Mostrando postagens com marcador Fake news. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Fake news. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 17 de maio de 2023

Censura prévia nunca mais - por Alexandre Cardia Machado


Censura prévia nunca mais

Está claro para todos que temos um problema: como controlar as redes sociais? Isto me faz pensar nos idos dos anos 1900 quando surgiu o automóvel, cientistas, médicos diziam que “o corpo humano não suportaria viajar a uma velocidade de 40 km/h, sofreríamos um ataque cardíaco”.

Bem, está claro que existem riscos relacionados com os automóveis e seus arredores, mas o ataque cardíaco é o menor de todos. O problema está na maioria das vezes naquele sujeito que fica entre o banco e  o volante.



Automóveis estão envolvidos na morte quer por acidentes de trânsito como em atropelamentos mundo afora, no entanto não existem governos ou ONGs exigindo que se proíba o uso dos automóveis, no entanto existem normas de fabricação e de trânsito, que valem para todos, automóveis, veículos maiores, bicicletas e pedestres. São permanentemente revisadas visando a melhor convivência possível.

Acredito que de mesma forma se faz necessário normalizar o mundo digital, a proteção dos dados e da privacidade, a inviolabilidade das correspondências. Assim deveria funcionar até que um crime seja cometido.

Da mesma forma que para os automóveis, não se pode criminalizar os fabricantes pelo mau uso dos veículos, a menos que se trate de um problema de fabricação, ou violação de normas pelo fabricante.

Portanto por similaridade, é possível propor limites aos algoritmos naquilo em que eles violam as nossas garantias pessoais. Também por similaridade o uso do automóvel ou dos computadores, celulares e tablets deve responsabilizar o motorista ou nestes casos o usuário.

O problema são as pessoas, elas tendem a se agrupar em grupos, coletivos, por afinidades ideológicas, esportivas, culturais e nem sempre em grupos que se reúnem para praticar o bem.

Dito isto as ações do Poder Público devem ocorrer sempre que se cometa um ato ilícito, se no caso do veículo, quando há um acidente, analisa-se as causas específicas e de modo reverso, chega-se aos responsáveis e aí se exerce a força das lei.

Qualquer iniciativa de censura prévia, via algoritmo ou controle policial será inócua, pois o ser humano logo encontrará outras formas de se comunicar que ficarão novamente imputáveis.

Neste momento em que escrevo o Congresso Nacional se ocupa do tema, esperamos que nossos representantes eleitos pelo nosso voto debatam profundamente o assunto, não há como aprovar na correria uma matéria desta natureza. Há que se promover um grande debate, envolvendo todos os atores da sociedade, usuários, provedores, big techs, juristas, policiais especializados em crimes cibernéticos, representantes da sociedade civil. Esta seria uma forma de buscar um consenso sobre o que deve ou não ser normatizado. Revisar o marco legal de internet se necessário, mas de forma alguma, policiar todos os cidadãos através de algoritmos – isto tem cheiro de ditadura.

Do Livro dos Espíritos recorro a questão 828.

“Como conciliar as opiniões liberais de certos homens, com o despotismo que, frequentemente, eles próprios exercem no seu interior e sobre os seus subordinados?

Vejam como uma questão formulada no século XIX pode ser tão presente em nossos dias.

- “Eles tem a inteligência da lei natural, estando ela contrabalanceada pelo orgulho e pelo egoísmo. Eles compreendem o que deve ser, quando seus princípios não são uma comédia representada calculadamente, mas não o fazem ...”

Permitindo-me um aparte – voltando à questão do homem a resposta dos espíritos ainda na mesma questão, segue “ ...- Quanto mais inteligência tem o homem para compreender um princípio, menos é escusável de não aplica-lo a si mesmo. Digo-vos, em verdade, que o homem simples, mas sincero, está mais avançado no caminho de Deus do que aquele que quer parecer o que não é.”

Então concluindo, não vale a pena fazer algo que parece resolver o problema, mas que de quase nada servirá, façamos bem, pois o problema seguirá na consciência de cada um de como usar as ferramentas que o progresso nos proporcionam. A mesma radioatividade que cura o câncer, mata como em Hiroshima.

O espiritismo prega como um dos seus pressupostos básicos a liberdade, entre as Leis Naturais, Kardec propôs a Lei de Liberdade, de forma alguma somos favoráveis à falta de responsabilidade. As nossas ações serão julgadas pelo Poder Público caso provoquem algum tipo de crime.

Publicado no Jornal Abertura de maio de 2023.

Baixe aqui o jornal: https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/31-jornal-abertura-2023?download=232:jornal-abertura-maio-de-2023


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

O Dilema das Redes Sociais e o Espiritismo por Alexandre Cardia Machado

 

O dilema das redes sociais e o espiritismo

Não existe jantar de graça! – Ulisses Guimarães



Na página 8 desta edição Roberto Rufo nos chama a atenção a este problema no artigo - O controle da opinião pública e o livre-arbítrio - e cita alguns livros que nos ajudam a entender o problema em que estamos metidos.

Gosto muito de citar o refrão de Roberto Carlos “se o bem e o mal existem, você pode escolher”, mas talvez isto já não aconteça mais assim. Vamos tentar mostrar porque.

O documentário da Netflix - O Dilema das Redes – vai direto ao cerne do problema, talvez não tenhamos mais a capacidade de exercer plenamente o nosso livre arbítrio. O interessante é que fiquei sabendo do mesmo através de minha filha Beatriz que comentou justamente no WhatsApp da família.

O problema que quero discutir aqui não é novo, já em 2016, Rafael Régis dos Reis então presidente da MEEV – Mocidade Espírita Estudantes da Verdade, apresentou um trabalho no XXII Congresso Espírita Pan-americano da CEPA que foi realizado em Rosário, Argentina. Neste trabalho denominado:  A Internet contra o livre pensar – ele trata profundamente este tema. Posteriormente convidamos Rafael a reapresentar e discutir no ICKS o seu trabalho. Aquela época Rafael já discorria sobre os algoritmos usados pelos sites de pesquisa e outras mídias sociais que nos acompanham, a cada clique que damos, cada like é acompanhado pela rede, pela matriz. De um lado a rede nos oferece amigos, vídeos, reportagens que nos mantem conectados. De outro lado também nos oferecem coisas que não estamos necessariamente buscando, portanto de muito tempo sabemos que os serviços gratuitos ou não da Internet não são jantares de graça.

O documentário O Dilema das Redes vai mais além, traz as pessoas que trabalharam em postos chave nas grandes empresas digitais, como Google, Facebook, LinkedIn, Instagram fazendo confissões de como atuavam e usando dos recurso cinematográficos, traçam um narrativa contundente do que está por trás de todas estas facilidades.

Quando ligamos de Santos para Porto Alegre, por exemplo, usando a vídeo conferência pelo WhatsApp, Skype ou Zoom, de graça, significa que, alguém está pagando por isso. Ora, no mundo capitalista, onde estas empresas estão inseridas, sendo elas as maiores na bolsa de valores da americana – NASDAQ, elas não ofereceriam serviços tão baratos à toa, elas ganham dos anunciantes ou de qualquer um que queira impulsionar uma ideia, produto, ideologia ou religião. Não importa, tudo está à venda.

Não resta dúvida que estes serviços nos conectaram, nos facilitaram o acesso à informação, aos amigos de infância o que é muito bom. No entanto é preciso saber que enormes bancos de dados que guardam estas informações, também guardam, todo o tempo os sites que entramos, todos os produtos que procuramos, todos as páginas da internet que acessamos a cada movimento nosso na internet. Nós somos acompanhados pelos algoritmos todo o tempo. E precisamos saber que usam esta informação para impulsionar os anunciantes e monetizar os nossos cliques.

Do documentário extraí esta frase “ só dois tipos de atividades chamam seus clientes de usuários – o de informática e o de drogas ilícitas “ é uma frase de efeito, mas cada vez mais passamos mais tempo na frente das telinhas: TV a Cabo, Netflix, Celular, tablet, computador, notebook. Nos elevadores de prédios comerciais, nas salas de espera, nas padarias da moda, sempre tem alguém expondo um produto, uma ideia, uma notícia nas telinhas.

Se você checa o seu celular antes de dar bom dia, se você leva o celular para o quarto na hora de dormir, se não aguenta escutar qualquer notificação sem consultar, cuidado.

Estar informado,  tudo bem, temos interesse, o problema e daí o nome dilema é que os algoritmos sabem o que nos interessa e o que não nos interessa, o documentário é excelente em mostrar como isto é feito, e então acontece a mágica, ou melhor o ilusionismo, você gostaria de comprar um carro, pesquisa nos sites de classificados e de repente, começa a receber ofertas nas suas telas. Faça um teste – abra um site como o Terra, ao mesmo tempo no seu celular e no de sua esposa ou filhos, o que conteúdo que aparecerá lá não é igual, cada um recebe, ou acessa o que mais busca, personalizado.

Parece ótimo e tem suas vantagens, mas em assuntos polêmicos como por exemplo na política ou em todos os assuntos que envolvem o seu perfil político, aí a coisa pega, pois as redes socias, não são ferramentas, são caça níqueis e querem que nós fiquemos clicando o máximo de tempo possível, portanto reforçam o nosso interesse.

Assim quem é mais à direita acessa sem pedir o conteúdo favorável às suas ideias, pois aí enquanto a pessoa fica lendo ou vendo vídeos, aparecem as oportunidades de vender mais, o mesmo ocorre para quem é mais à esquerda. Como consequência direta disso estamos cada vez mais divididos e radicais.

Fica aqui o convite para que assistam o documentário, como espíritas e livres-pensadores não há nada mais importante do que o livre-arbítrio e ele está correndo perigo.

Portanto quando você der um “google” tome alguns cuidados:

·         Provavelmente as duas primeiras páginas são conteúdos pagos ou impulsionados, vá mais fundo;

·         Depois da primeira pesquisa, refine mais a busca, acrescente algumas palavras-chave a mais;

·         Leia, mais de um, pelo menos três artigos e use o seu bom senso.

Regulação:

Em suma, alguma regulação precisa ser imposta às redes sociais, elas têm um produto a venda e este produto é o “seu perfil, o meu perfil, os nossos perfis”.

No Brasil, passou a entrar em vigor a LGPD à partir de 15 de agosto de 2020, trata-se da Lei de Proteção de Dados – Lei n° 13.709/18 que regulamenta a política de proteção de dados pessoais e privacidade, modifica alguns dos artigos do Marco Civil da Internet  e impacta outras normas, transformando drasticamente a maneira como empresas e órgãos públicos tratam a privacidade e a segurança das informações de usuários e clientes.

Na Europa, a General Data Protection Regulation – inspiração para a lei brasileira – vigora desde 25 de maio de 2018, fazendo com que entidades e empresas na União Europeia tivessem de se adaptar antes de sua vigência. Isto está ocorrendo no Brasil, todos estão recebendo e-mails de mudanças de políticas dos sites,

Esta lei define o que milhares de empresas brasileiras que trabalham de forma direta ou indireta com dados pessoais de clientes vão fazer com estes dados. Em algumas dezenas de milhares, esses dados são vitais para o funcionamento do próprio negócio, como bancos, seguradoras, e-commerces. Não é exagero dizer que a segurança das informações dos consumidores é essencial para todas as transações realizadas por essas companhias.

A legislação é categórica: todos os dados tratados por pessoas jurídicas de direito público e privado, cujos titulares estejam no território nacional; ou a sua coleta se deu no país; ou ainda que tenha por finalidade a oferta de produtos ou serviços no Brasil, devem estar preparadas.

Assim, não se trata de uma opção, mas de uma obrigação das empresas em se adequarem às normas brasileiras de proteção de dados pessoais.

Do mesmo modo, caso se trate de uma simples pessoa ela terá sua privacidade e liberdade protegidas contra eventual violação de segurança que importe em risco de exposição ou vazamento de dados, por exemplo; ou o direito de ter seus dados apagados de determinado banco de informações, dentre outras possibilidades.

Não foi à toa que o TSE – Tribunal Superior Eleitoral reuniu-se com as gigantes já mencionadas anteriormente e estabeleceu um protocolo de uso de dados e combate a fake news durante a campanha eleitoral agora para as próximas eleições.

Não deixe que sua capacidade de pensar e tomar decisões seja terceirizada, como muito bem nos explicam os Espíritos no Livro dos Espíritos, na questão 843 “– Visto que ele (o ser humano) tem a liberdade de pensar, tem a de agir. Sem Livre-arbítrio o homem seria uma máquina.” Portanto segue um bom conselho, sempre que possível, cheque suas ideias com o contraditório, pode ser que o melhor caminho seja o do meio.

 

Curiosidade - O que significa a palavra google? Bom, ela surgiu como um trocadilho em cima da palavra "googol", um termo matemático para o número representado pelo dígito 1 seguido de cem dígitos 0. Larry Page e Sergey Brin, os criadores do Google, usaram esse termo para mostrar que a quantidade de informações no buscador é aparentemente infinita. E o Google foi chamado assim pela primeira vez em 1997, quando ainda era um mecanismo de busca que funcionava somente internamente na Universidade de Stanford.

 Alexandre Cardia Machado

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

Gostou? Você pode encontrar muito mais no Jornal Abertura – digital, totalmente gratuito.

Acesse: CEPA Internacional

Jornais de 2020

https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/26-jornal-abertura-2020

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

O Espírita na Civilização do Espetáculo - por Alexandre Cardia Machado

 

O Espírita na civilização do espetáculo

 

A partir de 1968, num movimento iniciado na França, estudantes anarquistas armam barricadas em Paris e este movimento ganhou o mundo, os estudantes predominantemente socialistas queriam mais liberdade, mais espaço, menos estado, deste movimento nascido na Universidade de Paris e a seguido pela Sorbonne surgiu a chamada  contracultura como imortalizada na canção de Caetano Veloso - É proibido proibir.

No ocidente a moda pegou. Em Praga, justamente no mundo socialista, na reclusão da Cortina de Ferro a iniciativa terminou com os tanques acabando com a festa na chamada Primavera de Praga contra o Stalinismo. Houve claro reações na França e em outros países, mas a resultante deste movimento só proliferou mesmo onde já existia o estado democrático de direito. Qual foi a resultante disto? O sistêmico ataque à tradição, a implantação das ideias socialistas nas áreas humanas das universidades e a valorização do pluralismo em todas as suas formas. Vivemos este processo que tem pontos positivos e negativos.

Não buscamos aqui criticar esta ou aquela tendência ideológica, mas sim reconhecer que estamos mergulhados na sociedade ou até na civilização do espetáculo.

Mario Vargas Llosa - Prêmio Nobel de Literatura em 2010 -  escreve em 2012 um livro denominado – A civilização do espetáculo – Uma radiografia do nosso tempo e da nossa cultura, livro que compila alguns artigos publicados no jornal “El país” de Madri, alternados de capítulos mais aprofundados sobre o momento vivido pela cultura no século XXI. Este livro dialoga com o escrito por Guy Debord – A sociedade do espetáculo - de 1967, Debord é protagonista dos eventos desencadeados em 1968, época de Guerra Fria, Guerra do Vietnam, movimento hippie e muitas outras mudanças sociais.

Cultura, Política e Poder

O livro de Vargas Llosa parece ter sido escrito para o momento que presenciamos nos últimos anos no Brasil, trago ao nosso público espírita com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento de nosso senso crítico, tão importante para que possamos exercer nosso livre arbítrio.

Segundo Vargas Llosa, “cultura não depende de política, em todo caso não deveria depender, embora isso seja inevitável nas ditaduras ... o resultado deste controle,” (do estado) “como sabemos, é a progressiva transformação da cultura em propaganda. Numa sociedade aberta, embora a cultura se mantenha independente da vida oficial, é inevitável e necessário que haja relação e intercâmbios entre cultura e política”.

Podemos observar claramente, no Brasil, após a entrada do presidente Bolsonaro, o porquê da reação do meio cultural ao mesmo, pois em que pese nos governos anteriores estarmos numa sociedade aberta, houve sim, muito apoio oficial a iniciativas culturais, nem tão independentes assim, havia claramente um viés ideológico. Para o seguimento da cultura, a chegada de Bolsonaro representa uma ameaça, pois ele traz um ideário muito diferente, tradicional, moralista.

Vargas Llosa, chama a atenção que é justamente nestas sociedades abertas que “... ocorre o curioso paradoxo de que, enquanto nas sociedades autoritárias é a política que corrompe e degrada a cultura, nas democracias modernas é a cultura – ou aquilo que usurpa seu nome – que corrompe e degrada a política e os políticos”. O autor costuma neste livro navegar entre cultura e jornalismo pois hoje os jornais televisivos passaram mais a ser um show, assim se refere a este último que ele considera que tem mudado de investigativo para espetaculoso.

“O avanço tecnológico audiovisual e dos meios de comunicação, que serve para contrapor-se aos sistemas de censura e controle nas sociedades autoritárias, deveria ter aperfeiçoado a democracia e incentivado a participação na vida pública. Mas teve efeito contrário, porque em muitos casos a função crítica do jornalismo foi distorcida pela frivolidade e pela avidez de diversão da cultura reinante”.

Wilson Garcia, em 2003 no VIII SBPE – Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita apresentou um trabalho – O Espiritismo na Sociedade do Espetáculo - que permanece inteiramente atual. Destaco um parágrafo: “ O espetáculo, contudo, predomina sobre a informação ou até mesmo por conta da informação, e está presente nas imagens e acima de tudo como ideologia consumada por um consenso de prática, como a dizer que só é possível ser eficiente na conquista de mentes e corações se a produção e a veiculação de mensagens obedecer aos critérios que o sentido do espetáculo impõe. Diante disso, ao Espiritismo resta resolver o conflito de produzir a sua “divulgação” sob o império do espetáculo sem perder a capacidade de falar sobre suas propostas com a coerência e a lógica interna da doutrina. Será isso possível?”.

Vamos tentar responder a esta pergunta no fim deste artigo.

Como exemplo disto presenciamos diariamente nos diversos meios de comunicação uma briga entre Bolsonaro e a Rede Globo de Televisão, os motivos desta disputa são diversos e não perderemos tempo em tentar descrever. Acreditamos que cada leitor tenha a sua própria visão sobre isto.

Ou seja, tudo acaba se transformando num espetáculo, o IBOPE do Jornal Nacional havia muito não era tão alto, contra ou a favor, todos querem assistir o último capítulo da novela Globo x Bolsonaro, foi antes assim com o cai não cai de Temer, foi assim com o impedimento da Dilma, com a lava jato.

No entanto chamo a atenção a uma recente pesquisa de opinião do Instituto Paraná Pesquisas, onde procurou-se saber em quem o brasileiro confiava mais: “Das 2.390 pessoas ouvidas na pesquisa, por amostragem, 37,9% alegou que confia mais em Bolsonaro. Já para 32,6%, o apresentador do Jornal Nacional e contratado da Globo, William Bonner é mais confiável”. Só por fazermos esta pesquisa, fica demonstrado o quanto se misturam cultura, jornalismo, política na sociedade do espetáculo. Tudo o que importa são imagens, fofocas, idas e vindas. Segundo Llosa “...transformar em valor supremo essa propensão natural a divertir-se tem consequências inesperadas: banalização da cultura, generalização da frivolidade e, no campo da informação, a proliferação do jornalismo irresponsável da bisbilhotice e do escândalo”. Quem ainda não se pegou, repassando mensagens sobre “a última” de algum dos envolvidos, memes etc. fazemos isto achando que é o natural, não importa se é verdadeiro, contanto que o outro sorria ou fique com muita raiva, conforme seja o nosso desejo.

Recorrendo mais uma vez a Wilson Garcia: “ A cultura do espetáculo é dominante por cumprir aquilo que Debord coloca: “o que aparece é bom, o que é bom aparece”(grifo meu). A crítica, portanto, da mídia do espetáculo é o reconhecimento de que ela faz do espetáculo essa razão social de viver. A notícia é espetáculo na TV, mas também nos jornais, nas revistas e nas emissoras de rádio. E é notícia sob o formato do espetáculo não apenas o fato, o acontecimento inusitado; também aquilo que antes não era, ou seja, a vida privada. O privado e o público se confundem nesse cenário difuso, assim como os interesses que dominam o público e o privado” . O indivíduo permite que sua intimidade adquira visibilidade por conta de uma certa consciência da necessidade de tornar-se visível para obter reconhecimento; o espetáculo midiático é o meio pelo qual a visibilidade pode alcançar a dimensão pública mínima. A vida que se torna espetáculo deixa de ser a vida para se tornar espetáculo. Dentro desse contexto, cabe perguntar: qual é a possibilidade de ser sem tornar-se espetáculo?

 

Escultura em Praga, na Jungmann Square –Adão e Eva do artista Tcheco Krystof  Hosek

Retornando a 1968, é correto pensar que é proibido proibir, ao menos no que diz respeito à liberdade de pensar e à liberdade de expressão, a Lei de Destruição nos ajuda a entender a dinâmica da sociedade em permanente evolução. Mas ao Espiritismo cabe ver a agir para que este movimento da sociedade seja pelo bem maior.

Jaci Régis num artigo denominado - Sobre o Comportamento – no livro de 1990 – Caminhos da Liberdade que reúne alguns artigos desta página 2 no jornal Abertura assim se refere às razões individuais que nos levam a reagir aos costumes. “Reclama-se, porém, contra o que parece um excesso de teorização e pede-se noções objetivas, claras, determinando o que é ou não compatível com a moral. Todavia, é da essência do próprio sentido evolucionário da vida, deixar que cada um elabore seu código moral, seus valores. Parece inquestionável, que a vida pede um sentido espiritualizante, para que a coragem para romper as tenazes do moralismo castrador, não se converta em flagelo da própria alma, pervertidos em seu sentido de crescimento, para transformar-se em instrumentos de desfribilamento da alma. O comportamento espiritualizante baseia-se, pois, no sentido libertador, na ruptura, desatrelando o ser de imposições culturais superadas e projetando uma nova noção de moralidade que não cerceie, contingencie ou castre o Espírito. “

Mario Vargas Llosa parece chegar à mesma conclusão de Jaci Régis 22 anos depois – “O desapego à lei nos leva de maneira inevitável a uma dimensão mais espiritual da vida em sociedade. O grande desprestígio da política relaciona-se sem dúvida com a ruptura da ordem espiritual. (...) ao desaparecer essa tutela espiritual da vida pública, prosperaram todos os demônios que degradaram a política e induziram os cidadãos a não ver nela nada que seja nobre e altruísta, e sim uma atividade dominada pela desonestidade. A Cultura deveria preencher esse vazio que outrora era ocupado pela religião. Mas é impossível que isso ocorra se a cultura, atraiçoando essa responsabilidade, se orienta resolutamente para a facilidade, esquiva-se aos problemas mais urgentes e transforma-se em mero entretenimento”.

 

Fake News e a exposição do privado

Tramita agora na Câmara dos Deputados, após ter sido aprovada no Senado mudanças na legislação, enfocada na contenção da difusão das chamadas “fake news” (notícias falsas – boatos, usados para denegrir políticos, mecanismo já descrito por Maquiavel, como uma estratégia que os “príncipes” deveriam usar contra seus inimigos, já no século XVI, portando não sendo nada novo.

Vargas Llosa, escreve um parágrafo que cabe como uma luva ao momento que vivemos: “Não se trata de um problema, porque os problemas têm solução, e este não tem. É uma realidade da civilização de nosso tempo diante da qual não há escapatória. Teoricamente, a justiça deveria fixar os limites a partir dos quais uma informação deixa de ser de interesse público e transgrida o direito à privacidade dos cidadãos. Na maioria dos países, semelhante julgamento só está ao alcance de astros e milionários. Nenhum cidadão comum pode arriscar-se a um processo que, além de afoga-lo num mar litigioso, acarretaria altos custos em caso de perda da ação”.

Não atoa a  lei de Liberdade e a Lei de Justiça estão em sequência no Livro dos Espíritos, se por um lado somos livres para pensar em qualquer coisa, nossas ações sempre trazem consequências, que podem em alguns casos ferir direitos, reputações, interesses enfim, causar alguma reação no campo da justiça a outrem. Atualmente qualquer pessoa, de posse de um smartphone está com as portas escancaradas para o mundo inteiro, uma foto, um vídeo pode causar consequências enormes, vejam o exemplo da morte por asfixia filmada de George Floyd causou reações no mundo inteiro. Quem sabe selando a sorte do Presidente Trump nas eleições americanas este ano? As reações no mundo todo demonstram que o que fazemos em público, ou mesmo no privado uma vez tornado público tem consequências.

Se divulgarmos notícias falsas, se mostrarmos nossa intimidade, se formos uma celebridade poderemos fazer sucesso ou então passarmos por um grande vexame.

Na questão 830 do LE assim nos dizem os amigos espirituais “o mal é sempre o mal, e todos os vossos sofismas não farão que uma ação má se torne boa. Mas a responsabilidade do mal é relativa aos meios que se tem de compreendê-lo” ao que tudo indica no Brasil, seremos forçados e entender as consequências através do rigor da lei.

Os Espíritas:

Wilson Garcia explora bastante a questão da penetração da divulgação do espiritismo na civilização do espetáculo, como nos transformar o conhecimento espírita em algo significativo numa sociedade fútil?

“O desafio espírita, em tempos de intensa consciência da necessidade de fazer com que o maior número possível de pessoas conheça a Doutrina, consiste na solução de um conflito ético: como divulgar sem tornar a Doutrina um espetáculo de aparências? Esse desafio, contudo, só existe como tal para aqueles que concebem a existência do conflito. Os que não percebem qualquer tipo de contradição entre as condições colocadas e o sentido espírita do saber, ou que não lhes atribuem um valor considerável, não têm que se preocupar com o desafio.”

Este parece ser o ponto principal, a força do meio é enorme, o consumismo, a universalidade do conhecimento tende a diluir todas as doutrinas, os ideais libertários das estruturas sociais, iniciadas no pós-guerra que desencadeou nos fatos já relatados, também o são. Mas a mensagem da imortalidade dinâmica que o Espiritismo nos trouxe precisa superar todos os obstáculos e se fazer presente entre os espíritas e perante a sociedade.

Como enfrentar, primeiro tendo consciência de que vivemos neste mundo, onde a aparência, o status, são um fator que se estabeleceu. Cada indivíduo pode ser um influenciador digital, as mídias socias estão aí.

Segundo Wilson Garcia “A questão enlaça os dois pontos anotados: a cultura do espetáculo, que domina o cenário social, e a consciência construída por essa cultura. Uma massa de criaturas, submetida às mensagens constantes de uma “realidade” na qual todos estamos imersos, é levada à adoção de uma consciência passiva e favorável ao espetáculo. A crítica portanto, deve alcançar em primeiro lugar à cultura dominante, ao sistema que reproduz a cultura e faz dela o elemento de dominação. Sob um fluxo permanente de mensagens altamente persuasivas para valores declarados naturais, a cultura tende a se reproduzir e a assumir a aura de natural. Daí o fato de as criaturas numa sociedade do espetáculo capitularem e assumirem o espetáculo como algo intrínseco e normal e convergirem para ele naquilo que as toca. Os espíritas, sob essa consciência, são levados também a adotar o sentido do espetáculo sem qualquer constrangimento e sem nenhuma preocupação com os sentidos dominantes”.

Buscamos portanto mais uma vez chamar a atenção para o papel do indivíduo e porque não dos meios de divulgação espíritas, como este jornal, de que não nos deixemos cair na tentação da adesão incondicional ao espetáculo. Hoje existem milhares de coisas que ajudam a vida a ser melhor vivida, mas nunca nos esqueçamos de que o nosso Espírito Imortal, está aqui para ser feliz, para evoluir, para adquirir sabedoria, saibamos separar o joio do trigo.

Portanto, tanto no que diz respeito à cultura, jogos de poder ou a disseminação de fake news ou intimidades pessoas na internet, enquanto espíritas não podemos nos imiscuir de pensarmos e agirmos politicamente, não devemos praticar política partidária nas casas espíritas, mas precisamos sim pensar como interagir em nosso mundo sem sermos frívolos.

Enfim o que parece importante é exercermos nosso livre pensamento sempre de forma responsável e focado no bem, não podemos ser geradores nem multiplicadores do mal e nem precisamos ser agentes da civilização do espetáculo.

 

Mario Vargas Llosa

É um escritor peruano, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 2010, nascido em Arequipa (1936) iniciou sua vida cultural e literária como socialista, mas que se afastou do mesmo após conhecer a União Soviética em 1966 e rompeu com os Castros por discordar da censura imposta em Cuba, segundo algumas de suas biografias. Em 1983 concorreu à Presidência da República Peruana e foi derrotado por Fujimori. Vargas Llosa tem uma ampla obra literária. (diversas fontes)

Guy Debord 

Pensador Francês, marxista, seus textos foram a base das manifestações do maio de 68 – A Sociedade do Espetáculo é o seu trabalho mais conhecido. Em termos gerais, as teorias de Debord atribuem a debilidade espiritual, tanto das esferas públicas quanto da privada, a forças econômicas que dominaram a Europa após a modernização decorrente do final da segunda Guerra mundial (Wikipédia)

  

Alexandre Cardia Machado, engenheiro mecânico, reside em Santos

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

Gostou? Você pode encontrar muito mais no Jornal Abertura – digital, totalmente gratuito.

Acesse: CEPA Internacional

quinta-feira, 2 de julho de 2020

O criacionismo com novo fôlego - Carolina Regis di Lucia Reinaldo di Lucia

O criacionismo com novo fôlego
 

Ah, esta nossa vida. É engraçado como as coisas são cíclicas, não é? A moda, os costumes ... Até a tecnologia – não é à toa que os discos de vinil, os famosos “bolachões”, estão encontrando novamente o seu lugar ao Sol.

Também é assim com as teorias que buscam explicar o mundo. Desde que Darwin e outros cientistas estabeleceram a Teoria da Evolução como sendo a forma mais provável pela qual a vida e o homem apareceram na Terra, os adeptos do criacionismo (Deus como criador, ao invés da evolução) sentem-se fortemente ameaçados. E, obviamente, reagem. Por exemplo, em 1925, no Estado do Tennessee, nos Estados Unidos, foi promulgada uma lei que estabelecia que o professor que ensinasse qualquer teoria contrária à bíblica, seria preso. Dirão, porém: vivemos novos tempos, o obscurantismo está acabado, a razão e a ciência triunfam. Será?

No final de janeiro passado, foi nomeado um novo presidente da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), Benedito Guimarães Aguiar Neto, ex-reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie. A CAPES é uma das principais agências de fomento à pesquisa no Brasil. Ligada ao Ministério da Educação, teve uma redução orçamentária de quase 50% para 2020 – e olhe que em 2019 já havia reduzido significativamente o número de bolsas. Certamente é um ataque, de dentro, contra tudo o que o Brasil consegue produzir de positivo no âmbito da pesquisa. Em outras palavras, estão acabando, cada vez mais rápido, com o ensino superior.

Ocorre que o sr. Aguiar Neto é um defensor do design inteligente, uma repaginação pseudocientífica do criacionismo. Sendo reitor de uma Universidade religiosa (presbiteriana) isso talvez não surpreenda. E, enquanto se mantiver como opinião pessoal ou, no máximo, com política de sua universidade privada, poderia ser aceitável.

O problema é que, na posição em que agora se encontra, pode interferir na produção científica do país, por exemplo, coordenando a negativa de bolsas para pesquisas que não estejam de acordo com suas opiniões. Ora, dirão, como já ouvi dizerem, não se vai definir a política científica do país por causa de uma opinião pessoal. Mas a opinião não é só pessoal - é a da bancada evangélica, que se torna mais abundante e poderosa a cada eleição.

Mas tudo o que é ruim pode ficar pior. No final do ano passado, Aguiar Neto afirmou, no site da própria universidade, que deseja disseminar esta teoria na educação básica, como um “contraponto” à ideia da evolução.

Fico me perguntando o que os espíritas pensam disto tudo. Afinal, apesar de a evolução ser um dos princípios básicos do Espiritismo, a primeira questão do Livro dos Espíritos afirma que Deus é a causa primária de todas as coisas, ou seja, temos algo de criacionista em nossa doutrina.

Sempre fui a favor da liberdade de pensamento e de expressão. Exatamente por isso é que não se pode permitir que nossas crianças tenham tolhidas o seu direito ao conhecimento. Porque a intolerância, seja ela política, religiosa ou de qualquer outra fonte, não se dá por satisfeita até que só haja uma única forma de pensar.


Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

Gostou? Você pode encontrar muito mais no Jornal Abertura – digital, totalmente gratuito.

Acesse: CEPA Internacional


sexta-feira, 2 de novembro de 2018

O que nos contaram os Espíritos em relação a Marte e o que sabemos hoje - por Alexandre Cardia Machado


O que nos contaram os Espíritos em relação a Marte e o que sabemos hoje

       Na revista espírita em Outubro de 1960, Kardec publicou uma comunicação dada através da médium Sra Costel, sobre as características do planeta Marte e de seus habitantes. É evidente que esta comunicação se domnstrou, nos dias atuais totalmente falsa, ou foi uma mistificação ou uma comunicação de um espírito leviano.

      Convido o nosso leitor para ver o texto original completo que disponibilizamos o link aqui, já que nem todos tem a coleção da Revista Espírita:


A realidade de Marte nos é passada diariamente, mantemos algumas missões de observação, sendo a de maior destaque a protagonizada pelo robo Curiosity, que está em Marte a mais de 2000 dias marcianos.

Sobre isto, só para correborar a falta de conhecimento do espírito que se comunicou em 1860,
o dia marciano  corresponde a  24 horas e 37 minutos. Assim, ressaltamos a importância da dúvida  e do critério de falseabilidade. Se não podemos comprovar o que dizemos, tratamos apenas de apresentar  uma hipótese, uma teoria a ser comprovado.

Para abrir mais a sua mente: para saber mais sobre a realidade do planeta Marte, vá até o site da NASA: https://mars.nasa.gov/msl/


Alexandre Cardia Machado

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Sopa de Ideologias e sua relação com o Espiritismo - por Alexandre Cardia Machado

Sopa de Ideologias e sua relação com o Espiritismo

Este jornal sempre estará aberto a textos espíritas de qualquer ideologia, assim acreditamos que deve ser o espaço democrático,  mas vale uma revisão geral de alguns termos que estão sendo usados recentemente.

À época de Kardec os ideiais franceses de Igualdade, Fraternidade e Liberdade estavam no seu auge, após conturbados períodos de idas e vindas Napoleônicas, parecendo que se consolidariam de forma natural, no entanto já havia sido publicado em 1848 o manifesto comunista do alemão Karl Max e do inglês Engels.

Allan Kardec, obviamente era anti-materialista, como em seu tempo ainda o comunismo não havia sido de fato implantado, não chegou a fazer críticas ao mesmo, mas sabemos hoje que “o ateísmo na URSS era baseado na ideologia marxista-leninista. Tal como o fundador do Estado soviético, Lenin falou o seguinte sobre a URSS e as religiões: A religião é o ópio do povo: este ditado de Marx é a pedra angular de toda a ideologia do marxismo sobre religião” . Kardec também não era um defensor das religiões tradicionais , mas acreditava em Deus e buscava um caminho para o Espiritualismo – ver o Caráter da Revelação Espírita. Possivelmente teria se posicionado contra o comunismo. No entanto não fez crítica ao Manifesto Comunista em nenhum de seus textos.

No momento em que vivemos, não buscamos polemizar, mas sim trazer um quadro dos diversos atores que estão no palco de nossa vida atual, ao leitor caberá decidir por esta ou aquela ideia, esta ou aquela ideologia. Nas palavras do israelense Yuval Noah Harari, autor de Sapiens – Uma breve história da humanidade, religião e ideologia são sinônimos, por isto acrescentamos aqui os estados religiosos, aqueles que submetem governos a princípios religiosos.

Revisando:

Facismo - movimento político e filosófico ou regime (como o estabelecido por Benito Mussolini na Itália, em 1922), que faz prevalecer os conceitos de nação e raça sobre os valores individuais e que é representado por um governo autocrático, centralizado na figura de um ditador e a propaganda faz o culto do ditador. Este exerce poder sobre os outros poderes Legislativo e Judiciário. Foram exemplos deste tipo de movimento ou regime político: Mussolini na Itália, Franco na Espanha, Salazar em Portugal e em alguns momentos flertaram com esta ideia Perón e Vargas na Argentina e Brasil respectivamente. No Brasil tivemos algo particular o Integralismo: movimento político de extrema-direita. Fardado, para-militar, denominado Ação Integralista Brasileira, de inspiração fascista, fundado em 1932 e extinto em 1937, que foi revivido em 1945 sob a sigla do PRP (Partido de Representação Popular). Liderado por Plínio Salgado que possuía ideais ultraconservadores alinhados com a extrema-direita. O Facismo se associou à direita da religião Católica na Itália.

Nazismo - doutrina e partido do movimento nacional-socialista alemão fundado e liderado por Adolph Hitler 1889-1945; hitlerismo, nacional-socialismo. centralizado na figura de um ditador e a propaganda faz o culto do ditador. Foi responsável pela prisão de milhões de pessoas, desde críticos ao regime e passando principalmente por minorias racias, negros, pardos e principalmente os judeus. Responsável pelo holocausto onde provocou a morte em câmara de gás de milhões de pessoas. Não existe referência positiva sobre este nefasto período da história. O censo alemão de maio de 1939 indica que 54% dos alemães se consideravam Protestantes, 40% se consideravam Católicos, com apenas 3,5% afirmando serem Neopagãos, "crentes em Deus" e apenas 1,5% de descrentes. A ligação com as religiões no Nazismo pe muito controversa, mas de certo é que as críticas fortes só vieram após a descoberta do holocausto.

Comunismo - organização socioeconômica baseada na propriedade coletiva dos meios de produção, centralizado na figura de um ditador, venerado e apoiado pela imprensa única, tem como prática reduzir a ação das religiões. Na prática matou cerca de 100 milhões de pessoas no mundo todo em seu processo de implementação. Mas, o detalhe mais absurdo desse número, é que os mortos pelo comunismo são na grande maioria de compatriotas, são exemplos a Rússia a China e os países da Indochina durante a chamada Guerra do Vietnã e mais recentemente em países africanos. Irmãos matando irmãos em nome de uma ideologia.  A classe dominante, neste caso, é muito pior que qualquer capitalista, burguês, ou elites, pois tem a pretenção de tutelar o povo, ser a "voz do povo", em substituição ao próprio povo. A sua presença no mundo vem decaíndo paulatinamente.
Socialismo - doutrina política e econômica que prega a coletivização dos meios de produção e de distribuição, mediante a supressão da propriedade privada e das classes sociais. Em todos os países onde foi implementado terminou na criação de ditaduras. Os países da atualidade, que ainda vivem sob regime ditatorial (dito socialista ou comunista), se denominam países  em geral sob Regime de Partido Único, tais como Albânia, China, Coréia do Norte, Cuba, Laos, Mianmar e Vietnã. Sendo a China um caso especial onde o regime político é o comunismo, onde as liberdades individuais são controladas, mas que pratica internacionalmente o Capitalismo.
Social -democracias: A social-democracia é uma ideologia política de esquerda surgida no fim do século XIX por partidários do marxismo que acreditavam que a transição para uma sociedade socialista poderia ocorrer sem uma revolução, mas por meio de uma evolução democrática. A ideologia social-democrata prega uma gradual reforma legislativa do sistema capitalista a fim de torná-lo mais igualitário, geralmente tendo em meta uma sociedade socialista. O conceito de social-democracia vem mudando com o passar das décadas desde sua introdução. A diferença fundamenteal entre a social-democracia e outras formas de socialismo, como o marxismo ortodoxo, é a crença na supremacia da ação política em contraste à supremacia da ação econômica ou determinismo econômico sócio industrial.Isto ocorre desde o século XIX.

No início do século XX, entretanto, vários partidos socialistas começaram a rejeitar a revolução e outras idéias tradicionais do marxismo como a luta de classes, e passaram a tomar posições mais moderadas. Essas posições mais moderadas incluiram uma crença de que o reformismo era uma maneira possível de atingir o socialismo.
 No entanto, a social-democracia moderna desviou-se do socialismo, gerando adeptos da idéia de um estado de bem estar social democrático, incorporando elementos tanto do socialismo quanto do capitalismo. Os sociais-democratas tentam reformar o capitalismo democraticamente através de regulação estatal e da criação de programas que diminuem ou eliminem as injustiças sociais inerentes ao capitalismo, este regime é adotado nos países do norte da Europa, na Alemanha onde esteve no poder por 20 anos.

Capitalismo - O capitalismo é um sistema econômico e social, onde o principal objetivo visa a obtenção de lucro e a acumulação de riquezas por indivíduos e empresas, por meio dos meios de produção e do esforço individual. Este é o sistema mais adotado no mundo atualmente. Como forma de equilíbrio entre países existem alguns princípios estabelecidos pela OMC – Organização Mundial do Livre Comércio:

 1- não discriminação; 2- previsibilidade. 3- concorrência leal. 4- proibição de restrições quantitativas. 5- tratamento especial e diferenciado para países em desenvolvimento. Não chega a ser uma ideologia é uma prática de mercado, tendo orígens históricas no Liberalismo de Adam Smith.

Estado Religioso: É aquele em que a religião interfere em alguma medida na administração, legislação ou gestão pública e é também chamado de Estado confessional. Na atualidade, está presente em especial no mundo islâmico, mas pode ser identificado também na África e na Ásia, no mundo ocidental iniciou-se a separação da igreja do Estado à partir da Revolução Francesa, este é um processo em andamento a Gran-Bretanha tem na figura de sua Raínha Elisabeth a chefe da Igreja Anglicana, Sendo uma monarquia Parlamentarista o governo é independente do Estado, este chefiado pela Raínha. Como referência no Brasil o Estado é laico.

Estado Laico: é aquele que prevê a neutralidade em matéria confessional, não adotando nenhuma religião como oficial e mantendo equidistância entre os cultos. É conhecido também como Estado Secular. Em alguns Estados laicos, há incentivo à religiosidade e à tolerância entre os credos, enquanto outros chegam a criar leis e mecanismos para dificultar a manifestação religiosa em público.

Estado Democrático de Direito: É um conceito que designa qualquer Estado que se aplica a garantir o respeito das liberdades civis, ou seja, o respeito pelos direitos humanos e pelas garantias fundamentais, através do estabelecimento de uma proteção jurídica.
No Brasil, podemos dizer que apesar dos pesares vivemos sob Estado Democrátivo de Direito.  Tivemos governos de orientação teórica Social-Democratas, mais liberais como os do FHC  e mais socialistas como os de Lula e Dilma depois de 1988, sem qualquer ameaça de quebra de regime. As instituições são fortes e não permitirão mudanças na constituição nem para a direita, nem para a esquerda. Assim como tivemos presidentes  de esquerda, poderemos ter presidentes mais à direita. Não acreditamos que mudança de regime político, para qualquer dos lados seja, nem de longe a expectativa da maioria da população que só quer ser feliz, ter prosperidade e menos corrupção na política.

Artigo publicado no Jornal ABERTURA em outubro de 2018, quer ler o jornal completo?



Alexandre Cardia Machado – Engenheiro reside em Santos

segunda-feira, 7 de maio de 2018

A verdade ilusória - por Alexandre Cardia Machado


A verdade ilusória - por Alexandre Cardia Machado

No mundo em que vivemos, onde somos bombardeados por todos os lados por fatos e versões, fica cada vez mais difícil diferenciar o que é verdade do que é informação enganosa (fake news).

Talvez o maior problema esteja relacionado à forma como imaginamos que a verdade seja, me explicando, idealizamos que exista uma e só uma verdade e que ela seja absoluta. Isto está no imaginário coletivo, impulsionado pelas religiões e milênios de tradição oral.

Trabalhamos  constantemente em resolução de problemas técnicos há pelo menos 8 anos. Realizamos análise de falhas e investigação de acidentes e posso afirmar: as coisas nunca são da maneira que uma pessoa relata ou imagina que passou, falhas, problemas, acidentes acontecem sempre onde multiplos fatores agem em conjunto.

Destes anos de investigação de acidentes, posso declarar quatro pontos fundamentais:

1.       Causa e efeito são a mesma coisa.
2.       Causa e efeito são parte de um contínuo infinito.
3.       Cada efeito tem pelo menos duas causas , quando não muito mais.
4.       Um efeito só acontece se suas causas existem no mesmo tempo e espaço.

No espiritismo estamos acostumados com esta questão de um contínuo infinito, até chegarmos ao ponto ontológico de que Deus é a causa primeira, mas esqueçamos isto um pouco e nos foquemos na forma como enxergamos as coisas.

Talvez o ponto que mais possa causar espanto é a afirmação de que causa e efeito são a mesma coisa, a explicação é simples: para sabermos se algo é causa ou consequência devemos perguntar por que? Sempre haverão duas respostas pelo menos, que serão duas causas, se perguntarmos mais uma vez a cada causa encontrada, haverão também pelo menos duas causas e assim por diante, ou seja a causa de um foi o efeito de outra causa.

Este Artigo foi publicado no jornal Abertura de abril de 2018 - disponível online no link abaixo:



Um exemplo bem claro: alguém foi ferido a bala: causa1 – condição existência de uma arma carregada, causa 2: alguém puxou o gatilho, as duas coisas precisam acontecer no mesmo tempo, um a condição ( arma carregada) e segundo a ação ( apertar o gatilho); Para entender o que aconteceu, precisamos perguntar novamente, por que a arma estava carregada (causa 3), por que alguém puxou o gatilho (causa 4). Uma vez respondido, vemos que a arma carregada é o efeito da causa 3 e assim por diante.

Todos nós vemos os fatos e as outras pessoas através de um filtro, filtro este criado através de longas existências, na nossa bagagem espiritual, a cada encarnação, temos a oportunidade de refinar este filtro, mas nossas idiossíncrasias estão aqui, nos acompanhando, no nosso caso, estão dando o contorno ao que estamos escrevendo. É parte do que somos. Temos a tendência de classificarmos as coisas que vemos em bem e mal, mais um exemplo: a leoa mata a gazela, pensamos a leoa é má, mas se observarmos a leoa irá alimentar a sua prole, para os leãozinhos a leoa é boa, pensem nisto.
Uma rede de televisão repete sempre uma frase “ a realidade (mostrada num documentário) é sempre um recorte, um filme não é uma vida é um retrato”. O testemunho de uma pessoa, com todo o valor que ele tem , é uma observação um recorte da realidade. Nem sempre esta observação é objetiva, os relatos em geral não se atem ao fato. São vistos sob uma lente própria e sob um ponto de vista pessoal.

É sempre útil e aconselhável seguirmos a tradição dos bons jornalístas, já que nos dias de hoje, todos nós temos o poder de divulgar rapidamente uma informação mas não agimos como jornalistas. Precisamos verificar se uma notícia que nos chega pode ser encontrada, comparada em várias fontes, antes de darmos uma opinião, para que nossa opinião seja a mais independente possível, com o menor viés opinatório possível.

Sendo então o acima afirmado uma teoria aceitável, como saber como agir, como inerpretar as informações que nos chegam? Primeiro é aceitar que a vida é assim mesmo e escolhermos o caminho do equilíbrio, ter mais dúvidas que certezas, pois a certeza cega e a dúvida nos faz pensar.
Em investigações, como por exemplo, acidentes de aviões, os investigadores levam em consideração todos os potenciais causadores de um resultado igual à queda do avião, analisam todos os testemunhos e dados disponíveis e uma vez que uma teoria é desenvolvida, testam a mesma em simuladores, para só então determinar as causas do acidente. Os investigadores não escrevem, no primeiro momento qual foi a causa, quem foi o culpado, primeiro é preciso entender o que aconteceu.
No nosso dia a dia, não fazemos isto, escutamos uma versão e se ela é simpática (bate com o que pensamos) em geral a adotamos. Com o advento das redes socias, muitas vezes replicamos, enviamos aos nossos amigos, tudo isto sem parar para pensar muito.

O que aconteceu nos EUA com o Facebook e a empresa de consultoria inglesa Cambridge Analythics, entra nesta conta, em uma eleição acirrada, só é preciso convencer alguns indecisos para vencer a eleição. O marketing explora os nossos gostos, hábitos, curiosidades, todas eles armazenadas nestas midias, e tentam nos convencer ou nos direcionar, mandam notícias boas daqueles que eles ajudam e ruíns dos que estão contra.

Portanto tenhamos atenção e  crítica sempre!


Alexandre Cardia Machado