Os
conceitos espíritas.
"
O Espiritismo não tem necessidade de recorrer a sistemas ou ideologias" (
Roberto Rufo ).
Conceito (do latim conceptus, do verbo concipere,
que significa "conter completamente", "formar dentro de "),
substantivo masculino, é aquilo que a mente concebe ou entende: uma ideia ou
noção, representação geral e abstracta de
uma realidade. Pode ser também definido como uma unidade semântica,
um símbolo mental
ou uma "unidade de conhecimento". Um conceito corresponde geralmente
a uma representação numa linguagem ou simbologia. O
termo é usado em muitas áreas, como na matemática,
na astronomia, na estatística,
na filosofia,
nas ciências cognitivas,
na física,
na biologia,
na química,
na economia e
na informática.
Conceitos são universais ao se aplicarem igualmente a todas as
coisas em sua extensão. Conceitos são portadores de significado. Um
único conceito pode ser expresso em qualquer número de linguagens: o
conceito cão pode ser expresso como Hund em
alemão, hond em Afrikaans, dog em
inglês, perro em castelhano, gos em
catalão, hundo em esperanto, txakur na língua
basca, chien em francês, can em galego, cane em
italiano, canis em latim, inu em japonês etc.
O fato de que conceitos são, de uma certa forma, independentes das linguagens
torna a tradução possível;
palavras em várias línguas "querem dizer" o mesmo porque expressam um
e o mesmo conceito.
Conceito é uma frase (juízo) que diz o que a coisa é ou como
funciona. O conceito, enquanto o-que-é é a expressão de um predicado comum a
todas as coisas da mesma espécie. Chega-se a esses predicados ou atributos
comuns por meio da análise de diversas coisas da mesma espécie. O homem é um
ser racional. A racionalidade é o predicado comum a todos os homens. Numa
linguagem mais iluminista, o Conceito é "um juízo sintético a priori"
(Cf. KANT, I. Crítica da Razão Pura. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001
). Sendo assim, conceito não é a mesma coisa que definição. Outros autores usam
a expressão "definição real" como sinônimo de conceito (cf. MENDONÇA,
Nadir Domingues. O uso dos conceitos: uma questão de interdisciplinaridade.
Petrópolis: Vozes, 1985). Todo esse preâmbulo retirado do Wikipedia é para nos
situar na importância de que uma teoria qualquer, entre elas a espírita, crie
conceitos que a sustentem e reproduzam significados que se apresentam no
comportamento cotidiano. No site Wikiversidade é apresentado um resumo muito
interessante. Vejamos.
A
doutrina espírita, de modo geral, fundamenta-se nos seguintes conceitos:
·
Na existência e unicidade de Deus, desconstruindo o
dogma da Santíssima Trindade;
·
Na existência e imortalidade do espírito, compreendido
como individualidade inteligente da Criação Divina (para Kardec, a ligação
entre o espírito e o corpo físico, é feita por meio de um conectivo
"semimaterial" que denomina de perispírito);
·
Na defesa da reencarnação como o mecanismo natural de
aperfeiçoamento dos espíritos;
·
No conceito de criação igualitária de todos os
espíritos, "simples e ignorantes" em sua origem, e destinados
invariavelmente à perfeição, com aptidões idênticas para o bem ou para o mal,
dado o livre-arbítrio;
·
Na possibilidade de comunicação entre os espíritos
encarnados ("vivos") e os espíritos desencarnados
("mortos"), por meio da mediunidade (Essa comunicação é realizada com
o auxílio de pessoas com determinadas capacidades - os médiuns, como por
exemplo a chamada "escrita automática" (psicografia).);
·
Na Lei de Causa e Efeito, compreendida como mecanismo
de retribuição ética universal a todos os espíritos, segundo a qual nossa
condição é resultado de nossos atos passados;
·
Na pluralidade dos mundos habitados, a ideia de que a
Terra não é o único planeta com vida inteligente no universo.
Além
disso, podem-se citar como características secundárias:
·
A noção de continuidade da responsabilidade individual
por toda a existência do Espírito;
·
Progressividade do Espírito dentro do processo
evolutivo em todos os níveis da natureza;
·
Retorno do Espírito à matéria (reencarnação) tantas
vezes quantas necessárias para alcançar a perfeição. Os espíritas não creem na
metempsicose.
·
Ausência total de hierarquia sacerdotal;
·
Abnegação na prática do bem, ou seja, não se deve
cobrar pela prática da caridade nem o fazer visando a segundas intenções;
·
Uso de terminologia e conceitos próprios, como, por
exemplo, perispírito, Lei de Causa e Efeito, médium, Centro Espírita;
·
Total ausência de culto a imagens, altares, etc;
·
Ausência de rituais institucionalizados, a exemplo de
batismo, culto ou cerimônia para oficializar casamento;
·
Incentivo ao respeito para com todas as religiões e
opiniões.
Interessante
verificar que as características secundárias na verdade são o corolário da
aceitação racional dos conceitos espíritas. Trata-se na verdade do
comportamento espírita na sua melhor expressão.
Segundo
o Espiritismo o progresso intelectual engendra o progresso moral mas nem sempre
o segue imediatamente. O poeta americano Ezra Pound é prova disso;
autoexilado na Itália, lá encantou-se pelo Duce e pelo ideário fascista, a
ponto de tornar-se um frenético e onipresente garoto-propaganda do regime em
prosa e verso.
Agiu
da mesma forma que o poeta Máximo Gorki em seu encantamento pelo comunismo
stalinista. Essas ideologias antípodas em vária fases da humanidade têm em
comum um "ideário de igualdade" mas somente para aqueles que recitam
de cor a cartilha do sistema. O Espiritismo muito ao contrário vê a igualdade
para todos como meio de obtermos pelo livre arbítrio uma progressividade
compartilhada com quaisquer espíritos que nos rodeiam, independente de cor,
raça ou credo. Analisem essa preocupante situação descrita pelo colunista
Sérgio Augusto: atualmente na Itália existe um grupo fascista
denominado " Raggazzi di Ezra " cuja especialidade é ocupar
prédios vazios para neles alojar famílias sem teto. É um MST da direita, com a
diferença de não aceitarem imigrantes de pele escura. Nem pensar. Esses
idiotas não desmentem a tradição. Falam em salvar a Europa da globalização que
quer destruir sua cultura e suas comunidades.
Grupos
extremistas sejam de direita ou de esquerda têm algo em comum: o ódio à
globalização e ao neo-liberalismo. Nessa parte estão de braços dados. Vivem
diuturnamente de slogans, palavras de ordem, com comportamentos de baixíssima
racionalidade, a exemplo do presidente americano Donald Trump. Como dizia o
historiador Tony Judt essas pessoas não trabalham com conceitos, mas
simplesmente com atitudes. São ciclos da humanidade. Sairemos maiores no final
das contas. No artigo Regeneração da Humanidade em
Obras Póstumas está escrito que não é o mundo material que se aproxima, mas o
fim do mundo moral. É o mundo velho, o mundo dos preconceitos, do egoísmo, do
orgulho e do fanatismo que se esboroa. Vamos torcer. Seria um último suspiro
dos fanáticos.
O
pensador espírita Milton Rubens Medran Moreira em seu excelente livro - Direito
e Justiça - Um olhar espírita- ao tratar também de conceitos espíritas, nos faz
um alerta sobre a evolução que se opera através da reencarnação. Isso tem que
estar muito bem definido e aceito racionalmente pois segundo o autor citado
"sem isso não poderemos avançar na busca de conceitos ou aplicações
concretas de direito e de justiça".
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