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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Papel do Perispírito na gestação - II por Jaci Régis

continuando...

Papel do Perispírito na Gestação

Jaci Régis

(publicado no Caderno Cultural Espírita/outubro 2002)

                   O Espírito




                              Encontramos no Livro dos Espíritos informações vagas sobre a natureza do Espírito. Isso é perfeitamente compreensível porque não há forma gramatical ou explicação cientificamente compreensível sobre a complexa ou, quem sabe, simples constituição do ser.
                              A palavra "espírito" (com letra minúscula) é inicialmente empregada para designar o princípio inteligente do universo em contraposição ao princípio material. O Livro faz uma série de ponderações sobre a interação entre esses dois elementos, cabendo a Kardec dizer que "a matéria é o agente, o intermediário, com a ajuda da qual e sobre a qual o espírito atua".
                              Depois, a palavra "Espírito (com letra maiúscula) foi usada para designar "os seres inteligentes da Criação" ou seja, para a individualização do princípio inteligente.
                              Na tentativa de explicar a forma do Espírito, temos alguns itens de grande significação:
                              ... Os Espíritos são imateriais?
                              - Imaterial não é o termo apropriado, incorpóreo seria mais exato... É uma matéria quintessenciada... Tão eterizada, que nao pode ser percebida pelos vossos sentidos.
                              ... Os Espíritos têm uma forma determinada, limitada e constante?
                              - Eles são, se o quiserdes, uma flama, um clarão, uma centelha etérea.
                              Segundo a Doutrina, esse Espírito ao ser criado é um princípio espiritual, que se tornará um "Espírito" ao desenvolver a inteligência e a efetividade, capaz de perceber-se como um ser, numa espiral evolutiva.
                              Uma das mais significativas e inéditas contribuições do pensamento espírita refere-se a sua teoria da evolução do Espírito. De acordo com essa teoria, "o ser inteligente do universo é criado por Deus, como um princípio espiritual, "simples e ignorante". Isto é, um ser potencial, estruturalmente vazio. A potencialidade está contida na possibilidade de expansão e aquisição de experiências, movida por uma forma de energia oriunda de sua natureza permanente, imortal.
                              Essas informações nos levam a ponderar que, em si mesmo, o Espírito não possui organização, sendo um núcleo incorpóreo, potencialmente expansível, dispondo de uma energia intrínseca, propulsora e determinada, sintetizada no instinto de conservação e de uma capacidade potencial de apreensão e reelaboração de experiências.
                              Dentro desse enfoque, o estudo do ser deverá ser feito em dois momentos:
                              O período pré-humano, como tempo de estruturação básica da individualidade.
                              O período de sua inserção no nível humano, onde estrutura uma personalidade mutante.
                              O período pré-humano caracteriza-se, a partir do instinto de conservação ou agressividade natural, como o da aquisição de conteúdos de experiência. Nele, o princípio espiritual nao tem consciência de si mesmo e não possui nenhuma estrutura básica de percepção ou seleção. Na verdade, parece compreensível que a busca incessante de auto-preservação, como elemento básico de perpetuação, seja o desencadeante do processo evolutivo, pois dentro desse impulso inato do ser embrionário esboça  o esforço de construir condições de manter-se íntegro.
                              Em consequência, desencadeia também um complexo, amplo e infindável processo de relações com o meio ambiente e com semelhantes, estabelecendo as bases futuras da consciência.

O corpo mental

                              Já vimos que o princípio espiritual não possui estrutura, pelo menos inicialmente. Todavia, interagindo com os elementos orgânicos, ele vai desenvolvendo uma estrutura psíquica, que chamo, por analogia, de corpo energético e psíquico que o princípio espiritual vai estruturando um sistema mental flexível.
                              Como diz André Luiz, é nesse espaço que vão sendo inscritos "os princípios ontogenéticos" que a experiência repetitiva e incessante vai consolidando, no processo constante de nascer, viver, morrer e renascer. Aí ele estrutura a memória e seleciona as experiências vividas.
                              Ao longo do tempo, construindo, reconstruindo e armazenando as experiências, o princípio espiritual começa a adquirir consciência crescente de si mesmo. Torna-se um Espírito. O corpo mental é, então, seu instrumento de recriação constante nos processos vivenciais repetitivos de vida e morte física ampliando cada vez mais a conscientização de si mesmo e do usufruto dos resultados acumulados das experiências e vivências. E é no corpo mental que ele inscreve e consolida, refunde e recicla suas impressões e aprendizado.
                              Referindo-se ao corpo mental, assim afirma André Luiz "O corpo mental, assinalado experimentalmente por diversos estudiosos, é o envoltório sutil da mente". Estudando os efeitos do monoideísmo que leva `a perda do perispírito, André Luiz diz o seguinte: "cabendo-nos notar que essa forma (ovóide), segundo a nossa maneira atual de percepção, expressa o corpo mental da individualidade, ao encerrar consigo, conforme os princípios ontogenéticos da Criação Divina, todos os órgãos virtuais de exteriorização da alma, nos círculos terrestres e espirituais, assim como ovo, aparentemente simples, guarda hoje a ave poderosa de amanhã ou como a semente minúscula, que conserva nos tecidos embrionários a árvore vigorosa em que se transformará no porvir (...)" (in Evolução em Dois Mundos, Capitulo II - Corpo Espiritual, pags. 25, 91, primeira edição, FEB, 1959).
                              Temos, pois uma descrição possível do corpo mental, como um corpo sutil, de forma ovóide em torno do Espírito, guardando os órgãos de exteriorização da alma. Nessa conjugação mente-espiritual reside a expressão da individualidade.
                              Embora enfatizando o perispírito como centro virtual da organização física, André Luiz, mostra-o, todavia, precário, transitório, dependendo do desempenho mental para manter-se íntegro após a morte, principalmente nos primórdios da evolução e, depois, devido a processos doentios de concentração emocional.
                              Eis o que ele diz: "Pela compreensão progressiva entre as criaturas, por intermédio da palavra que assegura o pronto intercâmbio, fundamenta-se no cérebro o pensamento contínuo e, por semelhante maravilha  da alma, as idéias-relâmpagos ou as idéias-fragmentos da crisálida de consciência, no reino animal, se transformam em conceitos, inquirições, traduzindo desejos e idéias alentadas, substância íntima". Nesse processo evolutivo, informa ele, "vamos encontrar o homem infraprimitivo, na rusticidade da furna em, que se esconde, surpreendido no fenômeno da morte, ante a glória da vida, como criança tenra e deslumbrada à frente de paisagem maravilhosa, cuja grandeza, nem de leve, pode ainda compreender.
                              O pensamento constante ofereceu-lhe a precisa estabilidade para a metamorfose completa... Entretanto, o homem selvagem, que se reconhece dominador na hierarquia animal, cruel habitante da floresta, que apura a inteligência, através da força e da astúcia, na escravidão dos seres inferiores que se lhe avizinham da caverna, desperta fora do corpo denso, qual menino aterrado que, em se sentindo incapaz da separação para arrostar o desconhecido, permanece tímido, ao pé dos seus, em cuja  companhia passa a viver, noutras condições vibratórias, em processos multifários de simbiose, ansioso por retomar a vida física que lhe sugere a imaginação como sendo a única abordável à própria mente...
                              Ressurgir na própria taba e renascer na carne, cujas exalações lhe magnetizam a alma, constituem aspiração incessante do selvagem desencarnado... Pela oclusão de estímulos outros, os órgãos do corpo espiritual se retraem ou se atrofiam, por ausência de função, e se voltam, instintivamente, para a sede do governo mental, onde se localizam, ocultos e definhados no fulcro de pensamentos em circuito fechado sobre si mesmos, quais implementos potenciais do germe vivo entre as paredes do ovo. Nesse período, afirmamos habitualmente que o desencarnado perdeu o seu corpo espiritual, transubstanciado-se num corpo ovóide..." (in Evolução em Dois Mundos, pág. 76, 88 a 91, primeira edição, FEB, 1959).
                              Fizemos essa longa transcrição, para mostrar que o Espírito André Luiz, nos informa que o corpo mental é o único instrumento organizado aderido ao Espírito, como órgão executor e permanente. Daí ter uma forma ovóide, como sinal de concentração em torno do polo central da Inteligencia Espiritual.
                              Verificamos, por essas informações, que perdendo o perispírito por deficiência do interesse e dificuldade em permanecer consciente, o Espírito concentra-se no seu corpo mental, onde provavelmente se instala a mente ou projeção constitucional do Espírito, sede da memória permanente e reduto de todas as experiências de seu processo evolutivo.

Uma reflexão sobre este texto foi publicada no Jornal Abertura de novembro de 2019.

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segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Papel do Perispírito na Gestação de Jaci Régis

Papel do Perispírito na Gestação

Jaci Régis

 (publicado no Caderno Cultural Espírita/outubro 2002)

                              Uma das contribuições do Espiritismo na tentativa de compreender o complexo físico-espiritual, que é o ser humano, foi a descoberta do perispírito. Envoltório do Espírito, ele acrescenta ao ser humano uma nova dimensão, passando este ser formado de Espírito, perispírito e corpo.



                              As especulações sobre o objeto da existência terrena, levou a considerações teológicas sobre a encarnação do Espírito, considerada situação pelo menos constrangedora para o ser. Daí a considerar-se o organismo como obstáculo, um empecilho à sua livre manifestação.
                              Diante da inexistencia de um conhecimento mais amplo sobre a natureza do organismo e dos processos genéticos, aliado ao conceito da prevalência do elemento espiritual sobre o físico, houve a tendência tornar o corpo humano mera expressão do Espírito.
                              A existência do perispírito, ainda que sem maiores detalhes de sua constituição, criou a perspectiva de que ele tinha funções de modelagem e consistência das estruturas moleculares. Muitos teóricos espíritas viram nesse corpo energetico, a matriz biológica do organismo, considerando que o perispírito seria uma espécie de molde pré-existente, fruto da elaboração evolutiva e das necessidades afetivas do reencarnante, ao qual as células iriam aglutinar-se, de modo a compor um tipo específico, respeitados os princípios básico da herança dos pais.
                              Os avanços da genética tem descortinado outro horizonte. O próprio Livro dos Espíritos, embora enfatizando a prevalência do Espírito no conjunto, jamais menosprezou a importância do organismo. Chega a afirmar que o desenvolvimento do feto, no seio materno, independia da existência do Espírito. Indica, conforme a questão 356, que pode haver todo o processo procriativo sem que haja um Espírito em reencarnação, nascendo, todavia, o feto morto.
                              Vivemos um tempo em que as pesquisas e experiências do campo da genética vêm demonstrando um quadro de avanços e conhecimentos extraordinários, penetrando do imo do processo de procriação.
                              Nesse novo quadro, as especificações e atribuições dadas ao perispírito parecem não mais corresponder às expectativas teóricas.
                              Nosso propósito é discutir uma proposta sobre o papel do perispirito na gestação, da forma mais equilibrada e autêntica possível.
                              Trata-se, contudo, de uma discussão teórica, uma hipótese de trabalho, que embora alicerçada no momento da ciência sobre as funções da transmissão da herança genética, é ainda uma tentativa de compreender a inserção do elemento espiritual no processos naturais, uma vez que não é possível apresentar provas inconcussas e experimentais da nossa proposta.
                              Vamos apresentar idéias do que se sabe ou se presume serem aceitáveis sobre o Espírito, o corpo mental e o perispírito, com enfoque sobre a existencia deste último no processo gestatório.

O Perispírito

                              Allan Kardec ao afirmar a existência do perispírito, identico ao corpo fisico, definiu-o como o envoltório do Espírito.
                              Como não é possível imaginar o Espírito sem o corpo, seja encarnado ou desencarnado, é lógico supor que o perispírito é permanente. Ou seja, no nosso nível humano, o ser espiritual identifica-se, no espaço extrafísico, com um corpo idêntico ao que possuía enquanto encarnado, sucessivamente.
                              Isso, porém, não significa que seja sempre o mesmo perispírito. Ao contrário, sabemos que em cada encarnação há a desintegração e a reconstrução desse corpo energético, decorrente do processo de germinação e constituição do organismo físico.
                              Dada a impossibilidade, então presumida, da relação direta do Espírito e o corpo físico (Espírito e matéria) atribuiu-se ao perispírito o papel intermediário entre os dois e, ao mesmo tempo, como lugar da memória, inclusive estampada na morfologia corporal, devido à extrema plasticidade do corpo energético.
                              Pensou-se atribuir ao perispírito, além de modelo funcional do organismo fisico, mas também fonte e diretriz de sua morfologia e mesmo de seu funcionamento biológico.
                             Essa idéia tem sido repetida, sob variadas formas desde Delanne até hoje, inclusive André Luiz.

Contestações

                              Estudiosos mais liberais e ligados ao pensamento científico vigente têm procurado contestar as tradicionais informações sobre o papel do perispírito.
                              Os engenheiros Marcelo Coimbra Régis, em trabalho apresentado no IV Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita, em 1995, e Reinaldo di Lucia, no VI Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita, apresentaram interessantes estudos sobre o perispírito.
                               Damos a seguir as principais idéias de Marcelo Coimbra Régis sobre o perispírito remetendo o leitor para a íntegra de seu trabalho publicado no Caderno e aqui no blog do ICKS.
                              "Corpo do Espírito, de estrutura material, composição e estado diferenciado do atualmente registrável e/ou conhecido. Ligação energética entre Espírito (pensante) e corpo (atuante). Ele seria a cópia do corpo humano, mudando a forma de planeta a planeta e de aparência a cada encarnação.
                               Matéria em estado desconhecido, porém sujeita a ação inteligente do Espírito e com capacidade de alterar seu estado natural de forma a tornar-se registrável aos nossos instrumentos (vide fenômenos físicos, ectoplasmia, raps etc).
                              No seu estado natural, responde a ação intencional do elemento inteligente (Espírito) que tal como imã aglutina e mantém sua estabilidade. Analogicamente, o Espírito seria como um foco de atração, tendo ao seu redor a aglutinação da matéria perispirítica, formando o complexo Espírito/perispírito e emanar radiações energéticas, conforme os estados emocionais o Espirito. Portanto o perispirit como o corpo, só existe ligado/aglutinado ao Espírito, não possuindo existência independente.
                               O perispírito tem atuação muito sutil na economia corporal, pois o corpo humano é autônomo em suas funções básicas. Como transmissor das sensações e vontade do Espírito, o perispírito atua principalmente através  do Sistema Nervoso Central, cabendo ao cérebro transformar esses impulsos energéticos em comandos reconhecíveis pelo resto do organismo. Sendo um corpo energético, ele também influencia o rosto do corpo, qual um campo de forças interagindo com as células e tecidos, porém sem comandar diretamente seus movimentos e ações."
                              Transcreveremos, agora, sinteticamente, as posições de Reinaldo di Lucia.
                              "A matéria que compõe o perispírito é perfeitamente integrada com a matéria densa, podendo assim interagir com partes dela. Da mesma forma, por ser muito mais sutil, é perfeitamente suscetível de ação direta pelo Espírito, que pode mudá-la segundo sua vontade.
                               O Espirito age como se fosse uma carga. Tal como uma carga elétrica cria em torno de si um campo eletromagnético, o Espírito cria em torno de si um campo, que, `a falta de nome melhor, poderia ser chamado de campo espiritual.
                              O perispírito nao seria, então, um corpo, um organismo propriamente falando, mas um aglomerado energético-material em constante interação com o Espírito.
                              Encarnado sob este novo modelo, o perispírito passa a ter propriedades e funções mais adequadas aos conceitos atualmente aceitos pela ciência, sem descaracterizar as funções principais que lhe foram atribuídas por Kardec.
                              Age como individualizador dos Espíritos desencarnados, dando-lhes uma forma que lhes permite, especialmente em estágios menos avançados do processo evolutivo, seguir aprendendo e atuando. Pode ser modificado segundo a vontade do Espírito.
                              Durante a encarnação, age permitindo que o Espírito, consiga uma união perfeita com a matéria mais densa que compõe o corpo físico. Poder-se-ia dizer que, de certa forma, é o intermediário entre o corpo fisico e o Espirito. A diferença é ser um intermediário estruturado como um continuum da própria matéria corporal, sob a forma energética, e não algo completamente diferente dela.
                              Não possui a função de transmissor de sensações do corpo para o Espírito ou de ordens no sentido inverso. Da mesma forma, nao tem nenhuma atuação sobre a memória ou inteligência. Não possui órgãos nem nenhuma constituição semelhante, que são exclusivas do corpo físico.
                              Modifica-se de acordo com as necessidades e capacidades do Espírito, mas não obrigatoriamente em mundos distintos (há de se verificar as questões da isotropia material do Universo)."

     Repensando as funções do perispírito

                              Analisando essas contribuições que se contrapõe ao entendimento tradicional sobre o papel e a formação do perispírito, que nas obras de André luiz ganha uma feição de organismo com órgãos e funções, em muitos casos semelhantes à do organismo fisico, faremos a reflexão que nos sugere ser compatível com este momento.
                              No nosso entendimento, realmente, o perispírito nao parece ter funções específicas na encarnação e restringe-se no espaço extrafísico ao papel de "capa energética" identificadora do Espírito desencarnado, com a dupla função de permitir a relação com os demais e servir de auto-identificação, uma vez que é na encarnação que o ser espiritual de nosso nível evolutivo encontra a própria imagem.
                              Assim, parece-nos perfeitamente aceitável que o perispírito, não sendo um organismo, não possua órgãos, o que elimina a suposição de que a mente, ou seja, a capacidade intelecto-afetiva do Espírito esteja nele sediada.
                              Isso é pouco provável uma vez que sendo o perispírito uma criação temporária, sucessivamente reconstruída pelo Espírito, nao teria condições de perpetuar a memória, que embora seja uma propriedade intrínseca do Espírito, é instrumentada de forma externa a ele.

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Uma reflexão sobre este texto foi publicada no Jornal Abertura de novembro de 2019.

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