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sábado, 4 de março de 2023

Educação Espírita - por Cláudia Régis Machado

 

Educação Espírita

Pais, professores e educadores preocupam-se com a formação das crianças. Ocupam-se  com o desenvolvimento da saúde - nos hábitos higiênicos, cuidados pessoais, alimentação etc. Com o desenvolvimento motor - nas habilidades manuais, na orientação espaço e tempo, etc. Com o desenvolvimento do pensamento -cognitivo, a inteligência e com o desenvolvimento emocional e afetivo e outros elementos.

Enfim, pensando em Educação, na formação do ser, está incluso a dimensão moral. O desenvolvimento da moralidade, que pode levar à espiritualidade visto aqui com o olhar espírita que trata de colocar em seu cotidiano a ideia de imortalidade dinâmica, da dimensão espiritual, de transcender o material em busca de algo maior. É sobre este tema que vamos nos concentrar.  



Moral, regras de boa conduta, “um conjunto de deveres, ou seja, de ações consideradas obrigatórias”.Compreender o que é certo ou errado. O que é bom e o que é mau para nós e para os outros.  Metaforicamente falando, as regras equivalem a mapas, e os princípios, a bússolas. É com as bússolas que se fazem mapas e não ao contrário. Mas como para a demanda dos princípios morais há necessidade de  maior complexidade intelectual para serem compreendidos, inicia-se isto nas crianças com  a introdução das regras. E é através delas que a criança pequena entra em contato com a moral. Chegando a valores, princípios que nortearão uma filosofia de vida.”

Os espíritas sabem que os filhos são espíritos vividos e trazem experiências e tendências próprias, mas que reencarnam para criarem um nova estrutura de personalidade e caráter para ajudar na formação dessa estrutura cabe desenvolver todas as potencialidades assim como princípios morais, a espiritualidade possibilitando que o espírito progrida, melhore e suplante ou equilibre as tendências trazidas. 

O foco aqui a Filosofia Espírita que tem o espírito na perspectiva da imortalidade, da evolução e o progresso constante e a existência de Deus

Muitos pais educam os filhos através das regras de bem conviver, de bom relacionamento, da generosidade, dos direitos e deveres, o que é um excelente caminho sem dúvida, mas não aprofundam na busca de respostas e compreensão de outras questões como buscar propósitos maiores, ver o mundo não só pelo lado material e a busca de  valores morais mais sofisticados, deixam de lado da espiritualidade, muitas vezes  esquecido ou deixado para segundo plano. Acreditam que a vida lhes ensinará. Outros não se sentem preparados não  tem em si isto  desenvolvido ou até tem,  mas não são firmes em suas convicções. Pensam em deixar quando a criança for adulta, formada para buscarem por si mesmo. Dando liberdade de escolha e decisão. Acreditam ser este um ponto de livre arbítrio e que cada um mais tarde sozinho pode optar e definir suas preferências. É um modo de ver e agir.

Mas há responsabilidades, esta é a missão dos pais e educadores lançar as bases, semear, como fazem em outras áreas do bem viver. ”Oferecer estruturas confiáveis e úteis que facilitem a sua orientação”.

Lançar sementes para que mais tarde desabrochem ou não. As crianças necessitam de educação, orientação, estímulo e reforço e subsídios para que possam crescer e florescer positivamente.

Muitos podem perguntar quando devemos começar este aprendizado?

Piaget coloca que a criança só vai conseguir seguir regras de viver bem as relações sociais quando se estruturam em regras- a partir dos 6-7 anos. E quando de forma cristalina há interesse em participar e atividades coletivas e regradas e procedimentos que contem regras.

Atualmente existem estudos que mostram que as crianças de 5 anos não é só um ser obediente, mas sim dotada de sensibilidade moral mais ampla embora inacabada.  “ Por volta dos 4 e 5 anos de vida as crianças começam a perceber que ao lado das coisas que fazem há aquelas que devem ser feitas”. Ela vai observar, seguir exemplos das pessoas afetivamente conectadas, experimentar simpatia pelos sentimentos dos outros, mas sem explicações racionais. Havendo uma fusão de medo e amor, simpatia e confiança responsáveis pelas “primeiras vontades de penetrar o universo moral e ser penetrado por ele” .Mais tarde por volta de 8 a 9 anos os princípios morais que demandam maior sofisticação intelectual para serem entendidos entram em cena.

Agora que sementes lançar? Cada família vai cultivar a filosofia que norteia a sua vida, os valores que seguem, as posturas, atitudes éticas e morais. Ter isso como base.

Os pais espíritas irão viver, falar e colocar aos filhos os princípios da Doutrina Kardecista.

Reforçando ainda a  necessidade de se desenvolver a moralidade deste de cedo é por compreender que é na infância que o indivíduo é mais acessível, maleável a aprendizagem. A doutrina espírita corrobora com este ponto porque neste período de inocência e do esquecimento do passado que cria um campo fértil para melhor aprendizado.

Os pais que conseguem ver a profundidade e importância da educação moral, devem incentivar asa crianças na participação DAE ações generosas, estimulando a compreensão das virtudes e suas práticas. Este compromisso é positivo quando feito de forma tranquila e amorosa.

Parece uma carga pesada, mas existe auxílio nesta tarefa. Uma dela é a Infância Espírita outras são  os livros, as revistas, as publicações literárias especializadas.

A Infância Espírita tem como objetivo de ensinar o Espiritismo como um todo e não mais só a evangelização. Mostrando a doutrina em todos os seus aspectos  fazendo ligação com a realidade da vida, com o dia a dia da criança. Muitos Centros Espíritas tem em sua estrutura o departamento de Infância Espírita

Na Infância Espírita o Espiritismo é transmitido de forma sistematizada organizada e prazerosa. Adequado a cada faixa etária. Neste ambiente também é a oportunidade de se empregar o que se aprender, já que o ensino é feito em forma de grupos o que convida à convivência aplicando-se os princípios de respeito, solidariedade, olhar o outro nas suas peculiaridades etc.

Este trabalho deve ser feito com amor, criando  laços afetivos entre os participantes. As pessoas ficam aonde se criam vínculos afetivos. E o importante é que os orientadores mesmo sem formação acadêmica demonstrem atenção e conhecimentos pedagógicos e psicológicos e de Espiritismo.

Necessário também integrar neste trabalho as famílias e é importante que estas apresentem disposição em se integrarem ao trabalho e não só delegar. O lar é a unidade social educadora por excelência.

O projeto da Infância Espírita deve ser dinâmico, moderno, ter uma linguagem adequada ao publico infanto-juvenil. Onde há criança, há energia em movimento, inquietação e curiosidade.

A Infância Espírita não é uma tarefa simples requer responsabilidade e seriedade no na ocupação que vai ser desenvolvida.

Seria de grande proveito que a equipe de pessoas voltadas a este ofício apresente alguns pontos como serem:

1.       Estudiosos do Espiritismo

2.       Conectados com a modernidade para fazer ligação da doutrina com a realidade prática da vida .” Antenados” nas descobertas do mundo, nos conhecimentos alcançados.

3.       Atualizados para motivarem e estimularem as crianças e os jovens que lá frequentam para  aprenderem Espiritismo e terem laços afetivos.

 Os livros espíritas para esse público também devem ser feitos de uma maneira atraente, atual, que estimulem as crianças a procurarem a leitura espírita como algo gostoso de se ler e aprender. Com este intuito eu fiz o livro” Kadu e o Espírito Imortal”. Procurei levar técnica, brincadeiras e  tarefas para que o leitor buscasse com seu interesse conhecer o universo espírita. Este livro pode ser utilizado como programa para o orientador na Infância Espírita, já houve experiências neste sentido e se revelaram positivas.

Kadu e o Espírito Imortal é um livro dinâmico que estimula  as crianças e os jovens  a lerem e descobrirem como é prazeroso conhecer a Doutrina Kardecista, sua história, seus princípios e a partir daí pensar, analisar, discutir e praticar. E como a ideia do Espírito imortal, a  imortalidade muda toda a visão de si mesmo e do mundo que os rodeia.

Na linha da Educação Espírita há também a Pedagogia Espírita que é uma proposta mais ampla, que levaria os currículos e método escolar ao verdadeiro fim superior o da formação integral e não só a instrução, mas dando uma diretriz segura para o uso da inteligência e o desabrochar da qualidade dos sentimentos. A utilização da filosofia espírita no sistema educacional.

Artigo foi publicado no Jornal Abertura de dezembro de 2022.

Baixe aqui:

https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/22-jornal-abertura-2022?download=207:jornal-abertura-dezembro-de-2022