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segunda-feira, 14 de outubro de 2024

POLARIZAÇÃO POLÍTICA por Milton Medran Moreira

 

OPINIÃO EM TÓPICOS

Milton Medran Moreira

                POLARIZAÇÃO POLÍTICA



                Não sei onde vai parar essa polarização político-ideológica que tomou conta do Brasil.

                Sei, sim, que, no campo das ideias políticas e sociais, há duas forças que, para todo sempre, hão de se digladiar.

Elas são tese e antítese que alimentam o fluir do processo político. Estão presentes na política porque, igualmente, movem o processo individual de crescimento do espírito humano.

Uma busca preservar os valores conquistados. A outra estimula mudanças mediante a superação do que ontem era um valor e hoje pode ser descartado porque incompatível com os novos tempos.

Allan Kardec expressou esses dois movimentos mediante o que denominou Lei de Conservação e Lei de Destruição.

DIALÉTICA

Entretanto, é justamente desse embate dialético que deve resultar uma síntese, capaz de harmonizar as duas tendências humanas e sociais. Novamente, Kardec! Ele compreendeu as forças componentes desse processo e nominou como Lei do Progresso o estágio capaz de harmonizar e sintetizar os movimentos conservadores e destruidores.

Democracia, tolerância, fraternidade, diálogo são, contudo, elementos que o humanismo introduziu para tornar suportável e eficiente essa luta natural entre a tese e a antítese, abrindo espaço à síntese.

Não é, pois, uma luta entre o bem e o mal. Contudo, o que desvirtuou nosso processo político foi, justamente, a ideia de que quem está de um dos dois lados está com o bem, enquanto o mal caracteriza definitiva e irremediavelmente os do lado oposto.

IDEOLOGIAS

Maus políticos, interesseiros e populistas, valendo-se, mesmo da religião – e esta, sim, calca-se numa base doutrinária fundamentalmente dualista e maniqueísta – é que conferiram às ideologias esses pretensos rótulos de boas e más.

Ideologias são visões de mundo que diferentes grupos sociais têm, buscando proteger seus interesses coletivos. Em princípio, não são boas ou más. São expressas por meio de ideias que formam a base doutrinária de partidos políticos. Partidos são partes de um todo. Protegem interesses coletivos que, necessariamente, não contemplam os anseios de uma nação inteira.

Evidentemente, há ideologias mais generosas que outras e há agrupamentos políticos que oferecem instrumentos mais voltados à igualdade de direito e à justiça social. A eles se tem denominado de progressistas, em contraposição ao conservadorismo de outros. Isso, no entanto, não lhes garante a supremacia e a posse exclusiva do bem e da verdade. Até porque nenhum agrupamento humano, por melhor que sejam as ideias por ele teoricamente defendidas, está infenso, na prática, à manipulação de pessoas inescrupulosas, interesseiras, hipócritas e aproveitadoras.

EM SÍNTESE

Por isso tudo, e em meio, mesmo, aos extremismos dessa polarização a que fomos levados pelo discurso de ódio de maus homens públicos, tenho buscado não medir ninguém exclusivamente pela régua política.

Rejeito a ideia de que quem está ou esteve, em determinado momento, ao lado do político A ou B, seja, necessariamente, igual a ele. Mesmo que eu jamais venha a apoiar quem abrace ideias com as quais, por princípios filosóficos, eu nunca concordaria, procuro não julgar o outro exclusivamente por suas preferências eleitorais.

Posições políticas sempre são precárias. Meras ferramentas na construção do progresso. Atendem interesses coletivos ou individuais válidos para aquele momento histórico. Não convém tomar líderes políticos como mitos, nem ideologias como salvadoras do mundo. Cidadão que assim procede pode estar tendo uma visão muito distorcida da exequibilidade das próprias ideias que defende. Ou, pragmático, esteja vendo seu candidato apenas como o meio capaz de derrubar o ídolo do outro, a seu juízo, pior que o dele.

A vida e o relacionamento plural me ensinaram que quem está do outro lado pode ser um sonhador, um ingênuo, um ludibriado, mas, nem por isso, um mal-intencionado. E frequentemente é nosso próprio pai, um irmão, um amigo querido. É um bom chefe de família, profissional responsável, bom colega, vizinho solícito, bem diferente do candidato que cultua ou do agrupamento político no qual detectamos tanto atraso e, às vezes, muita hipocrisia.

Artigo publicado no Jornal Abertura de outubro de 2024, gostaria de ler o jornal completo?

Baixe aqui:

https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/42-jornal-abertura-2024?download=323:jornal-abertura-outubro-de-2024

 

sábado, 31 de agosto de 2024

DEMOCRACIA: UMA UTOPIA AINDA A SER ALCANÇADA! por Ricardo de Morais Nunes

 

DEMOCRACIA: UMA UTOPIA AINDA A SER ALCANÇADA! por Ricardo de Morais Nunes

Temos defendido ao longo dos últimos tempos a importância dos espíritas pensarem as questões da política, da economia e da sociedade com vistas a poderem formar uma consciência mais ampla destas questões, de um ponto de vista filosófico, não partidário, como é obviamente o caso quando tratamos desses temas no âmbito do movimento espírita.

Acreditamos mesmo que tais reflexões podem propiciar aos espíritas um melhor desenvolvimento de seu   pensar político e  social , de um ponto de vista crítico, tendo em vista a uma melhor participação cidadã, de natureza humanista, nas diversas sociedades do mundo em que vivem.

Nesse campo temático se há uma discussão que realmente causa muita divergência, mesmo entre os espíritas estudiosos, é sobre o conceito de democracia. O que é afinal democracia? Conceito fundamental que precisa ser aprofundado, pois não basta dizer que somos a favor da democracia ou que somos contra as ditaduras. É necessário explicar o que entendemos por democracia.

É necessário iniciar a nossa reflexão lembrando que o conceito de democracia remonta à Grécia antiga. A pólis ateniense é o primeiro exemplo de democracia direta no mundo. Desde esse momento passou a ser comum remontarmos a essa origem, cantarmos em verso e prosa a democracia que surge em Atenas.

 Porém, é necessário irmos além e perguntarmos como funcionava essa democracia, era realmente democrática a pólis ateniense? Sabemos que não. Em Atenas apenas o cidadão da pólis tinha direito a se manifestar na Ágora. A maioria da população era de escravos, mulheres e estrangeiros que estavam excluídos da participação nos negócios da cidade-Estado.

A democracia grega, quando olhamos bem de perto, quando observamos a sua estrutura, não era tão perfeita assim. Claro que esses defeitos, olhando em retrospecto, não são suficientes para rejeitamos o grande avanço da proposta democrática grega.

De lá para cá muita coisa mudou. Muita água correu debaixo da ponte.

Tivemos o fim das cidades-Estado na Grécia sucedidas pelas várias dominações imperiais da antiguidade, o domínio teológico e político da Igreja católica, o poder dos monarcas, as revoluções políticas contra o poder dos monarcas, o poder dos burgueses, as revoluções contra o poder dos burgueses.  Passamos pelos regimes político-econômicos do tipo escravocrata, feudal, escravista colonial, capitalista e socialista. Passamos pela revolução agrícola, industrial e hoje digital.

No século XX, tivemos, ainda, ditaduras de direita, de esquerda, repúblicas teocráticas, Estados e legislações de segregação racial, imperialismo moderno, colonialismo, guerras de intervenção estrangeira, guerras civis, golpes militares e revoluções.

Como se não bastasse os fatos acima mencionados, em algumas nações, nas últimas décadas, infelizmente, tem ocorrido uma relação promíscua entre as instituições de Estado e a criminalidade comum, o que, sem dúvida, acentua   os problemas políticos e sociais, dificultando, ainda mais, a busca pela concretização dos princípios democráticos.

 Na grande maioria das nações do mundo, hoje, vivemos no sistema que podemos chamar de democracias liberais, representativas, de perfil econômico capitalista. Há alguns países que ainda ostentam, com maior ou menor intensidade, alguns princípios de seu período socialista, mas é possível contar esses países nos dedos após a dissolução da União Soviética e a queda do muro de Berlim.

O comunismo e o socialismo, em nosso tempo, nessas duas primeiras décadas do século XXI, não são mais ameaças ao sistema capitalista e às democracias liberais como insistem os ultradireitistas desse nosso momento histórico, que se utilizam do absurdo e falso argumento da “ameaça comunista” para solapar qualquer possibilidade de crítica ao capitalismo e a essas democracias.

Enfim, o que podemos verificar, hoje, é que as democracias liberais ainda são extremamente incompletas e que não realizam todo o potencial do ideal democrático. O grande modelo, para muitos, dessa democracia moderna, liberal, são os Estados Unidos da América.

 Porém, se olharmos para a realidade social destas democracias liberais com “olhos de ver” observaremos que essa democracia mínima tem sido tão sintonizada com os interesses do capital que muitas vezes ela se torna uma verdadeira antidemocracia nos países nos quais ela foi adotada.

 E, ainda pior, em nossos dias, mesmo essa democracia mínima, está sendo atacada com vistas a retrocessos inaceitáveis que seguem em direção a concepções neofascistas de sociedade que andam de mãos dadas com teorias e práticas econômicas neoliberais, as quais destroem qualquer ideia de justiça social ou bem-estar social.

Frequentemente, a política contemporânea, em seu melhor sentido, como representativa dos direitos dos cidadãos, tem sucumbido aos interesses do dinheiro, da acumulação e da riqueza de alguns poucos. Há necessidade, hoje, de realizarmos uma profunda crítica às sociedades que giram em torno do capital e esquecem o ser humano.

 Devemos, portanto, dizer, em alto e bom som, que, de um ponto de vista espírita, portanto, humanista, que privilegia o ser ao invés do ter, os interesses do “mercado”, do capital, das minorias privilegiadas em termos econômicos, não devem prevalecer sobre os interesses da sociedade como um todo.

É necessário, sob esse horizonte alargado de sociedade, voltarmos a acreditar que os homens e mulheres de nosso tempo, coletivamente, podem construir um destino político diferente, sendo imprescindível, em nosso entendimento, começarmos a construir um novo ideal democrático tendo em vista o futuro da humanidade.

Para esse objetivo é urgente nos descartarmos da ideia, muito útil aos que mandam no mundo e que estão confortáveis nas situações de injustiça e exclusão dos outros, de que não há outro mundo possível.

Nesta linha de raciocínio, devemos ter como premissa fundamental, que a   democracia ainda é a grande utopia a ser alcançada. Nesse sentido, é necessário elevar o nosso conceito de democracia, não nos contentando, apenas, com as chamadas liberdades formais, aquelas dos direitos e garantias do indivíduo perante as possíveis arbitrariedades do Estado.

2ª parte

Não há que se falar em democracia real sem considerarmos também as necessidades materiais dos cidadãos. Não é possível falar em democracia em um mundo de milhões de marginalizados no sentido do acesso aos bens fundamentais ao desenvolvimento da vida.

É necessário lembrar que, atentar contra a dignidade material das pessoas no nível fundamental da sobrevivência digna, é também atentar contra os direitos humanos. Há países que se dizem “livres” e “defensores da liberdade”, mas que atentam contra os direitos humanos no sentido do absoluto desamparo às condições materiais de vida de seus cidadãos. Liberdade para morrer de fome não é liberdade.

Pensamos que esta maneira de compreender os problemas políticos e sociais de nosso tempo corresponde plenamente aos generosos princípios que podemos encontrar em toda a obra de Allan Kardec, a qual nos convida à permanente transformação individual e coletiva.

 Entendemos que nós, espíritas, podemos auxiliar o processo de transformação dessa ordem de coisas, em primeiro lugar denunciando as sociedades que permitem a acumulação de riqueza nas mãos de uns poucos enquanto milhões, em nossos países e no mundo, se encontram privados do básico para uma vida digna e decente.

 Dessa forma, estaremos dando um primeiro passo fundamental no enfrentamento dessas situações que é o da conscientização do maior número de pessoas sobre esse grave problema de nosso tempo. O movimento espírita, com seus centros e instituições, pode colaborar muito nesse processo,  sendo claro que se não o fizer estará colaborando também, só que em um sentido contrário, favorecendo a alienação, portanto, o status quo, a exploração.

E, em segundo lugar, nós espíritas, podemos auxiliar o movimento geral de transformação social com a nossa participação, sempre pacífica em conformidade com os princípios de não violência ensinados pelo espiritismo, em todas as instâncias da palavra, da ação e da manifestação, que nos forem acessíveis no campo das lutas sociais.

Para isso, é necessário nos livrarmos dos conceitos superficiais e ingênuos de democracia e ditadura. É certo que todo espírita minimamente informado dirá, como um mantra religioso ou como uma verdade metafísica quase que vinda do alto, que é favorável à liberdade e à justiça social. Claro, não poderia ser diferente do ponto de vista filosófico-espírita. Isso é de uma evidência cristalina, mesmo em uma baixa compreensão da filosofia espírita.

Mas o que devemos ter em mente é que a conquista destes fatores, liberdade e justiça social, em sociedade, não ocorrerá simplesmente por gratuidade de Deus ou benevolência dos poderosos. Liberdade e justiça social devem ser conquistadas através das lutas sociais.

 É necessário levar em conta os interesses materiais em jogo, em uma palavra: a luta de classes. Mesmo que essa luta de classes, em nosso tempo, tenha adquirido características e peculiaridades distintas da época em que foi concebida teoricamente.

Sem uma compreensão dialética da vida social, dos conflitos de interesses em jogo, das resistências e pressões no campo prático da vida social, não avançaremos um milímetro nem mesmo na compreensão do que efetivamente acontece em nossas sociedades contemporâneas. E sem compreender, não conseguiremos contribuir.  

 É necessário termos claro que as nossas sociedades capitalistas contemporâneas não estão em conformidade com a ideia de justiça natural que encontramos nas propostas espíritas. E que só poderemos realmente ter um conceito mais amplo de democracia quando extinguirmos, socialmente, economicamente, e politicamente, os abismos materiais entre as pessoas, que as fazem tão diferentes em suas condições de vida, apesar da mesma humanidade.

 Não se trata de um objetivo fácil, é um horizonte a ser perseguido por todos que amam a justiça. Os espíritas entre eles.

Essa condição de maior igualdade, dará mais amplo sentido, até mesmo, ao processo da reencarnação dos indivíduos, porque poderíamos perguntar: de que adianta ao Espírito reencarnar em condições tão desfavoráveis que, muitas vezes, o fazem sucumbir em relação ao próprio objetivo da reencarnação, que é seu autodesenvolvimento intelecto-moral em sociedade?

 Na atualidade, há estudiosos que afirmam que vivemos a época do capitalismo pós-fordista, que privilegia a financeirização da economia ao invés da produção, deixando, portanto, nessa nova fase do capitalismo mundial, milhões de pessoas no mundo sem ter condições de acesso a um trabalho ou tendo como perspectiva apenas trabalhos precarizados.

Última parte

 Em O Livro dos Espíritos, publicado em meados do século XIX, época em que ainda não tínhamos no mundo um capitalismo tão desenvolvido, encontramos uma interessantíssima antecipação crítica às subjetividades que giram apenas em torno do capital, da acumulação, do ter.

 Tais subjetividades, ao longo do tempo, acabaram por criar, em uma união de interesses, um sistema, uma estrutura econômica-social-política, altamente favorecedora do egoísmo pessoal. Assim respondiam os Espíritos às perguntas de Kardec à época:

 Questão 711- O uso dos bens da terra é um direito de todos os homens? R: Esse direito é a consequência da necessidade de viver.

Questão 717- Que pensar dos que açambarcam os bens da terra para se proporcionarem o supérfluo, em prejuízo dos que não têm sequer o necessário? R: Desconhecem a lei de Deus e terão de responder pelas privações que ocasionarem.

Em um livro lançado do inicio da década de noventa do século XX, um teórico político norte-americano, Francis Fukuyama, ao verificar a queda do muro de Berlim e a decadência da União Soviética, propôs que a democracia liberal, de perfil capitalista, representava uma espécie de estágio máximo alcançado pela humanidade, uma espécie de “fim da história” quanto aos modelos políticos e econômicos que disputaram o século XX.

Várias décadas depois do lançamento da famosa obra, verificamos que nossas democracias liberais, ao invés de patrocinarem maior inclusão das pessoas aos seus benefícios, acabaram por acentuar, ainda mais, as contradições materiais no mundo.

A carência alimentar, o desamparo, a falta de acesso à saúde, à educação, ao saneamento básico, ao teto, as guerras e intervenções estrangeiras na soberania dos países e a destruição perversa do meio ambiente por razões econômicas ainda são uma realidade vivida na pele por milhões em nosso mundo, os quais são os “perdedores” desse sistema capitalista e dessa democracia liberal que quer nos convencer que todos seremos “vencedores”.

Acreditamos, portanto, que a história não acabou e que ainda nos cabe construir modelos políticos, sociais e econômicos, efetivamente democráticos, que realizem, concretamente, na vida social, os princípios da liberdade e da igualdade enaltecidos pela filosofia espírita e por todos os humanistas do mundo. Tememos que se não alcançarmos maiores patamares de democracia real, estaremos nos encaminhando para a barbárie.

 

 

Nota da Redação: Este artigo será publicado em três partes no Jornal Abertura de setembro, outubro e novembro de 2024.

 

 

sábado, 15 de junho de 2024

Problemas humanos - Liu Xiaobo - Prêmio Nobel da Paz de outubro de 2010 - por Jaci Régis

 

Problemas humanos - Liu Xiaobo

O parlamento norueguês decidiu atribuir ao chinês Liu Xiaobo  o Premio Nobel da Paz. A decisão causou revolta do governo chinês que mantém o ativista e dissidente preso por “crime de consciência”, quando o condenado é punido por ter idéias contrárias ao poder.





Liu Xiaobo ativista, autor de manifesto pedindo reformas democráticas na China, cumpre pena de prisão por  “incitar subversão”.

Governos totalitários odeiam dissensões e opiniões contrárias. Totalitarismo baseado em ideologia, como o chinês, comunista e ou teológico, como o Irã, detestam a liberdade de modo geral, da imprensa em particular.

Todos esses governos, como os de todas as ditaduras, são signatários da Declaração dos Direitos Humanos, da ONU.

Mas com medo de perder o controle rígido do poder, avançam, contra a liberdade de consciência

O regime chinês é repressor e ditatorial. Conseguiu, depois da Revolução Vermelha de Mão Tse Tung, tornar-se uma das mais importantes potencias econômicas da atualidade, com crescimento surpreendente da econômica. Isso foi conseguido pela abertura, ainda que parcial, às empresas particulares locais e internacionais.

O Espiritismo, temos repetido, é contra toda e qualquer idéia totalitária, as ditaduras e regimes teológicos, que cerceiam a liberdade.

Na América Latina houve um avanço de governos que se afirmam “socialista”, mas que atacam a liberdade de imprensa e criam situações conflitivas. No Brasil, o atual governo, em cujos quadros existe um grande contingente marxista ou pró-marxista, tenta criar empecilhos à liberdade de imprensa e não tem o menos pudor em abraçar ditadores e ditaduras.

Na Lei de Liberdade, inserta em O Livro dos Espíritos, temos a orientação básica.

 “No pensamento goza o homem de ilimitada liberdade, pois que não há como por lhe peias. Pode-se-lhe deter o vôo, porém, não aniquilá-lo.”

““. A liberdade de consciência é um dos caracteres da verdadeira civilização e do progresso.”

O parlamento dinamarquês ao consagrar o esforço e até a bravura do dissidente chinês, mostrou independência diante das ameaças do governo chinês, que tenta apresentar uma imagem positiva. O homenageado está em prisão e não poderá recebe o prêmio, nem provavelmente, terá sua pena revista. Isso feriria o orgulho do governo comunista chinês. Como todo regime totalitário quer que a China, apareça como um paraíso, mesmo sob o sangue de torturas, prisões e cerceamento da liberdade.

Texto originalmente publicado no Jornal Abertura de outubro de 2010, página 4.

Este foi o último artigo escrito e publicado no Abertura por Jaci Régis, não tem a sua assinatura, mas a Coluna  Problemas sociais e Políticos eram sempre escritas por ele. Jaci desencarnou em novembro de 2010.

 

 

sábado, 4 de maio de 2024

OS ESPÍRITAS E O ESTADO LAICO por Ricardo Nunes

 

OS ESPÍRITAS E O ESTADO LAICO por Ricardo de Morais Nunes

Uma das maiores conquistas do mundo ocidental foi o surgimento do Estado laico. Após um histórico de guerras religiosas sangrentas, as instituições políticas ocidentais se formataram segundo o princípio ético-jurídico da neutralidade do Estado em questões religiosas.

No passado ocorreram uma quantidade enorme de guerras religiosas. Para não me estender em demasia destaco aqui as cruzadas que colocaram em conflito cristãos e muçulmanos, e as guerras religiosas no ocidente que colocaram em conflito católicos e protestantes. O tristemente célebre massacre da noite de São Bartolomeu, em 1572, na França, manchou a história religiosa do mundo cristão.

Hoje em dia a ideia de “guerra santa” ainda persiste, misturando política, nacionalismo e religião em um caldo de cultura verdadeiramente explosivo. No mundo contemporâneo existem Estados teocráticos, nos quais o livro religioso e a palavra do chefe religioso se sobrepõem às leis civis do Estado nacional. 

É fácil perceber que um Estado que se declara religioso acaba por tomar partido entre os seus cidadãos e, como consequência, trata com menor interesse, para dizer o mínimo, aqueles que não aderem ao credo oficial. Do ponto de vista das liberdades democráticas traz para a arena política uma visão absolutista e dogmática restringindo o espaço para o debate alteritário.

No Brasil dos últimos anos, houve um crescimento da influência dos religiosos no Estado. Fala-se, hoje, inclusive, em uma “bancada da bíblia” no legislativo federal. Já foi falado por um presidente do passado recente sobre a necessidade de ser  nomeado, à instância máxima do judiciário brasileiro, um ministro “terrivelmente evangélico”.

No Brasil, ante o quadro político dos últimos anos, corremos o grave risco de misturar, irremediavelmente, religião e Estado, o que seria realmente um risco às liberdades democráticas de crença e manifestação da opinião.

Allan Kardec enfrentou problemas com a religião quando por ocasião do auto de fé de Barcelona. Nesse triste episódio, obscurantista, de caráter medieval, teve seus   livros espíritas queimados na Espanha por ordem de um bispo intolerante que se achou no direito de intervir nas questões alfandegárias do Estado Espanhol em sua relação com a França.

Penso que nós, espíritas livre-pensadores, devemos estar alertas para esse problema. Uma coisa são os adeptos de uma visão religiosa se manifestarem perante a sociedade civil sobre os variados temas políticos que existem na sociedade, exercendo, assim, seu legitimo direito à livre expressão, outra coisa é integrar as instituições do Estado, tendo como requisito fundamental para o exercício de um cargo público, não sua capacidade técnica, científica, administrativa ou política, mas a característica de ser religioso, profitente de uma determinada fé.

Isso resultará em uma imposição de valores e crenças aos que não comungam com a mesma visão, o que a longo prazo fará um estrago tremendo ao desenvolvimento científico, ético e cultural da sociedade. O Estado deve ser apenas um garantidor das múltiplas manifestações de crença e não crença, as quais representam os diferentes estados de consciência de uma nação.

Não há nenhuma conquista da humanidade que não pode ser perdida. O obscurantismo medieval está sempre à espreita e, não tenhamos dúvidas, pode voltar em novas roupagens. Dos espíritas, discípulos de Allan Kardec, um homem que acreditava na ciência, na razão e no desenvolvimento para melhor da humanidade, se espera que estejam atentos e que não embarquem nas canoas furadas do retrocesso.

Gostou do Artigo, ele foi publicado no jornal Abertura de abril de 2024, quer ler o jornal completo - baixe aqui:

https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/42-jornal-abertura-2024?download=300:jornal-abertura-abril-de-2024

 

 

 

 

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

MANIFESTO PELA PAZ NO CONFLITO NO ORIENTE MÉDIO

 

MANIFESTO PELA PAZ NO CONFLITO ISRAEL/PALESTINA


Nós, espíritas laicos e livre-pensadores, associados e amigos da CEPABrasil, instituição filiada à CEPA- Associação Espírita Internacional, no exercício de nossa liberdade de expressão conferida pela Constituição da República Federativa do Brasil e inspirados nos princípios humanistas da filosofia espírita fundada e codificada por Allan Kardec, manifestamos nosso repúdio ao conflito armado entre israelenses e palestinos, deflagrado, nos últimos dias, na região do Oriente Médio.

Apelamos às partes em conflito e à comunidade internacional para que realizem esforços urgentes por um cessar-fogo imediato e pela volta das negociações diplomáticas. Entendemos que israelenses e palestinos necessitam de uma solução negociada que contemple, de forma justa, o interesse de ambos os povos, e temos claro que, sem boa vontade e renúncias recíprocas na construção dessa solução, a humanidade continuará assistindo o terrível espetáculo de dor e morte que tem atingido, especialmente, a população civil de ambos os povos.

Basta de mortes, destruição e sofrimento! Ainda há tempo de resgatar nossa humanidade perdida em meio à brutalidade desse conflito. É hora de recordar dos nobres valores de reverência à Vida que nos foram legados por grandes mestres da espiritualidade que viveram nessa região do planeta, berço das três maiores religiões monoteístas do mundo: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo.

Os palestinos e os israelenses são nossos irmãos em humanidade. Ambos, em suas diferenças, têm muito a contribuir com o desenvolvimento intelectual, moral e cultural de nosso planeta. Mas, para essa finalidade, é necessário que se predisponham a uma convivência respeitosa a partir do reconhecimento recíproco e consensual de suas soberanias político-territoriais.

Que os homens e as mulheres com poder de decisão entre israelenses e palestinos e, também, na comunidade internacional, tenham a coragem de largar as armas e de realizar a paz!

Santos/SP, Brasil, 17 de novembro de 2023

quarta-feira, 17 de maio de 2023

Censura prévia nunca mais - por Alexandre Cardia Machado


Censura prévia nunca mais

Está claro para todos que temos um problema: como controlar as redes sociais? Isto me faz pensar nos idos dos anos 1900 quando surgiu o automóvel, cientistas, médicos diziam que “o corpo humano não suportaria viajar a uma velocidade de 40 km/h, sofreríamos um ataque cardíaco”.

Bem, está claro que existem riscos relacionados com os automóveis e seus arredores, mas o ataque cardíaco é o menor de todos. O problema está na maioria das vezes naquele sujeito que fica entre o banco e  o volante.



Automóveis estão envolvidos na morte quer por acidentes de trânsito como em atropelamentos mundo afora, no entanto não existem governos ou ONGs exigindo que se proíba o uso dos automóveis, no entanto existem normas de fabricação e de trânsito, que valem para todos, automóveis, veículos maiores, bicicletas e pedestres. São permanentemente revisadas visando a melhor convivência possível.

Acredito que de mesma forma se faz necessário normalizar o mundo digital, a proteção dos dados e da privacidade, a inviolabilidade das correspondências. Assim deveria funcionar até que um crime seja cometido.

Da mesma forma que para os automóveis, não se pode criminalizar os fabricantes pelo mau uso dos veículos, a menos que se trate de um problema de fabricação, ou violação de normas pelo fabricante.

Portanto por similaridade, é possível propor limites aos algoritmos naquilo em que eles violam as nossas garantias pessoais. Também por similaridade o uso do automóvel ou dos computadores, celulares e tablets deve responsabilizar o motorista ou nestes casos o usuário.

O problema são as pessoas, elas tendem a se agrupar em grupos, coletivos, por afinidades ideológicas, esportivas, culturais e nem sempre em grupos que se reúnem para praticar o bem.

Dito isto as ações do Poder Público devem ocorrer sempre que se cometa um ato ilícito, se no caso do veículo, quando há um acidente, analisa-se as causas específicas e de modo reverso, chega-se aos responsáveis e aí se exerce a força das lei.

Qualquer iniciativa de censura prévia, via algoritmo ou controle policial será inócua, pois o ser humano logo encontrará outras formas de se comunicar que ficarão novamente imputáveis.

Neste momento em que escrevo o Congresso Nacional se ocupa do tema, esperamos que nossos representantes eleitos pelo nosso voto debatam profundamente o assunto, não há como aprovar na correria uma matéria desta natureza. Há que se promover um grande debate, envolvendo todos os atores da sociedade, usuários, provedores, big techs, juristas, policiais especializados em crimes cibernéticos, representantes da sociedade civil. Esta seria uma forma de buscar um consenso sobre o que deve ou não ser normatizado. Revisar o marco legal de internet se necessário, mas de forma alguma, policiar todos os cidadãos através de algoritmos – isto tem cheiro de ditadura.

Do Livro dos Espíritos recorro a questão 828.

“Como conciliar as opiniões liberais de certos homens, com o despotismo que, frequentemente, eles próprios exercem no seu interior e sobre os seus subordinados?

Vejam como uma questão formulada no século XIX pode ser tão presente em nossos dias.

- “Eles tem a inteligência da lei natural, estando ela contrabalanceada pelo orgulho e pelo egoísmo. Eles compreendem o que deve ser, quando seus princípios não são uma comédia representada calculadamente, mas não o fazem ...”

Permitindo-me um aparte – voltando à questão do homem a resposta dos espíritos ainda na mesma questão, segue “ ...- Quanto mais inteligência tem o homem para compreender um princípio, menos é escusável de não aplica-lo a si mesmo. Digo-vos, em verdade, que o homem simples, mas sincero, está mais avançado no caminho de Deus do que aquele que quer parecer o que não é.”

Então concluindo, não vale a pena fazer algo que parece resolver o problema, mas que de quase nada servirá, façamos bem, pois o problema seguirá na consciência de cada um de como usar as ferramentas que o progresso nos proporcionam. A mesma radioatividade que cura o câncer, mata como em Hiroshima.

O espiritismo prega como um dos seus pressupostos básicos a liberdade, entre as Leis Naturais, Kardec propôs a Lei de Liberdade, de forma alguma somos favoráveis à falta de responsabilidade. As nossas ações serão julgadas pelo Poder Público caso provoquem algum tipo de crime.

Publicado no Jornal Abertura de maio de 2023.

Baixe aqui o jornal: https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/31-jornal-abertura-2023?download=232:jornal-abertura-maio-de-2023


segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

As virtudes, os vícios e o declínio da democracia no mundo - por Roberto Rufo e Silva

 

As virtudes, os vícios e o declínio da democracia no mundo

 

“Temos que defender a autodeterminação dos povos. Sabe, eu não posso ficar torcendo. Por que a Angela Merkel pode ficar 16 anos no poder e Daniel Ortega não?” (Ex-Presidente Lula omitindo de forma proposital que a chanceler alemã nunca mandou prender os opositores no mês das eleições).

 

"Se o Braga Neto (Ministro da Defesa) autorizar, eu boto a farda e vou à luta". (Presidente Bolsonaro defendendo alterações na lei do excludente de ilicitude). 

 

 

                                 Por que deveria o espírita preocupar-se com política no mundo se há um planejamento maior que colocará todas as coisas no seu devido lugar no seu devido tempo? Para uns esse planejamento maior está escrito pelos desígnios divinos; para outros a força da história nos levará para o destino da redenção.

Como a esquerda tem sido incompetente há muito tempo, a direita no mundo se viu no papel de redentora do universo trazendo de volta em várias partes do planeta o "amor pela pátria”, o Brasil acima de tudo, America first again, como virtude maior acompanhada de uma nova teocracia, ou seja, Deus acima de todos.  

                        Acreditou-se um dia que o socialismo acabaria com a barbárie, pois a esquerda parece amar mais a humanidade, preocupada com o ser humano sofrido. Na prática, quando se transformam em partidos políticos adquirem uma sede de poder gigantesca. Mas o pensamento um pouco ingênuo da esquerda humanitária permanece, mesmo tendo em vista a história do socialismo no mundo com seus regimes totalitários e gulags. A "lógica" humanitária se mantém porque o capitalismo é realmente muito violento e a maioria das pessoas se dá mal no conjunto da obra.

                      O cientista político Christian Lohbauer se coloca numa posição que seria a minha também como espírita, ou seja, a de um conservadorismo de linha inglesa onde o progresso constitucional é fruto de processos evolutivos que não se traduzem em rupturas, enfim não são processos revolucionários. É uma ideia que me agrada. Acredito na continuidade do processo social. Ou como Allan Kardec que acreditava no progresso da legislação humana sem derramamento de sangue.  Em 1688 e 1689 a Inglaterra viveu a Revolução Gloriosa, também chamada de revolução sem sangue, 100 anos antes da França com todo seu escândalo da revolução francesa que resultou em Napoleão Bonaparte se sagrando imperador, a pretexto de defender a pureza da revolução francesa. O que ele menos respeitou foram a igualdade, fraternidade e liberdade. Foi um período de terror. As rupturas apaixonam, mas são inúteis. Contudo a era moderna tem-se desdobrado na sombra dos ideais da Revolução Francesa. 

O sonho revolucionário passou então a dominar o mundo. No entanto, foi a revolução gloriosa inglesa a primeira a conquistar o fim do absolutismo, o aumento do poder do parlamento e a estabilidade política e econômica.

                         No livro terceiro do Livro dos Espíritos, capítulo XII - Perfeição Moral - é abordada a questão das virtudes e vícios. Os espíritos logo advertem que há virtude toda vez que há resistência voluntária ao arrastamento das más tendências. Mas lançam um desafio muito difícil: "o sublime na virtude consiste no sacrifício do interesse pessoal para o bem do próximo, sem oculta intenção". Algo impensável no mundo político.

Todos possuem ocultas intenções.  A filósofa Hannah Arendt escreveu que a política é a nossa última garantia de sanidade mental. Millôr Fernandes por sua vez dizia que "em política nada se perde e nada se transforma - tudo se corrompe". Houve época que acreditava piamente na primeira frase. Hoje me rendi à segunda frase. Em 2022 pelo que se acompanha haverá uma polarização na eleição presidencial brasileira. Eu antecipo que num joge do pôquer com Bolsonaro e Lula, eu só entro se for com o meu baralho.

 

Em resposta à pergunta 917 - qual é o meio de se destruir o egoísmo, os espíritos não aliviam e falam que de todas as imperfeições humanas, a mais difícil de desenraizar-se é o egoísmo, porque ele se prende à influência da matéria, da qual o homem, ainda muito próximo da sua origem, não consegue se libertar e essa influência atinge a criação de leis, a organização social e a educação. 

                       

Por último concluo com as palavras dos espíritos na resposta à pergunta 918, quando afirmam que o Espírito prova sua elevação quando todos os atos de sua vida corporal são a prática da lei de Deus e quando compreende, por antecipação, a vida espiritual.  Substituam a palavra espírito por político e concluiremos que estamos a anos luz desse sonho. Salvo as exceções de praxe. E bota exceção nisso. A democracia nunca esteve tão perto de sucumbir desde o movimento das Diretas Já.

 

Meus míseros leitores, quero tranquilizá-los que enquanto persistir o meu niilismo político abandonarei esse tema até que o meu ser seja invadido por um otimismo nas instituições e nas pessoas que nos governam.

 

Jesus de Nazaré passará a ocupar um lugar de destaque nos meus futuros artigos.  

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

ESPIRITISMO E PANDEMIA - por Ricardo de Morais Nunes

 

ESPIRITISMO E PANDEMIA

TEXTO DE RICARDO NUNES APRESENTADO NA MESA REDONDA “ESPIRITISMO E PANDEMIA” NO XXIII CONGRESSO DA CEPA EM 08 DE OUTUBRO DE 2021

É interessante observar que em uma época de individualismo exacerbado promovido por concepções neoliberais de economia, política e sociedade, um vírus, um simples e invisível vírus, denominado COVID 19, acentuou ainda mais a separação entre as pessoas.

  Na verdade, muitos de nós já vivíamos sob a perspectiva do isolamento introjetando os valores da sociabilidade capitalista, os quais apontam para o ter e não para o ser, para o egoísmo e não para o altruísmo. Infelizmente, temos frequentemente esquecido que o bem-estar e o equilíbrio do grupo social são fundamentais para a existência e felicidade de cada indivíduo e que os laços sociais são uma espécie de oxigênio da vida.

Durante a pandemia do vírus não pudemos mais nos abraçar, não pudemos nos beijar, não pudemos nos aproximar. Ficamos reclusos em nossas casas tentando organizar os espaços de fora, e nos deparando muitas vezes com os vazios de dentro. O velho ditado “tempo é dinheiro” perdeu o sentido. Aquela sensação de ocupação e pressa nos abandonou por esses longos meses.

Tivemos que exercitar a paciência, a espera, e os dias passaram devagar. Passamos a trabalhar em casa misturando nossos materiais de trabalho com o ambiente doméstico e com os brinquedos de nossos filhos, renunciamos aos lazeres e passeios, nos afastamos de familiares e amigos. Muitos de nós perdemos entes queridos. Familiares e amigos partiram para o mundo maior, para o mundo dos Espíritos, enchendo-nos o coração de dor e saudade, sendo a filosofia espírita o mais forte apoio aos nossos pensamentos e emoções nestes graves momentos.

O vírus certamente trará grandes lições. Sairemos melhores desta crise? Aprenderemos alguma coisa? É difícil dizer.

 E o espiritismo, enquanto filosofia espiritualista, o que tem a dizer em um momento tão difícil para a humanidade? A filosofia espírita descortina a todos novos horizontes existenciais. Nos ensina que tudo passa, se transforma e evolui.

 Segundo o espiritismo, das sociedades agrárias às sociedades pós-industriais, estamos submetidos a um complexo processo evolutivo, não uniforme, sem dúvida sujeito a avanços e retrocessos no terreno da história, porém rumo a patamares superiores de civilização, sendo que tal processo evolutivo se dá pelas leis psicofísicas da reencarnação.

O espiritismo ensina que a vida, em si mesma, é imperecível e transcendente. Que acima de tudo somos e que continuaremos a ser mesmo após a morte.   Ensina a confiança na razão, na ciência, na capacidade do ser humano em resolver os seus problemas.   Lembra que a dor e o prazer, a vida e a morte, a tristeza e a felicidade, são fatores inerentes às leis naturais do planeta em que vivemos, sem desconsiderar, é claro, os excessos e equívocos humanos na produção de sofrimentos.

 Nos conscientiza que somos os protagonistas do nosso destino, sem desprezar os determinismos de variada natureza que incidem sobre nossas vidas.  Esclarece a importância do amor e da solidariedade na construção de um ser humano e de um mundo melhor.

Que possamos, a partir das lições deste difícil período, ter clareza da importância de nossa existência terrestre em nosso desenvolvimento individual e coletivo. Que aprendamos a cultivar uma nova sociabilidade não mais centrada apenas no “eu”, mas que considere o “nós”. Que compreendamos a terra como nossa casa comum a ser preservada e que nos conscientizemos da rede invisível que nos entrelaça a todos, em uma trama de ações e reações sob a perspectiva dialética indivíduo-sociedade.

Uma das grandes lições do vírus é a de que ele não é democrático, pois atingiu preferencialmente os pobres e despossuídos, os quais ficaram mais expostos e vulneráveis por viverem em habitações precárias que não permitem os devidos cuidados de afastamento social, e também por terem tido que sair às ruas, em meio à maior crise de saúde pública de nosso século, na busca do pão de cada dia.

 Apesar disso, constatamos, que o aristocrata, o milionário, e o trabalhador são iguais em fragilidade física. Ficou claro para aqueles que tem “olhos de ver” que o dilema economia X saúde é um falso dilema. Sem trabalhadores saudáveis não há possibilidade de se construir uma sociedade economicamente forte.

 A prioridade em qualquer sociedade civilizada deve ser a vida e não o capital, mesmo porque todos sabemos que o problema do mundo não é falta de dinheiro, mas sim a concentração da riqueza nas mãos de minorias privilegiadas.

Outra lição fundamental deste período, foi a que nos ensinou que o risco de morte repentina é uma realidade mais próxima do que imaginávamos, o que nos fez compreender que o amanhã na Terra é apenas uma possibilidade. Compreendemos, efetivamente, a importância do agora.

Esta crise da pandemia também abriu algumas poucas janelas de oportunidade. Parece-me que a maior delas se deu no campo das comunicações. Este congresso virtual da CEPA, reunindo espíritas das Américas e da Europa, sem saírem de suas casas, é um bom exemplo desse novo tempo que se inicia.

Finalmente, gostaria de fazer alguns agradecimentos:

Em primeiro lugar, aos profissionais de saúde, em especial aos médicos e enfermeiros que ficaram na linha de frente no combate ao COVID 19.

Aos cientistas que trabalharam intensamente com vistas a descobrir as vacinas necessárias ao enfrentamento desta doença. Sonho com o dia em que as conquistas da ciência beneficiarão toda a humanidade.

A todos os trabalhadores dos supermercados, farmácias e comércios em geral que mantiveram a economia básica funcionando, com vistas a evitar a escassez de alimentos e produtos fundamentais.

A todos os professores que mantiveram sua tarefa de ensinar mesmo à distância, sem poder contar com a presença física e a alegria de seus alunos.

A todos os governos que promoveram a valorização da ciência e compreenderam a necessidade das estratégias de afastamento social e, por isso, cumpriram com seu dever de cuidado perante seus cidadãos.

A todos os Estados que possuem um sistema de saúde público, universal e gratuíto. Ficou absolutamente claro que os países que tinham sistemas públicos de saúde estavam mais aparelhados para enfrentar essa tremenda crise.

 Em relação ao Brasil, meu país, deixo minha especial homenagem ao SUS (Sistema Único de Saúde), sistema que luta para sobreviver ante a carência de verbas de financiamento, mas que possui em seus quadros verdadeiros heróis na luta contra a pandemia e contra as doenças em geral. Os profissionais e militantes dos SUS têm nos ensinado que medicina e saúde não devem ser compreendidas como mercadorias.

A todos os cidadãos do mundo que não deixaram de acreditar na ciência em tempos de negacionismo científico. Cabe-nos, agora, manter a esperança em dias melhores. E, juntamente com Chico Buarque de Hollanda, cantor, compositor e escritor brasileiro, repetir a frase da canção: “Amanhã vai ser outro dia”.

 


terça-feira, 13 de abril de 2021

O Espiritismo é de direita, de esquerda ou ...? por Marco Videira

 

O Espiritismo é de direita, de esquerda ou ...?

A igreja Católica possui uma diretriz clara, de 1994, que diz: “um padre deve se abster de se envolver ativamente na política”. Como o Espiritismo não possui um porta voz oficial, apesar de que de fato, alguns se intitulam “donos”, quero dizer que os espíritas devem sim se posicionar de forma explícita a favor de correntes políticas, que julguem válidas, mas não devem levantar a bandeira de alguma corrente política, como se fosse uma posição formal do Espiritismo, ou seja, cada um assuma a sua posição política, mas não o faça dizendo que é uma posição oficial do Espiritismo.



Marco Videira - 15° SBPE

Similar ao que o Papa Francisco prega “a igreja é chamada a formar consciências, não a pretender substituí-las”, entendo que o papel do Espiritismo deva ser o mesmo, ou seja, formar consciências a respeito da necessidade de entendermos as complexas relações interpessoais advindas de vidas pretéritas. Só o Espiritismo possui essa visão e por isso, os espíritas têm o dever de se posicionarem longe de contendas que nada contribuem para o nosso aperfeiçoamento moral.

Atualmente no Brasil enfrentamos todas as formas de polarização, o que reduz o debate a um ponto simplista: comunistas ou fascistas. Infelizmente essa situação não é uma exclusividade do Brasil. Vemos ao redor do mundo o crescimento de uma polarização virulenta e violenta, haja vista o ocorrido recentemente nos USA, por ocasião da derrota do Donald Trump na recente eleição presidencial.

Segundo o jurista Ives Gandra da Silva Martins: “a ideologia é a corrupção de ideias, que não respeita a opinião alheia”.

Uma vez que a Terra não é plana e Noé não  pode ter ficado 370 dias numa arca carregando perto de 2.000 animais!, sempre é bom recorrermos aos cientistas, para podermos entender melhor como se processa o nosso cérebro, no tocante à absorção de conceitos, que vão de encontro aos conceitos previamente estabelecidos.

Segundo Paulo Boggio, psicólogo do Laboratório e Neurociência Cognitiva e Social da Universidade Mackenzie, a característica fundamental do ser humano é a aproximação com aqueles que pensam de maneira parecida. Com o passar do tempo, as convicções semelhantes são reforçadas e se tornam difíceis de serem mudadas.

Essa lógica ajuda a entender os motivos para a polarização radical nas discussões sobre política, que não cede espaço a visões mais moderadas, mesmo se houver provas contundentes: desvio do dinheiro público, flertes com o autoritarismo etc.

Tal situação (dificuldades na absorção de novos conceitos) é confirmada por Max Rollwage – psicólogo e neurocientista: “com a avalição dos mecanismos neurais, mostramos que, em determinado ponto de confiança sobre uma crença, o cérebro simplesmente não processa as novas informações”. Tal confirmação foi possível utilizando um scanner de magneto-encefalografia, onde os pesquisadores acompanharam a atividade cerebral durante o processo de tomada de decisões. A explicação para o comportamento se tornou química: o cérebro apresentou “pontos cegos” quando recebeu informações contraditórias, mas continuou sensível àquelas que confirmavam a escolha inicial. Em resumo, os conceitos preestabelecidos estão tão arraigados no cérebro que o indivíduo resiste a absorver percepções diferentes.

Citando, outra vez, o jurista Ives Gandra: “conciliar a natureza humana com os ideais de uma política de debate elevado parece inconcebível”.

Particularmente, vejo que o avanço da idade vai ao encontro do acima exposto e contribui enormemente para que não ocorram mudanças em nossos conceitos.

Retomando ao tema se o Espiritismo deve ter uma posição política, reforço que logo no início deste texto, deixei o meu posicionamento: o Espiritismo não deve ter posicionamento sobre tal tema, mas sim os espíritas. Não podemos ou devemos levantar uma corrente partidária, querendo envolver o nome do Espiritismo, pois ao aderirmos a uma ou a outra corrente política, estaremos nas mãos de pessoas que dirigem os partidos, ou seja, seres humanos falíveis, pois como disse Kardec: o egoísmo e o orgulho são os grandes males da humanidade, ou seja, a adesão a uma corrente política pode colocar o Espiritismo num “buraco”.

Por volta do ano de 1960 houve uma tentativa do movimento espírita em fundar um partido político espírita! Ora, o Brasil possui hoje 33 partidos, sem contar as centenas que aguardam análise para ingressarem na divisão do cobiçado Fundo Partidário (em 2020, por ter sido um ano eleitoral, o Fundo Partidário foi acrescido do Fundo Eleitoral e perto de 3 bilhões de reais foram entregues aos partidos). Quantas vacinas compraríamos com tal valor? Quantos auxílios emergenciais poderíamos dedicar aos necessitados?  O total de partidos (33) é bem superior a qualquer possiblidade de existências de linhas ideológicas distintas. Desse total, segundo levantamentos feitos pela imprensa, 15 são de direita, 11 de esquerda e 7 do centro (isso sem entrar nos detalhes se são da extrema direta, extrema esquerda etc.).

No livro dos Espíritos encontramos várias perguntas elaboradoras por Kardec à plêiade de espíritos, que o auxiliaram na elaboração de tal livro e as respostas podem nos levar ao direcionamento de uma ou outra corrente política, pois vejamos as respostas às questões abaixo:

·         795 – Quanto mais se aproximam da vera justiça, tanto menos instáveis são as leis humanas e tanto mais estáveis se vão tornando, conforme vão sendo feitas para todos e se identificam com a lei natural.

·         806 - As desigualdades desaparecerão quando o egoísmo e o orgulho deixarem de predominar. Quando isto ocorrer, restará apenas a desigualdade do merecimento.

·         811 – Não é possível a igualdade absoluta das riquezas, pois isso se opõe a diversidade das faculdades.

·         875 e 876 – Respeito aos direitos dos demais “queira cada um para os outros o que quereria para si mesmo”. A vida social outorga direitos e impõe deveres recíprocos.

·         878 – “A subordinação não se achará comprometida, quando a autoridade for deferida à sabedoria”.

·         881 – Por meio do trabalho honesto, o homem tem o direito de acumular bens que lhe permita repousar quando não mais possa trabalhar. Desta forma, a propriedade que resulta do trabalho é um direito natural, sem prejuízo de outrem.

·         883 – O desejo de possuir é natural, mas acumular bens sem utilidade para ninguém é puro egoísmo.

É óbvio que a interpretação das respostas às perguntas acima enumeradas vai de cada um, por isso, fico com a frase do companheiro espírita argentino Gustavo Molfino; “tomo o melhor de cada partido político e faço as minhas próprias reflexões”. Da mesma forma, entendo que devemos tomar as posições espíritas e fazermos a nossas próprias reflexões.

Como espíritas não podemos optar pela neutralidade, pois devemos buscar alcançar o tripé: liberdade, igualdade e fraternidade.  Segundo o IBGE, no Brasil vivem 65 milhões de pessoas com menos de U$ 5,50 por dia, o que equivale viver com menos de um salário mínimo por mês.

A incúria de qualquer governo que permita a fruição de riquezas por poucos deve ser contestada de forma contundente, utilizando os mecanismos legais que dispomos.

Por fim, vejo que esse sistema binário: esquerda ou direita, na minha humilde visão, está ultrapassado e não consegue apresentar uma alternativa viável à sociedade. Como espíritas, que temos o conhecimento das influências de vidas passadas na vida atual e os consequentes desdobramentos nas vidas futuras, devemos procurar formas que contribuam para um mundo preocupado com as questões ambientais, respeitos aos movimentos  LGBTQI+, defesa da mulher, liberdade das crenças religiosas, educação, segurança, saúde de qualidade para todos. Enfim, simples assim...

Marco Videira é Administrador de Empresas e reside em Santos

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Eleições na sociedade do espetáculo - por Alexandre Cardia Machado

 Eleições na sociedade do espetáculo

EUA fim da era Trump

Tudo indica, quando escrevemos este editorial, que o candidato Americano à presidência Joe Biden será declarado vencedor nas eleições, nos livraremos deste personagem totalmente heterodoxo que preside os EUA por quatro anos. Trump não respeitava protocolos, é politicamente incorreto e aumentou as tensões mundiais.

Nada nos garante que Joe Biden seja melhor, mas ao menos a alternância no poder, característica importantíssima de uma democracia, pode ser exercida.

Fatores em jogo

Republicanos e democratas defendem ideias distintas quanto a pontos importantes, citamos abaixo alguns. Sabemos que o ideário político é uma direção, mas governar requer apoio do Congresso, tanto lá nos EUA como aqui no Brasil há sempre um jogo político a ser bem jogado.

Republicanos x democratas as principais diferenças:

América em primeiro lugar x abertura econômica;

Tolerância aos preconceitos sociais x busca de uma sociedade mais equilibrada;

Menos intervencionismo internacional x EUA ocupando mais espaço mundial;

Desalinhamento de organizações ligadas a ONU x integração na aldeia global;

Economia liberal x visão mais social da economia;

Falta de preocupação ambiental x forte visão ecológica;

Maior geração de empregos x maior aporte social do estado;

Saúde individual x sistema mais amplo de cobertura à saúde;

E daí? Por que isto é importante ao Brasil, ou ao resto do mundo? E em especial aos espíritas?

Considerando que os EUA detêm 25% da riqueza mundial (PIB), uma pessoa que consiga ver o planeta Terra em seu governo, comparada a uma outra pessoa que é totalmente voltada apenas para os interesses próximos dos Estados Unidos já pode ser considerado benéfico.

Nosso medo é que os presidentes Democratas, recentemente fizeram, ou deram continuidade a mais conflitos bélicos que os Republicanos, Barack Obama recebeu o Prêmio Nobel da Paz e em seguida aumentou as forças no Iraque e no Afeganistão. Apesar do discurso jamais fechou a base americana de Guantánamo, em Cuba, onde sabidamente direitos humanos básicos não são respeitados. Quando se trata de segurança nacional, todos os presidentes de lá são parecidos.

Biden em seus discursos, nestes dias de apuração se propõe ser o presidente de todos os americanos, pretende construir pontes, ao invés de muros. Isto sim, se bem executado, será um exemplo a ser seguido, aqui nas terras Tupiniquins.

A Doutrina Espírita por defender o progresso das leis, da sociedade e claro dos espíritos encarnados e considerando também que para que haja progresso individual é necessário o progresso social, só podemos torcer para a distensão entre os países, pela busca de uma tranquilidade maior, por um ambiente mais aberto ao diálogo à redução da violência, de todas as formas de violência.

Neste sentido, ficaremos mais tranquilos com o novo presidente Biden.

Cobertura demais esgota a audiência

Hoje os jornais televisivos passaram mais a ser um show, o que Vargas Llosa considera que “tem mudado de investigativo para espetaculoso”. Quem acompanhou a apuração - voto a voto – da eleição americana, percebeu claramente a torcida por um dos candidatos, na CNN o âncora chegou a declarar “a mudança na tendência na Pensilvânia é bom pra nós”! No Brasil, as emissoras de TV ainda não chegaram a este ponto de declararem-se a favor, deste ou de outro candidato ou partido político.

Volto a recorrer num editorial a Wilson Garcia que em 2003 no VIII SBPE – Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita apresentou um trabalho Espiritismo na Sociedade do Espetáculo.  Destaco mais uma vez um parágrafo: “ O espetáculo, contudo, predomina sobre a informação ou até mesmo por conta da informação, e está presente nas imagens e acima de tudo como ideologia consumada por um consenso de prática, como a dizer que só é possível ser eficiente na conquista de mentes e corações se a produção e a veiculação de mensagens obedecer aos critérios que o sentido do espetáculo impõe”.

Não podemos cair na tentação, o papel do jornalismo é informar, checar a informação, trazer fatos ao debate, até abrindo espaço para os opostos em debates, ou pelo menos deveria ser assim.

No entanto, os analistas políticos e econômicos, tendem a ser anarquistas “se hay gobierno , soy contra “ – se existe um governo, sou contra. Isto porque, fazer previsões que não se concretam, causa desgaste, então é melhor criticar tudo, já que eles, os analistas, não são responsáveis pela implementação dos planos ou ideias que apresentam.

Desta forma em eleições onde não existem debates, ou os que existem, são muito cheio de regras, o que as empresas de comunicação fazem é só mostrar o pior de todos.

No Brasil, no próximo final de semana, haverá eleições para prefeituras e câmaras municipais, salvo um ou outro local, não empolgam, somente nos últimos dias que vemos bandeiras e cabos eleitorais circulando pelas cidades.

Rosana Regis e Oliveira, em 2014, escreveu neste jornal, um artigo denominado: “Voto Consciente -visão espírita” 14° artigo mais lido em nosso blog – por isto que gostaríamos de reproduzir aqui seu ponto principal.       

               “O artigo da escritora Lya Luft, publicado na revista Veja do dia 26 de fevereiro de 2014, resume tudo o que penso sobre o poder do voto consciente. Diz a escritora: ..."Podemos ser mais dignos? Podemos melhorar de vida?......Podemos uma porção de coisas melhores em nossa tumultuada vida? Podemos ser mais dignos e altivos? Não sabemos para que lado nos virar, onde procurar, a quem recorrer.Talvez a esperança seja não a destruição de ônibus, a quebradeira de lojas, a insensatez desatada. A esperança pode estar no gesto mais simples, breve, pequeno, porém transformador, desde que a gente saiba o que está fazendo, o que deve fazer: 

O Voto. Para que o voto seja esta esperança transformadora é preciso se informar, debater e descobrir algum nome a quem confiar esse voto ou acabará significando nada. Precisamos melhorar logo, para que o país não lembre uma nau sem rumo."

É isto, que as brumas de serenidade nos atinjam e que nossas ações bem pensadas nos protejam. Nosso voto é a nossa força, o exerçam com sabedoria.

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

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