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segunda-feira, 15 de setembro de 2025

O Censo de 2023 e o Espiritismo - ICKS

 

O Censo e o Espiritismo

O Censo de 2022 registrou uma redução percentual e real de pessoas que se declararam espíritas. 0,3% a menos. O espiritismo é mais importante na Região Sudeste com 2,7%.

Na cidade de Santos onde resido, 29.196 pessoas se declararam espíritas, 7,87% da população, ficando no terceiro lugar após católicos e evangélicos. A sensação é de que muito mais gente se interessa pelo espiritismo, só que não se declara espírita apesar deste percentual estar mais que o triplo da média nacional de 1,9%.

Na divulgação do Censo anterior ... Jaci Régis escreveu sobre este tema, um artigo de nome – Espiritismo segunda opção. Acredito que a releitura faz todo o sentido neste momento.

O artigo foi publicado no Jornal Abertura de junho de 2005 e pode ser acessado  no blog do ICKS: https://icksantos.blogspot.com/2022/07/espiritismo-segunda-opcao-por-jaci-regis.html

A época a FEB assim se pronunciou à Veja que fez uma reportagem a respeito: "Segundo a Federação Espírita Brasileira", diz a reportagem da VEJA, mais de 40 milhões de pessoas seguem a doutrina de Allan Kardec no Brasil. Apenas 2% dos brasileiros se dizem Espíritas, nos censos oficiais. A imensa maioria simplesmente acrescenta, sem dramas de consciência, os ensinamentos de Kardec, aos das religiões que professam oficialmente".

Do artigo de Jaci Régis reproduzimos integralmente o foco dado pelo autor a esta questão:

“O QUE BUSCAM OS CATÓLICOS NO ESPIRITISMO?

Certamente é hipotético afirmar que quarenta milhões "seguem" a doutrina de Allan Kardec, no Brasil. O que acontece é que milhões de católicos, pois é pouco provável que protestantes o façam, frequentam algumas vezes ou seguidamente os centros espíritas em busca de serviços que eles oferecem à população, seja no campo da assistência social, seja no consolo espiritual, através de consultas e passes.

 Essa multidão seria bem menor se os centros espíritas ensinassem efetivamente a doutrina de Allan Kardec, mas não uma adaptação religiosa e personalista dos princípios espíritas. Com isso a comunicação dos Espíritos e a reencarnação, não teriam o caráter folclórico que assumem, como se vê na reportagem.

Em muitos dos que se chamam de "centro espírita", lamentavelmente extremamente distantes do Espiritismo, esses católicos ficarão muito à vontade, porque neles se faz uma imitação medíocre do catolicismo, inclusive com preces católicas como ave-maria e outras. E, quando ali se discursa, os discursos não diferem do catolicismo, a não ser no que tange à comunicação com os Espíritos e uma tênue referência à reencarnação, moldada, contudo, no viés da punição e da purificação, bem ao gosto da doutrina católica.

Essa é a tal de multidão que acredita na reencarnação e na comunicação com os mortos. Para eles, não se trata apropriadamente de assumir o Espiritismo como uma segunda religião, como uma opção mais folclórica, mais ansiosa e supersticiosa sem qualquer reflexão filosófica ou prova científica.

 O que se pode dizer também de muitos que se dizem oficialmente espíritas.

 O QUE DEVERIA SER DADO AOS CATÓLICOS QUE BUSCAM O ESPIRITISMO

A transformação do Espiritismo numa religião formal, cada vez mais formal, acaba numa deformação do conteúdo doutrinário e numa traição aos projetos e finalidades dadas por Kardec à sua doutrina.

A reportagem de Veja, traduz que os católicos que procuram o Espiritismo querem informações concretas e objetivas sobre a reencarnação, a imortalidade e a comunicação com os mortos, onde eles vivem e como vivem.

Entretanto, não é isso que encontram nos centros espíritas. Estes, quase sempre, se formam com "principal finalidade será o estudo e a divulgação do evangelho de Jesus".

 O que marca a existência do Espiritismo é o seu conteúdo filosófico, seu esforço por provar cientificamente a existência e a evolução do Espírito, na qual a reencarnação se insere. Para isso utiliza a mediunidade como instrumento de prova da Imortalidade, da sobrevivência e comunicabilidade entre vivos e mortos. A partir dessa compreensão que o Espiritismo trará sua contribuição à humanidade. Ora, o "estudo do evangelho", é feito nas igrejas católicas e protestantes, diariamente. O que o Espiritismo brasileiro acrescenta ao fixar-se nesse estudo evangélico? Explicações sobre fatos ali narrados e acompanha, insensatamente, a sacralização feita pela Igreja da figura de Jesus Nazareno.

 A reportagem diz que "O que o Espiritismo tem de próprio, ainda que não seja um monopólio seu, é o fato de acenar com a certeza de que, no futuro, haverá outras vidas, quantas forem necessárias para tirar as manchas da alma".

 Aí entra a deformação básica do instituto da reencarnação, pois a transformação religiosa do pensamento espírita fixou-se, como era de esperar, na questão das penas e gozos futuros, de acordo com o viés judaico-católico, que se assenta na concepção do pecado original, na necessidade de purificação.

Mas a reencarnação no Espiritismo não é instrumento de resgate, de pagamento de dívidas de "outras vidas". Na essência, o processo evolutivo guarda a relação do Espírito consigo mesmo, na relação com os outros, sem estar ligado a erros pontuais ou severos de "outras vidas", como se cada capítulo do processo evolutivo, ficasse estanque e restrito, desconhecendo que o ser espiritual é uma individualidade permanente e que seu projeto é evoluir para compreender a si mesmo e sua inserção na vida.

 Fora dessa visão, tudo gira em torno de explicar de forma diferente as crenças, os castigos, as dores, os pecados.

 Na verdade, o próprio Kardec, devido às premências do seu tempo, utilizou-se de explicações para contestar tradições judaico-cristãs.

Por exemplo, os anjos da guarda seriam Espíritos protetores. Os demônios, Espíritos obsessores. Os Anjos, Espíritos puros.

Foi um erro. Porque na verdade para o Espiritismo não existem anjos da guarda, demônio ou anjos, céu ou inferno. Nada disso tem qualquer respaldo na teoria espírita. Simplesmente não existem.

Tentar dar versão espírita a essas tradições só prejudica a separação necessária de nossos conceitos com o judaico-cristianismo, promovendo confusões e permitindo interligações conflitantes.

Então, o que poderíamos fazer e alguns estão fazendo, é limpar essa linguagem, caminhar para a pesquisa e para produção de uma filosofia capaz de suplantar o obscurantismo católico e protestante e afirmar o Espiritismo não como uma segunda opção, mas como a opção clara, despida de crendices e confusões.

Para isso é preciso um novo posicionamento.

 Kardec admitiu que o Espiritismo poderia ser um auxiliar das religiões. Para isso, naturalmente, é preciso manter sua identidade, sua diferença e fazê-lo promíscuo com elas.

 Auxiliar é uma coisa, é dar subsídios, explicações para as religiões e não tornar-se satélite delas.

 Talvez para os dirigentes da Federação Brasileira e outros, ser a segunda opção da Igreja Católica, seja a gloria. 


Artigo publicado no Jornal Abertura de julho de 2025.

Queres ler o jornal completo? Baixe aqui!

https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/45-jornal-abertura-2025?download=348:jornal-abertura-julho-2025


quinta-feira, 17 de agosto de 2023

País envelhecido - Editorial de Alexandre Cardia Machado Jornal Abertura agosto de 2023

 

País envelhecido

 

Já tínhamos a impressão de que os Centros Espíritas estavam envelhecendo, os colaboradores, pelo menos dos centros que conheço tem um grande percentual de aposentados. O Censo do IBGE de 2021/22 veio corroborar esta impressão.

Contrariando todas as previsões de crescimento populacional, que estimava-se considerando o Censo de 2010 que fossemos 214 milhões de brasileiros, o que se contou agora foi, nada mais do que 203 milhões.

Isto significa que muito menos gente nasceu nos últimos 11 anos do que era esperado, como isto impacta a vida de todos nós? Bem, difícil precisar, mas para melhorar o bem-estar social, todos nós teremos que trabalhar mais, porque menos jovens estão entrando e entrarão futuramente, no sistema previdenciário oficial.

As agencias de propaganda já haviam se dado conta muito antes do que a comunidade econômica e do que o IBGE, basta ver como aumentaram as propagandas focadas na chamada terceira idade nos últimos 10 anos. Até pessoas na faixa dos 40 anos já começa a deixar de pintar os cabelos, sejam mulheres ou homens.

O Crescimento da população está na faixa de 0,5% ao ano, o que faz a gente refletir que um aumento de 1% do PIB ao contrário do que sempre foi dito, representa um aumento real de renda, assim devemos aproveitar este momento em que nosso país já há 2 anos vem tendo aumento de cerca de 2%, pois futuramente, e não tão futuramente seremos um país envelhecido.

Isto já acontece na Europa e a solução mais utilizada é a de aumentar a imigração, o Brasil contribui com isto, temos brasileiros saindo do país em proporções nunca vistas antes.

 

Cabelos brancos virou charme. Cabelos brancos estão na moda – reflexo do envelhecimento


Os efeitos no movimento espírita: Fonte IBGE e ABRADE

Alguns dados importantes, os espíritas são os que apresentaram melhores indicadores quanto ao nível de escolaridade, como a maior proporção de pessoas com nível superior completo (31,5%). Por outro lado, temos também a maior média etária – 37 anos entre todos os grupos “religiosos”(dados de 2010).

Segundo a Abrade: Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo, estes dados que citarei aqui podem ser encontrados em sua página oficial: https://abrade.com.br/

“Pela  pesquisa Retratos da leitura no Brasil, 5ª edição, base 2019, o brasileiro lê, em média, 2,4 livros lidos apenas em parte e, 2,5, inteiros. Retirados os livros didáticos e a Bíblia, esse número cai para 1,6 livros. Os leitores espíritas leem mais, 3 a 4 livros espíritas por ano, mas ainda é um número modesto e pode melhorar bastante.”

Ou seja, temos um público interessado em leitura, mas o ICKS, como Editora sofre na venda e divulgação de nossos livros, o que nos motivou a oferecer este saber espírita de forma online e gratuita.

PNP – Pesquisa Nacional para Espíritas 2021 apresenta um dados de que  a idade média dos espíritas está atingindo 50 anos.   A presença de jovens nas casas espíritas tem fortes indícios de estar em baixa há, pelo menos uma década. Boa parte dos novos espíritas possuem mais de 40 anos.

Segundo Franzolim, “talvez para compensar a pequena participação dos espíritas no Brasil (2% no Censo 2021), as estimativas sobre o número de simpatizantes do espiritismo atingem cifras elevadas de 20 e até 30 milhões”. Costumamos chamar estes simpatizantes de clientes, pois eles normalmente vão aos centros espíritas, como bem diz Franzolim – “ Temos de considerar, contudo, que parte significativa desses simpatizantes, procuram as casas espíritas, mais pela possibilidade de receber uma ajuda, do que pelo interesse em sua filosofia ou de melhor compreensão de alguma questão existencial”.

Como trazer mais pra próximos de nós estas pessoas? Nossas casa promovem cursos, desta forma alguns acabam por frequentar e até associar-se aos centros. Isto é importante pois, por mais que sejamos caridosos, não há “jantar de graça”, os centros precisam bancar as suas despesas.

“Uma estimativa mais realista situaria os simpatizantes entre aqueles que realmente começam a cogitar a decisão de se tornarem espíritas. Dificilmente seriam mais do que 1% da população, ou 50% do número atual de espíritas. O que já pode ser considerado uma estimativa otimista”.

Concordamos com esta análise, ser espírita significa uma mudança radical na maneira de ver o mundo, precisamos incorporar a imortalidade dinâmica com todas as suas consequências aqui e agora. Precisamos lançar um olhar sobre o mundo e sobre nós mesmos e agirmos de acordo com estas conexões causais. Somos responsáveis por melhorar o mundo ao nosso redor.

 

“É verdade que a mídia aprecia bastante temas espiritualistas também adotados pela doutrina, como reencarnação, comunicação com os espíritos e outros vinculados pela sociedade ao espiritismo, mas que na compreensão Kardequiana apresenta entendimentos muitas vezes bastante diferentes, como punição, castigo, causa e efeito, trevas, umbral, cidades espirituais, passe, etc.”

Ivan Franzolim - ABRADE


Os Centros Espíritas:

“São otimistas as estimativas na internet, variando entre 15 e 20 mil Centros Espíritas no país. Dados mais realistas, contudo, apontam para um montante menor e uma situação até preocupante... em 2020, baseada na base de CNPJ e código de atividade (CNAE), a quantidade de instituições espíritas era de 11.916. Esse número considera todo o tipo de organização espírita, como fundação, associação, abrigo, creche, orfanato, hospital e apenas os CNPJs ativos.

Este dado tem que servir com um alerta muito importante, menos jovens e menos centros, ainda que a quantidade de declarados espíritas não tenha sido alterada em percentagem, a idade média alta grita que vamos mal. Conforme o dado abaixo o confirma.

“Foram encontradas 2.592 casas espíritas que não existem mais, registradas como “baixadas”, a maioria entre 1990 e 2020, o que representa uma média de 86 instituições extintas por ano.”

 

Os centros espíritas estão 75% localizados nas capitais, ou seja, não penetramos no interior do país.


Gostou? fica aqui o convite a lernosso jornal: Abertura agosto 2023: clique abaixo.


https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/31-jornal-abertura-2023?download=248:jornal-abertura-agosto-de-2023