Educação Espírita
Pais, professores e educadores preocupam-se com a formação das
crianças. Ocupam-se com o
desenvolvimento da saúde - nos hábitos higiênicos, cuidados pessoais, alimentação
etc. Com o desenvolvimento motor - nas habilidades manuais, na orientação
espaço e tempo, etc. Com o desenvolvimento do pensamento -cognitivo, a inteligência
e com o desenvolvimento emocional e afetivo e outros elementos.
Enfim, pensando em Educação, na formação do ser, está
incluso a dimensão moral. O desenvolvimento da moralidade, que pode levar à espiritualidade
visto aqui com o olhar espírita que trata de colocar em seu cotidiano a ideia
de imortalidade dinâmica, da dimensão espiritual, de transcender o material em
busca de algo maior. É sobre este tema que vamos nos concentrar.
Moral, regras de boa conduta, “um conjunto de deveres, ou
seja, de ações consideradas obrigatórias”.Compreender o que é certo ou errado. O
que é bom e o que é mau para nós e para os outros. Metaforicamente falando, as regras equivalem
a mapas, e os princípios, a bússolas. É com as bússolas que se fazem mapas e
não ao contrário. Mas como para a demanda dos princípios morais há necessidade
de maior complexidade intelectual para
serem compreendidos, inicia-se isto nas crianças com a introdução das regras. E é através delas que
a criança pequena entra em contato com a moral. Chegando a valores, princípios
que nortearão uma filosofia de vida.”
Os espíritas sabem que os filhos são espíritos vividos e
trazem experiências e tendências próprias, mas que reencarnam para criarem um
nova estrutura de personalidade e caráter para ajudar na formação dessa
estrutura cabe desenvolver todas as potencialidades assim como princípios
morais, a espiritualidade possibilitando que o espírito progrida, melhore e
suplante ou equilibre as tendências trazidas.
O foco aqui a Filosofia Espírita que tem o espírito na
perspectiva da imortalidade, da evolução e o progresso constante e a existência
de Deus
Muitos pais educam os filhos através das regras de bem
conviver, de bom relacionamento, da generosidade, dos direitos e deveres, o que
é um excelente caminho sem dúvida, mas não aprofundam na busca de respostas e
compreensão de outras questões como buscar propósitos maiores, ver o mundo não
só pelo lado material e a busca de
valores morais mais sofisticados, deixam de lado da espiritualidade,
muitas vezes esquecido ou deixado para segundo
plano. Acreditam que a vida lhes ensinará. Outros não se sentem preparados não tem em si isto
desenvolvido ou até tem, mas não
são firmes em suas convicções. Pensam em deixar quando a criança for adulta,
formada para buscarem por si mesmo. Dando liberdade de escolha e decisão.
Acreditam ser este um ponto de livre arbítrio e que cada um mais tarde sozinho
pode optar e definir suas preferências. É um modo de ver e agir.
Mas há responsabilidades, esta é a missão dos pais e educadores
lançar as bases, semear, como fazem em outras áreas do bem viver. ”Oferecer
estruturas confiáveis e úteis que facilitem a sua orientação”.
Lançar sementes para que mais tarde desabrochem ou não. As
crianças necessitam de educação, orientação, estímulo e reforço e subsídios para
que possam crescer e florescer positivamente.
Muitos podem perguntar quando devemos começar este
aprendizado?
Piaget coloca que a criança só vai conseguir seguir regras
de viver bem as relações sociais quando se estruturam em regras- a partir dos
6-7 anos. E quando de forma cristalina há interesse em participar e atividades
coletivas e regradas e procedimentos que contem regras.
Atualmente existem estudos que mostram que as crianças de 5
anos não é só um ser obediente, mas sim dotada de sensibilidade moral mais
ampla embora inacabada. “ Por volta dos
4 e 5 anos de vida as crianças começam a perceber que ao lado das coisas que
fazem há aquelas que devem ser feitas”. Ela vai observar, seguir exemplos das
pessoas afetivamente conectadas, experimentar simpatia pelos sentimentos dos outros,
mas sem explicações racionais. Havendo uma fusão de medo e amor, simpatia e
confiança responsáveis pelas “primeiras vontades de penetrar o universo moral e
ser penetrado por ele” .Mais tarde por volta de 8 a 9 anos os princípios morais
que demandam maior sofisticação intelectual para serem entendidos entram em
cena.
Agora que sementes lançar? Cada família vai cultivar a
filosofia que norteia a sua vida, os valores que seguem, as posturas, atitudes
éticas e morais. Ter isso como base.
Os pais espíritas irão viver, falar e colocar aos filhos os
princípios da Doutrina Kardecista.
Reforçando ainda a
necessidade de se desenvolver a moralidade deste de cedo é por
compreender que é na infância que o indivíduo é mais acessível, maleável a
aprendizagem. A doutrina espírita corrobora com este ponto porque neste período
de inocência e do esquecimento do passado que cria um campo fértil para melhor
aprendizado.
Os pais que conseguem ver a profundidade e importância da
educação moral, devem incentivar asa crianças na participação DAE ações
generosas, estimulando a compreensão das virtudes e suas práticas. Este
compromisso é positivo quando feito de forma tranquila e amorosa.
Parece uma carga pesada, mas existe auxílio nesta tarefa.
Uma dela é a Infância Espírita outras são
os livros, as revistas, as publicações literárias especializadas.
A Infância Espírita tem como objetivo de ensinar o
Espiritismo como um todo e não mais só a evangelização. Mostrando a doutrina em
todos os seus aspectos fazendo ligação
com a realidade da vida, com o dia a dia da criança. Muitos Centros Espíritas
tem em sua estrutura o departamento de Infância Espírita
Na Infância Espírita o Espiritismo é transmitido de forma
sistematizada organizada e prazerosa. Adequado a cada faixa etária. Neste
ambiente também é a oportunidade de se empregar o que se aprender, já que o
ensino é feito em forma de grupos o que convida à convivência aplicando-se os
princípios de respeito, solidariedade, olhar o outro nas suas peculiaridades
etc.
Este trabalho deve ser feito com amor, criando laços afetivos entre os participantes. As
pessoas ficam aonde se criam vínculos afetivos. E o importante é que os
orientadores mesmo sem formação acadêmica demonstrem atenção e conhecimentos
pedagógicos e psicológicos e de Espiritismo.
Necessário também integrar neste trabalho as famílias e é
importante que estas apresentem disposição em se integrarem ao trabalho e não
só delegar. O lar é a unidade social educadora por excelência.
O projeto da Infância Espírita deve ser dinâmico, moderno,
ter uma linguagem adequada ao publico infanto-juvenil. Onde há criança, há
energia em movimento, inquietação e curiosidade.
A Infância Espírita não é uma tarefa simples requer
responsabilidade e seriedade no na ocupação que vai ser desenvolvida.
Seria de grande proveito que a equipe de pessoas voltadas a
este ofício apresente alguns pontos como serem:
1.
Estudiosos do Espiritismo
2.
Conectados com a modernidade para fazer ligação
da doutrina com a realidade prática da vida .” Antenados” nas descobertas do
mundo, nos conhecimentos alcançados.
3.
Atualizados para motivarem e estimularem as
crianças e os jovens que lá frequentam para aprenderem Espiritismo e terem laços afetivos.
Os livros espíritas
para esse público também devem ser feitos de uma maneira atraente, atual, que
estimulem as crianças a procurarem a leitura espírita como algo gostoso de se
ler e aprender. Com este intuito eu fiz o livro” Kadu e o Espírito Imortal”. Procurei
levar técnica, brincadeiras e tarefas
para que o leitor buscasse com seu interesse conhecer o universo espírita. Este
livro pode ser utilizado como programa para o orientador na Infância Espírita,
já houve experiências neste sentido e se revelaram positivas.
Kadu e o Espírito Imortal é um livro dinâmico que
estimula as crianças e os jovens a lerem e descobrirem como é prazeroso
conhecer a Doutrina Kardecista, sua história, seus princípios e a partir daí pensar, analisar,
discutir e praticar. E como a ideia do Espírito imortal, a imortalidade muda toda a visão de si mesmo e
do mundo que os rodeia.
Na linha da Educação Espírita há também a Pedagogia Espírita
que é uma proposta mais ampla, que levaria os currículos e método escolar ao
verdadeiro fim superior o da formação integral e não só a instrução, mas dando
uma diretriz segura para o uso da inteligência e o desabrochar da qualidade dos
sentimentos. A utilização da filosofia espírita no sistema educacional.
Artigo foi publicado no Jornal Abertura de dezembro de 2022.
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