quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Eleições na sociedade do espetáculo - por Alexandre Cardia Machado

 Eleições na sociedade do espetáculo

EUA fim da era Trump

Tudo indica, quando escrevemos este editorial, que o candidato Americano à presidência Joe Biden será declarado vencedor nas eleições, nos livraremos deste personagem totalmente heterodoxo que preside os EUA por quatro anos. Trump não respeitava protocolos, é politicamente incorreto e aumentou as tensões mundiais.

Nada nos garante que Joe Biden seja melhor, mas ao menos a alternância no poder, característica importantíssima de uma democracia, pode ser exercida.

Fatores em jogo

Republicanos e democratas defendem ideias distintas quanto a pontos importantes, citamos abaixo alguns. Sabemos que o ideário político é uma direção, mas governar requer apoio do Congresso, tanto lá nos EUA como aqui no Brasil há sempre um jogo político a ser bem jogado.

Republicanos x democratas as principais diferenças:

América em primeiro lugar x abertura econômica;

Tolerância aos preconceitos sociais x busca de uma sociedade mais equilibrada;

Menos intervencionismo internacional x EUA ocupando mais espaço mundial;

Desalinhamento de organizações ligadas a ONU x integração na aldeia global;

Economia liberal x visão mais social da economia;

Falta de preocupação ambiental x forte visão ecológica;

Maior geração de empregos x maior aporte social do estado;

Saúde individual x sistema mais amplo de cobertura à saúde;

E daí? Por que isto é importante ao Brasil, ou ao resto do mundo? E em especial aos espíritas?

Considerando que os EUA detêm 25% da riqueza mundial (PIB), uma pessoa que consiga ver o planeta Terra em seu governo, comparada a uma outra pessoa que é totalmente voltada apenas para os interesses próximos dos Estados Unidos já pode ser considerado benéfico.

Nosso medo é que os presidentes Democratas, recentemente fizeram, ou deram continuidade a mais conflitos bélicos que os Republicanos, Barack Obama recebeu o Prêmio Nobel da Paz e em seguida aumentou as forças no Iraque e no Afeganistão. Apesar do discurso jamais fechou a base americana de Guantánamo, em Cuba, onde sabidamente direitos humanos básicos não são respeitados. Quando se trata de segurança nacional, todos os presidentes de lá são parecidos.

Biden em seus discursos, nestes dias de apuração se propõe ser o presidente de todos os americanos, pretende construir pontes, ao invés de muros. Isto sim, se bem executado, será um exemplo a ser seguido, aqui nas terras Tupiniquins.

A Doutrina Espírita por defender o progresso das leis, da sociedade e claro dos espíritos encarnados e considerando também que para que haja progresso individual é necessário o progresso social, só podemos torcer para a distensão entre os países, pela busca de uma tranquilidade maior, por um ambiente mais aberto ao diálogo à redução da violência, de todas as formas de violência.

Neste sentido, ficaremos mais tranquilos com o novo presidente Biden.

Cobertura demais esgota a audiência

Hoje os jornais televisivos passaram mais a ser um show, o que Vargas Llosa considera que “tem mudado de investigativo para espetaculoso”. Quem acompanhou a apuração - voto a voto – da eleição americana, percebeu claramente a torcida por um dos candidatos, na CNN o âncora chegou a declarar “a mudança na tendência na Pensilvânia é bom pra nós”! No Brasil, as emissoras de TV ainda não chegaram a este ponto de declararem-se a favor, deste ou de outro candidato ou partido político.

Volto a recorrer num editorial a Wilson Garcia que em 2003 no VIII SBPE – Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita apresentou um trabalho Espiritismo na Sociedade do Espetáculo.  Destaco mais uma vez um parágrafo: “ O espetáculo, contudo, predomina sobre a informação ou até mesmo por conta da informação, e está presente nas imagens e acima de tudo como ideologia consumada por um consenso de prática, como a dizer que só é possível ser eficiente na conquista de mentes e corações se a produção e a veiculação de mensagens obedecer aos critérios que o sentido do espetáculo impõe”.

Não podemos cair na tentação, o papel do jornalismo é informar, checar a informação, trazer fatos ao debate, até abrindo espaço para os opostos em debates, ou pelo menos deveria ser assim.

No entanto, os analistas políticos e econômicos, tendem a ser anarquistas “se hay gobierno , soy contra “ – se existe um governo, sou contra. Isto porque, fazer previsões que não se concretam, causa desgaste, então é melhor criticar tudo, já que eles, os analistas, não são responsáveis pela implementação dos planos ou ideias que apresentam.

Desta forma em eleições onde não existem debates, ou os que existem, são muito cheio de regras, o que as empresas de comunicação fazem é só mostrar o pior de todos.

No Brasil, no próximo final de semana, haverá eleições para prefeituras e câmaras municipais, salvo um ou outro local, não empolgam, somente nos últimos dias que vemos bandeiras e cabos eleitorais circulando pelas cidades.

Rosana Regis e Oliveira, em 2014, escreveu neste jornal, um artigo denominado: “Voto Consciente -visão espírita” 14° artigo mais lido em nosso blog – por isto que gostaríamos de reproduzir aqui seu ponto principal.       

               “O artigo da escritora Lya Luft, publicado na revista Veja do dia 26 de fevereiro de 2014, resume tudo o que penso sobre o poder do voto consciente. Diz a escritora: ..."Podemos ser mais dignos? Podemos melhorar de vida?......Podemos uma porção de coisas melhores em nossa tumultuada vida? Podemos ser mais dignos e altivos? Não sabemos para que lado nos virar, onde procurar, a quem recorrer.Talvez a esperança seja não a destruição de ônibus, a quebradeira de lojas, a insensatez desatada. A esperança pode estar no gesto mais simples, breve, pequeno, porém transformador, desde que a gente saiba o que está fazendo, o que deve fazer: 

O Voto. Para que o voto seja esta esperança transformadora é preciso se informar, debater e descobrir algum nome a quem confiar esse voto ou acabará significando nada. Precisamos melhorar logo, para que o país não lembre uma nau sem rumo."

É isto, que as brumas de serenidade nos atinjam e que nossas ações bem pensadas nos protejam. Nosso voto é a nossa força, o exerçam com sabedoria.

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

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