quinta-feira, 30 de setembro de 2021

A liberdade é uma escolha por Roberto Rufo e Silva

 

                                                                A liberdade é uma escolha.

 

"O livre-arbítrio é a capacidade de fazer com alegria aquilo que eu devo fazer". (Carl Gustav Jung).

 

 

Sobrevivente de Auschwitz, a escritora húngara e doutora em psicologia Edith Eva Eger, que em 29 de setembro/2021 fará 94 anos, lançou o livro "A liberdade é uma escolha" , que trata sobre a escolha do ser humano em ser livre. 

Escutemos com atenção este breve relato da Sra. Edith Eva Eger: 

"Na minha primeira noite no campo de concentração em Auschwitz, aos 16 anos de idade, fui forçada a dançar para Josef Mengele, o oficial da SS conhecido como Anjo da Morte. Dance para mim , ele ordenou. Relembrando o conselho dado por minha mãe - Ninguém pode tirar de você o que você colocar na sua mente - , fechei os olhos e me transportei para um mundo interior. Na minha imaginação , eu não era mais a prisioneira morta de frio e de fome e arrasada pela perda. Meus pais foram assassinados na câmara de gás no primeiro dia de prisão. 

Passei então a me imaginar no palco da Ópera de Budapeste interpretando a Julieta do balé de Tchaikovsky. Foi escondida nesse refúgio interior que obriguei meus braços a se erguerem e minhas pernas a girarem. Reuni forças para dançar pela minha vida.

Todo minuto que vivi no campo de concentração de Auschwitz foi como um inferno na Terra. Mas foi também a minha melhor escola. Submetida à perda, à tortura, à fome e sob constante ameaça de morte, descobri as estratégias de sobrevivência e liberdade que uso até hoje, diariamente, em meu consultório e em minha vida.

Quando escrevi A bailarina de Auschwitz, eu não queria que as pessoas lessem minha história e pensassem - Meu sofrimento não é nada em compensação com o dela  - .Queria que as pessoas conhecessem a minha vida e entendessem - Se ela pode fazer isso, eu também posso". 

 Dentre os conceitos fundamentais que compõem o núcleo do Espiritismo, o livre-arbítrio é o aspecto da lei maior que sustenta a evolução do universo inteligente. Livre-arbítrio é a ação do espírito no limite de seu conhecimento, e responsável na medida de seu entendimento. Como mola propulsora desse livre arbítrio surge algo chamado de vontade. Paulo Cesar Fernandes em seu trabalho Livre-arbítrio ou Determinismo apresentado no VI Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita de 1999 assinala que o livre arbítrio é libertação. Todavia o espírito tem em si uma série de leis, escreve Paulo Fernandes, que não pode sobrepujar por estar envolvido na matéria, preso a um organismo,sujeito a leis biológicas e psíquicas, vinculado a um meio social e modelado pela educação da família. Naqueles espíritos que ainda não chegaram a um grau de consciência superior a vontade é quase instintiva, baseando-se nas necessidades de sobrevivência. Continua Paulo Cesar Fernandes, dizendo que à medida que tomamos consciência de nossa existência e sua finalidade, nos convertemos em seres mais reflexivos, inteligentes e racionais, conquistando passo a passo a nossa liberdade , através da vontade de superação, eu acrescentaria. Esse também é o conselho da Sra. Edith Eva Eger em seu livro "A liberdade é uma escolha" . Embora o sofrimento seja universal e inevitável, diz a autora, podemos ajudar as pessoas a valorizar o poder da escolha. A vontade como força motriz do livre-arbítrio.

Meus queridos e com certeza poucos leitores, tentem responder a essa sequência de perguntas propostas pela Sra. Edith Eger : Sou orientado  por problemas ou orientado por soluções? Vivo refém do passado ou estou vivendo no presente? E por último aquela pergunta que ela acha que devemos nos perguntar diariamente : estou evoluindo ou revolvendo o passado?

Voltemos ao pensador Paulo Cesar Fernandes no seu trabalho do VI SBPE de 1999, Livre-arbítrio ou Determinismo, que nos ensina que quanto maior for nosso grau de evolução maior será a nossa liberdade com a consequente maior responsabilidade pelos atos praticados. Eu acredito, e para isso me valho do Espiritismo, que possuímos em todos nós uma capacidade de transcender até mesmo o maior dos horrores e usar o sofrimento para o bem estar de todos como fez a Dra. Edith Eva Eger . 

 Roberto Rufo 

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

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terça-feira, 28 de setembro de 2021

As Paralimpíadas e a carta de Yve - por Alexandre Cardia Machado

 

As Paralimpíadas e a carta de Yve

Na segunda metade de agosto, com duas semanas de diferença das Olimpíadas do Japão se realizaram as Paralimpíadas. Enquanto nos Jogos Olímpicos, havia cobertura de uma dezena de canais a cabo vemos uma cobertura importante, mas muito mais modesta das Paralimpíadas.



Estes jogos fazem parte de um processo internacional de quebra de barreiras, de redução de preconceitos que se vê cada vez de forma mais relevante em todas as áreas sociais.

O espiritismo nos ensina que todos nós surgimos simples e ignorantes e que evoluímos pela soma de nossas experiências, somos todos passageiros desta aventura do desenvolvimento do Espírito através da imortalidade dinâmica.

O Brasil foi o 8° colocado nas Paralimpíadas do Rio de Janeiro em 2016, buscávamos nestes jogos igualar ou quem sabe superar a marca anterior, é assim que as coisas acontecem nos esportes e por que não dizer, na própria vida onde em todas as atividades, nós Espíritos Encarnados estamos em busca de superações. Finalmente terminamos os jogos na 7ª posição, igualando este resultado ao dos jogos de Londres em 2002, em matérias de medalhas, igualamos o número conseguido no Rio de Janeiro com 72 medalhas, mas superamos nosso recorde de 2002 que era de 21 ouros e atingimos um total de 22 ouros.

Mas o resultado não é o que realmente importa, nas palavras do criador dos Jogos Olímpicos da Era Moderna Barão de Coubertin – “O importante não é vencer, mas competir. E com dignidade” Pierre de Fredy (1863 -1937).

A carta de YVE

Recentemente nosso Ministro da Educação fez uma declaração infeliz, tendo se desculpado, logo em seguida, tamanha a repercussão, extraio este trecho que vamos analisar: “há crianças com deficiência de impossível convivência “. Esta é claramente uma posição antiga, típica de meados do século XX, a experiência moderna tem demonstrado que a convivência com pessoas de múltiplas capacidades, formações, etnias e quaisquer outras diferenças contribuem para a formação de uma mentalidade de maior tolerância ao mesmo tempo que promove um suporte social a aqueles que foram por muito tempo afastados deste convívio. Isto não exclui a possibilidade de termos escolas especializadas, mas onde elas não existam as escolas precisam estar preparadas.


 

Foto de Yve e Romário

 

Yve é uma menina de 16 anos com Síndrome de Down, filha do artilheiro Romário, hoje Senador. Destaco dois trechos da carta que ela enviou ao Ministro Milton Ribeiro:

"Sabe, eu tenho síndrome de Down, sou uma pessoa com deficiência, e sou estudante. Eu estudo para ter um futuro e ajudar o meu país. Eu não atrapalho ninguém”

“A minha presença e a de outras pessoas com deficiência não é ruim, muito pelo contrário, desde a escola, meus coleguinhas aprendem uma lição que parece que o Sr. não teve a oportunidade de aprender, que a diversidade faz parte da natureza humana e isso é uma riqueza"

Creio que estes dois trechos representam a importância de sua declaração. Os leitores se quiserem ler o texto completo basta pesquisar no Google.

Existe uma interpretação espírita que, nós os chamados Espíritas Livre Pensadores já superamos, que é a de que nós reencarnamos para cumprir provas e expiações, palavras que poderiam ter sentido no século XIX. Hoje vemos os fatos, todos os que se nos cercam e que se nos apresentam como oportunidades de crescimento, esta interpretação é muito melhor porque todos nascem com pontos positivos e negativos se comparados com uma média. Embora seja evidente que num planeta de 7 bilhões de pessoa, não deva existir nenhuma pessoa que se encaixe, perfeitamente, na média, todos somos desiguais. Como já dissemos em parágrafo anterior, estamos aqui para superarmos os obstáculos que se apresentem.

Nas Paralimpíadas, por exemplo, várias categorias de competição são formadas por amputados. Ou seja, pessoas que nasceram com todos os órgãos normais, mas que por um acidente, ou por motivo de alguma doença degenerativa, foram obrigados a passar por uma amputação. Não acreditamos em destino ou predestinação ou mesmo em encarnação programada. O que está escrito nos livros Nosso Lar e Evolução em Dois Mundos, sobre a reencarnação é pura fantasia, ou na melhor das hipóteses estória para “evangelizar”, pensada para acalmar as ansiedades dos “desfavorecidos”. É preciso saber viver, o processo reprodutivo tem riscos, acidentes acontecem o tempo todo, guerras, assaltos, pessoas que levam tiros, tudo isto é impossível de ser programado, acontece por acaso. Ou muitas vezes por desvios morais de uns, por descuidos de outros. A vida como ela é.

Então, as pessoas amputadas passam por um processo de readaptação, reaprende a andar, e também a se divertir, pois não estão punidos, estão sim experimentando uma nova situação. Cada vez mais a medicina, a fisioterapia e a evolução tecnológica trabalham para dar melhores condições de recuperação para que a vida siga. E eu, particularmente, gosto de ver o esforço e a capacidade de superação destes superatletas paralímpicos.

Concluindo, nunca deveríamos abdicar do direito, e da vontade de aprender sempre, tudo muda o tempo todo e temos que nos esforçar para acompanhar estas mudanças!

Artigo publicado no jornal Abertura - setembro 2021

 Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

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segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Abrindo a mente - Como trabalhar com a terceira idade, para desenvolver trabalhos com metodologia científica? por Alexandre Cardia Machado

 


Como trabalhar com a terceira idade, para desenvolver trabalhos com metodologia científica?

 

No ICKS durante 8 anos incentivamos nossos membros a desenvolver trabalhos com metodologia científica, foram quatro estudos que desenvolvemos, conforme pode ser visto abaixo:

 

ü  2011 - XIII – Penetração de nossas ideias.

ü  2012 - XXI Congresso CEPA - Análise da evolução do conceito de Reencarnação ao longo das obras de Allan Kardec.

ü  2013 - XIII SBPE - Pode o Espiritismo ser considerado Ciência da Alma? Uma análise epistemológica da proposta do pensador espírita Jaci Régis;

ü  2015 - XV SBPE - Somos Progressistas?

 

O primeiro obstáculo, já que a média etária, durante estes anos variou de 65 e 72 anos, onde muitos de nossos sócios não tinham experiência anterior no desenvolvimento de trabalhos com estas característica, com segurança foi vencer o medo. Fazê-los acreditar que com métodos e coordenação isto seria possível.

 


O primeiro trabalho foi muito especial para todo o grupo, pois foi desenvolvido para o primeiro SBPE sem a presença de Jaci Régis, tamanha responsabilidade exigiu muito de nosso grupo, fizemos diversas exposições, relatos, cronologia e vídeo – sobre a penetração das ideias apresentadas nos 10 SBPEs anteriores e uma exposição sobre o papel deste jornal neste objetivo de ampliar os temas espíritas.

 


O segundo experimento foi preparar um trabalho para o XXI Congresso da CEPA, não houve tempo de ensinar metodologia científica, então contamos com os mais novos para coordenar e fazer a redação do trabalho, de todo modo foi um trabalho de pesquisa bibliográfica, de comparação de textos e de traduções, bastante complexo.

Resultou no V Caderno Cultural do ICKS, lançado em 2013, o fato de já ter sido publicado acreditamos, deva ter sido uma das razões de não ser incluído no livro “Perspectivas Contemporâneas da Reencarnação”.

 


Para o XIII SBPE buscamos apoio para aumentar o conhecimento do grupo sobre epistemologia decidimos convidar a professora Doutora em Filosofia Conceição Neves Gmeiner da Universidade Católica de Santos, para nos dar um curso sobre Teoria do Conhecimento e Ontologia. Com isto nos foi possível enfrentar a proposta de análise epistemológica.

 

Já para a empreitada de 2015, onde decidimos como objeto de pesquisas, rever todas as edições anteriores dos jornais Espiritismo e Unificação e Abertura, resolvemos começar com um treinamento em metodologia científica, apresentado em duas reuniões por mim.

 

Os resultados falam por nós mesmos, estão nos anais dos simpósios, no Caderno Cultural, mas principalmente os maiores vencedores foram nós mesmos que nos divertimos e trabalhamos juntos como uma grande equipe.





 

Para abrir mais a sua mente: V Caderno Cultural – ICKS, pedidos pela cópia eletrônica pelo e-mail – ickardecista1@terra.com.br.

 Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

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