Os três anos
que mudaram o Brasil
Não há como
parar de pensar em como a operação da Polícia Federal denominada Lava-Jato
mudou o país, e refletir no porquê chegamos a este ponto e no que mudará após o
seu término?
Começaríamos
listando uma série de acontecimentos relacionados à operação Lava-Jato:
Escândalo
envolvendo altos escalões do governo, mostrando um descontrole proposital ou
não na gerência das empresas do governo. Não foi a causa básica mas contribuiu
para o impedimento da Presidente da
República.
Os
ex-presidentes do Senado e da Câmara foram removidos do cargo, sendo que o
ex-presidente da Câmara dos Deputados já foi condenado em primeira instância.
Dois
ex-governadores do mesmo estado, presos no mesmo dia.
Muitos empresários
de sucesso e as diretorias de grandes construtoras foram presos e condenados.
Dezenas de
políticos acusados, em delações premiadas.
Foro
previlegiado de parlamentares em discussão.
Vários parlamentares
que já perderam o mandato.
Incontáveis
Ministros de Estado precisaram deixar o cargo por serem acusados ou por tramarem
contra a operação Lava-Jato são alguns exemplos disto.
Mas o que
isto afeta o cidadão comum. Como nós leitores do ABERTURA reagimos a tudo isto,
e o país de uma forma geral?
É evidente
que nem todos reagem da mesma forma, uns acham que a legislação existente hoje
é ainda muito frouxa, permitindo brechas para os que buscam vantagem ilegal,
outros entretanto, pensam que foi dado poder demais para a Polícia. Tudo isto
porque a avalanche de corrupção nos deixa atordoados, culpar a polícia seria
equivalente a culpar o guarda por nos multar, quando estamos com excesso de
velocidade. A origem da multa está no egoísmo e não no controle exercido pelas
autoridades.
Estamos
todos mais atentos e isto nos fortalece como sociedade. Todas as grandes
coorporações se já não dispunham de um sistema de “compliance” ou integridade
passaram a adotá-los. Esta é uma mudança importante.
Poderá
acontecer uma mini reforma do legislativo, alterando as regras de formação de
chapas de candidatos ao parlamento e a
forma de financiar campanhas, mas nada
disso funcionará se não passarmos a acreditar que realmente temos vóz, que
somos ouvidos e respeitados.
Acreditamos
que pouco a pouco é maior a percepção de que o crime, pode não compensar.
Especialmente esta classe de crime de colarinho branco que quase nunca se dava
mal. Isto mudou.
Como tudo
terminará, quantos anos mais teremos de conviver com estas notícias é uma
resposta que não saberíamos dar, mas fica a convicção de que ao passarmos por
isto geraremos uma Nação.
Tomando as
palavras de Allan Kardec, nossas esperanças estão depositadas nas novas
gerações que estão encarnando na Terra,
sejam elas “ compostas de Espíritos melhores, ou Espíritos antigos que se
melhoraram, o resultado é o mesmo. Desde que tragam disposições melhores, há
sempre uma renovação ... “. Que nossos jovens absorvam tudo o que está acontecendo
e tirem disto uma lição, conseguindo a
partir desta vivência seguir um caminho mais positivo. Tornando sua vida mais proveitosa e mais focada no bem
comum, menos imediatista e egoísta.
As novas
gerações trazem este potencial renovador, com mais disposição, pois a velha
guarda de hoje, fracassou, esqueceu os seus sonhos de juventude na amargura da
busca do luxo, sem ética.
NR - texto originalmente publicado no Editorial do Jornal Abertura de Março de 2017
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