Pauta identitária, um radicalismo que pode ser inútil e perigoso. Um convite a reflexão
"Um radical é um homem com os pés firmemente plantados no ar". (Franklin Delano Roosevelt)
"A vida é construída nos
sonhos e concretizada no amor". (Chico Xavier)
O ex-ministro de vários governos petistas Aldo Rebelo, em
recente entrevista classificou a linguagem neutra como algo inaceitável, um
atentado à sociedade nacional. Segundo ele, trata-se de uma tentativa de criar
outra língua e inventar palavras para impor à sociedade outra forma de
cultura. Para o ex-deputado, outra invenção, o chamado “identitarismo”
é “uma criação das grandes corporações”. Querem transformar o Brasil em um país
de brancos e pretos.
“ É uma permuta. As corporações, o capitalismo, o sistema
financeiro transformou a luta identitária em uma ilusão de igualdade para negar
a igualdade, como se fosse possível igualdade de gênero, de raça, linguística,
de orientação sexual sem que esse sistema fosse alterado” disse o
ex-ministro. A Doutrina Espírita corrobora essa afirmação de que o
atual sistema precisa ser alterado na pergunta 806 - A desigualdade das
condições sociais é uma lei natural? Os espíritos dizem que não, que a desigualdade
é obra do homem e não de Deus. A busca da igualdade tem que ser feita sem criar
divisões entre cidadãos.
A pauta identitária, a meu ver, mais exclui do que aproxima as
pessoas, tanto é verdade que os grupos supremacistas nos EUA apoiam que deve se
assim mesmo, o negro e o branco devem ficar cada um no seu lugar, sem se
misturar. Em tempos que nos pedem reflexão o Espiritismo tem palavras
esclarecedoras para o nosso trabalho de autoaperfeiçoamento sem abrir mão da
convivência pacífica. Pode parecer piegas, mas não nos esqueçamos que somos
todos irmãos. Vamos aplaudir e apoiar a diversidade humana com respeito e
fraternidade. Allan Kardec sempre procurou princípios na
Doutrina Espírita que revelem leis sábias e eternas. Lei do amor, da caridade,
da imortalidade da alma, da reencarnação, da evolução são os nossos parâmetros
para compreensão do ser humano.
Vejam o estrago causado pelas políticas identitárias na
Universidade de Harvard nos EUA. A reitora negra Sra. Claudine Gay teve
que renunciar ao cargo de prestígio, primeiro por compactuar com o
antissemitismo ( aversão atávica aos judeus) sendo conivente com atitudes
antissemitas na universidade. O seu esquema mental era de equiparar judeus a
brancos opressores. Foi também acusada de plágio, o que não conseguiu explicar
a contento. Nunca escreveu um livro e os seus artigos publicados eram considerados
insignificantes. Aí vem a pergunta, como essa senhora chegou ao cargo de
reitora de tão prestigiada universidade? A resposta é óbvia: foi escolhida
pela cor da pele com apoio sistemático do departamento de estudos africanos e
afro-americanos. Seu argumento foi aquele lugar comum: "sou vítima do
racismo", o que não se sustenta, pois, a reitora da Pensilvânia, Elizabeth
Magill foi obrigada a renunciar por razões semelhantes sendo branca e
loira. O citado Aldo Rebelo alerta justamente contra esse perigo, a
divisão da sociedade pelas pautas identitárias.
Vejam que belo texto da Gênese e da Revista Espírita:
"Com a reencarnação, desaparecem os preconceitos de raças e
de castas. A reencarnação se funda numa lei da natureza, o princípio da
fraternidade universal, da igualdade dos direitos sociais e
principalmente o direito à liberdade". (A Gênese, cap. I e Revista
Espírita 1867). Pode-se notar então que na Doutrina Espírita vigora o mais
absoluto respeito à diversidade humana, sem preconceitos de nenhuma
espécie. O Espiritismo não adota, portanto, discursos de ódio e ou separatistas.
Artigo publicado no Jornal Abertura de janeiro-fevereiro de 2024.
Quer ler o jornal completo:
Nenhum comentário:
Postar um comentário