sábado, 29 de abril de 2017

Os três anos que mudaram o Brasil - por Alexandre Cardia Machado

Os três anos que mudaram o Brasil

Não há como parar de pensar em como a operação da Polícia Federal denominada Lava-Jato mudou o país, e refletir no porquê chegamos a este ponto e no que mudará após o seu término?

Começaríamos listando uma série de acontecimentos relacionados à operação Lava-Jato:
Escândalo envolvendo altos escalões do governo, mostrando um descontrole proposital ou não na gerência das empresas do governo. Não foi a causa básica mas contribuiu para o impedimento  da Presidente da República.

Os ex-presidentes do Senado e da Câmara foram removidos do cargo, sendo que o ex-presidente da Câmara dos Deputados já foi condenado em primeira instância.
Dois ex-governadores do mesmo estado, presos no mesmo dia.
Muitos empresários de sucesso e as diretorias de grandes construtoras foram presos e condenados.
Dezenas de políticos acusados, em delações premiadas.
Foro previlegiado de parlamentares em discussão.
Vários parlamentares que já perderam o mandato.
Incontáveis Ministros de Estado precisaram deixar o cargo por serem acusados ou por tramarem contra a operação Lava-Jato são alguns exemplos disto.

Mas o que isto afeta o cidadão comum. Como nós leitores do ABERTURA reagimos a tudo isto, e o país de uma forma geral?

É evidente que nem todos reagem da mesma forma, uns acham que a legislação existente hoje é ainda muito frouxa, permitindo brechas para os que buscam vantagem ilegal, outros entretanto, pensam que foi dado poder demais para a Polícia. Tudo isto porque a avalanche de corrupção nos deixa atordoados, culpar a polícia seria equivalente a culpar o guarda por nos multar, quando estamos com excesso de velocidade. A origem da multa está no egoísmo e não no controle exercido pelas autoridades.

Estamos todos mais atentos e isto nos fortalece como sociedade. Todas as grandes coorporações se já não dispunham de um sistema de “compliance” ou integridade passaram a adotá-los. Esta é uma mudança importante.

Poderá acontecer uma mini reforma do legislativo, alterando as regras de formação de chapas de candidatos  ao parlamento e a forma de  financiar campanhas, mas nada disso funcionará se não passarmos a acreditar que realmente temos vóz, que somos ouvidos e respeitados.

Acreditamos que pouco a pouco é maior a percepção de que o crime, pode não compensar. 

Especialmente esta classe de crime de colarinho branco que quase nunca se dava mal. Isto mudou.
Como tudo terminará, quantos anos mais teremos de conviver com estas notícias é uma resposta que não saberíamos dar, mas fica a convicção de que ao passarmos por isto geraremos uma Nação.

Tomando as palavras de Allan Kardec, nossas esperanças estão depositadas nas novas gerações que estão encarnando na Terra,  sejam elas “ compostas de Espíritos melhores, ou Espíritos antigos que se melhoraram, o resultado é o mesmo. Desde que tragam disposições melhores, há sempre uma renovação ... “. Que nossos jovens absorvam tudo o que está acontecendo e tirem disto uma lição,  conseguindo a partir desta vivência seguir um caminho mais positivo. Tornando  sua vida mais proveitosa e mais focada no bem comum, menos imediatista e egoísta.


As novas gerações trazem este potencial renovador, com mais disposição, pois a velha guarda de hoje, fracassou, esqueceu os seus sonhos de juventude na amargura da busca do luxo, sem ética.

NR - texto originalmente publicado no Editorial do Jornal Abertura de Março de 2017

domingo, 9 de abril de 2017

Recuperação Econômica - por Roberto Rufo "dialogando" com Domenico De Masi

Domenico De Masi .

Entrevistado pelo reporter Ubiratan Brasil do Estadão o sociólogo italiano Domenico De Masi falou de seu novo livro " Alfabeto da Sociedade Desorientada " , onde analisa a desorientação do mundo, a queda das ideologias e o impacto dos avanços tecnológicos na sociedade atual . Cabe uma análise levando-se em consideração os conceitos espíritas da resposta dada à seguinte pergunta :

. Por que o senhor acredita que a expressão " recuperação econômica " não passa de uma invenção da elite governante ?

" Em nenhuma nação do mundo a elite governante demonstra ter a inteligência adequada para resolver os problemas que estão à sua porta . O comunismo perdeu, mas o capitalismo não ganhou . O comunismo sabia distribuir a riqueza, mas não sabia produzí-la, enquanto o capitalismo sabe produzir a riqueza, sem saber distribuir . São gastos bilhões na publicidade da comida de gatos , mas faltam financiamentos mínimos para garantir a nossas crianças o direito ao estudo ou à saúde .

O PIB do planeta cresce de 3% a 5% . Apesar disso , o Brasil, como em grande parte do mundo, não se consegue acabar com a pobreza, a violência, a corrupção e o analfabetismo . Sobretudo, as elites governantes não conseguem considerar a felicidade dos cidadãos como principal objetivo de todo bom governo " .

  Minha contribuição ( Roberto Rufo) : partindo da moral de Jesus de Nazaré , o Espiritismo defende o amor ao próximo e a busca de concialiação entre todas as classes sociais . No campo da educação , por exemplo , em se tratando do Brasil ,a busca de nossas elites pelo ensino particular e caro , afastou o contato das crianças de todas as classes . É notório o " temor " de certas pessoas em colocar seus filhos numa escola pública . É como se estivessem " diminuindo " a categoria de seus filhos .

A partir daí seria ingênuo imaginar que os " winners " (os vencedores )  olhariam frontalmente para os problemas dos " loosers " ( os perdedores ) . Tanto isso é verdade , que no ranking da educação o Brasil aparece num lugar humilhante . As consequências são do conhecimento de todos . 

A doutrina espírita é rica no impulso ao avanço social . A presença dos dirigentes espíritas no debate nacional é paupérrimo .


                                                                                                                                                 Roberto Rufo .