quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Abrindo a Mente - O que significa Modelo Conceitual – Doutrina Kardecista? por Alexandre Cardia Machado

Abrindo a Mente


O que significa Modelo Conceitual – Doutrina Kardecista?


Recentemente fui surpriendido por esta pergunta, vinda da platéia enquanto eu proferia uma palestra, ainda que em nosso ambiente, miutas vezes não nos damos conta de que nem todos conhecem a história recente do movimento Laico.

Respondi que havia sido uma proposta de atualização de alguns conceitos, claramente ultrapassados e que precisavam de um novo vigor, ar fresco e que havia sido uma proposta para discussão de Jaci Régis.

Extraíndo d capítulo entitulado “explicação” trago aqui as palavras do autor:

“ Este trabalho é a apresentação de um modelo conceitual, desenvolvido a partir de uma análise crítica e releitura da obra de Allan Kardec.
Cento e cinqüenta anos depois do lançamento de O Livro dos Espíritos, as idéias básicas por ele lançadas continuam válidas. Entretanto, dois fatores evidenciam a necessidade dessa releitura. O aspecto evolutivo do Espiritismo, que permite analisar os progressos realizados pela sociedade humana nesse período e incorporá-los, equilibradamente e a sua transformação em religião, que tende a fraudar seus conceitos revolucionários.

Somente o pensamento religioso pode afirmar que nada precisa mudar, nem atualizar.
Existe um fato inegável, criou-se uma divisão talvez irremediável entre os adeptos. Os que praticam o Espiritismo como uma religião, sendo a grande maioria e os que o entendem como uma reflexão positiva, dinâmica, mas desvinculada do culto, dos rituais que compõem necessariamente o  pensamento religioso.

Parece que o ponto de discórdia nesse processo divisório, é o papel de Jesus de Nazaré. Se aceito como o Cristo formatado pela Igreja, conduz ao dogmatismo e à idolatria e liga o Espiritismo aos cultos cristãos. Se olhado sob a luz do processo evolutivo, torna-se o Mestre, o homem superior com missão especial.

Nosso propósito é apresentar um elenco de idéias em linguagem desvinculada do cristianismo, quer dizer das igrejas cristãs.

A Doutrina Kardecista quer caminhar aberta ao novo, sem perder as raízes do pensamento de Allan Kardec. Santos, março de 2008. Jaci Régis”

Jaci produziu uma brochura, que o ICKS ainda tem disponível para venda, convidou para o debate muitos pensadores, apresentou o seu modelo em várias cidades, nem sempre convencendo, mas de alguma forma divulgando as suas ideias.

Hoje, se analisarmos veremos que muitas de suas contribuições fazem parte de diversos discursos e foram absorvidas, não foi bem assim há nove anos atrás. Claro nem tudo, e nem todos os conceitos novos vingaram, mas vale a pena reler.

Para abrir mais a sua mente: Leia  DOUTRINA KARDECISTA - Modelo Conceitual (reescrevendo o modelo espírita) de Jaci Regis, 1º edição - Março de 2008. Edições ICKS


terça-feira, 28 de novembro de 2017

Os charlatães modernos e os incautos de sempre - por Roberto Rufo

Os charlatães modernos e os incautos de sempre

" A ignorância é a maior multinacional do mundo "  ( Paulo Francis )


 Li com profunda indignação na Revista VEJA de 27.09.2017 a reportagem sobre os últimos dias do repórter Marcelo Rezende e sua escolha de abandonar o tratamento médico de quimioterapia devido a fase penosa dos efeitos colaterais.

Minha indignação se refere aos charlatães que cruzaram seu caminho no afã de Rezende em encontrar uma cura milagrosa para o seu câncer no pâncreas.

Primeiro procurou um bispo charlatão no Templo de Salomão, de Edir Macedo, dono da Igreja Universal do Reino de Deus. Provavelmente deixou ali uma boa quantia. Em seguida " orientado " pelo colega de profissão Geraldo Luis, foi ao Centro Espiritual de João de Deus, em Goiás. Ali, o médium charlatão lhe " revelou " que deveria se cuidar com o nutrólogo charlatão Lair Ribeiro.
Vamos conhecer um pouco essas pessoas que sabem muito bem se aproveitar de quem possui um pensamento místico e se encontram em grandes dificuldades de saúde.

Comecemos por João de Deus.  É analfabeto funcional,  dono de instituições de caridade, de uma fazenda onde planta soja e cria gado, além de sócio de um garimpo. As supostas curas proporcionadas pelo médium atraem multidões à pequena cidade, a tal ponto que se constituem na principal fonte de renda do município. A esse respeito o ex-prefeito Itamar Gomes afirmou que "Não sei o que será de Abadiânia quando João de Deus morrer ".

Na "casa" em que atende os pacientes há paredes ornadas por imagens de santos católicos e do próprio médium, onde pessoas fazem orações e adorações. Quando ficou doente internou-se no Hospital Albert Einstein. Indagado porque não se curou a si mesmo, respondeu com uma " pérola " de lógica : " um cabeleireiro não corta o seu próprio cabelo ".

Afastemos o Espiritismo de qualquer relação com esse tipo de mediunidade. Quem ler com calma e praticar os conselhos ofertados  no Capítulo XXVIII do Livro dos Médiuns - Charlatanismo e Prestigitação - saberá afastar da Doutrina Espírita fenômenos que em sua prática estão em desacordo com os conceitos espíritas.

Passemos agora ao charlatão pseudocientífico Lair Ribeiro, que em priscas eras se notabilizou com livros e cursos de auto ajuda. Eram tempos de uma moda chamada neurolinguística. Agora o charlatão notabilizou-se na internet por propagar a dieta cetogênica como arma eficaz contra o câncer. " O câncer de pâncreas metastático é agressivo e não há alimentação  que possa melhorar ou piorar o prognóstico ", explica o mestre e doutor em cirurgia do fígado e aparelho digestivo pela Unicamp Ben-Hur Ferraz Neto. O charlatão Lair Ribeiro afirmou que só encontrou o repórter Marcelo Rezende uma única vez. Os parentes negam e afirmam que o contato era frequente. O jornalista passou semanas na cidade de Ribeirão Preto, onde atua uma médica ligada ( ou será melhor dizer cúmplice ? ) ao método de Lair Ribeiro. 

O Sr. Marcelo Rezende relatou que pagava R$ 50.000,00 semanais pelas práticas, que envolviam cápsulas " importadas ". Obviamente não deu nada certo. Quando Marcelo Rezende voltou a ser internado, com fortes dores, o charlatão Lair Ribeiro ficou uma hora com ele ao telefone dizendo que a dor é o caminho para a cura.

Os vigaristas não possuem limites para sua megalomania e egocentrismo.

Afastemos o Espiritismo dessas pseudoteorias alternativas que pregam o abandono dos métodos tradicionais da medicina. É necessário nos educarmos através da doutrina espírita para o momento da desencarnação, que com certeza será uma ferramenta poderosa no impedimento para procura de propostas mágicas nos momentos delicados de saúde que por ventura tenhamos que ultrapassar. A certeza da vida futura é a chave para o sucesso. Segundo Herculano Pires com o Espiritismo a vida futura não é mais simples artigo de fé, ou simples hipótese. É uma realidade provada pelos fatos. 

domingo, 26 de novembro de 2017

Fazendo a diferença - Uma vez meviano … sempre meviano - 70 anos do grito por Alexandre Cardia Machado

Uma vez meviano … sempre meviano - 70 anos do grito

Não há como não personalizar este artigo, hoje tenho 34 anos de Movimento Espírita, a  segunda casa espírita que frequentei foi o CEAK entrando, claro pela MEEV – Mocidade Espírita Estudantes da Verdade, conto esta história que é uma entre muitas histórias pessoais e coletivas que os mevianos poderiam contar.

Impossível citar todos e desde já peço desculpas, pois só para nomear aqueles que por lá passaram, o espaço desta coluna não seria suficiente.



A MEEV foi capaz de gerar várias gerações de expoentes espíritas, a primeira geração de Jaci Régis, Egydio Régis, José Rodrigues, Antônio Ventura, Mauricy Silva e muitos, muitos mais só para citar alguns e suas companheiras incansáveis, traçaram o caminho, montaram a estrutura crítica e de estudos sistematizados.



Seguiram-se gerações e gerações de filhos e pessoas que foram se aproximando, como eu. Passaram por lá  Valéria, André, Júnior, Roberto, Marcelo,  Paulinho, Carlinhos, Reinaldo, Ademar , Sandra, Natal , grandes amigos e hoje são os netos daquela primeira geração que a levam nesta jornada.
Nasceram de seus frequentadores a Espiritnet do Henrique, o GPCEB de Marcelo, Vladmir, Ademar, Reinaldo, Gisela e eu do conjunto Faról de Milha  dos mevianos Paulo, Eduardo e Gláucio e porque não o ICKS, 100% formado por Mevianos.

Gostaria de contar a minha história, como uma das muitas histórias daqueles que tiveram o privilégio de passar pela MEEV.

Estava eu no meu primeiro ano em Santos, trabalhava na COSIPA, estava terminando meu treinamente como Engenheiro Trainee, tivemos 1 dia sem atividades, enquanto a empresa estava decidindo para qual área da Siderúrgica cada um dos 56 engenheiros iría. Portanto eu aproveitava o tempo livre para ler o Livro dos Médiuns, neste momento passa por mim Eliane Régis e diz as 4 palavras mágicas: Gaúcho, você é Espírita? Ela namorava meu grande amigo e também Cosipano Édson Almeida com quem ela se casaria alguns anos depois.

Imediatamente Eliane me convidou a conhecer a MEEV. Cheguei e vendo a forma estruturada como estudava-se o Espiritismo, o grupo animado, gente bonita, em menos de um mês eu já frequentava e namorava a Cláudia, isto ainda em 1984. No ano seguinte ela se tornaria a segunda mulher presidente da MEEV, a primeira havia sido a Lydia Régis muitos anos antes.

Foram apenas 2 anos na MEEV, saímos Cláudia e eu por limite de idade, uma característica importante da mocidade, os jovens decidem os seus passos sem muita interferência do Centro, muito bom para o desenvolvimento da liderança, por isto a importância de haver a saída dos mais velhos.
Outras gerações nos sucederam, 16 anos depois, primeiro Bruna, depois Beatriz, nossas filhas entraram na MEEV. Ambas foram vice-presidentes e Bruna tornou-se a segunda presidente da MEEV em nossa família.

A importância da MEEV é reconhecida internacionalmente, como está muito evidente no afetuoso depoimento espontâneo de Jon Aizpurua, ex-Presidente da CEPA ao grupo de whasap que Roseli Régis, presidente do CEAK, criou para divulgar o aniversário da MEEV que transcrevo aqui.
“Queridos amigos, me somo com especial alegria espiritual à celebração dos 70 anos de atividade ininterupta da Mocidade Espírita Estudantes da Verdade. 

Acompanho a MEEV há quase 50 anos, quando apenas somava 17 anos de idade e tive a oportunidade de conhecer da sua existência pelo  jornal Espiritismo e Unificação que já então chegava ao CIMA da Venezuela.  Ainda que eram outros tempos e, todavia o  valoroso grupo de espíritas laicos santistas não se havia separado do movimento federativo oficial, já se fazia evidente que naqueles jovens ardia uma chama de entusiasmo e libertade na  proposta de um Espiritismo diferente ao que sustentavam as instituições tradicionais com seu ranço evangélico, um Espiritismo que fomentava o estudo e análise do pensamento de Kardec e de outros autores; um Espiritismo fresco, aberto ao mundo, com uma mensagem de progresso moral e social; um Espiritismo que não asfixiava e nem castrava a natural rebeldia e irreverência dos jovens.

Conheci integrantes de varias generações da MEEV, e independentemente das particularidades de cada um, há um fio condutor em todos os que passaram por suas filas, desde os fundadores até quem agora conduz o grupo. É  um vínculo espiritual que nasce do legítimo sentimento, de orgulho, no bom sentido desta palavra, de ser Meeviano!

Vocês são um exemplo para o Movimento Espírita brasileiro e internacional de como há de ser um grupo juvenil espírita, kardecista, laico, moderno, e aberto às transformações que o mundo contemporâneo demanda.

Sigam em frente. Tomem em suas mãos as bandeiras brilhantes daqueles que os predecederam e  entreguem-las quando corresponda à seguinte geração com o  mesmo entusiasmo. Nós que  nesta encarnação, estivemos antes nas tarefas espíritas, lhes dizemos, parafraseando ao inspirado poeta e novelista grego Nikos Kazantzakis:  Ajudem-nos a chegar até onde nós não pudemos!

Uma saudação fraternal, com todo meu  carinho e admiração, a todos os membros da MEEV, de antes, de agora e de sempre. Jon Aizpúrua”.

Esta corrente de união, nos faz fortes, nos dá a segurança de pensar que o ideal jovem estará sendo realimentado a cada ano, pela liderança daqueles que assumem a sua presidência, neste momento sob a batuta animada de Rafael Régis. Parabéns MEEV pelos 70 anos fazendo a diferença.

Alexandre Cardia Machado – Editor-Chefe do Jornal Abertura



quinta-feira, 23 de novembro de 2017

18 anos de ICKS - por Alexandre Cardia Machado

18 anos de ICKS

O Instituto Cultural Kardecista de Santos foi fundado no dia 3 de outubro de 1999, não por acaso o dia do nascimento de Hypolite Leon Denizard Rival, o Allan Kardec.

O ICKS é uma instituição cultural criada para divulgar a Doutrina Kardecista. A Doutrina Kardecista é a designação de um segmento que encara o legado do Espiritismo, como um processo dinâmico de compreensão dos problemas humanos, sem conotações místico-religiosas. O pensamento não se cristaliza, se expande, mas permanece ligado ao autor inicial. Por isso, o pensamento de Allan Kardec, seja atualizado, mantido ou refletido estará sempre na base da Doutrina Kardecista.



Pretendemos, com modificações e inovações, manter vivo, contemporâneo e atualizado o pensamento de Allan Kardec. O ICKS mantém em sua sede, cursos periódicos e seqüenciais de formação e expansão do pensamento espírita e, reuniões públicas semanais. Publica naturalmente este jornal o ABERTURA.

O ICKS tem os seguintes princípios que foram construídos a partir de discussão interna dos sócios do Instituto em quatro sessões, em 2012, já após a desencarnação de Jaci Régis, partindo de dois documentos: Modelo Conceitual  a Doutrina Kardecista, de Jaci Régis, e a carta de posicionamento da CEPA Brasil de 2011.

·         O ICKS é, por definição, Kardecista. Portanto, ser Kardecista é entender Kardec através das obras assinadas por ele e interpretar a sua aplicação nos dias de hoje, sem se fechar no passado.
·         Se declara uma instituição laica. 

·         Considera que a Doutrina Espírita foi concebida como ciência, filosofia com consequências morais, resultante de estudos e análises dos planos material e espiritual.

·         Deverá sempre utilizar uma linguagem tipicamente espírita evitando assim viciações de cunho cristão.

·         Deverá manter-se atualizado com a cultura atual e que possua relevância com a Doutrina Espírita.
·         Será um pólo irradiador de ideias, desenvolvendo cursos, pesquisas, fórum de debates e ideias, a fim de propiciar aos interessados em estudos espíritas o maior rol possível de temas, procurando aplicar metodologia de cunho científico e de princípios consagrados pela ciência acadêmica, para obtenção de novos dados, mantendo atualizados os conceitos espíritas e a realidade atual.

·         Entende que os relacionamentos humanos não estão baseados em culpa e castigo.

·         Entende não existir um ser definido como salvador.

·         Entende que a ‘mediunidade’ é uma faculdade natural e foca a sua atenção para o público dos encarnados.

Acreditamos estar cumprindo estes princípios diariamente, através de nossas programações externas, reuniões internas. Ao utilizar este veículo e pela promoção do Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita que por si só já resultou na apresentação durante os mesmos e na distribuição e publicação de 219 trabalhos produzidos por pessoas que deliberaram, pensaram e os criaram livremente e que aqui tieveram garantido um espaço para apresentação.


Teve como presidentes Jaci Régis, Rosana Régis, Alexandre Machado e atualmente Roberto Rufo e Silva.

O Fanatismo - 2018 promete grandes emoções - por Roberto Rufo

            O Fanatismo - 2018 promete grandes emoções .

 " Do fanatismo à barbárie não há mais do que um passo " ( Denis Diderot ) .



Em uma entrevista que Herculano Pires concedeu ao primeiro Anuário Espírita, em 1964 , localizei a seguinte pergunta :    
                                        
Um fanático espírita pode ser pior que um fanático de outras religiões?

" Do ponto de vista espírita, um fanático espírita, é uma aberração, porque o Espiritismo é uma doutrina racional, que não comporta fanatismo. Já vimos que a fé, no Espiritismo, está sujeita ao exame crítico. Onde se fala de crítica, no sentido exato do termo, que é o do exame aprofundado e sereno das coisas, não há lugar para manifestações de fanatismo. Kardec já dizia, porém, que o entusiasmo excessivo é mais prejudicial à Doutrina que as campanhas dos adversários. Se entendermos por fanatismo o exagerado entusiasmo de certas pessoas, não há dúvida que isso é mais prejudicial à Doutrina do que o fanatismo dos que a combatem" .

Em artigo no jornal O Estado de São Paulo no dia 18.11.2017 , o escritor Marcelo Rubens Paiva manifesta sua preocupação com o ódio despejado por ativistas de teclado desconhecidos . Ele afirma que o ódio procriou e " enratinhou " nas conezões da rede, como ratos percorrendo esgotos . E em seguida desfia uma série de mensagens recebidas por ele atestando a presença dessa doença chamada intolerância .

No final do artigo cita um livro que recomendo de nome " Como curar um fanático " ( 2004 ) do escritor israelense Amós Oz , chamado de traidor pelos fundamentalistas judeus por defender alguns pontos de vista dos palestinos . Esse livro nos faz refletir sobre o que ocorre na internet e na vida real . Reproduzo parte do texto do livro do escritor Amós Oz apresentado por Marcelo Rubens Paiva em seu artigo :

" A síndrome de nossa época é a luta universal entre os fanáticos e o resto de nós . O crescimento do fanatismo pode ter relação com o fato de que, quanto mais complexas as questões se tornam, mais as pessoas anseiam por respostas simples . O fanatismo acredita que, se alguma coisa for ruim, ela deve ser extinta, às vezes junto com seus vizinhos . A arte abre um terceiro olho. Nos faz ver coisas de um modo novo. Uma pessoa curiosa, interessada, é uma pessoa melhor " .

Como podemos assitir pelos últimos acontecimentos , não é coincidência diz Marcelo R. Paiva que a ira dos fanáticos e fundamentalistas se volte contra os escritores e artistas .
Em 2018 teremos eleições para Presidente , Governadores , Senadores e Deputados . Temo que os fanáticos de todos os espectros se apesentem ao venerável público . Uns certamente usarão da violência se acharem necessário , o que faz parte do modus operandi fascista . Outros agora em pele de cordeiro pregando a tolerância , que antigamente não possuíam . Em comum possuem apenas um Projeto de Poder . Espero que os espíritas não se deixem contaminar pelo exagerado entusiasmo , contaminando e prejudicando a Doutrina Espírita , como respondeu Herculano Pires na entrevista citada acima .           


                                                                                                                               

domingo, 5 de novembro de 2017

15° SBPE Sucesso de Sempre

15° SBPE –  um simpósio que olha para o futuro

Foram  dois anos de preparação que se realizou em uma festa de conhecimento, amor e amizade. Mais de 70 pessoas puderam comparecer e desfrutar desta tertúlia espírita kardecista. Estiveram reunidos de 2 a 4 de novembro, nas dependências do Colégio Angelus Domus, apoiador cultural do Jornal Abertura.
Fotos de uma parte do grupo presente




Roberto Rufo deu as boas vindas a todos
A abertura do evento foi feita pelo Presidente do ICKS, Roberto Rufo que agradesceu a presença de todos e desejou que pudessemos realizar um excelente evento. A seguir para dar a conotação deste simpósio de transformar ideias ( lâmpada) em amor ( coração), como expresso no cartaz de boas vindas. A organização do evento apresentou duas músicas através de animações no data show.
What a wonderful world - cantada por Israel Kamakawrwo’ole, havaiano já desencarnado e mostrando imagens da abertura do documentário – Planeta Azul – da BBC, que clama pelo respeito a diversidade da vida selvagem e sua preservação.

Perhaps Love – Cantada por Plácido Domingo e John Denver – com uma animação sobre o amor de uma criança pelos seus sonhos.


Após esta abertura artística, tivemos a apresentação do trabalho do ICKS - Somos Progressistas? – que focou a cargo de Alexandre Cardia Machado representar todo o grupo de estudos do ICKS.
A pesquisa realizada pelo grupo de estudos do ICKS – formado por 10 pessoas, Alexandre Cardia Machado, Antonio Ventura, Cláudia Régis Machado, Lizette Silva Saldanha Conde, Lucy Régis Conde, do lar,Maria de Lourdes Rodrigues Silva, Mauricy Antonio da Silva, Palmyra Coimbra Régis, Roberto Luiz Rufo e Silva, Valéria Régis e Silva. Buscava responder a pregunta proposta no título, através de uma pesquisa em todos os números do Jornal Espiritismo e Unificação e Jornal Abertura. Ao todo 420 artigos foram revisados sobre temas que hoje se constituem atividades foco do progressismo social.

Coquetel de abertura:

Um tradicional coquetel foi oferecido aos participantes do 15°SBPE, pois apesar de todas as multiplas atividades que todo este grupo tem, conseguir estar aqui, muitos pela 15ª vez é algo a comemorar, são 28 anos de história, desde o remoto ano de 1989, onde começamos esta jornada.


Sexta-feira 3 de novembro - segundo dia do evento.


Primeira palestra: Da crise moral da humanidade a transição do planeta   - pelo Engenheiro José Carlos de Souza. O tema discorre sobre o momento do planeta Terra da hipótese de transição planetária, que só ocorrerá através do esforço pessoal de cada espírito encarnado na Terra, ainda que o mundo dos Espíritos nos envie mensajeiros mais evoluídos para nos influenciar.


José Carlos de Souza a direita e Marco Videira dividiram o primeiro bloco de sexta-feira



A segunda palestra foi proferida pelo Administrador de Empresas Marco Videira que apresentou seu trabalho - Jesus, este mito que me atormenta. Videira percorreu os caminhos da criação do mito “ Jesus x Cristo”, tendo ele nascido católico e se tornado espírita, pode ver muito bem as diferenças na visão espírita e em especial na visão laica espírita. Todos os apresentadores do SBPE tiveram 30 minutos para apresentar seus trabalhos e a cada bloco, 20 minutos foram dedicados a responder perguntas formuladas pelos presentes.


Intervalos – coffe-breake

Este é um momento muito esperado nos simpósios, pois é o momento de conversar, fazer contatos, aprofundar a amizade, foram váriso durante o evento.

Muita conversa, compra de livros e animação


Segundo bloco: O senso de justiça e de cidadania a partir do ethos espírita por Jacira Jacinto da Silva e Quem foi padre Germano? Por Marissol Castelo Branco, coordenadas por Cláudia Régis Machado.

Jacira, Marissol e Cláudia

Neste bloco pudemos saborear dois trabalhos com objetos bem distintos, Jacira propõe uma nova Justiça, baseada numa visão mais social em suas palavras:

 Houve um passeio por alguns conceitos básicos da filosofia espírita com o fito de suscitar a indagação sobre a relação que temos mantido, a despeito do convívio com essas lições, com as questões relacionadas com justiça e cidadania, e uma suposta ética construída com base nesses postulados. 
Uma tímida investigação à visão contemporânea de direito/justiça permitiu questionar a possibilidade de desconstruir as velhas bases sobre as quais se sustenta a Justiça ainda nos tempos atuais.
O estudo da ética limitou-se a parcas pesquisas que mais serviram a compreender o significado da palavra e algo sobre a construção do conceito do ponto de vista social e jurídico, abrindo a possibilidade de trabalhar as contribuições trazidas pela filosofia espírita, em especial os principais parâmetros extraídos das Leis Morais de O Livro dos Espíritos.”

Marissol faz uma pesquisa sobre a vida do Padre Germano, em suas palavras:

Sempre houve a preocupação em comprovar a imortalidade da alma e a comunicabilidade com os espíritos encarnados e desencarnados através do mecanismo da mediunidade. Muitos livros são escritos através da mediunidade onde um espírito desencarnado é o autor, mas não há como saber com certeza se realmente foi um espírito desencarnado ou apenas uma manifestação anímica.
Um padre católico francês com o pseudônimo Germano escreveu vários capítulos de um romance de maneira mediúnica na Espanha anos após a sua morte. Contou episódios de sua última existência onde as circunstâncias na qual se encontrava não o permitiram revelar a verdade enquanto encarnado. Apesar do cuidado em não revelar os nomes verdadeiros das pessoas, às vezes, deixava escapar o nome de uma cidade e descrevia cenários e locais que ainda hoje foram preservados.
Nesse trabalho procurei encontrar qual personagem verdadeiro na história francesa que pudesse coincidir com os relatos do espírito Germano em “Memórias do padre Germano”. Após a identificação, levantei várias biografias que se fizeram ao longo dos séculos XIX e XX sobre o pároco francês. E após essa garimpagem pude encontrar muitas coincidências que levaram a uma mesma personalidade: o Cura de Ars.”


Terceiro bloco – aquí tivemos duas apresentações muito interesantes sobre os temas: “Reflexões acerca do Homem e da Natureza” pelo arquiteto Ciro Pirondi e Ricardo de Moreas Nunes – “O papel dos espíritas frente as questões sociais e políticas”.


Ciro Pirondi de pé e Ricardo Nunes sentado

De Ciro extraímos este parágrafo de seu trabalho:

“Nós temos de surpreender a natureza, inventar coisas a partir de sua contemplação, como se a víssemos pela primeira vez. Como dizia o poeta T.S. Eliot:
“– Não deixaremos de explorar. E o fim de toda a nossa exploração será chegar aonde começamos. E conhecer o lugar pela primeira vez (...)”.

Penso ser a ideia contínua e itinerante da vida um saber de fronteiras, uma forma peculiar de construção de esperança e paz. Ao mesmo tempo, uma inquietação e uma responsabilidade, pois há um só tempo estamos mergulhados, em um presente contínuo perpétuo, nos relacionamos com o passado e com o futuro, inevitavelmente, neste presente.”

Ricardo reflete sobre a necessidade de trazer para dentro das casas espíritas as discussões sobre que país queremos:
“É evidente, como já foi dito anteriormente neste artigo, que a corrupção é um câncer que fragiliza o organismo social e deve ser combatido sem trégua.
Porém, defendo nesta reflexão que talvez este não seja o maior problema da vida social brasileira no momento. Entendo que o fortalecimento do neoliberalismo com a sua insaciável busca de destruição do chamado Estado de bem-estar social, que foi uma conquista importante da humanidade no século XX, é o principal perigo que vivem as sociedades do Brasil e do mundo no momento. E este perigo normalmente é silenciado nos principais meios de comunicação.
Finalmente, pensar o neoliberalismo é pensar o capitalismo em sua face mais agressiva. E esta reflexão nos leva necessariamente a uma questão mais profunda. Chegamos ao fim da história? O sistema capitalista de produção é o que de melhor a humanidade pode atingir? Devemos nos conformar com a eterna separação entre uma pequena minoria de incluídos e uma grande maioria de excluídos dos benefícios da civilização? Um dia teremos um mundo sem explorados e exploradores? Neste início do século XXI este mundo melhor é uma utopia, mas muitas vezes a utopia de hoje se torna a realidade de amanhã”.


Quarto bloco


Neste bloco a médica Alcione Moreno a o Engenheiro Agrônomo Argentino Gustavo Molfino apresentaram respectivamente os seguintes temas: “Pensamento Sistêmico e Espíritismo” e “Desenvolvimento sustentável x desenvolvimento consciente”.




Roberto Rufo coordenando Alcione e Gustavo


Alcione nos proporcionou refletir sobre o pensamento sistémico, apenas uma gota de seu trabalho para degustação:
De acordo com a visão sistêmica, as propriedades essenciais de um organismo, ou sistema vivo, são propriedades do todo, propriedades que nenhuma das partes possui. Elas surgem das interações e relações entre as partes. Estas partes não são isoladas, e a natureza do todo é sempre diferente da mera soma das suas partes.
Desta forma podemos pensar na integração do meio físico com o extra físico, ou como nos ensina Kardec do mundo corpóreo para o incorpóreo, do plano físico e do plano espiritual, tudo se integra numa grande rede, a Teia da Vida.
Esta teia consiste em redes dentro de redes, vida corpórea e vida espiritual integrada e ligada uma as outras, interagindo com outros sistemas.
Utilizei também como referência bibliográfica a autora Ana Maria Llamazares, numa tradução livre de minha parte.
Minha pretensão é que possamos entender o pensamento sistêmico e colocar o Espiritismo nesta grande teia da vida, pois o espírito é imortal, tudo está conectado, em conexão, em contínuo aprendizado, contínua modificação, contínua evolução”.

Gustavo Molfino, em espanhol nos trouxe sua visão sobre o desenvolvimento consciente, sua apresentação foi traduzida para o portugues por Jaílson Mendonça, extraímos:

“O desafio é importante e compremete toda a humanidade, seu resultado determinará o destino comum de nossa espécie e dos que dividem o planeta conosco.
Como seres pensantes e espíritos com esperiência encarnatória nos corresponde tomar nossas próprias decisões, elas determinarão o ritmo de nosso progresso, a qualidade e profundidade de nossa mudança moral e em definitivo refletirão nossa própria capacidade de adaptação às condições que se impõe neste plano.
Este grande aporte que recebemos do mundo espiritual nesta tarefa é sem dúvida, a força e energía do amor universal que está ao nosso lado, impulsionando e motivando a renovação e o progresso.
Sejamos sábios, apliquemos este precioso conhecimento espírita que nos foi deixado e analizemos sem  prejuizo a complexa realidade, este mundo que nos cabe moldar, respeitar, cuidar e melhorar”.


 Mesa Redonda

Espiritismo Livre-pensador na prática. Convidados: Reinaldo di Lucia, Roberto Rufo, Ademar Chioro dos Reis, Homero Ward




Roberto Rufo – Homero Ward – Reinaldo di Lucia – Ademar dos Reis

Mesa Redonda

Espiritismo Livre-pensador na prática. Convidados: Reinaldo di Lucia, Roberto Rufo, Ademar Chioro dos Reis, Homero Ward



Foi um execelente momento onde pensamos o futuro do nosso movimento, no campo prático, uma dicussão que apenas inicia. Várias foram as propostas que precisarão ser mais exploradas, quem sabe em Foruns do Livre-Pensar.

Um momento interessante foi a fila de pessoas que queriam fazer perguntas, ou propor assuntos.


Roseli Régis – Mauro Spinola – Ciro Pirondi – Jacira Jacinto – Sandra Chioro


3° dia – Primeiro bloco

No último dia tivemos 3 trabalhos sendo apresentados num mesmo bloco, seguido do encerramento do evento.

O Espiritismo que queremos – por Caról Regis di Lucia, uma oficina sobre - Revisão sistemática da literatura e outras ferramentas modernas para apoio à pesquisa espírita por Mauro Spínola e do discurso à ação e o comportamento Espírita por Jaílson Mendonça.



Carol – Mauro - Jaílson

Caról Regis assim descreveu a motivação que lhe acometeu para desenvolver este exercício.

Foi uma constante inquietação que norteou as bases para o surgimento deste trabalho. Um sentimento não recente, fruto de vivências, observações, diálogos, leituras, alimentado por um olhar sobre o Espiritismo pratico diário, as casas, os Espíritas, as relações, as instituições. Uma observação filosófica sobre o caminho que estamos trilhando, com um amedrontado vislumbre do caminho que temos pela frente. Qual o foco do Espiritismo atual? E, principalmente, qual foco ele deveria ter daqui pra frente?

As respostas a esses questionamentos passam por inúmeros pontos: a Doutrina em si, sua tão necessária atualização, seus pontos imutáveis (ou não), a comunicação usada para transmiti-la, o comportamento – em grupo e individual – daqueles que escolheram o Espiritismo como filosofia a ser seguida, o planejamento para as próximas décadas e o trabalho com as próximas gerações. Mas passa, principalmente, por um ajustar de lentes, uma definição de foco sobre um tema imediato, urgente e aparentemente generalizada: a retomada da humanização do Espiritismo, colocar o Espírito encarnado como personagem principal da prática doutrinaria”.

Mauro Spínola nos trouxe uma introdução aos métodos modernos de pesquisa de textos, imprescindível para trabalhos científicos e que pode sim, ser usado no espiritismo na produção de trabalhos.

“Revisão sistemática da literatura como instrumento de pesquisa com temática espírita. Crescentemente utilizado nas várias áreas da ciência, a revisão sistemática contribui para compreender o estado da arte de uma área ou um tópico de conhecimento, com base em pesquisas qualificadas já realizadas e publicadas.
Inicialmente, é a apresentada a discutido o método de revisão sistemática. Em seguida, é discutida a sua aplicação em pesquisa espírita. Um exemplo é apresentado, visando a compreender o processo e os seus potenciais resultados.
O estudo é inicial e deixa várias questões em aberto, em especial as relacionadas com a aplicação prática do método, mas contribui para que se possa avaliar o potencial desse método para o conhecimento espírita”.

Jaílson Mendonça inicia desta forma seu trabalho:

“Consideramos interessante a capacidade que temos de nos indignar momentaneamente quando recebemos uma notícia ou um post nas redes de informação em especial as sociais, as quais muitas vezes nos causam tristeza, revolta mesmo, enquanto em outros nos levam à reflexão sobre nossa própria vida, valores, potencialidades e limitações.
Em alguns casos no sentido positivo, nos embebêssemos de uma vontade que antes não estava presente, como se fora um impulso, um pensar o que não havíamos pensado, um querer assumir e acreditar que somos capazes de realizar. Em outros, no sentido negativo, nos sentimos fragilizados, as vezes impotentes, mas que nos incita pra fazer, mudar, realizar, mas que no geral se vai esvaindo e voltamos ao nosso estado de ser tentando nos conformar de que não podemos fazer mais do que já estamos fazendo. Será?!”.

Este espaço não permite a reprodução de todos os trabalhos apresentados, são mais de 240 páginas, mas se você tem interesse em ler na sua forma integral, entre em contato com o ICKS.





Redação Jornal Abertura