de Redação e Diagramação e Composição Gráfica

Transcrevo aqui o que entre tantos outros que o homenagearam no WhatsApp da  CEPABrasil, o que escreveu Ademar Chioro:

” Estou triste e muito mexido com a notícia. Eugenio Lara é um querido amigo, com quem convivi intensamente desde a juventude. Foi um líder desde o movimento de mocidades espíritas. Um intelectual espírita, laico, livre-pensador, humanista (seu livro é uma pérola), progressista Arquiteto de formação, jornalista e designer gráfico por gosto e por competência. Produziu muito, e acho o site PENSE, em coautoria com José  Rodrigues, uma das suas mais importantes contribuições.

FOTO - Eugenio e Ademar participando de um painel no SBPE

Escrevia muito. Polemista. Irônico e provocador. Eu o chamava carinhosamente de o “Massaranduba” do espiritismo.

Parte muito precocemente. Vai fazer uma falta imensa. Na primeira fila será recepcionado por Jaci Regis e José Rodrigues. Parte um apaixonado pelo espiritismo. Um autêntico livre-pensador espírita.

Parte o primeiro dos fundadores e um dos mais ativos membros do CPDoc, ainda que andasse meio sumido nos últimos tempos.

Meu abraço amoroso, Eugenio. Até breve!!”

SBPEs

Eugenio participou de todas as edições do Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita, ele as vezes nem se inscrevia, mas aparecia por lá, adorava uma resenha, ficar próximo ao cafezinho discutindo o espiritismo.

Foto - Eugenio, Ivon Régis, Nazareth e Antonio Ventura em frente à sede do ICKS

Apresentou muitos trabalhos que terminavam em livros publicados ou em formato de ebook.

O ICKS está buscando textos publicados no Abertura e disponibilizando no blog do ICKS - https://icksantos.blogspot.com/; para consultar basta ir a MARCADORES e selecionar Artigos de Eugenio Lara.

Veja abaixo:



Numa das últimas vezes que conversamos pessoalmente, Eugenio disse que sentia falta dos artigos de folego, ou seja, aqueles artigos de duas páginas, as centrais, ainda no tempo do Abertura em papel jornal e formato tradicional.

Bem, esta despedida ocupa duas páginas, uma homenagem a ele, pela sua dedicação ao estudo e pesquisa do espiritismo. Ele era extremamente Kardecista. Vamos sentir muita falta deste nosso amigo.

Alexandre Cardia Machado


Artigo publicado no Jornal ABERTURA de julho de 2024.
Quer ler o jornal completo:



 

 

segunda-feira, 10 de junho de 2024

Fato Espíria - Inteligência e Simplicidade por Eugenio Lara

Fato Espíria - Inteligência e Simplicidade

Eugenio Lara

NR: uma homenagem a Eugenio Lara

Há pessoas que são espíritas sem que tenham consciência disso. Pensam, sentem e vivenciam ideias e valores que muitos militantes espíritas “velhos de guerra” nem imaginam como fazê-lo, mergulhados que estão em seu próprio egoísmo. Normalmente, esse fenômeno acontece e mostra-se com mais evidência em pessoas que não tiveram, na atual existência, a oportunidade de se instruir, de aprimorar a inteligência através do estudo.



No processo evolutivo, o homem humilde, mas de bom coração, que não teve acesso ao estudo nessa vida, pode estar bem mais perto da perfeição relativa do que o sujeito extremamente intelectualizado, com um quociente de inteligência (Q.I.) altíssimo, mas que se mostra insensível e fechado em si mesmo, quando se trata de abrir seu coração para o outro.

Realmente, o Espiritismo é bem esclarecedor nesse aspecto. Afirmam os espíritos que “o homem simples, mas sincero, está mais adiantado no caminho de Deus do que aquele que aparenta o que não é.” (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, q. 828-a). A arrogância, o despeito e a vaidade tomam conta de suas atitudes, de seu comportamento que, visto sob o ponto de vista moral, mostra-se ridículo e patético. É o que Deolindo Amorim (1906-1984) chama de falsa cultura: “é exibicionista, mas a verdadeira cultura é temperada pela humildade, sem exagero, sem atitudes impressionantes.” (Evangelho e Cultura, em Ideias e Reminiscências Espíritas, Ed. Inst. Maria)

Todas as pompas e trejeitos sofisticados não fazem do homem culto e intelectualizado um verdadeiro homem de bem. Isso não significa, contudo, que devido a esse fato, tenhamos de valorizar a ignorância em detrimento do desenvolvimento intelectual. Como diz Deolindo Amorim no mesmo artigo citado: “ao invés de provocar o orgulho ou a empáfia, como tantas e tantas vezes se diz, a verdadeira cultura cria condições íntimas para a humildade, mas a humildade raciocinada e não a humildade convencional, que encobre a presunção recalcada”.

O Espiritismo nos ensina que o progresso intelectual é incessante, permanente e antecede ao progresso moral. É que o desenvolvimento da inteligência, da razão, abre portas para o desenvolvimento moral. Através do livre-arbítrio o ser humano delibera, exercita seu intelecto e cria situações, dilemas, promove conflitos que exigem decisões, definindo assim caminhos e escolhas morais.

Sem inteligência não há razão. E sem raciocínio não há livre-arbítrio. Não dá para pensar em ética, moral e valores sem a existência do livre-arbítrio. Não há o bem, nem o mal. Haveria apenas um ser que age sem consciência moral, ou o que é pior, age imaginando que está agindo com consciência, mas que, na prática, age como um animal, ainda mergulhado no estado natural.

Na verdade, os maiores obstáculos ao pleno desenvolvimento intelecto-moral são o egoísmo e a vaidade. Enquanto o sujeito permanecer bem no alto do pedestal de sua arrogância, não perceberá o quanto ainda tem que aprender. A sensação de superioridade intelectual ofusca a necessidade interna de progresso. É o sabe-tudo, o metido a sabichão, que não percebe o quanto ainda terá de caminhar para ser considerado um homem sábio.

A propósito, o exemplo do grande filósofo grego Sócrates (469 a.C. - 399 a.C) vem bem a calhar. Quando seu amigo Querefonte disse-lhe que para o Oráculo de Delfos, ele era o homem mais sábio de Atenas, mostrou-se surpreso: “Como posso ser o homem mais sábio de Atenas quando sei tão pouco?” Ao invés de se sentir o “special man”, o “number one” e tirar proveito disso, apenas dizia: “só sei que nada sei”. Essa atitude de humildade, oriunda do autoconhecimento, levou o grande filósofo a um permanente questionamento, à incessante busca da verdade, a se colocar sempre à disposição para debater suas ideias.

Deolindo Amorim tem, portanto, toda a razão quando afirma que “quanto mais culta é a criatura humana, mais humilde ela se torna, porque sabe, e não é mais necessário que alguém lhe diga, que o legítimo conhecimento só tem proveito para o espírito quando não se deixa influenciar pela vaidade, pela arrogância, pelo egoísmo”.

 

Eugenio Lara, arquiteto e designer gráfico e autor do livro Breve Ensaio Sobre o Humanismo Espírita.

Artigo publicado em setembro de 2013 no Jornal Abertura

sexta-feira, 7 de junho de 2024

Encanto, Desencanto e Inquietude - por Eugenio Lara

                             Encanto, Desencanto e Inquietude

 

Eugenio Lara

Nota da redação: Eugenio volta ao mundo dos Espíritos neste 7 de junho de 2024

 



De vez em quando surge em mim, de modo insidioso, um certo sentimento de desinteresse pelo Espiritismo, dentre outras coisas da vida. E sempre fico a me perguntar se é algo passageiro ou permanente, ainda que, no caso, tal sentimento carregue consigo uma razoável dose de desencanto.

Sim, desencanto, talvez seja essa a palavra mais exata, no momento, para definir o que há muito tempo sinto em relação ao Espiritismo. Não chega a ser decepção. Mas, do desencantamento à desilusão, à decepção é um pulo, um mero suspiro.

Todavia, a decepção pode permear os sentidos, o pensamento. Fico então a me perguntar, de modo metafórico: eu falhei com o Espiritismo ou foi o Espiritismo que falhou comigo?

Falsa questão, mas que, em termos poéticos, simbólicos, traduz um certo sentido.

Afinal, que é o Espiritismo senão um movimento social formado por pessoas, por seres humanos encarnados e desencarnados que te inserem numa situação natural de (con)vivência e vicissitude moral, interpessoal?

Por melhor que seja, nenhum ideário jamais será o suficiente para se moldar um laço duradouro, um elo, unir determinado grupo apenas pela comunhão de princípios e objetivos. Há fatores emocionais envolvidos que sempre devem ser considerados. Boas ideias com pessoas sem boa vontade, ambiciosas e de mau caráter não dão certo, não florescem, ainda que estas pessoas sejam aparentemente eficientes no que fazem. É a tal da figueira estéril da parábola evangélica.

Por conta disso, a decepção pode estar sempre presente, como a Espada de Dâmocles sobre nossa cabeça. Porém, há algo que se sobrepõe a tal circunstância: a ternura e a convicção.

Minha inserção no Espiritismo não perdura por fatores interpessoais, mas, sobretudo, por uma forte convicção filosófica, firmada em um tempo de estudo, experiência e leitura, difícil de se mensurar. Não foi da noite pro dia. Isso não significa que não possa sofrer turbulências e abalos sísmicos. Enquanto que a ternura pelo Espiritismo ainda é a mesma, desde o início, como aquele amor à primeira vista, sincero e inocente, que nunca será esquecido, mas que um dia pode acabar, como a paixão fugaz, passageira.

O desencanto é passageiro, fugidio, tanto quanto o próprio encanto, que se não for controlado, trabalhado pode redundar no fanatismo, em posturas fundamentalistas, dogmáticas e sectárias. O encanto desmedido, quando desmorona e se desvanece, quase sempre vira desilusão.

Porque o que sobra mesmo é o senso de dever, o profundo sentir, a paixão permanente, mesmo que adormecida. Pelas ideias. Por um ideal. Por uma forma de ser e estar no mundo que seja ao mesmo tempo livre e sensata, na busca da plenitude inalcançável, ainda que possível, porque o Espiritismo é também uma utopia.

“Lógica, razão e bom senso”, o pálio trinário de Allan Kardec, era sua bússola, a Pedra de Toque. Como os povos celtas, ele gostava do número três: “Trabalho, Solidariedade e Tolerância” também foi seu lema. Sob o ponto de vista intelectual e ético, a referência kardequiana ainda é o melhor antídoto contra qualquer tipo de desencanto, desânimo, de distorção doutrinária ou traição aos princípios nucleares da Filosofia Espírita.

Raramente escrevo em primeira pessoa, no entanto, creio que o momento exige, por isso compartilho com os leitores deste Opinião minha relação aparentemente conflitante e angustiada com a filosofia espírita. A angústia aí é aquele sentimento de algo inacabado, não conhecido. Não se trata daquela ansiedade pueril, incômoda e desagradável, mas, antes de tudo, de uma sinistra inquietude, que o Espiritismo provoca em nós de modo permanente, na medida em que nele adentramos.

Essa inquietude pode e deve ser o motor de propulsão, o estímulo permanente no manejo da ideia espírita, nem sempre tratada pelos próprios espíritas com o devido respeito, seriedade e profundidade que ela exige e merece.

Olho: O que sobra mesmo é o senso de dever, o profundo sentir, a paixão permanente, mesmo que adormecida. Pelas ideias. Por um ideal. Por uma forma de ser e estar no mundo. O Espiritismo é também uma utopia.

 

Eugenio Lara, arquiteto e designer gráfico, é membro-fundador do Centro de Pesquisa e Documentação Espírita (CPDoc) e autor, dentre outros livros, de Breve Ensaio Sobre o Humanismo Espírita - este artigo foi enviado em 2018 aoRedator do jornal Opiniãodo CCEPA e não foi publicado. Milton Medran disonibilizou nesta data 7/06/2024.
Milton Medran, esclarece as razões de não publicar, pois sendo o jornal Opinião um órgão de divulgação da Doutrina Espírita este "desabafo" que poderia ser temporário, não devia ser publicado naquele momento. " Mas acho que a refexão é totalmente apropriada para ser inseriada neste grupo de Whatssap, de pensadores maduros". 
NR: Como nosso blog só é acessado por pessoas que tem maturidade acreditamos que esta"despedida" deveria ser publicada.






sexta-feira, 18 de maio de 2018

Jaci Regis - O Homem e o Humanista - por Eugenio Lara


Jaci Regis
O Homem e o Humanista
Adaptado do texto do autor publicado no site Pense



Eugenio Lara

A primeira vez que tomei contato com o amigo e companheiro Jaci Regis foi no início de 1980, aos 17 anos. Acabara de voltar a São Vicente, vindo de São José do Rio Preto-SP, para cursar arquitetura na UniSantos. Faziam quase dois anos que eu havia me tornado espírita.


Foto do lançamento do Livro - Novo Pensar 

Vim de Rio Preto cheio de ideias, de projetos. Retornei a minha querida cidade natal com o sonho de criar um grupo semelhante ao Instituto de Cultura Espírita do Brasil, fundado pelo grande escritor espírita Deolindo Amorim; de escrever, de divulgar a cultura espírita, profunda, abrangente, transformadora, como havia aprendido com o mestre Herculano Pires. Era um sonho muito distante, remoto, quase impossível, desses que a gente nunca imagina que possa efetivamente realizar.

Inscrevi-me no Clube do Livro Espírita de São Vicente, vinculado à União Intermunicipal Espírita de São Vicente e dirigido pela Dicesp, editora espírita fundada pelo Jaci e pelo José Rodrigues.
O segundo livro que recebi foi Amor, Casamento & Família, a obra mais conhecida do Jaci. Olhei e estranhei ao ver que o livro não era psicografado. Quando comecei a ler, logo percebi uma linguagem semelhante a que via nos livros do Herculano Pires e do Deolindo Amorim, com um sabor maior de contemporaneidade, uma linguagem atual e um estilo fluente, cativante. Fiquei impressionado com o conteúdo do livro e curioso para conhecer o autor.

O contato pessoal se deu no final daquele ano, em um encontro de jovens espíritas promovido pela Comunidade Assistencial Espírita Lar Veneranda. Foram momentos marcantes em um domingo ensolarado. Neste dia assisti a uma palestra sua e o conheci pessoalmente. Senti uma emoção muito grande. Nunca havia conhecido pessoalmente o autor de um livro, ainda mais um livro espírita de tão profundo conteúdo e arrojados pensamentos. Após o almoço, ele estava sentado numa cadeira observando a movimentação do ambiente. Fui até ele, me apresentei e falei o quanto eu havia gostado de seu livro. Agradeceu os elogios ao seu trabalho e disse-me que estava para lançar um novo livro, Comportamento Espírita, no início de 1981. Outra obra sua que li com avidez, assim como todos os seus livros posteriores e seu primeiro livro, em parceria com Marlene Nobre e Nancy Pullmann, A Mulher na Dimensão Espírita.

Nesse meio tempo tive a oportunidade de conhecer o periódico santista Espiritismo & Unificação, editado pela Dicesp. Foi total a identificação. Era exatamente o que eu pensava. Ele era editado pelo Jaci e o redator, José Rodrigues, uma dupla formidável. Vi que não estava sozinho. Centenas de companheiros de vários outros lugares do Brasil e fora dele comungavam dos mesmos ideais, da mesma visão e concepção de um Espiritismo cultural, dinâmico e orientado pelo genuíno pensamento de Allan Kardec.

Desde então, até o Jaci desencarnar hoje, de manhã, nesta segunda-feira, 13 de dezembro de 2010, nunca perdemos contato. Não pude me despedir pessoalmente pois ele estava na UTI, muito bem amparado pelos familiares. Infelizmente não resistiu e veio a falecer. Foi um homem que deixou sua marca, profunda, no Espiritismo e nos espíritas predispostos a assumir uma mentalidade mais progressista, aberta ao novo, sem perder as raízes do pensamento kardequiano.

Tive o grande prazer de trabalhar por quase 20 anos ao lado dele. Com os conflitos doutrinários na USE, o Espiritismo & Unificação, que passei a diagramar, foi sucedido pelo Abertura (1987), agora editado pelo Lar Veneranda, através da Livraria Cultural Espírita Editora, Licespe. Nesta época eu era o presidente do Conselho Regional Espírita e acompanhei de perto todo o conflito ocorrido em Santos e em vários lugares do País.

Lembro que fiz o projeto gráfico da noite para o dia, varando a noite, porque o Jaci continuava tocando o jornal, agora com outro nome, do mesmo jeito de antes, com o mesmo dinamismo, inclusive com a mesma diagramação. Ele editava e também diagramava, função esta que eu já estava desempenhando. E jornal não para. Terminada uma edição, outra já entra em andamento. Com o afastamento do José Rodrigues, por motivos pessoais e doutrinários, fui assumindo a redação, diagramação e fechamento do jornal.

O grau de confiança e de respeito, o clima democrático que foi se desenvolvendo entre nós era tão grande que ele me enviava o jornal em estado bruto, muitas vezes sem a manchete, as chamadas, somente com o editorial e seu texto da página três. Mas sempre o respeitei como pessoa e como editor. Procurava sempre consultá-lo e o avisava de alguma mudança editorial que eu julgasse necessária.

Eventualmente nos encontrávamos no Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita, evento criado por ele, no Instituto Cultural Kardecista de Santos, onde era fundador e presidente, entidade que eu ajudei a fundar em seu início. O Jaci queria que fosse somente Instituto Kardecista. Debatemos o assunto e propus o nome acrescido da palavra cultura. E ficou cultural por ser mais abrangente e não se restringir somente à cultura kardecista. E, de Santos, por aventar a possibilidade de que pudessem surgir institutos em várias cidades outras do país e do exterior. Ele ouviu os argumentos e decidiu pelo nome atual.

A primeira atividade do ICKS tive a honra de organizar: uma conferência sobre Ecologia, Meio Ambiente e Espiritismo, com o companheiro colombiano radicado no Brasil, Orlando Villarraga. Como o ICKS não estava ainda com suas instalações prontas, promovemos o evento no Centro Espírita Allan Kardec, de Santos, entidade da qual participo até hoje, cujo membro-fundador mais dinâmico e atuante fora o Jaci, desde os tempos da Mocidade Espírita Estudantes da Verdade, do qual foi presidente, assim como do centro.

Liberdade, respeito e confiança eram parte integrante de nosso trabalho doutrinário. Fui visitá-lo várias vezes e sempre fomos recebidos, eu e minha falecida esposa, com muito carinho e atenção por ele e sua inseparável companheira, Palmyra Regis. Era mais uma oportunidade de ficarmos trocando ideias sobre os mais variados assuntos, mas sempre orientados pela paixão em relação à obra de Allan Kardec e à personalidade que ele foi.
A partir de 2001 passei a dividir essas e outras tarefas doutrinárias com o site PENSE - Pensamento Social Espírita, fundado e editado em parceria com o companheiro José Rodrigues, recentemente desencarnado, em fevereiro deste ano. Até ao ponto em que decidi me afastar do Abertura para me concentrar no site e outros trabalhos doutrinários.

Muitos companheiros de minha geração me perguntavam: “como você consegue trabalhar com o Jaci?” Eu respondia tranquilamente, sem me incomodar: “nosso trabalho é realizado como se fôssemos profissionais, como se fosse um trabalho profissional, apesar de ser voluntário e totalmente doutrinário. Procuramos ser eficientes no que fazemos, apenas isso”.

O Jaci sempre teve fama de ser centralizador, exigente ao extremo, muito duro e seco, enérgico, grosseiro. Mas ao mesmo tempo era bem-humorado, jocoso, carismático e um exemplo de dinamismo, de trabalho, de perseverança, como se fosse uma força da natureza. De fato, ele era tudo isso. E mais, não tolerava corpo mole, ineficiência, incompetência. Não deixava barato, não poupava palavras, era duro mesmo, mas sem ser mal-educado. Ele não falava palavrão. Nunca ouvi dele alguma palavra de baixo calão.

Adorava vê-lo falar. Sempre fui um jacista de quatro costados, mas sem perder de vista suas contradições, sem deixar de contestá-lo quando julgava necessário. Suas palestras sempre traziam pontos polêmicos, criticidade, bom humor. Um debatedor implacável. Era muito difícil debater com ele.

O jornal Espiritismo & Unificação foi um dos poucos que manteve suas portas abertas para determinados movimentos de contestação como o MUE - Movimento Universitário Espírita, caracterizado por propostas que visavam uma correlação do Espiritismo com o Marxismo, com um discurso de esquerda, fundamentado em autores como Manuel S. Porteiro, Humberto Mariotti e Herculano Pires. Mariotti chamava esse grupo, carinhosamente, de esquerda kardeciana. Foi o periódico espírita que mais promoveu o trabalho realizado pela Confederação Espírita Pan-Americana (CEPA), bem antes da penetração mais acentuada de seus quadros e princípios no Brasil, a partir da gestão do escritor espírita venezuelano Jon Aizpúrua, nos anos 90.

Não é exagero afirmar que Jaci Regis foi um dos maiores pensadores espíritas de todos os tempos. Sua produção doutrinária nos livros e em jornal, nos ensaios e conferências, demonstram esse fato. Rompeu com a ortodoxia espírita, com o sectarismo da pureza doutrinária e propôs uma releitura da obra de Allan Kardec, situando-a na contemporaneidade, apontando rumos para o futuro do Espiritismo. Depois dele, o Espiritismo nunca mais seria o mesmo. Seu discurso radical e apaixonado pelo pensamento kardequiano representou um divisor de águas, como se estivéssemos numa encruzilhada.

A proposta de discussão de um novo modelo epistemológico para o Espiritismo, um de seus projetos derradeiros, enviada à Confederação Espírita Pan-Americana (CEPA), é fruto também de sua ousadia. A CEPA se recusou a discutir o projeto, oficialmente. Mas resultou numa carta de princípios da CEPA-Brasil, mostrando seu claro posicionamento em relação ao caráter e a identidade do Espiritismo, a partir do projeto enviado por ele, dentre outras contribuições.

Para ele o Espiritismo é a ciência da alma, uma ciência humana. O que reafirma ainda mais Jaci Regis como um humanista, não somente no sentido da ilustração, da cultura, mas em sua dimensão sensível, subjetiva, empreendedora, humana. A beleza e eficiência da Comunidade Assistencial Espírita Lar Veneranda, hoje um exemplo de promoção social e educativa, por mais de 30 anos foi por ele dirigida. Toda a obra assistencial e educativa do Lar Veneranda tem a marca de seu espírito empreendedor.

Eugenio Lara
13 de dezembro de 2010.
Publicado no jornal Abertura de Jan/ fev 2013, logo após a desencarnação de Jaci Régis

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Kardec e os desertores - por Eugenio Lara

KARDEC E OS DESERTORES, por Eugenio Lara

Nota do Redator: Destacamos neste mês o trabalho apresentado por Eugenio Lara, em 2013 no 13° Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita, Lara ressalta a dificuldade de manter alinhadas as diversas personalidades que participaram da construção do Espiritismo.

Daremos ênfase a dois sub-capítulos, esperamos capturar o sua atenção e para a leitura do trabalho completo é só visitar o blog do ICKS. Fiquem com Eugenio Lara


***
Nos últimos escritos de Allan Kardec, podemos observar sua preocu-pação para com os rumos do Espiritismo, com os desertores, com as divi-sões que o incomodavam. Segundo ele: “Se todas as grandes ideias tiveram apóstolos fervorosos e devotados, mesmo nas melhores tiveram desertores. Não poderia o Espiritismo escapar às consequências da fraqueza humana”. (Os Desertores, em Obras Póstumas). Neste texto, o fundador do Espiritismo desenvolve interessante caracterização dos vários tipos de desertores:

1. Os primeiros desertores consideravam o Espiritismo apenas como divertimento, passatempo, distração social. No século 19, com o modismo das mesas girantes ou dançantes, o Espiritismo como fenômeno ocupava o tempo da elite nos salões parisienses, atraindo a curiosidade e o interesse pelo oculto. No entanto, quando essas mesmas pessoas viram que o Espiritismo era algo sério e não simples objeto de entretenimento, se afastaram.

2. Na segunda categoria se inserem os que viam no Espiritismo uma forma de ganho pessoal, um negócio vantajoso. Seu desejo era obter dos espíritos informações que lhes desse algum tipo de benefício: ganhar na loteria, achar algum tesouro escondido etc. qualquer tipo de vantagem material, pecuniária. Porém, logo se afastaram quando perceberam que o Espiritismo emergia como ciência e filosofia, como uma doutrina séria, racional e, portanto, jamais se prestaria aos seus interesses frívolos. “É destes que se constitui a categoria mais numerosa dos desertores, mas vê-se perfeitamente que não se pode, conscienciosamente, qualificá-los de espíritas”, conclui Kardec.

3. A terceira categoria se caracteriza pela ação dos espíritas de contrabando (spirites de contrebande): “Pregam a união e semeiam a cisão; atiram ardilosamente à arena questões irritantes e ofensivas; excitam a rivalidade de preponderância entre os diferentes centros.” A única utilidade dessa categoria de desertores foi a experiência obtida: “Ensinaram o verdadeiro espírita a ser prudente, circunspeto e não se fiar nas aparências.”

4. E por último, aqueles espíritas que, por divergirem do Espiritismo, se afastaram e seguiram outro caminho. Allan Kardec os divide em dois tipos: a) Os que são guiados pela sinceridade e b) Os que são guiados pelo amor-próprio.

Os primeiros não podem ser considerados desertores porque têm o pleno direito de divergir e buscar outro caminho, pois são sinceros e guiados “pelo desejo de propagar a verdade”.
Quanto à segunda subcategoria, Kardec é bem claro e incisivo: “Seus esforços tendem unicamente para se porem em evidência e captarem a atenção pública, satisfazendo seu amor-próprio e seu interesse pessoal.”

O fundador do Espiritismo enfrentou todo tipo de desertor, desde o mais frívolo até o mais preparado. Essa categorização é fruto da experiência, de seu olhar perspicaz e observador, podendo inclusive ser aplicada na aná-lise do movimento espírita contemporâneo.

O caminho apontado por Kardec para a superação dos conflitos e da rivalidade entre grupos e pessoas é moral, ético: “Espíritas! Se quiserdes ser invencíveis, sede benevolentes e caritativos. O bem é uma couraça contra a qual sempre se anulam as manobras da malevolência.” E, para finalizar, não deixa de lado seu ufanismo e o otimismo exagerado ao ver o intenso desenvolvimento do Espiritismo num curto espaço de pouco mais de dez anos: “A vulgarização universal do Espiritismo é questão de tempo, e, neste século, o tempo caminha a passos de gigante, sob o impulso do progresso”.

Allan Kardec era um homem prático, empreendedor. Ele apontou um caminho moral, ético, mas não se limitou a esse discurso. Ciente da força filosófica do Espiritismo e de sua capacidade de penetrar no âmago das consciências, propôs o Projeto 1868. Publicado inicialmente na Revista Es-pírita (dezembro de 1868) e posteriormente ampliado, em Obras Póstumas, Kardec estabelece nesse texto parâmetros seguros a fim de que as inevitáveis cisões e deserções pudessem comprometer o futuro do Espiritismo, como veremos a seguir.

CHEFE COLETIVO

Allan Kardec tinha plena consciência de que as fraquezas humanas não poderiam ser ignoradas em se tratando do futuro do Espiritismo, tanto que elaborou o Projeto 1868 com a intenção de neutralizar sua ação insidiosa.

A fim de evitar dissidências, procurou dotar o Espiritismo de uma linguagem aberta, objetiva, que desse pouca margem a interpretações. Precisão e clareza foram dois critérios adotados por ele na elaboração de toda a Kardequiana: “Podem formar-se, paralelas à Doutrina, seitas que não adotem os seus princípios, ou todos os seus princípios, mas não dentro da Doutrina por questões de interpretação do texto, como se formaram tantas pelo sentido que deram às próprias palavras do Evangelho. É este um pri-meiro ponto, de importância capital”.

Manter-se no círculo das ideias práticas, deixando de lado teses utópicas que poderiam ser rejeitadas por homens positivos e abrir as portas doutrinárias ao progresso do conhecimento foram outros dois critérios bem definidos pelo fundador do Espiritismo.

Kardec propõe em detalhes a criação de um comitê central dirigente, gestor, encarregado de manter a unidade doutrinária e o caráter progressivo do Espiritismo, sempre sob a responsabilidade exclusiva dos encarnados: “Que os homens se contentem em ser assistidos e protegidos pelos bons Espíritos, mas não descarreguem sobre eles a responsabilidade que lhes cabe como encarnados”.

Esse comitê central teria suas ações controladas por assembleias ge-rais, congressos, a fim de desempenhar o papel de “chefe coletivo que nada pode sem o assentimento da maioria.” A proposta kardequiana fundamenta- se em ações de caráter democrático, sem esquemas hierarquizantes e centralizadoras.

O mais interessante de sua proposta é a relação libertária desse comitê central com os grupos espíritas, que funcionariam num esquema de au-togestão, de independência e liberdade de ação, como células autônomas, cada qual com sua forma peculiar de organização, porém fiel aos princípios doutrinários aceitos por todos, princípios estes que Kardec não pôde finalizar em razão de sua súbita desencarnação.


O profundo respeito à liberdade de pensamento, a tolerância e a alteridade não poderiam ficar de fora, fatores que nos conduzem ao respeito por todas as crenças: “Se estou com a razão, os outros acabarão por pensar como eu; se estou errado, acabarei por pensar como os outros. Em virtude desses princípios, não atirando pedras em ninguém, não dará pretexto a represálias e deixará aos dissidentes toda a responsabilidade de suas palavras e de seus atos”. 

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

O Livre-Arbítrio no Espiritismo - por Eugenio Lara

O Livre-Arbítrio no Espiritismo

Eugenio Lara

A existência do livre-arbítrio tem importância fundamental para a Filosofia Espírita porque toda sua ética, sua axiologia ou teoria de valores é baseada na ideia de liberdade, de livre-escolha. A base, o esteio da Ética Espírita é a liberdade. E liberdade, aplicada à ação do sujeito, pressupõe, segundo a Filosofia Espírita, o livre-arbítrio, sem o qual “o homem seria uma máquina”.
A Filosofia Espírita admite que há um determinismo natural, engendrado pela “força das coisas”, pelas leis naturais. Todavia, esse determinismo não anula o livre-arbítrio. O espirito é livre e responsável pelos seus atos. E mais, diz que nos atos da vida moral, jamais há fatalidade. A fatalidade somente existe no momento em que reencarnamos e desencarnamos: no nascimento e na morte:
“Não existe de fatal, na verdadeira acepção do vocábulo, senão o instante da morte. Quando ele chega, deste ou daquele modo, não podeis a ele fugir”. (O Livro dos Espíritos q. 852).
“A fatalidade não consiste senão na hora em que deveis aparecer e desaparecer daqui debaixo”. (LE q. 859).
“A fatalidade está nos acontecimentos que se apresentam, pois estes são a consequência da escolha da existência feita pelo Espírito. Pode não ser o resultado desses acontecimentos, pois pode o homem lhes modificar o curso por uma ação prudente. Jamais ela está nos atos da vida moral.” (LE - Resumo teórico do móvel das ações humanas).
Segundo a Filosofia Espírita, o livre-arbítrio se caracteriza da seguinte maneira:
1. É um atributo natural do princípio inteligente, do espírito, que molda a capacidade de pensar e de agir, sem o qual ele seria uma máquina desprovida de liberdade. Ser senhor de si mesmo é um direito que vem da Natureza. A liberdade é, portanto, um direito natural do princípio inteligente.
2. É evolutivo porque se desenvolve na medida em que o princípio inteligente progride. De início o livre-arbítrio é bastante rudimentar, instintivo, para se tornar pleno e integrado ao espírito em seu estágio hominal, quando este supera os primeiros patamares do progresso intelecto-moral.
3. É relativo porque depende das relações sociais, interpessoais, da cultura. A liberdade absoluta somente existe, teoricamente, para o eremita no deserto.
4. Depende das vicissitudes materiais para se manifestar. Quanto menos materialidade, maior a sua expressão e manifestação.
5. Tem um sentido profundamente moral, ético porque através do livre-arbítrio o ser humano toma decisões comportamentais que irão influir nos relacionamentos interpessoais, sociais. É a responsabilidade moral e social.
6. É compatível com o determinismo natural, porque não há fatalidade nos atos da vida moral. É como imaginar as correntes do mar que não impedem o nado livre dos peixes. Do mesmo modo, as correntes da vida natural e social não impedem que o espírito aja com liberdade.
A Filosofia Espírita acompanha os avanços da ciência, os fatos comprovados e admite os fatores ambientais, culturais, genéticos e psicológicos que influem nas decisões humanas. E ainda acrescenta mais alguns dados complicadores:
a.   A influência dos espíritos. Muitas vezes “são eles que nos dirigem”. Os processos obsessivos influem decisivamente no livre-arbítrio.
b.   A voz do instinto, um dado novo na obra kardequiana, porque representa todo um conjunto de vivências e experiências advindas de outras existências e que, de modo intuitivo, podem servir como orientação em decisões cruciais na vida do espírito reencarnado.
c.    O livre-arbítrio permite ao espírito configurar o gênero de vida, determinando desta forma o gênero de morte. Tal escolha está subordinada à capacidade intelecto-moral e psíquica do espírito reencarnante.
d.   A volição existe sempre, mesmo nos estágios inferiores do desenvolvimento intelecto-moral. Já o livre-arbítrio, desenvolve-se na medida em que o espírito vivencia a erraticidade, com um certo nível de consciência de si mesmo e do meio em que vive.
A partir desses pressupostos, pode-se inferir que todos os seres da natureza têm volição. O espírito puro, conforme a escala espírita, também é volitivo, todavia, por estar plenamente integrado às leis naturais, não possui livre-arbítrio, dada a inutilidade desse atributo natural, em função de seu avançado estágio evolutivo.

NR: Este artigo foi originalmente publicado na edição de dezembro de 2015 do Jornal ABERTURA.

Eugenio Lara, arquiteto e designer gráfico E-mail: eugenlara@hotmail.com

Os artigos desta coluna baseiam-se em estudos e pesquisas desenvolvidos pelo CPDoc.  www.cpdocespirita.com.br  -  contato@cdocespirita.com.br

terça-feira, 23 de abril de 2013

Minha Experiência no SBPE - Vida longa ao Simpósio! por Eugenio Lara

Minha Experiência no SBPE - Vida longa ao Simpósio! por Eugenio Lara

Santos foi palco de muitos eventos pioneiros, congressos, seminários, encontros os mais diversos. Muitos desses eventos foram promovidos com o apoio do movimento de unificação, até surgir, em meados dos anos 1980, a chamada questão religiosa, que dividiu de modo definitivo o movimento espírita. Amplos segmentos de espíritas de mentalidade não-religiosa e contrários à igrejificação do Espiritismo se afastaram ou foram expelidos “fraternalmente”. O movimento espírita brasileiro entra em crise, na busca de novos caminhos.


É nesse novo contexto que se delineia o projeto de um evento que pudesse reunir o amplo segmento de espíritas descontentes com os rumos do Espiritismo no Brasil. Sob a liderança e tirocínio do escritor espírita Jaci Regis (1932-2010), foi lançado o Simpósio Nacional do Pensamento Espírita (1989), que a partir de sua segunda edição, passou a ser denominado de Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita, realizado de dois em dois anos.

Se de início o Simpósio contou com expositores consagrados na exposição de temas e textos encomendados, a partir de sua segunda edição todo o temário passou a ser definido pelos próprios participantes. A apresentação livre de temas, de textos e ensaios, sem censura prévia, mostrou-se bem sucedida.

Ao contrário dos congressos espíritas tradicionais onde o público assiste passivamente a torneios de oratória, exposição de lideranças consagradas e temários fechados, o Simpósio se definia segundo a ação de seus próprios participantes, numa atitude ativa e decisiva na definição dos temas a serem apresentados. A troca de ideias, o livre-pensar, o debate intenso e respeitoso foi se consolidando com o tempo, transformando o Simpósio num dos eventos de maior sucesso no movimento espírita brasileiro, inclusive com a participação de espíritas de outros países.

Lembro-me com carinho das reuniões preparatórias do primeiro simpósio, muitas delas realizadas na casa de Jaci e Palmyra Regis. Tardes agradáveis, ao mesmo tempo em que batia forte o coração na expectativa de se estar criando algo novo que pudesse redundar em fracasso, num tremendo fiasco. Não foi o caso. O Simpósio é hoje um evento consolidado e um raro espaço para apresentação de reflexões e pesquisas espíritas, sempre acompanhado do contato fraterno, da amizade e da ternura que naturalmente envolve seus participantes.

Ter participado desse grande momento é para mim motivo de muito orgulho, ao ver de perto algo novo surgindo e se consolidando, resultado de muito trabalho e de muita perseverança. Pois é pela paixão, o amor ao Espiritismo, através do trabalho e de muita perseverança que o Simpósio prossegue. E não há como negar que o legado de Jaci Regis permanece vivo. Vida longa ao Simpósio!





Eugenio Lara, arquiteto e designer gráfico, é membro-fundador do CPDoc - Centro de Pesquisa e Documentação Espírita, editor do site PENSE - Pensamento Social Espírita e autor do livro Breve Ensaio Sobre o Humanismo Espírita. Publicou também em edição digital os seguintes livros: Racismo e Espiritismo, Milenarismo e Espiritismo, Amélie Boudet, uma Mulher de Verdade - Ensaio Biográfico, Conceito Espírita de Evolução e Os Quatro Espíritos de Kardec.

E-mail: eugenlara@hotmail.com

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Sobre o Pseudônimo de Rivail - Eugenio Lara

Artigo originalmente publicado no Jornal ABERTURA - Agosto de 2012

Deixe o seu comentário, qual teria sido afinal a orígem do nome Allan Kardec?


Sobre o Pseudônimo de Rivail - Eugenio Lara

Já perdi a conta das vezes que me perguntaram, durante a palestra em centros espíritas, sobre a origem do pseudônimo Allan Kardec, adotado pelo grande pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail (1804-1869) na assinatura de sua obra espírita. Teria sido mesmo ele um druida? Em que época viveu? Por que Rivail adotou esse estranho pseudônimo? Trata-se de um tema controverso, principalmente devido à carência de fontes fidedignas.


Nós, espíritas, aceitamos que Allan Kardec foi uma das encarnações de Rivail, mais pela tradição oral, pelo argumento de autoridade do que pela escrita. O primeiro biógrafo de Rivail, Henri Sausse (1851-1923), afirmou em uma conferência comemorativa da desencarnação de Kardec, em 1896, que o fundador do Espiritismo teria tido uma encarnação entre os celtas: “segundo lhe revelara o guia, ele tivera ao tempo dos Druidas.” Um detalhe: esse guia a que Sausse se refere é o Zéfiro (ou Zephyr), espírito protetor de Rivail.

Sausse não cita a fonte dessa informação e nem afirma que ele teria sido um druida. Muito provavelmente teve acesso a dados biográficos compartilhados por contemporâneos e amigos mais íntimos de Rivail, à sua correspondência e seus manuscritos, ainda intactos, mas que seriam em quase sua totalidade destruídos durante a II Guerra Mundial, quando os nazistas invadiram a França, ocuparam Paris e destruíram quase todo o legado kardequiano.

Todavia, Sausse não é a única fonte. Se formos confrontá-la com outras disponíveis, a compreensão torna-se mais obscura ainda, controversa, deixando o tema ainda em aberto.

A seguir, o leitor poderá apreciar um panorama das fontes existentes, de fontes primárias, apesar de contraditórias, que evitariam afirmações equivocadas e pouco fiéis acerca da origem do pseudônimo do fundador do Espiritismo.



HENRI SAUSSE

“Esse livro [O Livro dos Espíritos] era em formato grande, in-4, em duas colunas, uma para as perguntas e outra, em frente, para as respostas. No momento de publicá-lo, o autor ficou muito embaraçado em resolver como o assinaria, se com o seu nome — Denizard-Hippolyte-Léon Rivail, ou com um pseudônimo. Sendo o seu nome muito conhecido do mundo científico, em virtude dos seus trabalhos anteriores, e podendo originar uma confusão, talvez mesmo prejudicar o êxito do empreendimento, ele adotou o alvitre de o assinar com o nome de Allan Kardec que, segundo lhe revelara o guia, ele tivera ao tempo dos Druidas.”



“Assim, também, se deu a respeito do seu pseudônimo. Numerosas comunicações, procedentes dos mais diversos pontos, vieram reafirmar e corroborar a primeira comunicação obtida a esse respeito.”

(Biografia de Allan Kardec - FEB – Grifo meu).



CANUTO ABREU

“Uma noite veio o Professor com Madame RIVAIL. Nosso Guia os recebeu amistosamente, saudando o professor com estas palavras: — ‘Salve, caro Pontífice, três vezes salve!’. Lida, em voz alta, a saudação, todos rimos. Para nós, ZEPHYR estava pilheriando. Papai, então, explicou ao Professor o costume do Espírito Familiar apelidar quase todos os visitantes. O senhor RIVAIL não se agastou e respondeu ao Guia, sorrindo — ‘Minha bênção apostólica, prezado filho’. Nova risada geral. ZEPHYR, porém, respondeu ter feito uma saudação respeitosa, a um verdadeiro pontífice, pois RIVAIL havia sido, no tempo de Júlio CÉSAR, um chefe druídico.”



“— UMA NOITE, INESPERADAMENTE, disse-nos ZEPHYR: — Vocês irão brevemente para Paris. BAUDIN arrumará os seus negócios; Emile entrará na Escola Naval; Caroline e Julie tomarão professoras mais competentes e... encontrarão seus noivos; e eu, ZEPHYR, procurarei contato com um velho amigo e chefe desde o ‘nosso’ tempo de Druidas.” (O Livro dos Espíritos e Sua Tradição Histórica e Lendária - Ed. LFU – grifo meu).



LÉON DENIS

O continuador da obra kardequiana, Léon Denis (1846-1927), sustenta que Allan Kardec não teria encarnado como druida na Bretanha, mas sim na Escócia. O próprio Denis considerava-se um druida reencarnado, chamado por Arthur Conan Doyle de “O Druida de Lorena”:

“Foi nessas profundas fontes que Allan Kardec ilustrara seu espírito; foi com meios idênticos que ele viveu outrora. Não na Bretanha, talvez, mas antes na Escócia, segundo a indicação de seus guias.”

(...)

“Kardec ali aprendeu a filosofia dos Druidas; preparava-se no estudo e na meditação para as grandes empresas futuras.”

“(...) Até o nome de Allan Kardec, que escolheu, até este dólmen erigido no seu túmulo por sua expressa vontade, tudo, digo eu, lembra o homem do visco do carvalho, que voltou a esta Gália para despertar a fé extinta e fazer reviver nas almas o sentimento da imortalidade.” (O Mundo Invisível e a Guerra, cap. VI - Ed. CELD).



ALEXANDRE DELANNE

O pai de Gabriel Delanne, grande amigo, vizinho de Rivail, ao lado do filho e da esposa, médium da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas (SPEE), fundam o periódico Le Spiritisme, em março de 1883. Em um artigo deste periódico, Alexandre Delanne revela um dado bem interessante, que destoa das fontes conhecidas:

“Há ainda um outro detalhe que temos do próprio autor [Kardec]. Veja como ele apresenta o pseudônimo que haveria de assinar seus escritos: Você tomará o nome de Allan Kardec, que nós te damos. Não se preocupe com isto, ele é seu, você já propiciou muita dignidade em uma encarnação anterior, quando vivia na antiga Armórica.” (Le Spiritism, maio de 1888 – Grifo meu).

Na Antiguidade, Armórica era o nome de uma região da lendária Gália, território dos celtas gauleses, que incluía a península da Bretanha, localizada a oeste da atual França.



AMÉLIE BOUDET

“— Todos os literatos – responde Madame Kardec – adotam pseudônimos. Meu marido jamais pilhou coisa alguma”. Em resposta à insinuação do promotor público de que Rivail teria retirado o pseudônimo Allan Kardec de um manual de magia negra. (Mme. Leymarie - Processo dos Espíritas - FEB).



GEORGES D’HEILLY

O escritor francês Georges D'Heilly publicou um interessante livro em 1867, intitulado Dicionário de Pseudônimos. O autor afirma que o próprio Rivail contou-lhe a origem de seu codinome:

“Quanto à escolha de seu pseudônimo, ele próprio [Rivail] contou sua origem. Tinha-lhe sido revelado, diz ele, pelos espíritos, que numa encarnação bem anterior à vida presente, chamava-se realmente assim, e também, como tal, foi chefe de um clã bretão no século XII.” (Dictionnaire des Pseudonymes, recueillis par Georges D'Heilly, p. 7 - 2ª ed. E.Dentu, Libraire-Éditeur - Libraire de la Société des Gens de Lettres, Paris-France [1869]. Tradução de Eugenio Lara.)=







ALLAN KARDEC

Não há fonte mais convincente do que ouvir do próprio Rivail o que ele tem a dizer sobre seu pseudônimo. Entretanto, ele sempre foi discreto quanto à sua origem. Nada consta em sua obra publicada. Pelo fato de seu nome civil ser muito notório e reconhecido nos meios culturais e científicos franceses, o fundador do Espiritismo preferiu assinar com outro nome, um pseudônimo, a exemplo de escritores e literatos, a fim de não causar confusão. Como sempre fazia, consultou os espíritos, certamente O Espírito de Verdade, seu guia espiritual. Todos os biógrafos de Kardec são unânimes quanto a esse seu procedimento.

O ideal seria termos acesso à correspondência e manuscritos de Rivail. No entanto, o que não foi destruído também não é divulgado. Boa parte do patrimônio kardequiano encontra-se em poder da família do historiador e tradutor Silvino Canuto Abreu (1892-1980). O Museu Espírita de São Paulo, localizado na Lapa, Grande São Paulo, fundado e dirigido por Paulo Toledo Machado, expõe uma pequena parte deste patrimônio, doado pela família.

Deste acervo, temos acesso a uma carta de Rivail ao barão e empresário Tiedeman, “amigo seu e dos espíritas”, segundo o biógrafo André Moreil, que hesitou em investir no projeto da Revista Espírita:

“Duas palavras ainda a propósito do pseudônimo. Direi primeiramente que neste assunto lancei mão de um artifício, uma vez que dentre 100 escritores há sempre ¾ que não são conhecidos por seus nomes verdadeiros, com a só diferença de que a maior parte toma apelidos de pura fantasia, enquanto que o pseudônimo Allan Kardec guarda uma certa significação, podendo eu reivindicá-lo como próprio em nome da Doutrina. Digo mais: ele engloba todo um ensinamento cujo conhecimento por parte do público reservo-me o direito de protelar... Existe, ainda, um motivo que a tudo orienta: não tomei esta atitude sem consultar os Espíritos, uma vez que nada faço sem lhes ouvir a opinião. E isto o fiz por diversas vezes e através de diferentes médiuns, e não somente eles autorizaram esta medida, como também a aprovaram.” (Zeus WANTUIL e Francisco THIESEN, Allan Kardec - vol. II, p. 76).



ANNA BLACKWELL

A jornalista, poetisa e tradutora inglesa Anna Blackwell (1834-1900) conheceu pessoalmente, na intimidade, o casal Rivail. Tornou-se correspondente da Revista Espírita na Inglaterra, em 1869. Verteu O Livro dos Espíritos para o inglês, em 1875, tradução esta dedicada à esposa de Rivail, Amélie Boudet:

“E você o publicará [O Livro dos Espíritos], não com seu próprio nome, mas sob o pseudônimo de Allan Kardec (*). Guarde seu próprio nome Rivail para seus próprios livros já publicados, mas tome e guarde o nome que agora lhe demos para o livro que você irá publicar sob nossa ordem, e em geral, para todos os trabalhos que você terá no desempenho da missão que, como já dissemos, lhe foi confiada pela Providência e que será gradualmente aberto a você na medida em que prosseguir nele, sob nossa orientação”.

(*) “Um antigo nome Bretão da família de sua mãe.”

(Prefácio à tradução inglesa, de Anna Blackwell em The Spirit’s Book - FEB, tradução de Myrian de Domênico Rodrigues).



ALEXANDRE AKSAKOF

A partir de depoimentos pessoais de Ruth Celina Japhet, médium colaboradora de Kardec, o pesquisador russo Alexandre Aksakof (1832-1903) publica um artigo em 1875, onde critica a formulação do conceito de reencarnação na França. Editado por ocasião do lançamento da tradução inglesa de O Livro dos Espíritos, por Anna Blackwell, o artigo causou, na época, muita celeuma. Pierre Gaëtan Leymarie e Anna Blackwell contestaram Aksakof de forma contundente. O médium citado, Roze, era membro da SPEE, assim como Japhet:

“Como ele [O Livro dos Espíritos] também foi anexado a um jornal importante, o L’Univers, ele [Rivail] publicou seu livro com os nomes que ele teria tido em suas duas existências anteriores. Um destes nomes era Allan — revelado a ele pela senhora Japhet, e o outro nome, Kardec, foi revelado a ele pelo médium Roze.”

(Pesquisas Sobre a Origem Histórica das Especulações Reencarnacionistas dos Espiritualistas Franceses, artigo originalmente publicado no periódico londrino “The Spiritualist Newspaper”, em 1875. Tradução de Vital Cruvinel – Grifo meu).



JACQUES LANTIER

O sociólogo francês realizou um interessante e abrangente estudo histórico-sociológico sobre o Espiritismo, onde cita trecho de uma carta redigida por Allan Kardec sobre seu pseudônimo:

“O Sr. Leymarie, editor e livreiro, na rua Saint-Jacques nº 32, herdeiro de Pierre-Gaëtan Leymarie, um dos pioneiros do espiritismo, fez-me saber que possuía um documento manuscrito de Allan Kardec, até hoje inédito, no qual este explica a “verdadeira” origem do seu pseudônimo: Rollon, primeiro duque dos Normandos, no século IX, teve um filho que foi curado por um chefe de comunidade que se chamava Allan Kardec. (O Espiritismo, p. 71. - Edições 70 – Grifo meu).



CARLOS IMBASSAHY

Para finalizar, citamos o grande escritor espírita brasileiro Carlos Imbassahy, não por ser uma fonte primária, mas porque seu depoimento é imprescindível neste caso, como argumento de autoridade, que corrobora a existência do misterioso acervo kardequiano, o qual teve acesso, em função da amizade com Canuto Abreu:

“Revelaram os espíritos que Denizard Rivail, em encarnações anteriores, vivera na Gália, onde se chamara Allan Kardec. Daí a proveniência do pseudônimo que adotou. Em nova encarnação fora o infortunado João Huss.”

“A notícia de que Allan Kardec tivera uma existência ao tempo de Júlio César data de 1856; a de ter sido João Huss veio em 1857.”

“Revelaram os Espíritos que Denizard Rivail, em encarnações anteriores, vivera na Gália, onde se chamara Allan Kardec. Daí a proveniência do pseudônimo que adotou. Em nova encarnação fora o infortunado Jean Huss. A notícia de que Allan Kardec tivera uma existência ao tempo de Júlio César data de 1856 e a de ter sido Jean Huss veio em 1857; ambas por via medianímica: a primeira pela cestinha escrevente de Baudin, com a médium Caroline; a última por psicografia de Ermance Dufaux.”

“As fontes preciosíssimas – esclarece o Dr. Canuto Abreu – estavam, em 1921, na Livraria de Leymarie, onde ele as copiara na sua quase totalidade. Passaram em 1925 para o arquivo da Maison des Spirites, onde os alemães, durante a invasão de Paris, as destruíram em 1940.”

Carlos Imbassahy ainda cita uma enciclopédia inglesa que consideramos oportuno transcrever:

“His pseudonym originated in mediumistic communications. Both Allan and Kardec were said to have been his names in previous incarnations”.

“Seu pseudônimo é originado de comunicações medianímicas. Diz-se que Allan e Kardec foram os seus nomes em encarnações anteriores.”

(A Missão de Allan Kardec - Ed. FEP).



Como se vê, as informações são contraditórias. Em encarnação anterior, teria vivido Rivail na Escócia ou na antiga Bretanha? Mas, e a reencarnação como Jean Huss, como fica? Foi druida ou chefe de comunidade? Allan Kardec é um nome próprio ou é junção de Allan com Kardec? A questão se complica ainda mais se formos analisar a origem etimológica do nome próprio Allan Kardec. Não é de origem céltica, porque provem do germânico, melhor dizendo, dos normandos, oriundos da atual Dinamarca. O nome Allan Kardec é de origem normanda, viking. Fosse gaulesa, teria de ser Alan Karderix. Ou seja, nunca existiu um druida de nome Allan Kardec. Mas, essa é uma questão para ser abordada em outra oportunidade...



Eugenio Lara, arquiteto e designer gráfico, é fundador e editor do site PENSE - Pensamento Social Espírita [www.viasantos.com/pense], membro-fundador do Centro de Pesquisa e Documentação Espírita (CPDoc) e autor dos livros em edição digital: Racismo e Espiritismo; Milenarismo e Espiritismo; Amélie Boudet, uma Mulher de Verdade - Ensaio Biográfico; Conceito Espírita de Evolução e Os Quatro Espíritos de Kardec.

E-mail: eugenlara@hotmail.com

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Entrevista com Eugenio Lara - “O inimigo não está mais lá fora, está aqui dentro”

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