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quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Comunismo - Uma experiência macabra do século XX - uma análise Espírita - por Roberto Rufo



“Comunismo é uma religião igualzinha às outras. Pra quem acredita, não precisa explicação. Pra quem não acredita, não adianta explicação“ Millôr Fernandes 
“ Precisamos odiar. O ódio é a base do comunismo. As crianças devem ser ensinadas a odiar seus pais se eles não são comunistas“ Lênin


Daqui há dois anos, ou seja, em 2017, mais especificamente em outubro fará 100 anos da instalação do primeiro regime comunista baseado na doutrina do pensador alemão Karl Marx. Na Rússia de Lênin e seus partidários bolcheviques foi estabelecida a famigerada “ditadura do proletariado“. Na verdade foi o primeiro sistema econômico a desafiar o capitalismo. A tal ditadura citada foi implementada a custo de milhões de vítimas entre seus opositores. Esse regime sucedia a outro regime muito corrupto e despótico dominado pelos czares. Stalin, que sucedeu a Lênin, não mediu esforços para exportar a ideologia mundo afora, chegando num determinado momento do século XX a contaminar um terço do planeta.    
      
O seu ideal de igualdade, temos que admitir, era apaixonante, a tal ponto que um grande número de intelectuais da época se entregaram de corpo e alma em sua defesa. Sempre digo que o problema dos intelectuais não é no atacado, onde geralmente são muito úteis; trata-se do varejo, onde tomam posições muitas vezes delirantes. Martin Heidegger, Céline, Ezra Pound, Le Corbisier abraçaram o fascismo e ou o nazismo com muita satisfação. Até mesmo um intelectual do porte de Noam Chomsky, que admiro pelas críticas pertinentes que faz ao comportamento indecente dos EUA em suas guerras estúpidas, não se sentiu nem um pouco constrangido em elogiar o regime do Kmer Vermelho no Camboja. Hoje alega não ter conhecimento prévio do número de assassinatos cometidos pelo ditador Pol Pot. Não acredito nessa desculpa insustentável,  pois repito, os intelectuais no varejo costumam ser um grande desastre.

Quanto ao Manifesto Comunista de 1848,  Allan Kardec, nos poucos comentários que fez sobre o assunto,   enxergou nele o perigo do coletivismo ante a necessidade da evolução espiritual de cada espírito em particular.   O ideal socialista não estava preocupado com esse assunto, pois se preconizava ateu. Fosse o Espiritismo uma doutrina consolidada plenamente em 1917 quando eclode a revolução comunista na Rússia, teria necessariamente que se opor ao controle absoluto de todos os aspectos da vida individual e coletiva pelo Estado. O livre-arbítrio estaria correndo riscos, como acabou se comprovando com a sustentação pela força dos regimes do Leste Europeu. Essa ideologia se espalhou pela China com Mao Tsé-Tung instaurando um regime sustentado por um grande terror político.



 Foto de Roberto Rufo no XIX SBPE em Santos - SP

Tive um colega pertencente ao PCdoB, que ao contra argumentar os números por mim apresentados de vítimas da coletivização forçada na União Soviética (cerca de 20 milhões de pessoas), dizia serem “apenas“  4 milhões, ou seja, julgava ele ser este um número aceitável de vítimas. É risível.  Convivi muitos anos com um tio comunista, irmão do meu pai, que colocado diante de qualquer argumento do gênero, se saía com aquela famosa frase que não serve pra nada: “o seu discurso é de pequeno burguês“. Sabe-se lá o que quer dizer isso.

Ou quando o pensador Luckácz apresentado ao existencialismo de Albert Camus afirmou: “essa corrente filosófica está a serviço da ideologia capitalista“. Eles se julgavam os donos do modus operandi da  história. Eu sempre considerei um grande embuste que exista uma razão histórica, ou um determinismo espiritual que fará com que as coisas aconteçam independentes da nossa vontade.
Vejo hoje que existiram na história da humanidade dois grandes sonhadores em se tratando de como deva ser o comportamento ideal das pessoas numa sociedade. São eles Jesus e Karl Marx. O problema maior não são os sonhadores e sim seus discípulos e seguidores, que não são sonhadores. Como diz um personagem do último livro de Amós Oz – Judas - os discípulos e seguidores são ávidos de poder e autoridade. Que o digam os que quiseram implantar o cristianismo à força e os cúmplices que julgavam ser o comunismo uma doutrina científica infalível. Os discípulos e seguidores se transformaram em derramadores de sangue.

Uns diziam falar em nome de Deus. E quem é que pode ser contra Deus? Outros diziam falar em nome do povo. E quem é que pode ser contra o povo? O Espiritismo apresenta uma serenidade no trato das coisas humanas muito peculiar e profundamente humanista, o que o diferencia sobremaneira de qualquer corrente ideológica onde o ser humano é desprezível diante de um futuro radiante no paraíso ou para a coletividade.

Concluo que hoje, como regime político, a ideologia comunista é um defunto a ser enterrado pela história. Ou numa frase bem humorada do meu guru Millôr Fernandes: “a diferença entre o capitalismo selvagem e o comunismo, é que um é a exploração do homem pelo homem e o outro é o contrário“.

NR - Publicado originalmente no Jornal Abertura de Setembro de 2015
                                                                                                                                                                    


segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Mulheres - Os números são alarmantes - por Roberto Rufo

“É muito difícil para uma mulher que vive uma situação violenta denunciar” ( ONG Casa del Encuentro – Argentina ) “Deus deu ao homem e à mulher a inteligência do bem e do mal e a faculdade de progredir” ( Livro dos Espíritos – Pergunta 817 ) 

  
   A manchete do jornal “A Tribuna” de Santos, por si só já espelha a tragédia vivida pelas mulheres em nosso continente:

“Feminicídio em alta causa dor e envergonha a América Latina”. E aí aparecem os números estarrecedores de mortes das mulheres latino-americanas: uma morte a cada 31 horas na Argentina; 15 por dia no Brasil e quase 2 mil por ano no México. Foram criadas leis para evitá-las, mas o número de crimes de gênero continua alto.

O interessante nisso tudo, para não dizer lamentável, é que em sua maioria são crimes cometidos por homens jovens ou de meia idade, que são de uma geração participante da liberação sexual e dos costumes. No entanto, continuam a ver nas mulheres uma propriedade sua. Aliado ao fato de que as mulheres adquiriram, e isso é muito bom, o direito de dizer não quando algo lhe desagrada na relação, indo até mesmo à separação, se julgar necessário . No passado, as mulheres da geração da minha mãe, por exemplo, não tinham essa ousadia de se afirmar como seres pensantes e participativos. Aí reside o problema e a desgraça para muitas mulheres.

Os senhores do sexo masculino não assimilaram a batalha cultural que as mulheres tiveram que lutar para se afirmarem como seres humanos  plenos. Quando elas manifestam sua independência, muitos não aceitam por se julgarem donos dessa mulheres. A deputada Gabriela Alegre, da cidade de Buenos Aires, diz que esse problema não se resolve apenas com a legislação e a penalização, mas é preciso, segundo ela, enfrentar uma mudança cultural e apontar para a educação.

Allan Kardec, na pergunta 818 do Livro dos Espíritos, indaga de onde se origina a inferioridade moral das mulheres em certos países? A resposta pode ser estendida à violência contra as mulheres: “do império injusto e cruel que o homem tomou sobre ela. É um resultado das instituições sociais e do abuso da força sobre a fraqueza . Entre os homens pouco avançados, do ponto de vista moral, a força faz o direito”. Percebam que os espíritos falam “do ponto de vista moral”, pois entre os agressores há muitos com educação superior.

Maria Eugenia Lanzetti, 44 anos, professora de jardim de infância na província de Córdoba, era separada de um marido obsessivo, contra quem pesava uma ordem judicial de afastamento. Maria chegou a instalar um botão antipânico em seu celular. Infelizmente essas medidas não foram suficientes para evitar o pior. Na manhã de 15 de abril passado, o ex-marido entrou na sala de aula e cortou o pescoço dela na frente das crianças. O ódio era seu habitat cotidiano. Por isso sempre coloquei em dúvida uma afirmação rotineira nos meios espíritas, de que por não ter sexo, o espírito reencarna senão simultaneamente, mas algumas vezes como homem ou mulher.

Fosse assim, aqueles espíritos, como o ex-marido citado, ao passar por algumas encarnações no sexo feminino, já teriam adquirido alguma sensibilidade quanto aos desejos e anseios femininos.   
Conversa fiada, ele sempre reencarnou no sexo masculino e traz seus impulsos machistas há várias encarnações.  A erraticidade não lhe tem sido de grande valia.

Por isso, andou muito bem a Presidente Dilma Rousseff, a primeira mulher a governar o Brasil, ao promulgar uma lei que inclui o feminicídio no Código Penal. E enfatizou que a violência de gênero “acontece em todas as classes sociais”. Kardec tinha muito apreço na modernização das legislações, que segundo ele acabariam levando a uma mudança de comportamento. Em parte isso é muito verdadeiro, pois uma boa legislação devidamente aplicada tem o poder de induzir comportamentos.
Todavia, a mudança cultural é mais lenta e tão importante, até mesmo na Doutrina Espírita, quando diz que a mulher tem igualdade de direitos e não de funções. Isso não é mais válido, pois muitas mulheres são agredidas, por reclamarem justamente por igualdade de funções.   


quarta-feira, 20 de maio de 2015

A importância dos eventos livres pensadores por Alexandre Cardia Machado


Ainda retumba em nossa mente as interessantes palestras do 10° Fórum do Livre Pensar da CEPA – Baixada Santista, realizado em abril de 2015. Sempre um momento de reflexão sobre um determinado tema central, explorado sobre diversos ângulos. Nesta oportunidade foi o debate à respeito da intolerância.

No fim deste mês de maio, novamente outro grupo de espíritas laicos estarão juntos no Espírito Santo, no VII Fórum do Livre-pensar Espírita, sem adjetivo pois trata-se de evento nacional já realizado em várias cidades brasileiras, organizado pela CEPA-Brasil. Mais no fim do ano, de 29 de outubro a 1° de novembro, realizaremos a 14ª  edição do tradicional Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita - SBPE.

Alguns podem pensar, todos estes eventos não competem entre eles mesmos? A resposta pode ser, tanto sim como não, pois claro há uma influência ou interferência entre eles. Mas também amplia a oportunidade de divulgação do evento seguinte, mas sobretudo temos mais gente expondo, mais gente ouvindo e com isto as ideias renovadoras vão se multiplicando.

Os Fóruns são mais leves, não existe a obrigatoriedade de apresentação de um trabalho escrito, já o Simpósio, assim como nos Congressos da CEPA, existe um maior rigor com respeito à produção dos trabalhos.

Mas todos eles tem seu papél importantíssimo na consolidação e expansão do pensamento livre-pensador espírita.

O SBPE tem como maior legado a produção escrita de 196 trabalhos, nas 13 edições já realizadas, ultrapassaremos a barreira de 200 trabalhos este ano. Muitos trabalhos apresentados, defendidos e comentados pelos participantes, levaram seus autores a aperfeiçoá-los gerando muitos livros já publicados.


Assim que o melhor conselho é participe o máximo que possas, pois sempre há muito que discutir e consequentemente contribuir para o nosso aprimoramento, crescimento cultural e espiritual. Eles fazem bem ao cérebro, ao coração pois, permitem encontrar amigos queridos e, claro ao espírito.

Inscreva-se pelo email ickardecista1@terra.com.br no XIV SBPE

segunda-feira, 16 de março de 2015

XIV SBPE - Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita realização ICKS





30 de outubro  a 1° de novembro de 2015.

Santos – SP

ICKS – Instituto Cultural Kardecista de Santos



Realizou-se em Santos, na antiga sede do ICKS, hoje colégio Angelus Domus, na avenida Francisco Glicério, 261, Gonzaga – antiga sede do ICKS.

Veja as fotos do evento no seguinte link: Fotos do XIX SBPE




Programa do Simpósio - as inscrições estão encerradas:












quinta-feira, 10 de julho de 2014

AUTO-CONHECIMENTO E DESENVOLVIMENTO DA CONSCIÊNCIA - Jaci Régis

A questão do autoconhecimento para o desenvolvimento da evolução consciente, proposta no Congresso da CEPA de Porto Alegre em 2000 é muito interessante e nos faz pensar diante de uma proposta tão globalizadora.

Em torno do tema, faço algumas reflexões que coloco à disposição dos que se interessarem por elas.




Introdução

Podemos definir a evolução consciente como a deliberação espontânea da pessoa em explorar suas potencialidades para determinar o ritmo de seu crescimento espiritual.

Já o autoconhecimento, que seria a base dessa evolução consciente, demanda uma auto-análise capaz de detectar as falhas mais evidentes no seu caráter e que se tornam impecilhos à consecução de seu projeto.

Segundo a Teoria Espírita da Evolução, o princípio espiritual evoluiu em segmentos mais elementares da vida antes de alcançar o nível hominal. Quando atinge esse nível hominal, tornando-se um Espírito, desenvolve sua auto consciência, que é a percepção de si mesmo como um ser distinto do ambiente. Entretanto, só se identifica como humano, só ganha uma identidade pessoal, na medida em que percebe a existência do outro. O outro é que nos identifica, nos torna humano.

Para o filósofo Hegel, a consciência só se transforma em auto consciência quando o ser desenvolve o desejo, como força propulsora do Humano, isso quando reconhece o desejo do outro.

“O que nos interessa para a explicação do desejo em Hegel é a passagem da Consciência (Bewusstsein) para a Autoconsciência (Selbstbewusstsein) passagem essa que é feita pelo Desejo (Begierde). Assim sendo para que o Desejo se torne humano e para que constitua um Eu humano, ele só pode ter por objeto um outro Desejo” (trecho de Freud e o Inconsciente de Alfredo Garcia-Roza, Zahar Editores, 1984, Rio de Janeiro).

Assim, a autoconsciência é um passo definitivo na identificação e consolidação do ser como ser humano, ou talvez mais precisamente, essa autoconsciência torna o principio espiritual num ser humano.

É o que nos ensina O Livro dos Espíritos.

190. Qual o estado da alma em sua primeira encarnação?

- O estado de infância na vida corpórea. Sua inteligência apenas desabrocha: ela ensaia para a vida.

191. As almas dos nossos selvagens estão no estado de infância?

- Infância relativa, pois são almas já desenvolvidas, dotadas de paixão.

191a. As paixões, então, indicam desenvolvimento?

- Desenvolvimento sim, mas não perfeição. São um sinal de atividade e de consciência própria, enquanto na alma primitiva a inteligência e a vida estão em estão em estado de germes.

Comentando a questão Allan Kardec diz: “as paixões são alavancas que decuplicam as forças do Espírito e o ajudam a cumprir os desígnios da Providência”

As paixões são a base da vida, como o é o desejo e tirá-los da alma é deixá-la vazia, atônita. Viver sem paixão é ser uma espécie de legume. Saber usar a força da paixão é o caminho correto na busca da espiritualização. Aceitar o desejo e transforma-lo em alavanca de realizações úteis e produtivas é sinal de inteligência e aproveitamento das energias do coração.

Na seqüência evolutiva, a paixão inaugura no ser o nível afetivo no conflito do Desejo com o Desejo do outro.





O Inconsciente Espírita



A possibilidade do ser autoconhecer-se, no seu sentido mais agudo, é bastante problemática.

A nível de consciência, nosso horizonte de autoconhecimento, é muito limitado, uma vez que nesse nível, a percepção pessoal é extremamente influenciada pelo princípio de autodefesa e pelos valores correntes, advindo da própria estrutura do ser, como das circunstâncias vivenciais do meio ambiente.

Desde que Freud constatou que a pessoa possui duas instâncias afetivas, o consciente e o inconsciente, verificamos que uma parte de nossa personalidade está oculta da consciência.

Ou seja, a totalidade dos sentimentos, medos, culpas e outros fatores que compõem a personalidade permanecem inacessíveis ao consciente, no jogo das realidades interiores e as expressões exteriores na vida da pessoa.

Reflito, todavia, nesse inconsciente dentro da Teoria Espírita da Evolução e os segmentos reencarnatórios que a compõe.

O ser espiritual constitui uma individualidade permanente, imortal e progressiva. Ele estrutura uma mente onde se localizam os conteúdos das experiências afetivo-racionais de sua vivência nos constantes processos reencarnatórios.

O processo evolutivo da individualidade espiritual é elaborado em cada segmento encarnatório, resultando uma penosa relação de aprendizado que se sedimenta como base de seu caráter. Considerando ainda que há a possibilidade de mudança de sexo em encarnações sequenciais, com todas as consequências dessa mutação orgânico-mental-afetiva, compreendemos que tudo isso compõe um quadro de difícil definição.

Em cada encarnação, essa individualidade se exterioriza no mundo corpóreo, atendendo os fatores hereditários e recebendo as pressões ambientais em que se localiza, criando uma personalidade apropriada para o momento vivencial que experiencia.

Entretanto, sua estrutura mental não se apresenta totalmente na consciência. Certos fatores de ordem afetiva na estrutura mental da individualidade, muitas vezes são negados na personalidade consciente.

Poderíamos pensar num inconsciente espírita para designar com propriedade o repertório mento-afetivo resultante das experiências significativas do Espírito em sua estrutura mental permanente. Aí seria o lugar onde se fixam os traços mnêmicos, com imagens e sensações correspondentes, residuais, da sua vivência. Essas vivências serão a base e se projetam na personalidade de cada encarnação como idéias inatas, tendências genéticas para alguns, personalidades complexas e sentimentos confusos.

Daí, na minha visão, ser difícil realizar um completo autoconhecimento, porque a construção da individualidade é realizada num processo helicoidal, na repetição de experiências, na fragmentação de sentimentos e composição de grades de insegurança, medo, autodefesas virulentas e patológicas que criam uma personalidade típica. Por isso a personalidade existencial é elástica ou rígida, às vezes pouco delineada, difusa. Essa a razão por na Psicologia existem muitas Teorias da Personalidade segundo as premissas de seus autores.

Em resumo, cada pessoa é uma individualidade espiritual definida em sua essência, mas complexa e inacabada em sua estrutura. E que se exprime na vida corpórea por uma personalidade que apresenta lacunas, retratando as complexidades do Espírito como unidade intelecto-afetiva, em processo de crescimento.



NR – Artigo original foi apresentado por Jaci Régis no XVIII Congresso Espírita Pana-americano, em 2000 na cidade de Porto Alegre. O trabalho integral pode ser acessado pelo site da CEPA - http://www.cepainfo.org/

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

3 anos sem Jaci Régis


Hoje, 13 de dezembro faz 3 anos da desencarnação de Jaci Régis. Jaci como o chamávamos em nosso grupo do ICKS foi o idealizador e fundador do Instituto Cultural kardecista de Santos e seu Presidente, desde a fundação em 3 de outubro de 1999.
Jaci Régis escritor, psicólogo, economista e jornalista, foi presidente da Comunidade Assistencial Espírita Lar Veneranda, do Centro Espírita Allan Kardec  ambos de Santos. Escritor de diversos livros e  um grande pensador que deixa uma vasta obra para as futuras gerações.
Para saber mais de Jaci Régis, veja sua biografia, aqui mesmo no nosso blog.

Deixe suas lembranças desta grande personalidade em forma de comentários neste blog.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

SBPE: uma trincheira para o livre-pensar espírita - Minha Experiência no SBPE - por Ademar Arthur Chioro dos Reis

SBPE: uma trincheira para o livre-pensar espírita

Estive presente em praticamente todas as edições do Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita (SBPE), tendo apresentado diversos trabalhos e participado ativamente dos debates nele proporcionados. A minha formação e trajetória como intelectual e dirigente espírita é muito devedora ao evento, que ao longo de mais de duas décadas ininterruptas de existência vem assumindo diversas representações e cumprindo distintos papéis para o movimento espírita e para cada um dos participantes. No presente artigo procuro expressar o que significa pra mim o SBPE, criado e mantido por anos pelo líder espírita Jaci Regis e que se mantém mais vivo do que nunca após o seu desencarne, tendo se constituído num espaço vital e imprescindível de produção e reflexão sobre o pensamento espírita.

A partir de sua criação, na década de 80, constitui-se no único espaço disponível de aglutinação dos espíritas que foram expulsos ou se auto excluíram do movimento espírita hegemônico, após os intensos e destrutivos processos de embate que tiveram a questão religiosa como eixo central da discórdia. As primeiras edições do SBPE constituíram-se numa trincheira de resistência. Não fosse a sua existência teríamos nos enfraquecido no isolamento, no abatimento moral e no desânimo geral. Ali, a cada encontro, percebíamos que companheiros de distintos grupos, cidades e estados tinham uma perspectiva doutrinária convergente. Era ali que nossas energias eram renovadas e que podíamos perceber que outra forma de espiritismo era possível e viável, livre das amarras opressivas que a institucionalidade vigente impunha, da mansidão farisaica contida no discurso evangélico totalizante. Uma proposta que pudesse ser implementada com reais possibilidades de dar continuidade àquilo que fomos entendendo progressivamente cada vez mais ser o projeto de Kardec: um espiritismo progressista, humanista, laico e livre-pensador.

Foi esta identidade de pensamento, construída no debate aberto, franco, fraterno e livre, com companheiros e instituições espíritas de diversas partes do país, que arou e produziu campo fértil para receber o chamado feito pela CEPA, em 1995, quando Jon Aizpúrua dirigiu carta aberta aos espíritas livre-pensadores, laicos, progressistas e humanistas. Convidou-os à cerrarem fileiras na CEPA, processo que se consolidou com a presença de uma grande delegação brasileira no XVII Congresso Espírita Pan-americano da CEPA, em Buenos Aires (1996) e com a realização do XVIII Congresso em Porto Alegre (2000). O tema do Congresso (“Deve o espiritismo atualizar-se?”) e a eleição do gaúcho Milton Moreira Medran para a presidência da entidade consolidaram definitivamente um novo espaço de convivência doutrinária e afetiva para este segmento do movimento espírita.

A partir daí, o SBPE passou a ser explicitamente apoiado pela CEPA e se tornou também um espaço privilegiado de encontro e de fortalecimento desta entidade, sediando várias reuniões da sua Diretoria Executiva, da qual fiz parte por 12 anos. Foi o palco, também, do surgimento da CEPABrasil, entidade criada em 2003 por delegados e amigos da CEPA em nosso país que tem tido um papel importantíssimo na organização de encontros e na disseminação do pensamento kardecista laico e livre-pensador.

Pessoalmente, tenho um debito de gratidão muito grande como o SBPE. Os trabalhos que tenho apresentado em Congressos, Encontros e Conferências, no Brasil e no exterior, e os livros que publiquei - “Magnetismo, Vitalismo e o Pensamento de Kardec” e “Mecanismos da Mediunidade – o Processo de Comunicação Mediúnica”, assim como as contribuições espíritas mais importantes que produzi até hoje, contidas em dois capítulos no livro “A CEPA e a Atualização do espiritismo” e que versam sobre a Agenda e o Método para a atualização do espiritismo, tiveram como laboratórios as reuniões do CPDoc e as sessões de apresentação de trabalhos do SBPE. Não apenas porque me instigaram a produzi-los e apresentá-los, mas porque ali obtive um retorno dos demais participantes, extremamente qualificados, que me aportaram reflexões e críticas tão importantes que praticamente os transformaram em coautores.

Outro aspecto que destaco é o caráter metodológico revolucionário assumido pelo SBPE, proporcionando um espaço inédito para a produção intelectual de autores, grupos de pesquisa e instituições espíritas comprometidas com o pensamento kardecista. Isso ocorreu porque tradicionalmente os eventos espíritas eram realizados como torneios de oratória, em conferências proferidas por palestrantes e médiuns ilustres, sem espaços para o debate, a reflexão e o questionamento. Além disso, raramente permitiam que pesquisadores e estudiosos desconhecidos ou novatos pudessem apresentar as suas contribuições. Concebido num formato muito simples, em que cada participante pode propor com total liberdade um tema, bastando remeter seu resumo, inscrever-se no evento e dele participar para fazer a sustentação oral e debatê-lo livremente com os demais participantes, o SBPE demonstrou o quanto este tipo de espaço é rico e proveitoso, tanto que assim se mantém desde a primeira edição, com pouquíssimas mudanças, tornando-se referência para outros eventos espíritas.

O SBPE tem sido, ainda, e isso não é menos importante do que destaquei anteriormente, um espaço de produção de laços de afetos, de novas e consistentes amizades, de inclusão de gente que foi posta de lado ou que perdeu qualquer possibilidade de conviver fraternalmente com outros companheiros espíritas, simplesmente por pensar diferente, por ousar inovar ou exercitar aquilo que para o espírito é a essência de sua existência: a liberdade de pensamento.

O SBPE é também lugar de encontros e reencontros com companheiros muito queridos de diversas partes do país. Possibilitou o estabelecimento de fortíssimos vínculos afetivos com espíritas argentinos, que dele participam ativamente há vários anos, e terminou por inspirar a criação de um evento similar que ocorre naquele país agora também com regularidade, praticamente nos mesmos moldes do SBPE.

Por tudo isso, espero que os espíritas interessados no estudo e na produção do pensamento espírita, independentemente de serem vinculados ou não a uma das correntes do movimento espírita, que estejam comprometidos com o livre-pensar e que mantém suas mentes abertas ao novo, que lutam pelo direito à liberdade e pelo respeito às diferenças e aos diferentes, possam vir a Santos, em outubro de 2013, para apresentar sua produção ou apenas compartilhar conosco os aportes que serão efetuados por estudiosos muito comprometidos com o desenvolvimento do pensamento kardecista, em momentos de grande aprendizado intelecto-moral e de ampliação de laços de afeto e respeito.



Ademar Arthur Chioro dos Reis

Médico e professor universitário.

Membro do CPDoc e do CEAK (Santos)

segunda-feira, 10 de junho de 2013

O ICKS funcionava na Rua Paraguassú, por Redação

O ICKS começa a reforma da nova sede




A nova sede será no bairro Embaré, na Rua Paraguassú, 18 em Santos é claro, as obras de adaptação da casa, que durante muitos anos foi o consultório psicológico do Dr. Jaci Régis, esta sede nos foi doada pelo casal Jaci e Palmyra Régis ,com o objetivo de dar mais autonomia ao Instituto.

Nosso cronograma prevê o início das atividades na nova sede já em Julho. Aguardem a programação de inauguração.

Atualizando esta postagem, já estamos funcionando em nossa sede!


Hoje em dia, março de 2025, o ICKS não tem mais reuniões públicas, nos focamos em produzir conteúdo na internet:
Conheçam nosso site: www.ickardecista.com.br


quarta-feira, 5 de junho de 2013

MINHA EXPERIÊNCIA NO SBPE – Mauricy Silva

O Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita para mim e, porque não dizer, para nós, que somos parte da equipe que o faz acontecer, é realmente um evento agradável, contagioso e que nos dá um prazer imenso. Ele é um encontro de companheiros que procuram dar cada vez mais vida ao Espiritismo Laico que teve sua origem, como afirmou Eugenio Lara no ABERTURA de abril, em meados dos anos 1980, com a chamada questão religiosa, que dividiu de modo definitivo o movimento espírita.




As lembranças são muitas e o que sempre me impressionou foi o propósito de manter a liberdade na apresentação dos temas dos trabalhos, e só rejeitar os trabalhos em que não eram espíritas.

O que também me deu muito prazer foram os Simpósio realizados em Cajamar, principalmente por estarmos todos juntos as 24 horas dos dias do evento, propiciando a interação de todos os participantes.

É um evento que exige muito trabalho e dedicação do grupo, pois acolhemos participantes do muitos lugares do Brasil, dos países vizinhos, da Europa e Estados Unidos. Porém, nos dá muito prazer e alegria quando vemos, no transcorrer da exposição dos trabalhos, a satisfação dos participantes e os comentários positivos de companheiros que acabam de assistir a uma apresentação.

O Simpósio é realmente um local onde os participantes tem total liberdade para apresentarem suas ideias e sentirem que estão sendo ouvidos, principalmente pelas perguntas e pelo esclarecimento dos detalhes que dão a possibilidade de complementar a apresentação.

Como estamos em ano ímpar, é ano do Simpósio.Já estamos em franca atividade de preparação, reservamos as acomodações no Hotel e estamos à disposição de todos para qualquer informação.

As inscrições estão chegando, esperamos os companheiros de sempre e estamos fazendo ampla divulgação do Evento para que este ano tenhamos um recorde de participantes.

Contamos com todos.

Para se inscrever no XIII SBPE que será realizado de 25 a 27 de outubro em Santos, vá ao link:
http://icksantos.blogspot.com.br/2012/12/voce-ja-pode-se-inscrever-no-xiii-sbpe.html

Venha nos encontrar no SBPE de Camila Regis
http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8190435979242028935#editor/target=post;postID=2208169615504219896;onPublishedMenu=overviewstats;onClosedMenu=overviewstats;postNum=13;src=postname

Vida longa ao Simpósio de Eugenio Lara
http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8190435979242028935#editor/target=post;postID=1660154898898467355;onPublishedMenu=overviewstats;onClosedMenu=overviewstats;postNum=6;src=postname

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Vamos nos encontrar no XIII SBPE? Por Camila Regis

Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita tem, para mim, significado de encontro. Encontro de ideias e pensamentos, encontro de objetivos, encontro de amigos.



Foto tirada no VII SBPE em 2001 - Cajamar - SP


Criada em família espírita e, consequentemente, no meio espírita, acompanho desde os meus 7 anos este encontro idealizado por meu avô, Jaci Regis, em sua trilha para disseminar o Espiritismo de forma simples e direta, como uma doutrina livre-pensadora.


Das muitas vezes em que participei, recordo-me bastante dos encontros em Cajamar (SP), em um espaço muito amplo, onde além das palestras, estudos e atividades em grupo, havia o tradicional baile, os jantares, além de um espaço agradável para esportes, onde nós jovens da Mocidade Espírita Estudantes da Verdade, na época, nos reunimos em uma das noites para uma roda de conversa em volta da fogueira. A divisão dos quartos também era uma forma de convivência muito boa e, depois dessa interação, a amizade com jovens de outros estados se estreitava e sempre esperávamos o próximo encontro para poder revê-los e curtir aquela atmosfera boa que pairava sobre o SBPE.


Hoje, já adulta, posso ver claramente tudo o que envolve a organização deste encontro já consolidado na cultura espírita. O Simpósio é composto de muito trabalho, planejamento, esforço e doação de uma equipe de pessoas que se dedica para que o evento seja um sucesso, e o grupo do ICKS vem realizando este trabalho de forma impecável. Os parceiros também são fundamentais, desde aquele que doa o pó de café para os lanches tão gostosos, como nossos amigos espíritas que divulgam o SBPE aos quatro ventos. Por isso que Simpósio é encontro. Pessoas com propósitos comuns, ideias afins, vontades idem, que vão ao encontro umas das outras, com vontade de ajudar, colaborar, unir, estudar, discutir, crescer.


Este ano mais um SBPE vem aí, o segundo sem a presença de Jaci que, com certeza, está orgulhoso por ver seu trabalho indo adiante.



Espero, em 2013, encontrar com todos lá!




Camila Regis é jornalista, integrante do ICKS e revisora do Jornal Abertura ,reside em Santos.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Republicado no Abertura - Outubro de 2011

 

Caminhando com Kardec


Jaci Regis


Quando convivemos durante sessenta anos com uma idéia, passamos a ter certa intimidade com seu autor.

É o que aconteceu comigo.

Quando, aos quinze anos, comecei efetivamente a militar no movimento espírita, tive a sorte de ser orientado por pessoas que, não obstante com forte pendor evangélico, jamais traíram a importância de Kardec.

Já estávamos em plena era Chico-Emmanuel e o valor da palavra do ex-Manuel da Nóbrega e seu médium estava acima de qualquer suspeita e vinha ao encontro dos corações que não suportam não ter uma religião.

E Emmanuel fez, mais do que ninguém, o papel decisivo na implantação do lema Deus, Cristo e Caridade, lançado pelo “anjo” Ismael.

Comecei aceitando que ele era o “codificador”. Mas conforme andamos juntos, percebi que era uma injustiça coloca-lo na posição de mero colecionador e ordenador de idéias, sem participar fundamente na elaboração delas.

O acesso à Revista Espírita me deu mais proximidade com o trabalho dele. Ali temos uma idéia de como ele desenvolveu a doutrina e ficou mais clara sua personalidade.

O professor Rivail foi determinado, mas positivamente influenciado pela cultura de seu tempo.

Embora afirmasse a ascendência do ensino dos Espíritos, eclipsando-se, compreendi o quanto de estratégia essa afirmativa continha. Ele sofreu ataques de dentro e de fora do movimento.

A ascensão do discreto professor ao pálido das celebridades moveu ciúmes e ataques gratuitos e não tão gratuitos. A Igreja, os cientistas, os espiritualista, os ateus e materialista se uniram para ironizar sua pretensão de mudar o panorama psicológico, social e humano da sociedade.

Ele resistiu quanto pode.

Após o lançamento e consolidação do Livro dos Espíritos e O Livro dos Médiuns, teve três anos para meditar e refletir sobre os rumos que queria dar ao Espiritismo.

Seja porque seja, decidiu entrar no perigoso caminho da análise dos livros sagrados do cristianismo, tomados como fonte da verdade e "palavra de Deus”, tentando encontrar sustentação para as teses espíritas nas tradições cristãs.

Ele ansiava por um Espiritismo capaz de modificar as criaturas e a sociedade.

Humanista percebeu que se o conjunto básico do pensamento espírita que ele elaborou, nessa espetacular e inédita parceria com os “mortos”, fosse aceito, abriria as portas de uma nova mentalidade e atuação nas relações humanas.

Sua previsão da vitória espetacular do Espiritismo no século vinte foi conseqüência de seu idealismo e exame da realidade de seu tempo.

Acreditou que “os Espíritos” constituíam uma plêiade de sábios ocultos, com mandato divino para ensinar a verdade e liderar o progresso humano.

Passei a ver nele o homem maduro e decidido extremamente só. Sua solidão é patente no esforço hercúleo que realizou com mais de vinte volumes, escritos a bico de pena e projetando sua mente fertilizada pelo raciocínio lógico e reflexão positiva, num labor diário por mais de catorze anos.

Foi o trabalho de sua vida e a lê se entregou totalmente.

Vemos claramente a influência das idéias de seu tempo. Mas, prudente e previdente, não se jactou em profeta ou em missionário divino. Fez-se, o que realmente era, um homem dotado de bom senso, eficaz, estudioso, culto.

Por isso deixou aberto o caminho da renovação, da constante e cuidadosa evolução das idéias.

Passei a ver nele o que ele é, o fundador do Espiritismo.

Deixei, com ele, de crer nas revelações, que para ele era apenas o andamento natural do processo evolutivo.

Consegui, seguindo além de suas palavras, mas entendendo, penso eu, o dinamismo de seu pensamento, que a estrutura do cristianismo é falsa e incapaz de explicar minimamente o complexo e ao mesmo tempo simples, dinamismo vivencial.

O tempo se encarregou de mostrar um rumo diferente, apresentando o progresso científico, as mudanças sociais como obras do homem mas na visão kardecista, fruto da aliança entre encarnados e desencarnados, com suas falhas e vitórias. Mas a fluir sem fenômenos extraordinários. Pois extraordinária é a vida em si mesma.

Hoje, sessenta anos depois, caminhando ao lado do mestre, posso acrescentar idéias sobre as idéias deles, modernizando linguagem, reescrevendo caminhos. Sem feri-lo, sem desmerecê-lo.

Faço isso, porque andando ao seu lado, percebi que não o idolatrava, nem o santificava, mas admirei, cada vez mais sua humanidade, seu talento e sua decisiva participação na minha vida.

Caminho com ele há mais de sessenta anos e agradeço a ele, o que de bom descobrir em mim e a fé que posso ter no futuro da humanidade.

Por isso, atualizo seus pensamentos, torno-os meus e ando ao seu lado, porque a Doutrina Kardecista superará os desafios enquanto for livre para pensar, refletir, mudar e crescer, como ele queria.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

O movimento pela ética marca mais pontos - Alexandre Cardia Machado

Este Artigo foi publicado originalmente no Jornal ABERTURA em Dezembro de 2011. A revista Veja publicou na sua edição 23 de Novembro de 2011, um artigo de Renata Betti , sobre um professor de Harvard, o filósofo Michael Sandel, que conseguiu atrair milhões de seguidores pela internet, tornando-se uma celebridade.
Sandel usa o método do filósofo clássico grego Sócrates, jamais respondendo às questões diretamente, mas devolvendo a questão com outra, mais profunda, fazendo assim com que seus alunos pensem cada vez mais em outras possibilidades. Este método chamado maiêutica é interessantíssimo, pois quem chega às conclusões são aqueles que têm a dúvida, ajudados claro pelo sábio professor.
A novidade é que Harvard resolveu inovar e as classes são transmitidas pela internet, infelizmente não em tempo real, mas são transmitidas, inclusive, por redes de televisão como a Japonesa NHK e a rede estatal chinesa. O professor só trata de assuntos ligado à ética, ele lança, por exemplo,o seguinte problema: “o que você faria se por uma decisão sua, você só pudesse salvar um entre dois grupos de pessoas, num deles apenas com uma pessoa e o outro com cinco?” – a partir daí vocês podem imaginar todo o desenrolar do assunto. Suas aulas reúnem mais de 1000 pessoas na platéia entusiasmada.
Sandel lançou um livro em 2009 – O que É fazer a coisa Certa, já traduzido para o Português. Não o encontrei na internet, pois talvez tenha um outro título aqui por nossas terras.
Mas o que há de tão extraordinário nisso tudo? Talvez o brilhantismo deste homem formado no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Acredito, porém, que o sucesso se dê porque pensar o que é certo faz bem, atrai energias positivas. O talento da condução da discussão tem todo o mérito, entretanto, mais do que isto há uma carência fora dos movimentos organizados, de ideais morais, que promovam a reflexão, discussão sobre ética e principalmente os bons exemplos.
A internet e as TVs a cabo nos fornecem opções às programações das TVs abertas, focadas nas altas taxas de retorno de propagandas de cervejas, automóveis de luxo e coisas desta natureza. Este, quem sabe, seja um caminho a seguir: lançar nossas boas ideias na “Web”, compartilhar saber e conhecimento parece ser a melhor opção. Temos que considerar que fazer alguém sair de casa para assistir uma palestra exige um esforço enorme de marketing ou mesmo de convencimento. Nada substitui uma boa conversa frente a frente, mas cada vez mais alternativas “on line” concorrem conosco. Fica a boa notícia de que a discussão sobre a ética vem ganhando espaço.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A Orquestra - Sobre a vida de Jaci Régis por Carol Régis


O movimento Espírita de Santos sempre foi como uma Orquestra. Começou há muito, muito tempo, com músicos bastante novos, cheios de sonhos e idéias, cada qual em seu palco. Espíritas de diversas famílias que estudavam a doutrina em seus centros, fazendo intercâmbios de quando em vez.

Até que na década de 40, desembarcam no porto de Santos dois irmãos. O mais velho, tinha o dom do sorriso. Podia ser um violonista, com notas alegres, especialista no instrumento. Não há quem ouça sua música que não sorria imediatamente. Certamente encantador, trazia no olhar a admiração e a preocupação constante com o companheiro de viagem. Seria assim durante toda a jornada, sem fim.

O mais novo era especial. Poderia tocar o violino também, mas seu talento era mais intrigante. Seria capaz de tocar diversos instrumentos, tinha dotes intelectuais espetaculares. Dedicou-se ao Espiritismo com toda a alma, sentindo cada nota de Kardec como se fosse compor uma obra prima em homenagem ao mestre.

Como não podia deixar de ser, com o passar dos anos, todos aqueles músicos avulsos começaram a ensaiar juntos. Debatiam, estudavam, tocavam as partituras, nem sempre harmoniosas, do Espiritismo Santista. Viam que se destacavam do restante dos músicos Brasil afora. Faltava alguma coisa, uma diretriz, um norte a seguir.

E então, aquele músico, que tanto talento possuía, assumiu seu papel natural de líder, produtor de idéias, semeador de novidades. Enfrentava as divergências conceituais como um novo espetáculo a montar. Mediante àquela coragem e àquela paixão pelo ideal Kardecista, os espíritas santistas passaram a respeitar o músico como algo além: Jaci Régis tornava-se o Maestro.

E assim foi durante outros tantos tempos: o Maestro lançava sua Orquestra em turnês nem sempre amistosas. Propunha acordes e arranjos quase impossíveis de alcançar. Exigia ensaios exaustivos a seus parceiros de palco. A reação dos espíritas, que agora faziam parte da renomada Orquestra do Movimento Espírita de Santos, era variada. Alguns viam no mestre exemplo de homem e pensador a seguir. Outros discordavam de seus métodos e quiçá de suas obras. Mas nenhum deles podia abandonar o posto. Já estavam imersos naquele organismo vivo que se apresentava cada vez mais vanguardista sob a batuta de Jaci.

E estavam acostumados demais a ver aquela figura brilhante regendo, mesmo que, por vezes, quase imperceptível, em um canto mais escondido das coxias. Eram palestras, livros, obras de auxilio social, simpósios, tudo saído da mente daquele homem de saúde um tanto frágil. Era inacreditável como tal espírito cabia naquele corpo tão terreno.

Dizem que alguns músicos foram tocar em outras bandas. Ousavam dizer aos ventos sobre suas dúvidas a respeito do antigo Maestro. Mal sabiam que, mesmo sob nova regência, a base inegável e atavicamente tinha vindo de Jaci que, a essa altura, havia começado a ensaiar sua mais nova e ousada obra. Fruto de seu amor inabalável por Kardec e de décadas de filosofias íntimas, A Doutrina Kardecista era o retrato fiel da alma do Maestro: provocadora, embasada, inquietante.

Então, o Maestro recebeu propostas de tocar em outras Orquestras. Negou algumas, resistiu, lutou, mas inesperadamente partiu.

A Orquestra que assumirá agora é muito maior, muito mais especial que a anterior e Jaci dividirá o palco com tantos outros Maestros do nível dele. Será um novo desafio. A Orquestra de Santos? Sente-se órfã. Perdeu seu Maestro de tantos e tantos anos de Espiritismo. Mas, como bom pai, ensinou seus filhos a nortearem-se pelos palcos sozinhos. Seguirão, sem dúvida, tocando. Mas aquela ausência pelos corredores dos centros Espíritas por onde tocavam será sentida sempre. A saudade será amenizada pela certeza dos acordes que chegarão, cedo ou tarde, vindos dos palcos regidos por Jaci. Sua música será ouvida sempre, onde quer que ele se apresente.

Texto originalmente publicado no Jornal Abertura em Janeiro de 2011.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O que sabemos que sabemos? Abrindo a Mente - Alexandre Cardia Machado

O que sabemos que sabemos?
Originalmente publicado no Jornal Abertura de Novembro 2010

Início do século XIX – o que víamos, pensávamos era a realidade.
Metade do século XIX – existe uma explicação lógica para a existência do espírito.
Fins do século XIX – Freud desvenda o inconsciente.
Início do século XX – Einstein derruba a dualidade matéria e energia, demonstra que espaço euclideano não existe ( o espaço depende da massa distribuida ) e o tempo é uma dimensão.
Início do Século XX – O infinitamente pequeno é probabilístico – a matéria se comporta ora como onda e ora como partícula.
Metade do Século XX – A evolução das espécies proposta 100 anos antes é provada através da descoberta da genética moderna.
Fins do século XX – O homem vai á Lua e orbita permanentemente o planeta em estações espaciais.
Início do Século XXI – O Genoma humano e de diversos animais é decifirado, todos os seres humanos estão conectados por ondas eletromagnéticas ( TV aberta, TV a cabo, celular, web, etc).

Sabemos , ao constatar estes saltos que o conhecimento de hoje é muito menor do que será em 20 anos, não temos a menor idéia de quais saltos tecnológicos ou de conhecimento daremos em vinte ou quarente anos. Até hoje, ainda que estes paradigmas tenham ligações com o conhecimento anterior, nenhum sábio previu, com uma antecipação de 10 anos que seja, que o velho telefone do Alexander Graham Bell viraria uma plataforma multimidia, interligada por microndas, satélites e cabo, permitindo acessar qualquer ponto do planeta, pessoas, notícias, temperatura ambiente, humidade relativa do ar entre outros milhares de opções.

Enquanto isto quais foram os saltos dado pelo espiritismo?
Período de codificação ( 1857 a 1868)
Período de crescimento científico ( fim do século XIX)
Período de Cristianização ( inicio do século XX)
Período Mediúnico Psicográfico ( meados do século XX)
Período Transcomunicacional ( fins do século XX)
Perído de atualização que com grande esforço tentamos implementar no início do século XXI, ainda que o grande sucesso da década tenha sido o filme “Nosso Lar” que não veio para atualizar nada.

Comparando o saber científico com o espiritualista, vemos que mudamos muito pouco, em velocidade muito menor, com a permanencia da fase anterior em paralelo com a nova etapa por muito tempo, não temos saltos não acompanhamos o progresso.

Sugiro que vocês naveguem no Google, no Bing, na Wikepedia não fiquem parados – estudem e comparem e se estiverem fazendo a mesma coisa, do mesmo jeito há 10 anos, provavelmente estarão fazendo algo errado, superado ou que esteja no mínimo desatualizado. Até colecionadores de antiguidade tem blog ou Ipod.

Para abrir mais a sua mente leia:
www.google.com.br; www.bing.com.br ; http://pt.wikipedia.org/wiki/Espiritismo

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Abrindo a Mente - A vida com ela é, ou seria? Primeria vez foi encontrado um ser vivo que contém na sua estrutura do DNA um componente inédito As

Artigo de Alexandre Cardia Machado

O Processo de adaptação, de sobrevivência do mais forte nos supreende a cada dia, revestido de todo um marketing especial, a Nasa, Revista Science e a Organização Pesquisa Geológica dos Estados Unidos deram a conhecer que pela primeria vez foi encontrado um ser vivo que contém na sua estrutura do DNA um componente até então inédito. Até esta data os componentes básicos eram Carbono, Hidrogênio, Nitrogênio, Oxigênio Enxofre e Fósforo. A vida mais uma vez nos ensina, nada parece ser absoluto, sempre há algo a aprender.

Em um lago chamado Mono, na Califórnia, que contém uma grande concentração de Arsênio (As), componente que causa envenenamento na maior parte dos seres vivos, mas que neste ecosistema sustem a vida vegetal em sua borda e algumas bactérias no interior do mesmo, mas que agora finalmente encountrou-se bactérias que incorporaram, na sua estrura do DNA, parcialmente o As. Esta constatação abre as portas a diversas especulações, quais sejam que passou a ser possível imaginar outras trocas químicas, de alguns dos outros componentes básicos. Afetando inclusive nossa forma de pesquisar a possibilidade de vidas em outros planetas.

Antes de ficarmos eufóricos, há que se considerar que esta bactéria, trocou 2 elementos químicos que estão na mesma categoria da tabela periódica e que isto é extremamente comum na química. Esta é a razão pela qual muito se cogitou, na possibilidade de troca do Carbono pelo Silício. A própria Nasa estuda isto. Claro que até o momento não encontramos nenhum ser vivo, na terra que tivesse este tipo de alteração na sua composição de DNA. O Silício é muito mais comum, na Terra que o Carbono, além de não ser um veneno e no entanto a vida se desenvolveu à partir deste elemento que dispõe de uma facilidade, plasticidade e variabilidade muito maior, capaz de criar toda um química chamada Orgânica.

O grande artista foi a bactéria GFAJ-1 for fazer a troca química no DNA pois outros sers vivos conseguiram adaptar-se sem necessitar disto. Um outro caso desafiador acaba de ocorrer nos úlimos 10 anos em uma região da polinésia, uma bactéria foto sensível partilhou o seu DNA com um Krill ( pequeno camarão) formando o primeiro animal capaz de fazer fotossíntese – esta simbióse pode explicar como seres tão pequenos como bactérias deram orígem a todos os animais que exitem hoje. Assim como o caso da bactéria GFAJ-1 isto só foi possível de ser conhecido por haver uma forma de adquirir conhecimento, que é seguida por toda a comunidade científica, ou seja, artigos técnicos, registros bem organizados e disponíveis ao acesso de outros pesquisadores pela internet.

Esta descoberta, claro favorece a tese Espírita da Pluralidade dos Mundos Habitados, não façamos disto uma falácia, mas a confirmação que a vida, uma vez gerada é capaz de adaptar-se, pela lei de evolução e que sabemos existe um grande ator presente em todos os processos o chamado Principio Espiritual. Escrevi em meu trabalho A Evolução do Principio Espiritual- 2009 que a vida fora da Terra deveria ser buscada à partir do estudo dos limites da vida na Terra ( Vulcões, lagos salgados, fundo do mar, em meio ao gelo etc).
Para abrir mais a sua mente leia: Revista Veja, 8 de Dezembro de 2010. Avida como ela (agora) também é. – Naiara Magalhães, Naiara .A Evolução do Pricípio Espiritual – XI SBPE – Machado, Alexandre - 2009

Artigo publicado originalmente no Abertura de Dezembro de 2010.

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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O SER HUMANO E A EVOLUÇÃO, UMA ANÁLISE PRÉ-HISTÓRICA - por Alexandre Cardia Machado

O SER HUMANO E A EVOLUÇÃO, UMA ANÁLISE PRÉ-HISTÓRICA - por Alexandre Cardia Machado

1. INTRODUÇÃO


Alexandre Cardia Machado

A primeira pessoa a tratar do evolucionismo foi Aristóteles (14,93), na sua Physicae Auscultationes (16,1987) que proclamava a evolução de todos os seres, desde a matéria ao pensamento. O tema teve posteriormente a contribuição de personalidades como Buffon, Lamarck, Saint-Hilaire, Wallace, Darwin e Haeckel, todos de alguma forma tentaram se contrapor à idéia bíblica de que todas as espécies foram “especialmente criadas”.

O fato é que o homem e o macaco têm um ancestral em comum. A determinação da espécie exata que deu origem ao homem moderno tem ocupado a atenção mundial, no campo da Paleontologia. Allan Kardec, em A Gênese, tratou do assunto nos capítulos X (Gênese Orgânica), XI (Gênese Espiritual – Princípio espiritual), este artigo procura estabelecer um paralelo entre a posição de Kardec – baseado nos ensinamentos dos espíritos e na ciência de 1868 – com os conhecimentos científicos do final do século XX.

Os humanos têm uma estrutura semelhante à dos chimpanzés e gorilas (a mesma estrutura anatômica básica e constituição genética similar), provavelmente herdadas de um ancestral que deve ter vivido há cerca de 10 milhões de anos. Sabe-se que (4,91) o primata mais antigo descoberto ate o momento foi um lêmur, pequeno animalzinho que vive até hoje, na ilha de Madagascar, no entanto, seus ancestrais já estavam por aqui a cerca de 50 milhões de anos.

Um interessante artigo foi publicado na revista Superinteressante (8,88), destacamos que: “Charles Darwin afirmou que os homens e os macacos têm a mesma origem, o que a ciência pode reforçar hoje, com o Aegyptopithecus de 35 milhões de anos. Até recentemente, porém, não se acreditava que a família dos humanos se confundia com a de chimpanzés e gorilas”, esta posição sempre foi um tabu, mormente no século passado. ”Hoje os cientistas tendem a aceitar que todos fazem parte de um único grupo, no qual homem e chimpanzé são parentes próximos, ao passo que gorilas q orangotangos são primos evolutivos mais afastados do gênero Homo.” (8,88).

Segundo Lima, “a semelhança física entre os humanos e os macacos inquestionável, porém o parentesco que há entre nós adquire destaque quando se comparam as proteínas humanas com as desses nossos parentes” (13,90).
A seguir apresento um quadro comparativo de homologia bioquímica, estabelecendo a relação entre proteínas presentes nos mamíferos, entre eles o homem.

Homem - 100%; Chimpanzé - 97%; Gorila - 92%; Gibão - 79%; Babuíno - 75%; Macaco aranha - 58%; Lêmur - 37%; Porco - 8%

A POSIÇÃO DE KARDEC

Com o objetivo de orientar o raciocínio do leitor, vamos expor, de forma simplificada, os principais pontos da Doutrina Espírita sobre a evolução do homem, extraídos das obras básicas.

1. Aceitação da existência de diversos ramos de primatas, que deram origem a diversas árvores (homem, chimpanzés, gorilas, etc.).
2. Aceitação do princípio, ainda que à nível de hipótese “de que o homem tenha se utilizado da vestimenta do macaco” na fase de elaboração do envoltório definitivo.
3. O Espírito modela o seu envoltório, talha-o de acordo com a sua inteligência.
4. Os mundos progridem, fisicamente, pela elaboração da matéria e, moralmente, pela purificação dos Espíritos que o habitam.
5. Existência da raça Adâmica.
6. Os selvagens também fazem parte da humanidade, evoluirão, mas sem dúvida, não será em corpos da mesma raça física.
7. Existência de dois tipos de seres, os que não são procriados (geração espontânea) e os que se propagam por reprodução, dando origem a novas espécies (teoria da evolução de Darwin).
A seguir apresentaremos como a ciência atual interpreta a evolução humana e sempre que couber, estaremos fazendo uma comparação com a posição de Kardec.


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2. OS PRIMEIROS PASSOS – OS HOMINÍDEOS DESCEM DAS ÁRVORES

Estudos demonstram que os ancestrais humanos passaram a ser bípedes há cerca de, 7 milhões de anos, segundo Richard Leakey, (14,95) estes seres são chamados de “Australopicíneos, ou símios meridionais” (Australoptécos), o representante mais conhecido desta fase chama-se “Lucy” e foi encontrado ao meio de rochas calcáreas na África Oriental, na região do Afar, na Etiópia. Lucy viveu à cerca de 3,2 milhões de anos.

Pegadas conservadas por cinzas vulcânicas mostram que os Australoptécos viviam em grupos familiares à cerca de 3,8 milhões de anos.

A revista Superinteressante de fevereiro de 1996 publicou a notícia da descoberta de um fóssil de Australopteco na região de Chade na África, local onde até então não se imaginava que os mesmos pudessem ter habitado. Este fóssil foi encontrado por um time de primeira linha de Arqueoantropólogos a cerca de 2000 km dos sítios anteriores, o que nos leva a crer que o processo evolutivo desta família pode ter ocorrido em pontos diferentes da África.

Não sabemos com certeza se o Australoptécos foi um ancestral humano ou se seguiu uma evolução paralela, o certo é que esta família desapareceu por volta de 1,7 milhões de anos atrás. No entanto a descoberta de um fóssil de australopthecus robustus de 1,8 milhões de anos, mais precisamente de sua mão, segundo Randall Susman (8,88), reacende a polêmica sobre o desaparecimento desta espécie pois as mãos encontradas eram muito semelhantes às humanas, portanto capazes de fabricar utensílios. Segundo Randall, a sua dieta vegetariana pode ter sido a causa de sua extinção.

Espiritamente poderíamos imaginar a luta dos princípios espirituais, visando identificar, qual das espécies de hominídeos seria mais favorável ao desenvolvimento da inteligência, uma luta no melhor estilo Darwinista.

O paleontólogo francês Yves Coppens (7,96), co-descobridor de Lucy e defensor da idéia do desenvolvimento do homem à partir do lado leste da África, na chamada “East Side Story”, por sua teoria a cerca de 4 milhões de anos, as diversas formas de hominídeos evoluíram, através do isolamento causado pela formação de um imenso vale no meio da África. No oeste, manteve-se a floresta úmida, cheia de árvores onde se desenvolveram os gorilas e os macacos. No leste uma savana com poucas árvores e menos abrigo, neste ambiente o homo teria se desenvolvido.

Lima afirma que a evolução dos ancestrais humanos se deu entre 8 e 4 milhões de anos, primeiramente pela adoção da postura ereta e posteriormente pelo desenvolvimento do cérebro. Tanto que, atualmente, os antropólogos centralizam a sua observação mais nas pernas e na bacia, do que nos crânios e mandíbulas como antigamente (13,90).

Leakey também defende esta idéia e afirma que os Australoptecos seriam os primeiros “humanos” erectus, apesar do aspecto e hábitos simiescos, segundo ele, há concordância entre os antropólogos em quatro pontos: “primeira, a origem da família humana a 7.000.000 anos, segunda, a proliferação das espécies bípedes, terceiro a 3.000.000 anos surge o gênero homo, e quarta, muito mais tarde, surgem os homens modernos” (14,95).

Podemos resumir as dúvidas atuais dos antropólogos em 3 questões:

1. “Qual a forma precisa da árvore da família humana?
2. Quando a linguagem falada sofisticada começou a evoluir?
3. O que provocou o aumento dramático no tamanho do cérebro na pré-história humana?” (15,1995)

PONTO 1 – A POSIÇÃO DE KARDEC

Aceitação da existência de diversos ramos, que deram origem a diversas árvores. Para Kardec, o homem e o macaco afastaram-se através de procriações sucessivas, formando ramos de uma mesma árvore, até que finalmente as duas árvores se separam formando troncos distintos. “O tronco se bifurcou: produziu um ramo, que por sua vez se tornou tronco”, complementando: “ Como em a Natureza não há transições bruscas, é provável que os primeiros homens aparecidos na Terra pouco diferissem do macaco pela forma exterior e não muito também pela inteligência. Em nossos dias ainda há selvagens que, pelo comprimento dos braços e dos pés e pela conformação da cabeça, tem tanta parecença com o macaco, que só lhe faltam ser peludos, para se tornar completa a semelhança” (10,1868).

Fica claro que Kardec possuía uma idéia evolucionista. Idéia distinta da Teoria de Darwin, apesar de Charles Darwin já ter apresentado a sua Origem das Espécies (16,1987), mas que, até aquele momento não havia conseguido o apoio integral da comunidade cientifica da sua época.

3 O SURGIMENTO DO GÊNERO HOMO

A família ou gênero Homo surge a cerca de 2 milhões de anos² diferencia-se dos Australoptecos por possuir um cérebro maior, crânio arredondado e face tipicamente humana. O representante mais antigo foi encontrado em Olduvai (Tanzânia), sendo classificados como Homo habilis, pois possuíam a habilidade de confeccionar utensílios.

O Homo erectus surge por volta de 1,7 milhões de anos e resiste até cerca de 200.000 anos a.C. possuíam cérebros maiores e mais desenvolvidos. Viveram no Sudeste da Ásia e China. O grupo africano que até alguns anos atrás era classificado como Homo erectus, hoje é chamado de Homo sapiens primitivo. O australopteco por não possuir a capacidade de construir utensílios nem construir abrigos ficou restrito à África tropical. Já o homo habilis, dominou o fogo e o vestuário e iniciou a expansão pela Europa e Ásia.

No mesmo artigo referido, (2,96) revela que foram encontrados os fósseis mais antigos de homo erectus na Ásia, num sitio, na China. Além disto, ferramentas feitas com pedras, de mesma qualidade das encontradas na Europa também foram descobertas recentemente na África, contrariando a tese anteriormente aceita, de que, esta habilidade teria se desenvolvido apenas na Europa.

Portanto, a cerca de 1,8 a 2 milhões de anos conviviam, disputando territórios e recursos os homo habilis, os homo erectus e os australoptecos. Por volta tenha sido encontrado até o momento fósseis de 500.000 anos³.

Uma das mais sensacionais descobertas recentes foi a do menino de Turkana, um exemplar de cerca de 9 anos de homo erectus encontrado quase que de corpo inteiro, uma sensação em arqueologia, uma vez que em geral encontra-se partes de ossos. Esse garoto pode-se dizer assim, viveu a cerca de 1.500.000 anos atrás, ele foi descoberto em 1984, porém só em 1993 é que a antropóloga americana Holly Smith, da Universidade de Michigan conseguiu determinar a sua datação. Este exemplar tinha 1,60m de altura. Um adulto poderia ter de 1,88 a 2m de altura.

Neste mesmo sítio foram encontrados 2000 fragmentos de ossos e 1500 peças de pedras lascadas que, nos próximos anos, podem acrescentar muitos dados à interpretação da pré-história.

Há cerca de 500.000 anos uma nova espécie começa a surgir na terra, é o homo sapiens. Fósseis datados de 250.000 a 150.000 anos demonstram a evolução do homo sapiens até uma espécie que o sucederá os chamados homo sapiens neanderthalensis, mais conhecidos como “homem de Neandertal”, esta espécie viveu na Europa e no Oriente Médio, nos anos de 100.000 a 35.000 anos a.C. Tinham feições toscas, com grandes mandíbulas, testa proeminente, corpos musculosos e robustos.

PONTO 2 - A POSIÇÃO DE KARDEC

Aceitação do principio, ainda que a nível de hipótese “de que o homem tenha se utilizado da vestimenta do macaco” na fase de elaboração do envoltório definitivo. (A Gênese, cap.9, pág. 212/3, questão 15) “admitida essa hipótese, pode-se dizer que, sob a influencia e por efeito da atividade intelectual do seu novo habitante, o envoltório se modificou, embelezou-se nas particularidades, conservando a forma geral do conjunto. Melhorados, os corpos, pela procriação, se reproduziram nas mesmas condições, como sucede com as árvores de enxerto. Deram origem a uma espécie nova, que pouco a pouco se afastou do tipo primitivo, à proporção que o Espírito progrediu (10,1868)”.

Cabe aqui apenas uma ressalva, a idéia de que o intelecto altera o corpo é uma interpretação no “estilo Lamark”, ou seja, a necessidade provoca pequenas mudanças no corpo físico, de geração em geração. Um exemplo clássico é o da girafa, que teria expandido o pescoço afim de alcançar os galhos mais altos, hipótese essa abandonada desde a publicação dos trabalhos de Darwin e Wallace.

A frase “por efeito da atividade intelectual do seu novo habitante” trás uma idéia de ação imediata, infelizmente não foi desta forma que as coisas aconteceram, como poderemos ver a seguir.

4. O APARECIMENTO DO HOMEM MODERNO

A determinação exata no momento em que o homem moderno surge no cenário ainda levanta muitas controvérsias, pois durante um determinado período eles convivem paralelamente a estas últimas espécies. Surgiram os chamados “homem moderno”, ou “homo sapiens sapiensis”, com idade de 90.000 a 110.000 anos, provavelmente em algum lugar entre a península Indiana, o Oriente Médio e o leste da África, um dos primeiros espécimes encontrados foi o homo sapiens sapiensis Cro-Magnon (1868 na França), que durante muito tempo fez os cientistas pensarem que o homem moderno tivesse se desenvolvido na Europa (9,90).

PONTO 3 – A POSIÇÃO DE KARDEC

O Espírito modela o seu envoltório e o apropria às suas novas necessidades; aperfeiçoa-o e lhe desenvolve e completa o organismo, talha-o de acordo com sua inteligência (10,1868).

A MUDANÇA FÍSICA CONSTANTE, O SINAL DA EVOLUÇÃO, O DESENVOLVIMENTO CEREBRAL, O SINAL DA PRESENÇA DO ESPÍRITO

Cabe um comentário a esta posição espírita, por trás desta afirmação está a tese de que o Espírito molda o corpo físico, vejamos como pensa a ciência.

Seria a inteligência (espírito) o dínamo da mudança do homem?

A questão é de suma importância, abalando a todos que tentaram estudar o assunto, Darwin, Robert Broom e Alfred Russel Wallace, debateram a questão da evolução em todos os campos, porém no que diz respeito ao homem, os três concordavam em que uma ação divina interferia diretamente no processo evolutivo. “Wallace e Broom debatiam-se entre forças conflitantes, uma intelectual, outra emocional. Eles aceitavam o fato de que o Homo Sapiens originava-se em ultima instância da natureza pelo processo de evolução, mas sua crença na espiritualidade essencial, ou essência transcendente, da humanidade levou-os a construir para a evolução explicações que mantinham a distinção humana” (15,1995).

Durante muitas décadas, acreditou-se que o crescimento do cérebro humano fosse o dínamo da evolução humana, a partir da década de 70, constatou-se que não foi bem assim, primeiro deu-se o bipedismo, em segundo lugar o desenvolvimento da habilidade dos membros superiores e muito depois o crescimento do cérebro.

Existem duas correntes que divergem sobre o modelo de predominância do bipedismo, são elas:

• A liberação dos membros superiores que possibilita o transporte das coisas;
• A postura bípede é um modo de locomoção mais eficiente do ponto de vista energético.
A cerca de 2,5 milhões de anos, os homens começaram a deixar registros fósseis de utilização de ferramentas feitas a partir de pedras lascadas.
• O período correspondente de 2,5 a 1,4 milhões de anos é chamado de período Ondoviano, onde as ferramentas eram obtidas sem uma forma predominante indicando um estado mental muito primitivo.
• O segundo período, a partir de 1,4 milhões de anos, chamado período achaulense, onde percebe-se um modelo mental determinado a ferramenta que seria produzida.
• Uma descoberta muito importante foi a de que os objetos de pedra foram feitos por indivíduos predominantemente destros, como os humanos atuais. Contrastando com os macacos que são indiferentemente destros ou canhotos.

Por último, o desenvolvimento do cérebro, segundo o Atlas da História do Mundo (1,1995) o “essencial do desenvolvimento humano de 2,5 milhões de anos atrás até 10.000 anos a.C. foi a mudança física permanente, já que os Australoptecos de cérebro pequeno foram substituídos por formas primitivas do Homo e depois por seres humanos com características do homem moderno. A chave para o sucesso humano, porém, reside no desenvolvimento da cultura e tecnologia, possibilitado por um cérebro cada vez maior. Esse desenvolvimento intelectual e sobretudo a invenção da fala e linguagem possibilitaram ao homem assumir um lugar de destaque na história da evolução”.

Durante muito tempo os cientistas formularam teorias à respeito do desenvolvimento do homem baseados, mais na intuição do que em fatos, Leakey nos coloca: “graças a Isaac e ao arqueólogo Lewis Binford, então na Universidade do Novo México. Ambos deram-se conta de que muito da interpretação dominante dos registros pré-históricos tinha base em suposições implícitas. De modo independente, eles começaram a separar o que poderia ser realmente conhecido a partir dos registros daquilo que simplesmente era suposto” (15,1995).

Lima (13,90) explica como os cientistas determinaram se os primatas possuíam ou não a capacidade da fala, existem 2 regiões no cérebro humano responsáveis pela fala, são elas a Área de Broca, no hemisfério esquerdo, responsável pela coordenação da boca, língua e laringe, e a Área de Wernicke, que coordena os padrões neurais. Através da análise do volume cerebral, do volume da região do hemisfério esquerdo, foi possível identificar que os australoptecos não os tinham desenvolvidos, e portanto não devem ter desenvolvido a fala.

Os chimpanzés treinados também conseguem reproduzir um vocabulário representado por símbolos de cerca de 200 palavras, no entanto não são capazes de formar sentenças organizadas gramaticalmente.
O ponto crítico da análise evolucionista é a falta do elo principal, da corrente, o chamado “elo perdido”, evidentemente que, quando esta expressão foi criada, na verdade faltavam muitos elos, hoje, com o aumento da pesquisa, com o incremento de técnicas combinadas de genética, datação de carbono, antropologia e paleontologia, espera-se em curto espaço de tempo, encontrar a peça faltante.
Mas apenas encontrar o corpo de transição não é suficiente para explicar o salto intelectual, neste aspecto, como veremos abaixo, Kardec propõe a hipótese extraterrestre, ou seja, a migração para o nosso planeta de Espíritos menos evoluídos de outros globos, com o objetivo de forçar a evolução humana.

PONTO 4 - A POSIÇÃO DE KARDEC

Os mundos progridem, fisicamente, pela elaboração da matéria e, moralmente, pela purificação dos Espíritos que o habitam.

Desta forma os mundos chegariam a períodos de transformação onde, então, Espíritos em grande quantidade migrariam de um mundo a outro, conforme o seu estado de adiantamento. “É quando se dão as grandes emigrações (nos 34 e 35). Os que apesar da sua inteligência e do seu saber, perseveraram no mal, sempre revoltados contra Deus e suas leis, se tornariam daí em diante um embaraço ao ulterior progresso moral, uma causa permanente de perturbação para a tranqüilidade e a felicidade dos bons, pelo que são excluídos da humanidade a que até então pertenceram e tangidos para mundos menos adiantados, onde aplicarão a inteligência e a intuição dos conhecimentos que adquiriram ao progresso daqueles entre os quais passam a viver, ao mesmo tempo que expiarão, por uma série de existências penosas por meio de árduo trabalho, suas passadas faltas e seu voluntário endurecimento.”

Algumas teses à este respeito foram lançadas ao longo do tempo, Eric Von Daniken, sem duvida é o autor mais conhecido, através do seu livro “ Eram os deuses astronautas?”, que aborda o tema sobre a ótica de uma colonização física da Terra por Ets.

Esta hipótese, levantada pelos Espíritos, na codificação, em verdade transfere o problema da evolução intelectual do homem, da Terra para um outro planeta. No caso de esta hipótese ser analisada mais profundamente, teríamos que tentar descrever os mecanismos de migração perfeitamente. Considerando que a época de Kardec, a hipótese de vida inteligente, nos demais planetas do sistema solar, era uma hipótese com validade científica, a dificuldade de locomoção restringia-se a alguns milhões de quilômetros. Acreditamos que esta hipótese hoje deva ser analisada com muito ceticismo.

5. A PRÉ-HISTÓRIA

Durante o Mesolítico (30.000 a 10.000 a.C.), o homem moderno, já como o único Homo existente, desenvolve a habilidade da caça utilizando o arco e a flecha, passando a viver em grupos menores, uma vez que as espécies grandes, quase todas foram extintas no período anterior. Com a nova técnica de caça o homem passou a abater aves e pescar, aumentando a sua capacidade de adaptação ao meio ambiente. Também é desta fase o início da domesticação de animais. (13,90).

As pinturas rupestres desta época ganham clareza e realismo muito grandes, representam animais perfeitamente, no entanto em nenhum momento figuras humanas são representadas. (13,90) Isto nos leva a considerar que os humanos daquela época tivessem receio em representar as figuras humanas, para não atrair o Espírito dos mesmos.

O Neolítico (10.000 a 4.000 a.C.) caracteriza-se pelo surgimento da agricultura, existem sítios arqueológicos datados de 9.000 a.C. onde sementes de trigo e cevada foram encontradas. Com a agricultura apareceram as primeiras aldeias. No oriente médio por volta de 6.000 anos a.C. já havia aldeias de tamanho considerável. Na Grécia quase ao mesmo tempo e na Grã-Bretanha por volta de 4.000 a.C. é atingida pela expansão da agricultura.

A Idade do Bronze e do Ferro confunde-se com a história, já aparece a civilização, as cidades estado, o comércio e principalmente a guerra, desta forma, chega-se ao estágio que se caracteriza pela evolução tecnológica em escala geométrica, fazendo com que o homem salte em menos de 5.000 anos da criação da escrita à conquista do sistema solar.

6. OS SUMÉRIOS, TALVEZ A RAÇA ADÂMICA?

O berço da civilização sem dúvida fica na Mesopotâmia (6,1991). Na época da ascensão dos Sumérios, 8.500 a.C., a maior parte da população humana era nômade, os homens perambulavam em pequenos grupos, de uma região para outra, alimentando-se dos animais que caçavam, das sementes e talos de plantas silvestres que colhiam, por todo o globo os homens se vestiam de peles de animais e buscavam abrigo em cavernas ou cabanas toscas. Tratavam de sobreviver. No entanto, os Sumérios foram os primeiros a desenvolver a agricultura, domesticar animais e formar cidades, com regras. Estabeleceram a monarquia e as classes sociais. Irrigaram a terra, desviaram rios e estabeleceram laços comerciais com as outras regiões em desenvolvimento. Criaram o arado, o primeiro calendário e foram os primeiros Astrônomos da história.

PONTO 5 – A POSIÇÃO DE KARDEC

Existência da raça Adâmica, de origem espiritual extraterrestre, ou seja, formada por anjos decaídos; (A Gênese, cap.9, pág. 231, questão 45) “Os Espíritos que a integram foram exilados para a Terra, já povoada, mas de homens primitivos, imersos na ignorância, que aqueles tiveram por missão fazer progredir, levando-lhes as luzes de uma inteligência desenvolvida.” Kardec referia-se à raça Adâmica como sendo a branca, considerando-a inclusive superior às demais (negra, amarela, etc.) até no seu próprio tempo. “Não é esse, com efeito, o papel que essa raça há desempenhado até hoje? Sua superioridade intelectual prova que o mundo donde vieram os Espíritos que a compõe era mais adiantado do que a Terra”.

OS SUMÉRIOS – O BERÇO DA CIVILIZAÇÃO

Os Sumérios acreditavam na existência de divindades. Foram os primeiros a desenvolverem um clero, pois justamente estes sacerdotes descobriram que precisavam de um método de preservação de registros, como colheitas, impostos e carregamentos comerciais. Foram criados os pictogramas que representavam os cereais, animais, etc, seguidos da quantidade, tudo isso em argila, em forma de tabletes. Isso já por volta de 8.000 a.C. A partir destes tabletes os Sumérios passaram a identificar alguns símbolos que representavam idéias, um exemplo: uma boca junto com linhas onduladas (água), representava sede. A seguir foram feitas experiências com fonemas. Criaram um instrumento em forma de cunha que facilitava o trabalho do escriba. A escrita cuneiforme foi então estabelecida na mesopotâmia (3.000 a.C) e a seguir se espalhou pelo velho mundo.

A chamada pré-história, não tem uma data específica para determinar o seu fim, uma vez que sua definição é “o período anterior a invenção da escrita” (5,1995), esta data, portanto não é fixa para toda a humanidade, na Mesopotâmia a história começou em 3.000 a.C., o norte da Europa só conheceu a escrita por volta do ano 500 d.C., enquanto que populações indígenas e aborígenas não a conhecem até os dias de hoje.

7. AS RAÇAS ATUAIS

Em 1987, dois bioquímicos da Universidade da Califórnia, Vicent Sarich e Allan Wilson, fizeram um estudo comparando proteínas humanas e de chimpanzés para ter uma idéia aproximada do tempo que os dois se separaram de um ancestral comum, a resposta foi de 5 milhões de anos.

O paleontólogo Jay Gould comentando a descoberta bioquímica da Geneticista Rebecca Cann, da Universidade do Havaí, junto com colegas da Universidade de Berkeley, de que o ancestral comum de todos os homens modernos teria cerca de 290.000 anos, afirma: “nos faz compreender que todos os seres humanos são mesmbros de uma mesma família, que teve uma origem recente em apenas um lugar”.

PONTO 6 - A POSIÇÃO DE KARDEC

“Os selvagens também fazem parte da humanidade e alcançarão um dia o nível em que se acham seus irmãos mais velhos. Mas, sem dúvida, não será em corpos da mesma raça física, impróprios a um certo desenvolvimento intelectual e moral”. (10,1868)

A UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS GENÉTICAS

Através da utilização da técnica do DNA mitocondrial, muito útil para traçar árvores genealógicas porque contém apenas a herança da mãe, só sendo alterado por mutações que afetam apenas a herança da mãe.

Com relação às raças existentes atualmente, comparando as amostras coletadas dos mais diversos grupos étnicos, os cientistas verificaram serem pequenas e triviais as diferenças entre as raças. “A cor da pele, por exemplo, é resultado de mera adaptação ao clima – negra na África, para se proteger do sol forte; branca na Europa, para facilitar a absorção dos raios ultravioleta, que ajudam a produção da vitamina D.” (8,88). O que nos leva, portanto, a crer que, antes da expansão do homem moderno os nossos ancestrais comuns eram todos negros. (13,90)

Todas as experiências feitas até hoje com seres humanos de diversas origens jamais conseguiram demonstrar a superioridade racial de qualquer tipo sobre os outros, qualquer ser humano, dispondo de condições semelhantes de alimentação e educação, apresentará resultados médios semelhantes em quaisquer testes psicológicos. É evidente que a comparação direta entre um europeu com um índio semi civilizado no interior da Amazônia, dentro de critérios desenvolvidos por europeus demonstrará uma superioridade muito grande à favor do primeiro.

O racismo é uma criação recente, surgida com os grandes descobrimentos, quando por razões econômicas inciaram-se as escravidões em massa de negros e índios, baseados na tese logo desenvolvida que estes formavam uma sub-raça, isto levou a que o Papa, em 1537 declarasse que os indígenas eram seres humanos e possuidores de alma imortal. (13,90) Claro está que os seres humanos brancos, de olhos azuis, são oriundos dos primeiros homo sapiens sapiens, que eram negros e que as diferenças na inteligência e na posição social ocupada pelas diversas raças, se originam de sua história natural e não da sua história biológica.

O aspecto sociológico, cultural, genético e alimentar, devem se somar ao espiritual para que todo esse processo seja entendido.

8. A IDÉIA DE EVOLUÇÃO SEGUNDO KARDEC

PONTO 7 - A POSICAO DE KARDEC

"Existência de dois tipos de seres, os não procriados (geração espontânea) e os que se propagam por reprodução, dando origem a novas espécies (teoria da evolução de Darwin) - (11,1868): "Os seres não procriados formam, pois, o primeiro escalão dos seres orgânicos e, provavelmente, um dia serão contados na classificação cientifica. Quanto às espécies que se propagam por procriação, uma opinião que não, mas que hoje se generaliza sob égide da ciência, é que os primeiros tipos de cada espécie são o produto da espécie imediatamente inferior. Assim estabeleceu-se uma cadeia ininterrupta, desde o musgo e o líquem até o carvalho, depois o zoofita, o verme da terra e o homem, se se considerarem apenas os pontos extremos, há uma diferença que parece um abismo, mas quando se aproximam todos os elos intermediários, encontra-se uma filiação sem solução de continuidade". (11,1868).

Kardec escreve este artigo, 7 meses após a publicação da Gênese (10,1868), portanto, sem receio de rever os seus pontos de vista. A credito que a Gênese só não foi revisada em tempo devido ao óbito de Kardec em 1869 (no livro em questão, o mestre se declara totalmente a favor da teoria da geração espontânea).

No mesmo artigo (11,1868), Kardec declara-se claramente a favor da evolução da Doutrina, através da discussão e da adesão as descobertas cientificas "Sendo a Revista um terreno de estudo e de elaboração de princípios, nela dando claramente a nossa opinião, não tememos empenhar a responsabilidade da doutrina, porque a doutrina a adotara, se for justa, e a rejeitara, se for falsa". Este é, no meu entender, uma deixa de Kardec para que o seu trabalho seja permanentemente estudado, ampliado e revisto, no caso de a ciência evoluir e lhe demonstrar que um determinado principio deixou de ter validade cientifica.

9. CONCLUSAO

É extraordinário avaliar que Kardec em 1868 pudesse antecipar uma série de desenvolvimentos científicos que só se consolidaram muitos anos apos a sua morte.

No entanto, alguns de seus pontos não encontraram guarida na ciência, poderão argumentar alguns, de que a ciência poderá lá chegar algum dia. Não é bem assim, algumas áreas já possuem suficiente material para que uma base sólida possa ser montada, permanecendo, é claro, espaço para mudanças posteriores em seus detalhes. São exemplos disto a Teoria da Origem das Espécies, publicada por Darwin em 1858 (12,1986), 10 anos antes da publicação da Gênese, permaneceu em discussão ate que a serie de descobertas de fósseis viessem a lhe comprovar a razão.

O que nos faz estranhar é o fato dos Espíritos não se manifestarem a favor da Teoria de Darwin, já que os mesmos opinavam sobre tudo, vide a Revista Espírita. O homem de Neanderthal foi descoberto em 1856 e, no entanto os cientistas recusavam-se a enxergá-lo como um ancestral do homem. Kardec, no entanto em 1868, após a publicação da Gênese, muda de posição, provavelmente dando atenção à corrente que se engrossava pelos científicos, favoráveis à teoria da evolução.

Um dos princípios básicos do Espiritismo é o da evolução infinita, outro o da lei do progresso, penso estar colaborando com este artigo para o progresso e a evolução da Doutrina Espírita.

Finalizando, a ciência ainda tem muitas dúvidas a respeito de detalhes como: Qual a forma precisa da árvore da família humana? Quando a linguagem falada sofisticada começou a evoluir? O que provocou o aumento dramático no tamanho do cérebro na pré-história humana? O Espiritismo trás hipóteses que ajudam a compreender estas questões, porém deve adequar-se àquilo que já está perfeitamente entendido.

Como ultima questão, deixarei com vocês um outro problema, se a evolução humana teve influencia espiritual, como defendemos, de que forma, e onde estes espíritos superiores evoluíram?

10. BIBLIOGRAFIA

1. ATLAS DA HISTÓRIA DO MUNDO, Folha de São Paulo, Geofrey Parker, 4ª ed.;1995, 320p.
2. REVISTA SUPERINTRESSANTE; Fevereiro 1996, Editora Abril, São Paulo 1996.
3. REVISTA SUPERINTERESSANTE; Outubro 1993, Editora Abril, São Paulo, 1993.
4. REVISTA SUPERINTRESSANTE; Abril 1991, Editora Abril, São Paulo, 1991.
5. ENCICLOPÉDIA COMPACTA DE CONHECIMENTOS GERAIS, ISTOÉ GUINNESS, Ed. Três Ltda. Rio de Janeiro, 1995.
6. HISTÓRIA EM REVISTA, a era dos reis divinos, Editora de Time-Life Livros, Abril Livros, Rio de Janeiro,1991.
7. CIÊNCIA- PRÉ HISTÓRIA - Jornal Folha de São Paulo, caderno de ciências, 3 de março de 1996. São Paulo, 1996.
8. REVISTA SUPERINTERESSANTE; Setembro 1988, Editora Abril, São Paulo 1988.
9. REVISTA SUPERINTRESSANTE; Fevereiro 1990, Editora Abril, São Paulo 1990.
10. KARDEC, ALLAN; A Gênese – os milagres e as predições segundo o espiritismo; (Le Gênese, lês miracles et lês prédictions selon lê spiritisme, janeiro de 1868) – Tradução de Guillon Ribeiro; FEB, 1944.
11. REVISTA ESPÍRITA – Jornal de Estudos Psicológicos; 1868; Edicel, São Paulo, s/d.
12. DAMPIER, WILLIAM C.; História da Ciência, São Paulo, Ibrasa, 1986. 249p.
13. LIMA, CELSO P.; Evolução Humana, São Paulo, Ed. Ática, 1990. 95p.
14. DAY, MICHAEL H.; O homem fóssil, 3º ed. São Paulo, Ed. Melhoramentos, 1993, 157p.
15. LEAKEY, RICHARD; A origem da espécie humana, Rio de Janeiro, tradução Alexandre Tort, Rocco, 1995. 159p.
16. DARWIN, CHARLES; A origem das espécies, Tradução: FONSECA, EDUARDO, Editora Tecnoprint, Rio de Janeiro. 387p.
17. REVISTA SUPERINTERESSANTE; Setembro de 1997, Editora Abril, São Paulo, 1997.

Anexo 1 - GÊNESE HUMANA E ESPIRITUAL – ÁRVORE EVOLUTIVA

1- Lemur – primeiro primata detectado – 50 milhões de anos
2- Aegyptopithecos – 35 milhões de anos
3- 20 milhões de anos (linha que separa os hominídeos, gorilas e chimpanzés, dos orangotangos)
4- Mitopithecus- 8 milhões de anos
5- Australopthecus ramidus – 4,4 milhões de anos (fóssil mais antigo)
6- Australopthecus anomensis – (1995) 4 milhões anos
7- Australopthecus afarensis – (1974) 3,3 milhões de anos (Lucy)
8- Australopthecus africanus – 4 milhões de anos a 1,5 milhões
9- Homo rodolfensis – 2,4 milhões de anos (início do aumento do cérebro)
10- Homo eagaster – 2,1 milhões de anos
11- Homo habilis – (1972) – 2,0 milhões de anos
12- Australopthecus robustos – (1938) – 1,7 milhões de anos
13- Homo erectus – 1,5 milhão de anos a 400 mil anos
14- Homo sapiens – 400 mil anos
15- Homo sapiens neanderthalensis – (1856) – 200 mil anos a 30.000 anos
16- Homo sapiens sapiensis – surge entre 100 mil e 50.000 anos a.C

Este artigo foi originalmente apresentado no V SBPE - Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita em 1997 em Cajamar - SP.

Hoje o autor tem um livro publicado, onde este trabalho foi atualizado:

Uma Breve Histório da Espírita de Alexandre Cardia Machado, disponível online em pdf (pode baixar gratuitamente):

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