quarta-feira, 20 de setembro de 2023

A GRANDE VIOLÊNCIA EXISTENTE NO BRASIL - por Roberto Rufo

A GRANDE VIOLÊNCIA EXISTENTE NO BRASIL - por Roberto Rufo 

    Na teoria espírita, mais específicamente no Livro dos Espíritos, quando se toca no assunto violência, aparece uma solução para esse mal – a educação, não apenas a educação das escolas, mas a educação moral, que cria caracteres saudáveis. 

    O Espiritismo fala no homem novo que substitui o homem velho existente em nós. Qual a consequência dessa transformação? – É óbvio, uma sociedade mais justa e solidária. 

    No Livro dos Espíritos, questão 756 Allan Kardec pergunta aos espíritos se a sociedade de bem se verá algum dia expurgada dos seres malfazejos? – Os espíritos respondem que a humanidade progride. Esses homens, em quem o instinto do mal domina e que se acham deslocados entre pessoas de bem, desaparecerão gradualmente. 

    Coloquei todo esse preâmbulo da teoria espírita para analisarmos se de fato estamos alterando os caracteres entre a população brasileira e criando uma sociedade mais justa. O primeiro parágrafo, como pura teoria é irretocável, no entanto quanto ao segundo parágrafo a previsão dos espíritos não aconteceu, pelo menos no Brasil. 

    Os números da violência no país são impressionantes. Temos 3% da população mundial, e respondemos por 13% dos assassinatos do mundo, o que desmente a tão falada cordialidade do brasileiro, bem como o paradigma de que somos um povo pacífico. A taxa de homicídios por 100 mil habitantes chega a ser 13.100% maior que na Inglaterra e 609,3% maior que na vizinha Argentina. São dados do Atlas da Violência divulgada pelo IPEA em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (09/6/2017). 

    A grande pergunta é: como chegamos a essa situação (obra de governos dos últimos 20 anos pelo  menos) e o que pode ser feito para mudar esse quadro repulsivo? Em primeiro lugar é como cidadãos cobrar o porquê da ausência e ineficiência do Estado, principalmente na falta de políticas e ações eficazes de proteção e defesa da população. O crime organizado deita e rola. E em segundo lugar, atentar que sem uma melhoria substancial na educação, fica difícil controlar a violência. 

    Quando não se tem nem uma coisa nem outra, só resta investir na construção de presídios como se fosse solucionar o problema. Ainda mais que as nossas penitenciárias são simplesmente lamentáveis. 

    Mas como vivemos desde a segunda metade do século XX, do ponto de vista espiritual, na filosofia do nada, a questão da agressividade humana é tratada cientificamente. “Bem aventurados os mansos e pacíficos porque herdarão a terra” e “Vós sois todos irmãos”, palavras de Jesus de Nazaré não entram no cômputo da solução do problema. Trata-se de religião. 

    Ouso dizer, como falei num dos dias da nossa reunião no ICKS, que se algum presidente brasileiro no dia de Natal citar Jesus de Nazaré na sua mensagem de final de ano, no dia seguinte será atacado em nome do estado laico, que se transformou na verdade num estado ateu. 

Este artigo foi publicado em março de 2018 no Jornal Abertura: baixe aqui!

https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/37-jornal-abertura-2018?download=259:jornal-abertura-marco-de-2018


    Enquanto isso nossos governantes, geralmente corruptos, assistem (às vezes num home theater instalado na prisão) esse quadro melancólico sem nenhum gesto no sentido de estarem arrependidos com a sua ganância e egoísmo. Falta-lhes espiritualidade.

Um comentário:

  1. Há mais de 20 anos estamos tentando por fim à política de guerra às drogas, fonte de toda a violência, mas os movimentos conservadores se recusam a aceitar uma politica de saúde pública em lugar da atual política, baseada na criminalização. Enquanto isso não mudar, nada muda.

    ResponderExcluir