Mostrando postagens com marcador Milton Medran. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Milton Medran. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Os conceitos espíritas - por Roberto Rufo


Os conceitos espíritas.

" O Espiritismo não tem necessidade de recorrer a sistemas ou ideologias" ( Roberto Rufo ).


Conceito (do latim conceptus, do verbo concipere, que significa "conter completamente", "formar dentro de "), substantivo masculino, é aquilo que a mente concebe ou entende: uma ideia ou noção, representação geral e abstracta de uma realidade. Pode ser também definido como uma unidade semântica, um símbolo mental ou uma "unidade de conhecimento". Um conceito corresponde geralmente a uma representação numa linguagem ou simbologia. O termo é usado em muitas áreas, como na matemática, na astronomia, na estatística, na filosofia, nas ciências cognitivas, na física, na biologia, na química, na economia e na informática.

Conceitos são universais ao se aplicarem igualmente a todas as coisas em sua extensão. Conceitos são portadores de significado. Um único conceito pode ser expresso em qualquer número de linguagens: o conceito cão pode ser expresso como Hund em alemão, hond em Afrikaans, dog em inglês, perro em castelhano, gos em catalão, hundo em esperanto, txakur na língua basca, chien em francês, can em galego, cane em italiano, canis em latim, inu em japonês etc. O fato de que conceitos são, de uma certa forma, independentes das linguagens torna a tradução possível; palavras em várias línguas "querem dizer" o mesmo porque expressam um e o mesmo conceito.

Conceito é uma frase (juízo) que diz o que a coisa é ou como funciona. O conceito, enquanto o-que-é é a expressão de um predicado comum a todas as coisas da mesma espécie. Chega-se a esses predicados ou atributos comuns por meio da análise de diversas coisas da mesma espécie. O homem é um ser racional. A racionalidade é o predicado comum a todos os homens. Numa linguagem mais iluminista, o Conceito é "um juízo sintético a priori" (Cf. KANT, I. Crítica da Razão Pura. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001 ). Sendo assim, conceito não é a mesma coisa que definição. Outros autores usam a expressão "definição real" como sinônimo de conceito (cf. MENDONÇA, Nadir Domingues. O uso dos conceitos: uma questão de interdisciplinaridade. Petrópolis: Vozes, 1985). Todo esse preâmbulo retirado do Wikipedia é para nos situar na importância de que uma teoria qualquer, entre elas a espírita, crie conceitos que a sustentem e reproduzam significados que se apresentam no comportamento cotidiano. No site Wikiversidade é apresentado um resumo muito interessante. Vejamos.

A doutrina espírita, de modo geral, fundamenta-se nos seguintes conceitos:

·         Na existência e unicidade de Deus, desconstruindo o dogma da Santíssima Trindade;
·         Na existência e imortalidade do espírito, compreendido como individualidade inteligente da Criação Divina (para Kardec, a ligação entre o espírito e o corpo físico, é feita por meio de um conectivo "semimaterial" que denomina de perispírito);
·         Na defesa da reencarnação como o mecanismo natural de aperfeiçoamento dos espíritos;
·         No conceito de criação igualitária de todos os espíritos, "simples e ignorantes" em sua origem, e destinados invariavelmente à perfeição, com aptidões idênticas para o bem ou para o mal, dado o livre-arbítrio;
·         Na possibilidade de comunicação entre os espíritos encarnados ("vivos") e os espíritos desencarnados ("mortos"), por meio da mediunidade (Essa comunicação é realizada com o auxílio de pessoas com determinadas capacidades - os médiuns, como por exemplo a chamada "escrita automática" (psicografia).);
·         Na Lei de Causa e Efeito, compreendida como mecanismo de retribuição ética universal a todos os espíritos, segundo a qual nossa condição é resultado de nossos atos passados;
·         Na pluralidade dos mundos habitados, a ideia de que a Terra não é o único planeta com vida inteligente no universo.

Além disso, podem-se citar como características secundárias:

·         A noção de continuidade da responsabilidade individual por toda a existência do Espírito;
·         Progressividade do Espírito dentro do processo evolutivo em todos os níveis da natureza;
·         Retorno do Espírito à matéria (reencarnação) tantas vezes quantas necessárias para alcançar a perfeição. Os espíritas não creem na metempsicose.
·         Ausência total de hierarquia sacerdotal;
·         Abnegação na prática do bem, ou seja, não se deve cobrar pela prática da caridade nem o fazer visando a segundas intenções;
·         Uso de terminologia e conceitos próprios, como, por exemplo, perispírito, Lei de Causa e Efeito, médium, Centro Espírita;
·         Total ausência de culto a imagens, altares, etc;
·         Ausência de rituais institucionalizados, a exemplo de batismo, culto ou cerimônia para oficializar casamento;
·         Incentivo ao respeito para com todas as religiões e opiniões.

Interessante verificar que as características secundárias na verdade são o corolário da aceitação racional dos conceitos espíritas. Trata-se na verdade do comportamento espírita na sua melhor expressão.

Segundo o Espiritismo o progresso intelectual engendra o progresso moral mas nem sempre o segue imediatamente. O poeta americano Ezra Pound é prova disso; autoexilado na Itália, lá encantou-se pelo Duce e pelo ideário fascista, a ponto de tornar-se um frenético e onipresente garoto-propaganda do regime em prosa e verso.

Agiu da mesma forma que o poeta Máximo Gorki em seu encantamento pelo comunismo stalinista. Essas ideologias antípodas em vária fases da humanidade têm em comum um "ideário de igualdade" mas somente para aqueles que recitam de cor a cartilha do sistema. O Espiritismo muito ao contrário vê a igualdade para todos como meio de obtermos pelo livre arbítrio uma progressividade compartilhada com quaisquer espíritos que nos rodeiam, independente de cor, raça ou credo. Analisem essa preocupante situação descrita pelo colunista Sérgio Augusto: atualmente na Itália existe um  grupo fascista denominado  " Raggazzi di Ezra " cuja especialidade é ocupar prédios vazios para neles alojar famílias sem teto. É um MST da direita, com a diferença de não aceitarem imigrantes de pele escura. Nem pensar. Esses idiotas não desmentem a tradição. Falam em salvar a Europa da globalização que quer destruir sua cultura e suas comunidades.

Grupos extremistas sejam de direita ou de esquerda têm algo em comum: o ódio à globalização e ao neo-liberalismo. Nessa parte estão de braços dados. Vivem diuturnamente de slogans, palavras de ordem, com comportamentos de baixíssima racionalidade, a exemplo do presidente americano Donald Trump. Como dizia o historiador Tony Judt essas pessoas não trabalham com conceitos, mas simplesmente com atitudes. São ciclos da humanidade. Sairemos maiores no final das contas. No artigo Regeneração da Humanidade em Obras Póstumas está escrito que não é o mundo material que se aproxima, mas o fim do mundo moral. É o mundo velho, o mundo dos preconceitos, do egoísmo, do orgulho e do fanatismo que se esboroa. Vamos torcer. Seria um último suspiro dos fanáticos.

O pensador espírita Milton Rubens Medran Moreira em seu excelente livro - Direito e Justiça - Um olhar espírita- ao tratar também de conceitos espíritas, nos faz um alerta sobre a evolução que se opera através da reencarnação. Isso tem que estar muito bem definido e aceito racionalmente pois segundo o autor citado "sem isso não poderemos avançar na busca de conceitos ou aplicações concretas de direito e de justiça".