O dilema das
redes sociais e o espiritismo
“Não existe jantar
de graça! – Ulisses Guimarães”
Na página 8 desta
edição Roberto Rufo nos chama a atenção a este problema no artigo - O
controle da opinião pública e o livre-arbítrio - e cita alguns
livros que nos ajudam a entender o problema em que estamos metidos.
Gosto muito de
citar o refrão de Roberto Carlos “se o bem e o mal existem, você pode
escolher”, mas talvez isto já não aconteça mais assim. Vamos tentar mostrar
porque.
O documentário da Netflix
- O Dilema das Redes – vai direto ao cerne do problema, talvez não
tenhamos mais a capacidade de exercer plenamente o nosso livre arbítrio. O
interessante é que fiquei sabendo do mesmo através de minha filha Beatriz que
comentou justamente no WhatsApp da família.
O problema que
quero discutir aqui não é novo, já em 2016, Rafael Régis dos Reis então
presidente da MEEV – Mocidade Espírita Estudantes da Verdade, apresentou um
trabalho no XXII Congresso Espírita Pan-americano da CEPA que foi realizado em Rosário,
Argentina. Neste trabalho denominado: A Internet contra o livre pensar – ele trata profundamente este
tema. Posteriormente convidamos Rafael a reapresentar e discutir no ICKS o seu
trabalho. Aquela época Rafael já discorria sobre os algoritmos usados pelos
sites de pesquisa e outras mídias sociais que nos acompanham, a cada clique que
damos, cada like é acompanhado pela rede, pela matriz. De um lado a rede
nos oferece amigos, vídeos, reportagens que nos mantem conectados. De outro
lado também nos oferecem coisas que não estamos necessariamente buscando, portanto
de muito tempo sabemos que os serviços gratuitos ou não da Internet não são
jantares de graça.
O documentário O Dilema das Redes vai mais além, traz as pessoas
que trabalharam em postos chave nas grandes empresas digitais, como Google,
Facebook, LinkedIn, Instagram fazendo confissões de como atuavam e usando dos
recurso cinematográficos, traçam um narrativa contundente do que está por trás
de todas estas facilidades.
Quando ligamos de Santos para Porto Alegre, por exemplo, usando a vídeo
conferência pelo WhatsApp, Skype ou Zoom, de graça, significa
que, alguém está pagando por isso. Ora, no mundo capitalista, onde estas
empresas estão inseridas, sendo elas as maiores na bolsa de valores da americana
– NASDAQ, elas não ofereceriam serviços tão baratos à toa, elas ganham dos
anunciantes ou de qualquer um que queira impulsionar uma ideia, produto,
ideologia ou religião. Não importa, tudo está à venda.
Não resta dúvida que estes serviços nos conectaram, nos facilitaram o acesso à informação, aos amigos de infância o que é muito bom. No entanto é preciso saber que enormes bancos de dados que guardam estas informações, também guardam, todo o tempo os sites que entramos, todos os produtos que procuramos, todos as páginas da internet que acessamos a cada movimento nosso na internet. Nós somos acompanhados pelos algoritmos todo o tempo. E precisamos saber que usam esta informação para impulsionar os anunciantes e monetizar os nossos cliques.
Do documentário
extraí esta frase “ só dois tipos de atividades chamam seus clientes de
usuários – o de informática e o de drogas ilícitas “ é uma frase de efeito, mas
cada vez mais passamos mais tempo na frente das telinhas: TV a Cabo, Netflix,
Celular, tablet, computador, notebook. Nos elevadores de prédios comerciais,
nas salas de espera, nas padarias da moda, sempre tem alguém expondo um
produto, uma ideia, uma notícia nas telinhas.
Se você checa o
seu celular antes de dar bom dia, se você leva o celular para o quarto na hora
de dormir, se não aguenta escutar qualquer notificação sem consultar, cuidado.
Estar informado, tudo bem, temos interesse, o problema e daí o
nome dilema é que os algoritmos sabem o que nos interessa e o que não nos
interessa, o documentário é excelente em mostrar como isto é feito, e então
acontece a mágica, ou melhor o ilusionismo, você gostaria de comprar um carro,
pesquisa nos sites de classificados e de repente, começa a receber ofertas nas
suas telas. Faça um teste – abra um site como o Terra, ao mesmo tempo no
seu celular e no de sua esposa ou filhos, o que conteúdo que aparecerá lá não é
igual, cada um recebe, ou acessa o que mais busca, personalizado.
Parece ótimo e tem
suas vantagens, mas em assuntos polêmicos como por exemplo na política ou em todos
os assuntos que envolvem o seu perfil político, aí a coisa pega, pois as redes
socias, não são ferramentas, são caça níqueis e querem que nós fiquemos
clicando o máximo de tempo possível, portanto reforçam o nosso interesse.
Assim quem é mais
à direita acessa sem pedir o conteúdo favorável às suas ideias, pois aí enquanto
a pessoa fica lendo ou vendo vídeos, aparecem as oportunidades de vender mais,
o mesmo ocorre para quem é mais à esquerda. Como consequência direta disso
estamos cada vez mais divididos e radicais.
Fica aqui o
convite para que assistam o documentário, como espíritas e livres-pensadores
não há nada mais importante do que o livre-arbítrio e ele está correndo perigo.
Portanto quando
você der um “google” tome alguns cuidados:
·
Provavelmente
as duas primeiras páginas são conteúdos pagos ou impulsionados, vá mais fundo;
·
Depois
da primeira pesquisa, refine mais a busca, acrescente algumas palavras-chave a
mais;
·
Leia,
mais de um, pelo menos três artigos e use o seu bom senso.
Regulação:
Em suma, alguma
regulação precisa ser imposta às redes sociais, elas têm um produto a venda e
este produto é o “seu perfil, o meu perfil, os nossos perfis”.
No Brasil, passou
a entrar em vigor a LGPD à partir de 15 de agosto de 2020, trata-se da Lei de Proteção
de Dados – Lei n° 13.709/18 que
regulamenta a política de proteção de dados pessoais e privacidade, modifica
alguns dos artigos do Marco Civil da Internet e impacta outras normas,
transformando drasticamente a maneira como empresas e órgãos públicos tratam a
privacidade e a segurança das informações de usuários e clientes.
Na Europa, a General Data Protection Regulation –
inspiração para a lei brasileira – vigora desde 25 de maio de 2018, fazendo com
que entidades e empresas na União Europeia tivessem de se adaptar antes de
sua vigência. Isto está ocorrendo no Brasil, todos estão recebendo e-mails de
mudanças de políticas dos sites,
Esta lei define o que milhares de empresas brasileiras
que trabalham de forma direta ou indireta com dados pessoais de clientes vão
fazer com estes dados. Em algumas dezenas de milhares, esses dados são vitais
para o funcionamento do próprio negócio, como bancos, seguradoras, e-commerces. Não é exagero dizer que a segurança das informações dos consumidores é essencial para
todas as transações realizadas por essas companhias.
A legislação é
categórica: todos os dados tratados por pessoas jurídicas de direito público e
privado, cujos titulares estejam no território nacional; ou a sua coleta se deu
no país; ou ainda que tenha por finalidade a oferta de produtos ou serviços no
Brasil, devem estar preparadas.
Assim, não se trata de uma opção, mas de uma obrigação das empresas em se adequarem às
normas brasileiras de proteção de dados pessoais.
Do mesmo modo, caso se
trate de uma simples pessoa ela terá sua privacidade e liberdade protegidas
contra eventual violação de segurança que importe em risco de exposição ou
vazamento de dados, por exemplo; ou o direito de ter seus dados apagados de
determinado banco de informações, dentre outras possibilidades.
Não foi à toa que
o TSE – Tribunal Superior Eleitoral reuniu-se com as gigantes já mencionadas anteriormente
e estabeleceu um protocolo de uso de dados e combate a fake news durante
a campanha eleitoral agora para as próximas eleições.
Não deixe que sua
capacidade de pensar e tomar decisões seja terceirizada, como muito bem nos
explicam os Espíritos no Livro dos Espíritos, na questão 843 “– Visto que ele
(o ser humano) tem a liberdade de pensar, tem a de agir. Sem Livre-arbítrio o
homem seria uma máquina.” Portanto segue um bom conselho, sempre que possível,
cheque suas ideias com o contraditório, pode ser que o melhor caminho seja o do
meio.
Curiosidade -
O que significa a palavra google? Bom, ela surgiu como um trocadilho em cima da palavra
"googol", um termo matemático para o número representado pelo dígito
1 seguido de cem dígitos 0. Larry Page e Sergey Brin, os criadores do Google,
usaram esse termo para mostrar que a quantidade de informações no buscador é
aparentemente infinita. E o Google foi chamado assim pela primeira
vez em 1997, quando ainda era um mecanismo de busca que funcionava somente
internamente na Universidade de Stanford.
Nota: Artigo
originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.
Gostou? Você pode
encontrar muito mais no Jornal Abertura – digital,
totalmente gratuito.
Acesse: CEPA
Internacional
Jornais de 2020
https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/26-jornal-abertura-2020
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