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domingo, 15 de setembro de 2024

Entrevista e a Palavra da CEPA – feita por Alexandre Cardia Machado ao Presidente da CEPA José Arroyo

 

Destacamos a Entrevista e a Palavra da CEPA – feita por Alexandre Cardia Machado ao Presidente da CEPA José Arroyo 

 

A Palavra do CEPA - Entrevista de Alexandre Cardia Machado com José Arroyo - novo presidente do CEPA.

Resolvemos fazer algo diferente nesta Palavra da CEPA, optamos por entrevistar o novo presidente da CEPA, na conversa José Arroyo nos disse que gostaria de passar a chamar esta comunicação de “ Desde CEPA”, “Palavra da CEPA” passa um tom muito autoritário.

 

José Arroyo - Saudações Alexandre,

Primeiramente, obrigado pela oportunidade de responder essas perguntas para construir uma mensagem que possa ser facilmente lida, estudada e que nos permita comunicar com clareza o que temos feito ou o que faremos, da CEPA – Associação Espírita Internacional.

Alexandre – Quais as suas primeiras impressões ao ser presidente da CEPA? Um coletivo internacional.

José Arroyo – A primeira coisa que posso expressar é que ter sido escolhido para chefiar os planos da CEPA constitui uma honra e uma responsabilidade que levamos muito a sério, como tudo o que fazemos por amor e gratidão ao Espiritismo.

Ouso dizer, sem medo de exagero, que estamos sobre ombros de gigantes. Mulheres e homens de estatura construíram algo que hoje assume uma forma diferente, em sintonia com os tempos, com a maturidade das ideias e com os estilos de interação que nos caracterizam.

Foto com os Ex-presidentes da CEPA Dante Lopes, Jacira Jacinto, Jon Aizpúrua, o atual presidente de azul José Arroyo e Alexandre Machado e Cláudia Régis

Um olhar histórico sobre a trajetória, execução e alcance da CEPA durante estes últimos 78 anos evoca um sentimento de compromisso que nos ativa e motiva. Mas além do institucional, a visão panorâmica acompanhada de conversas adequadas com as pessoas que se nutrem do que a CEPA oferece, pode inspirar e reforçar a vontade de fazer mais. Refiro-me, por exemplo, às pessoas que confessam ter alcançado uma sensação de liberdade, de respirar amplamente, de se permitirem pensar e discordar, ao mesmo tempo que conseguem ser ouvidas e respeitadas, participando em atividades ou aproximando-se da CEPA; em contraste com grupos onde reinava uma intenção unificadora que neutralizava suas aspirações, pensamentos ou ideias que poderiam ser interpretadas como erradas ou incorretas.

Na CEPA, às vezes alcançamos pessoas que, de outra forma, estariam desinteressadas pelo Espiritismo ou ficariam frustradas com o que ele oferece, porque o que encontram não atende às suas necessidades de análise, estudos, debate e diálogo aberto e franco. É claro que o perfil laico, livre-pensador e humanista do Espiritismo, tal como representado pelo CEPA, não é necessariamente o que todo espírita procura, mas é isso que nos permite encontrar aquelas pessoas com ideias semelhantes que precisam vivenciar o Espiritismo como Kardec provavelmente pretendia que fosse: uma filosofia espírita de consequências morais, que se alimentava da ciência e que a escutava para interpretar o mundo e o universo a partir da cosmovisão do Espírito.

Apresentar esta perspectiva, de forma organizada, em diferentes países, regiões, culturas e línguas, é um desafio em si. Porém, tenho a sorte de contar com uma equipe de pessoas dignas de admiração e que sabem transformar uma visão e missão em ação. Isso nos encoraja imensamente e também percebemos solidariedade e apoio sincero, honesto e transparente.

Alexandre – Quais inovações você pensa em implementar?

José Arroyo – Para já estamos a rever todo o maravilhoso trabalho herdado e a familiarizar os novos membros das diferentes equipas ou comissões com o que foi feito e precisamos de manter. É verdade que também temos trabalhado para identificar algumas atividades ou iniciativas que poderiam ser realizadas de uma forma diferente e que oportunamente informaremos ao mundo inteiro.

Também utilizaremos as redes sociais, páginas ou canais da CEPA para poder divulgar o que fazemos, o que somos e o que não somos e não fazemos, de forma dinâmica, respeitosa, ampla e divertida. Isto nos permitirá servir nossas organizações afiliadas como um “Hub” ou espaço central a partir do qual, se alguém nos perguntar sobre grupos, reuniões, cursos ou workshops em seu país ou região, poderemos orientá-los a se comunicarem com um de nossos grupos Cepeanos. Por outro lado, é importante divulgar conteúdos Cepeanos atuais sobre o Espiritismo. Portanto, esta será a cola que unirá as nossas atividades de comunicação.

Alexandre – Após 3 meses de mandato é possível identificar as dificuldades e com base nisso traçar planos de trabalho?

José Arroyo - Estes últimos 3 meses, que se reduzem a 2 meses devido à nossa convalescença com COVID no final da celebração do maravilhoso 24º Congresso que tivemos em Porto Rico, foram para traçar estratégias e planos, recrutar pessoas e identificar ou mover recursos.

É inegável que uma organização com alcance internacional tem desafios únicos ou singulares. Alguns desses desafios incluem:

- Comunicar de forma eficaz tudo o que acontece no mundo da CEPA, que conta com contribuições de várias regiões do mundo.

- Divulgar as iniciativas que podemos desenvolver para apoiar as regiões e grupos, coletivos ou indivíduos da CEPA, permitindo-nos levar uma mensagem coerente em vários idiomas e superando limitações culturais.

- Quando se justificar e houver consenso maioritário, exprimirmo-nos com prudência e sensibilidade relativamente à linha ténue que por vezes separa o apoio aos Direitos Humanos do compromisso dos indivíduos com políticas/líderes ou pseudo líderes partidários, que polarizam estratégica e maquiavelicamente, sem cair nas redes da intolerância.

- O CEPA tem um perfil altruísta, como toda organização espírita deveria ter, mas os recursos financeiros estão em situação desigual em relação a tudo o que gostaríamos de fazer. Portanto, faremos o melhor que pudermos administrando as arrecadações ou doações recebidas com sabedoria, respeito e sucesso.

- Temos recursos humanos de altíssima qualidade e um sentido de compromisso com os nossos ideais que é evidente. Constatei que na CEPA não falta boa vontade, trabalho constante em cada região e criatividade para continuar desenvolvendo uma projeção atual, contemporânea e atual do Espiritismo para a sociedade em geral. Mas precisamos de mais mãos voluntárias, digitalmente qualificadas e atualizadas no uso da tecnologia para promover os nossos objetivos.

Como mencionei, estes são alguns desafios que temos pela frente e já existem ações em torno deles, que serão consolidadas e observadas ao longo dos próximos meses. Caminharemos devagar, mas com segurança. Daremos passos ágeis, mas sólidos. Não hesitaremos em aprender com os nossos erros e ouvir a voz amiga.

Além disso, essa gestão administrativa estará sempre aberta à voz e à inspiração dos Bons Espíritos, que sem dúvida sempre estiveram presentes.

Alexandre – Qual a mensagem otimista que o senhor quer passar aos espíritas livres?

José Arroyo – De norte a sul e de leste a oeste, sem falar de países ou grupos específicos e deixando de mencionar alguém, sentimo-nos acompanhados, apoiados e com grandes expectativas de liderar este grande grupo de pessoas e grupos empenhados.

Recebemos muitas lições boas da nossa ex-presidente Jacira Jacinto da Silva, então tínhamos um bom modelo a seguir. Também nos sentimos acompanhados pelos ex-presidentes da CEPA e isso é vital para nós.

Se eu encerrasse esta entrevista com uma mensagem otimista aos livres-pensadores que nos leem, seria essa: Não se escreveu a última palavra sobre o Espiritismo, mas apenas as primeiras. Agora, no alvorecer do século XXI, temos uma responsabilidade para com as próximas gerações de buscadores da verdade, de caminhantes espirituais, de espíritas insatisfeitos com os movimentos religiosos, de espíritas que raciocinam e questionam suposições, e para com todas as pessoas que não sabem que elas existem. um grupo alteritário, inclusivo, humanista e progressista com uma visão secular em relação às ideias espiritualistas.

Temos convicção de que o Espiritismo é de Kardec e nossa referência primeira é Kardec, apresentando suas ideias, preocupações e propostas à luz da contemporaneidade; Sabemos que podemos, sem medo ou timidez, observar Jesus como modelo de mediunidade e psiquismo equilibrado pela compaixão e solidariedade de quem vive o que prega; Reconhecemos que é um dever com honestidade, ética e verticalidade olhar para a sociedade atual, para além dos fatores económicos, políticos ou culturais, para lhes oferecer uma vida alternativa transbordante de espiritualidade, cheia de amor e sólida nos seus princípios. Para muitas pessoas, outros podem ser os caminhos que atendem a essas expectativas, para nós esse caminho se chama Espiritismo, sem sobrenomes, e faremos o possível para comunicá-lo, expressá-lo e exemplificá-lo.

Essa é a nossa proposta como coletivo, da CEPA, e é também a minha proposta como indivíduo, que assim como você, sou Espírito Espírita.

Gostou? Tem muito mais no Jornal Abertura de setembro.

Baixe aqui:

https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/42-jornal-abertura-2024?download=320:jornal-abertura-setembro-de-2024


sábado, 24 de agosto de 2024

Alerta aos Médiuns - Trabalho do II SBPE - Alexandre Cardia Machado

 

Alerta aos Médiuns

Alexandre Cardia Machado

Eng. Mecânico – Membro do GPCEB -  Santos – junho 1991

GPCEB – Grupo De Pesquisas Científicas Ernesto Bozzano

Apresentado no II SBPE – Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita – Santos 1991.

 


Agradecimentos

A Cláudia e Bruna[1] que se privaram de minha companhia para que este trabalho pudesse ser produzido. A elas toda a nossa admiração.

Esclarecimentos

Decidimos digitar este trabalho, a partir do original de 1991, que aquela época foi datilografado em máquina de escrever elétrica, assim permitiremos que muito mais pessoas possam acessar este documento. Eu estava lendo o livro – O Processo Mediúnico – Possibilidades e Limites na Produção do Conhecimento Espírita de Elias Moraes – editora AEPHUS de 2023. Me lembrei deste que foi meu primeiro trabalho apresentado em SBPE – no II SBPE em 1991 na cidade de Mongaguá.

Espero estar contribuindo para que enfrentemos o complexo mediúnico com mais tranquilidade.

1 – Introdução

Este trabalho é parte de um esforço maior elaborado por um grupo de entusiastas espiritas que vem desenvolvendo uma pesquisa juntamente com entidades do Plano Espiritual a respeito do processo mediúnico.

Problemas relacionados à prática de mediunidade no CEAK – Centro Espírita Allan Kardec foram aos poucos sendo observados por nossa equipe e pela equipe Espiritual, que nos enviou uma série de avisos, que gravamos e transcrevemos.

Estas recomendações foram compiladas e distribuídas a todos os médiuns do CEAK que, posteriormente, em reunião, as discutiram, desta discussão destacamos muitas colocações importantes feitas pelos médiuns, em ambiente de descontração e afetividade.

Muitas questões foram levantadas e serão apresentadas neste trabalho, servindo de ponto de partida para outras pesquisas e desenvolvimentos no campo da mediunidade.

Neste trabalho citaremos questões ainda não esgotadas pela literatura espírita, ao menos sob o aspecto científico e que surgiram durante esta dinâmica de grupo, são exemplos:

- A questão da dispersão do médium ou fixação excessiva em algum problema durante a reunião mediúnica, com o consequente prejuízo para a capacidade de comunicação mediúnica.

- A comunicação em línguas desconhecidas ao médium, suas dificuldades.

- A insegurança do médium quando transmite assuntos de cunho científico, medo de não possuir capacidade para tanto.

- A questão da ansiedade do médium face à necessidade quase obrigatória de dar comunicação mediúnica – abusos cometidos.[2][3]

 

2 – Metodologia

Este trabalho foi desenvolvido através da seguinte metodologia, que será logo a seguir devidamente explicada.

1-     Seleção de trechos de gravações das reuniões de pesquisa mediúnica, chamados por nós de “alertas” dados pelos Espíritos.

2-     Preparação do trabalho  - Alerta aos Médiuns”.

3-     Reunião com todos os médiuns (dinâmica) e coordenadores do CEAK.

4-     Gravação de toda a dinâmica em fita cassete.

5-     Elaboração do trabalho para apresentação no SBPE.

3 – Desenvolvimento

O CEAK, localizado na Rua Rio de Janeiro, 31 em Santos- SP conta com aproximadamente cem frequentadores assíduos (sócios) às suas diversas reuniões, dentre elas três mediúnicas.

A preocupação com relação ao comportamento dos médiuns do CEAK vem de algum tempo, desde as primeiras reuniões de desobsessão em que o GPCEB – Grupo de Pesquisas Científicas Ernesto Bozzano participou como observador, isto ainda em 1988, numa fase em que nosso grupo estava pesquisando Kirliangrafia e realizávamos experiências neste sentido com os médiuns do centro.

Aquela oportunidade decidimos iniciar um estudo profundo do Livro dos Médiuns e diversos pontos relacionados à mediunidade saltaram aos nosso olhos com relação ao observado nas reuniões e foram por assim dizer o “start! Para o desenvolvimento de uma ideia de trabalho de pesquisa mediúnica a ser elaborada pelo GPCEB.

Posteriormente quando fomos convidados a participar como membros efetivos de um trabalho novo no Centro, ou seja, a transformação da tradicional Reunião de Desobsessão em uma Reunião Mediúnica de Pesquisa. Necessário se fez acelerarmos estas observações.

Para melhor nos subsidiarmos, inicialmente desenvolvemos uma ficha de acompanhamento dos médiuns, as mesmas foram utilizadas durante o período de 12 de setembro de 1989 a 27 de março de 1990, ao todo foram preenchidos 48 formulários.

Resultados:

Apresentaremos a seguir alguns dados extraídos desta pesquisa são informações estatísticas que podem nos ajudar na analise dos problemas associados ao processo mediúnico.

Os dados mais significativos são:

·         62,5% das vezes em que estiveram mediunizados, os mesmos tiveram sensações físicas do tipo: frio, calor, felicidade, medo ou dor.

·         31% - O medo foi a reação mais observada.

·         43% dos médiuns puderam afirmar ter tido, com relação ao espírito comunicante alguma impressão durante o transe mediúnico, reações como: emocionalmente boa, má ou indiferente. Sendo que 31% deles tiveram uma impressão boa.

3.1 – Seleção de trechos de gravações.

Na medida em que evoluímos no nosso trabalho de compilação de comunicações mediúnicas, podemos notar um grande número de alertas que eram passados aos médiuns pelos Espíritos, chamando-lhes a atenção com relação a uma série de assuntos, tais quais:

·         Pontualidade e absenteísmo;

·         Bloqueio à comunicação por parte dos médiuns que em muitos casos tem dúvidas quanto a presença de um espírito comunicante;

·         Atitudes por parte dos membros da reunião que  prejudicam a manutenção da atmosfera adequada à reunião mediúnica;

·         Distração do médium durante a reunião;

·         Dificuldade do médium durante a reunião em perceber as tentativas de comunicação por parte dos Espíritos comunicantes;

·         Receio por parte dos médiuns em dar vazão às comunicações não ortodoxas, que são programadas pela equipe espiritual.

Estamos destacando aqui um destes “alertas”, esta comunicação foi dada por um Espírito denominado Rafael:

 “ ... gostaríamos que tivessem confiança nos trabalhos, que se não for assim não vamos conseguir chegar até onde desejamos. Sabemos também que as modificações[4] alteram também os próprios médiuns, mas tem que se acostumar com isto pois se se (sic) propuserem a vir até esta reunião para pesquisar, estudar, tirar dúvidas, é importante que cada um participe na melhor maneira possível”.

O GPCEB passou então a compilar estes alertas nas comunicações ocorridas entre 12 de setembro de 1989 a 27 de março de 1990.

3.2 – Preparação do trabalho “ Alerta aos Médiuns”.

Os membros do GPCEB: Ademar Chioro dos Reis, Marcelo Coimbra Régis e Gisela Régis Henrique, leram todas as comunicações dos diálogos gravados pelo grupo, um total de 28 comunicações em média de 45 minutos cada, destacando trechos nos quais os Espíritos faziam menção a problemas relacionados com os médiuns, com os coordenares e membros em geral da Reunião de Pesquisa.

Conforme fomos compilando estes trechos, verificamos que este material poderia possibilitar uma discussão mais ampla, envolvendo inclusive quem participa nas outras duas reuniões mediúnicas do CEAK.

Este material, chamado por nós de “ Alerta aos Médiuns” está como anexo a este trabalho[5].

Após uma reunião com os dirigentes do CEAK decidimos pela dinâmica de grupo envolvendo todos os médiuns do Centro para uma discussão destas mensagens. Esta dinâmica agregaria médiuns de diversos estágios de desenvolvimento.

3.3 – Reunião com os médiuns e coordenadores.

Foi marcada a reunião denominada “ ALERTA AOS MÉDIUNS”  para 14 de setembro de 1990. Todo o material para a dinâmica foi distribuído com uma semana de antecedência afim de que os participantes tivessem oportunidade de preparar-se para a reunião e para a discussão que já esperávamos que ocorresse.

A reunião foi coordenada pelo GPCEB, através dos componentes Alexandre Cardia Machado e Reinaldo de Lucia, contou com a presença do presidente do CEAK, coordenadores de reuniões mediúnicas e pela quase totalidade dos médiuns em atividade no CEAK, ao todo 22 pessoas.

A fim de direcionar o início da reunião havíamos selecionado alguns trechos para provar o debate e estávamos preparados para gravar tudo o que fosse discutido. A reunião teve duração de aproximadamente duas horas onde muitas colocações interessantes foram feitas, dentre as quais transcrevemos as que seguem:

1.      “ A confiança entre o doutrinador[6] e o médium é fundamental para uma boa comunicação mediúnica, em um grupo em desenvolvimento”.

2.      “ Nas reuniões do Centro existem muita comunicações mediúnicas repetitivas, muitas vezes em função dos Espíritos que vem sempre com problemas semelhantes”.

3.      “Pessoas que tem a mente muito dispersa ou fixada não servem para ser médium, o médium tem que estar na reunião – mente seletiva”.

4.      “Comunicação em línguas não conhecidas do médium são difíceis porque o Espírito tem que ditar silaba a silaba” (No livro dos Médiuns os Espíritos colocam que se faz necessário fazer uso do vocabulário do médium, portanto quando estas palavras não existem em sua memória há necessidade de ditar sílaba a sílaba, é o que se conclui de: - “Para traduzir as suas ideias numa linguagem articulada, transmissível, ele utiliza as palavras do vocabulário do médium”[7].

5.      “ O médium deve se colocar à disposição para a comunicação e não ter dúvida em relação à sua capacidade em falar sobre determinados assuntos”. (No caso de comunicações de Espíritos especialistas em determinados assuntos em que o médium não se sente seguro em falar).

6.      “ Muitas vezes a preocupação com o estudo e com a veracidade da comunicação acaba por fazer com que o médium bloqueie a comunicação”.

7.      “Os médiuns mais antigos do Centro tem um excesso de escrúpulos e policiamento muito mais do que o necessário”.

8.      “deveremos ter muito cuidado pela maneira como levamos as coisas aqui dentro porque a mediunidade é muito sutil”.

9.      “Alguns médiuns se policiam, eles acham que bloqueiam as comunicações”.

10. “ Se o médium se policiam, eles acham que bloqueiam as comunicações”.

11. “ A coordenação deve ter o cuidado para não frustrar demais o médium, tem que ter jeito ao falar com ele”.

12. “ Aqui no CEAK realmente tem pouca comunicação, porém, temos trabalhos de qualidade, porque não interessa ter muita comunicação sem interesse prático”.

13. “ Existem médiuns de diversos matizes, existem aqueles que evoluem e existem aqueles que nada acrescentarão”.

14.  “ Por que eu sou diferente dos outros médiuns? Eu não tenho dúvida sobre a origem da comunicação!

15. “ No CEAK nós nunca fomos fascinados pelos Espíritos, os nossos dirigentes espirituais não palpitam sobre coisas sem importância. Não temos guias, nunca haverá chance aqui para um Espírito vir aqui e dirigir o Centro e eles não querem.  O nosso Espírito principal chama-se Rafael e isto tem marcado todo o nosso trabalho mediúnico”. (J.R.)[8]

16. “ Só depois de 25 anos de Espiritismo é que fui trabalhar, ou melhor, participar de uma reunião mediúnica e neste tempo trabalhei muito para o Espiritismo”. ( Palavras proferidas pelo coordenador mais experiente do CEAK).

17. “ Na parte de segunda feira, quando a gente lê aquele trechinho, eu acho ótimo, adoro debate, a leitura é ótima”.

18. “ No começo eu tinha tremores nas mãos, agora não, estou mais calma e a comunicação é mais tranquila”.

19. “Alguns médiuns sentem as vezes alguma aproximação dos Espíritos ao longo do dia”.

20. “Já fui médium, atualmente preciso de um puxão de orelhas”.

21. “Na vida a pessoa para ser bem-sucedida é necessário que sua mente seja seletiva. Se estou aqui agora, só penso neste trabalho, quando em trabalho mediúnico procuro esquecer o resto e dedico-me ao trabalho”.

Analisando os 21 destaques poderíamos sintetizar no seguinte:

·         Em um trabalho mediúnico a relação de confiança entre o coordenador e os médiuns é de suma importância, há que se estar permanentemente avaliando a qualidade da comunicação. O Médium necessita preparar-se para a reunião e manter a sua mente apenas no trabalho a ser desenvolvido. O médium deve estar aberto às comunicações sejam elas quais forem, mormente em se tratando de reuniões de pesquisa. O policiamento deve ser feito quanto às atitudes que o Espírito intui ao médium e não no bloqueio da comunicação, este papel cabe ao coordenador. O trabalho do coordenador deve ser cuidadoso para não frustrar o médium em demasia.

·         O espiritismo reserva uma série de atividades importantes, dentre elas a mediunidade. É importante que o Centro Espírita tenha mecanismos de proteção quanto aos excessos do mediunismo.

Ainda nesta reunião foi perguntado ao grupo de médiuns presentes se algum deles tinha dúvidas sobre a autenticidade de suas comunicações, entre 15 médiuns presentes, 5 tinham dúvidas eventuais com relação a um possível animismo, ou seja 33%.

Allan Kardec a este respeito nos diz que só há um meio pelo qual os pesquisadores podem saber sobre a autenticidade da comunicação: “ Estuda as circunstâncias e a linguagem e distinguirás ... Por isso é  que te digo para observar e estudar”[9] .

Portanto, este é um trabalho constante a ser executado pelo coordenador, chamando a atenção do médium sempre que perceber que a comunicação é anímica para que ele não adquira o hábito de liberar qualquer ideia que lhe venha à mente.

Conclusão

O trato da mediunidade nos Centros Espíritas deve passar por uma revisão, através de uma maior carga de embasamento teórico, tanto por parte dos médiuns como também os coordenadores de reuniões.

A discussão de problemas reais ocorridos com médiuns, a exposição de dúvidas e situações vividas através de uma conversa franca e aberta entre todos os médiuns do Centro se realizada dentro de critérios e frequências adequadas podem eliminar distorções, ajudar o desenvolvimento mediúnico e ser uma base para pesquisas muito interessante, neste impressionante assunto denominado mediunidade.

Muito embora já pratiquemos a mediunidade de uma forma rotineira a mais de um século e muitos livros já tenham sido escritos neste campo, parece-nos que os estudiosos preocupam-se em demasia em classificar e dividir a mediunidade em várias modalidades. Havendo muito pouco material de estudo e pesquisa no campo do processo mediúnico propriamente dito. Quais fatores que afetam? Como ocorre? Etc.

O GPCEB tem procurado explorar exatamente este campo nas suas pesquisas. Nas Reuniões Mediúnicas de Pesquisa realizadas às terças feiras no CEAK, explora-se o grande potencial de conhecimento que representam estas reuniões, através da aplicação do Método Kardequiano.

Clóvis Nunes, no seu livro TRANSCOMUNICAÇÃO – Comunicação Tecnológica com o Mundo dos Mortos, livro este que trata da comunicação eletrônica com o Plano Espiritual, diz: “ as comunicações mediúnicas obtidas através dos médiuns, psicofônicos, psicográficos, de voz direta, etc. também constituem um importante grupo de Transcomunicação Mediúnica”. [10]

Hoje existem estudiosos pesquisando, criando equipamentos sofisticados para tentar uma comunicação direta com os Espíritos. Isto porque os Espíritas que já dispõe desta “facilidade” praticamente abandonaram as pesquisas desde o desencarne de Kardec.

Este trabalho de pesquisa realizado no CEAK retoma o Método de Kardec, buscando em conjunto com a Equipe Espiritual do Centro, desenvolver um trabalho a respeito do mundo espiritual. Mediunidade e as questões relacionadas à morte e a Reencarnação.

Um exemplo relacionado com o que tratamos aqui neste trabalho pode ser observado através da seguinte comunicação:

Espírito FD: data 9 de outubro de 1990.

Questão: O processo mediúnico pode ser considerado dentro da emancipação da alma? O Médium está emancipado? O pensamento entraria na mente e ele estaria em um estado extrassensorial?

FD – É uma sensação diferente e difícil mesmo de se entender e de se explicar. Só quando nós usamos esse intercambio é que damos valor ao encarnado que se predispõe ao uso da mediunidade, porque até então nós não conseguimos atingir como se dá o fenômeno. É uma coisa esquisita. Acredito que muitas vezes da cabeça de vocês poderá estar saindo: não, é o médium que está tentando resolver os problemas e responder as perguntas. Mas do outro lado, nós estamos também, pensando, como é possível o médium estar ali completo e nós queremos e o dele fica truncado e é o nosso que vale ...”.

Vejam como os campos se abrem, nós temos dúvidas e eles (Espíritos) também, estas questões estimulam o processo de pesquisa.

Ainda com relação à fidelidade na comunicação psicofônica nesta mesma reunião perguntamos a este Espírito.

Questão: As palavras que o médium está falando, que estamos ouvindo são exatamente as mesmas que você está pronunciando?

FC – “Nem todas, o médium tem o seu vocabulário e muitas vezes ele usa, apesar de haver uma rapidez, ele uso o seu vocabulário”.

Vejam bem esta limitação, o vocabulário do médium, é um ruído permanente na comunicação psicofônica e, portanto, um fator a ser considerado por médiuns e coordenadores, conforme está colocado no Livro dos Médiuns. “ O Espírito do médium pode alterar as respostas, adaptando-as as suas próprias ideias e as vezes as suas tendencias”.[11]

Como os trabalhos mediúnicos nos Centros Espíritas são basicamente os de desobsessão e de Consulta Espiritual, a precisão das palavras não chega a ser um problema grave, no entanto para a pesquisa avançada o significado das palavras tem toda a sua importância.

Gostaríamos de ressaltar a importância da divulgação dentro do Centro dos trabalhos desenvolvidos entre as diversas reuniões, a exemplo desta realizada no CEAK, para que, desta forma se possa comparar e evoluir nos diversos trabalhos mediúnicos. A este respeito um companheiro do Plano Espiritual que chamaremos da HP, em 15 de maio de 1990, fez a seguinte colocação a respeito de uma apresentação de um trabalho realizado pelo GPCEB e apresentado ao CEAK em reunião de estudos.

Pergunta: Foi feita uma apresentação dos trabalhos realizados aqui no grupo na sexta-feira passada. Qual foi a avaliação do grupo de vocês( Espíritos) desta apresentação?

Resposta HP: Não podemos dizer que foi 100%, mas foi uma apresentação boa, mas gostaríamos que todos participassem. Entenderam? Não só aqueles que expões, mas aqueles que ouvem, que escutam também pudessem dar a sua participação dentro do assunto ... Acho que um grupo maior talvez fosse mais interessante, convocar outras pessoas para outras reuniões e daqui partiria o material para isto”.

Foi exatamente o que fizemos com este “Alerta aos Médiuns” e o fazemos agora a proposta para que outros grupos adotem esta mesma sistemática para o bem dos Centros e da Doutrina Espírita.

Nas palavras de Herculano Pires, “ O conhecimento dos problemas mediúnicos exige estudo incessante das obras básicas de Allan Kardec, particularmente estudos permanentes do Livro dos Médiuns e leitura metódica da Revista Espírita de Allan Kardec ... sem estudo constante da Doutrina não se faz Espiritismo, cria-se apenas uma rotina de trabalhos práticos que dão a ilusão de eficiência. Estudo e pesquisa, observação dos médiuns, exigência de educação mediúnica, com advertências constantes para que os médiuns aprendam a se controlarem, não se deixando levar pelos impulsos recebidos das entidades comunicantes – esse é o preço de trabalhos mediúnicos eficazes” [12]

O próprio mestre Kardec, no Livro dos Médiuns, capítulo XXXI publica uma comunicação de Espírito Massilon que reproduzimos parcialmente a seguir. Esta comunicação tem a ver diretamente com tudo que acreditamos e presta-se muito bem a um ponto final deste trabalho.

“ Com que fim, na maioria das vezes, pedis comunicação dos Espíritos? Para obter belos trechos que mostrais aos vossos conhecidos do nosso talento e conservais preciosamente nos álbuns, sem lhes dar acolhida no vosso coração? Pensais que ficamos lisonjeados de comparecer às reuniões como a um concurso, disputando eloquência para que possais dizer que a sessão foi muito interessante? O que acontece quando recebeis uma comunicação admirável? Julgais que buscamos os vossos aplausos? Pois estais enganados ... a nossa finalidade é vos tornar melhores”.[13]

 

Sobre o GPCEB

Grupo de Pesquisas Espíritas Ernesto Bozano - formado por cinco jovens oriundos da MEEV – Mocidade Espírita Estudantes da Verdade do Centro Espírita Allan Kardec (CEAK) de Santos. Em sua primeira formação faziam parte os engenheiros Alexandre Cardia Machado, Marcelo Coimbra Régis, Reinaldo di Lucia e Vladmir Grijó e pelo médico Doutor Ademar Arthur Chioro dos Reis, posteriormente participa também a biomédica Doutora Gisela Régis Henrique.

II Simpósio Brasileiro do Pensamento -  agosto de1991

Realizado em Mongaguá, deu seguimento ao I Simpósio Nacional do Pensamento Espírita.  Nesta oportunidade os cinco membros do GPCEB apresentaram trabalhos: Ademar Arthur Chioro dos Reis – Mecanismo da Mediunidade – Introdução ao processo de comunicação mediúnica[14]; Alexandre Cardia Machado – Alerta aos Médiuns; Gisela Régis Henrique – Histórico e Método de trabalho sobre a formação de um grupo de pesquisas; Marcelo Coimbra Régis – O Centro Espírita do ponto de vista dos desencarnados; Reinaldo de Lucia – Emissões Energéticas à distância[15].

Fotos do grupo – GPCEB

Apesar da larga produção do grupo, poucas fotos sobreviveram ao tempo.


Foto retirada do Jornal Abertura – Em pé - Marcelo, Reinaldo, Cláudia, Alexandre, sentado Vladimir Grijó.


                                    Foto tirada no CEAK – Reinaldo, Ademar e de pé Marcelo

 

Notas de rodapé:

[1] Em 1991 um pouco depois desta apresentação no SBPE, Beatriz, minha segunda filha viria a nascer.

[2] Este artigo foi apresentado em sessão no SBPE juntamente com o eminente escritor espírita Nazareno Tourinho.

[3] Nota de atualização: Este trabalho foi redigitado e corregido gramaticalmente em agosto de 2024, 33 anos depois de ter sido apresentado no SBPE, por entendermos que ainda pode ser útil, pois os problemas relacionados com a mediunidade na prática, seguem sendo os mesmos.

 

[4] Rafael se referia à mudança da reunião de desobsessão para reunião de pesquisa mediúnica.

[5] Trata-se de 6 comunicações de Espíritos, transcritas como exemplo. Se alguém tiver interesse envie um Email a ickardecista1@terra.com.br que enviaremos o material ao interessado.

[6] Doutrinador aqui se refere ao coordenador da reunião e que em casos de desobsessão assume este papel de “doutrinador”.

[7] Livro dos Médiuns – Capítulo XIX, 17ª questão.

[8] JR – trata-se de Jaci Régis.

[9] O Livro dos Médiuns, capítulo XIX

[10] TRANSCOMUNICAÇÃO – Comunicação Tecnológica com o Mundo dos Mortos – Nunes, Clóvis, página 15.

[11] O Livro dos Médiuns – capítulo XIX.

[12] J. Herculano Pires, O Centro Espírita – página 15.

[13] Kardec, A - Livro dos Médiuns, capítulo XXXI – Dissertações Espíritas.

[14] Trabalho, após apresentação no CPDoc para revisão de pares formou o Livro - Mecanismo da Mediunidade – processo de comunicação mediúnica – Edição CPDoc.2005.

sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Inteligência Artificial (IA) risco ou possibilidade? - Abrindo a Mente - por Alexandre Cardia Machado

 

Inteligência Artificial (IA) risco ou possibilidade?

    A cada dia que passa avançamos no campo do conhecimento e da tecnologia, esta é a história da humanidade, desde o arco e flexa até os misseis inteligentes, desde as ervas amassadas até o transplante de válvulas cardíacas.



    Outro dia ouvi amigos em um grupo de WhatsApp afirmando que os benefícios da IA não atingem a grande população, somente os ricos e capitalistas. Esquecem que os avanços podem iniciar caros, porém a multiplicação de fabricantes os faz ficar barato. Vejam por exemplo o celular, quando apareceu era caro, simples e pouco acessível, 25 anos depois ele é superacessível, existe para todos com diversos planos. Falamos com o mundo todo sem pagar interurbano ou ligação internacional.

    Voltando ao que interessa, o novo sempre assusta, existem os que adoram as inovações, há os que as detestam, mas a verdade é que o progresso atropela a todos.

    Para mostrar como o assunto é excitante cito 3 autores, entre eles, eu mesmo:

Dan Brown – Origem – de 2017, cria toda uma ação em que o personagem principal interage e combate uma inteligência Artificial, ou seja, aquilo que então era mera ficção, hoje já está muito mais próxima de nós, quantos já não tem uma Alexa em casa?

Yuval Harari – Homo Deus – Uma breve história do amanhã – de 2015, propõem o dataísmo, onde quem sabe num futuro próximo os algoritmos saberão mais da gente do que nós mesmos.

    Não precisamos ir muito longe, hoje escrevemos um texto e a inteligência artificial da Microsoft fica o tempo todo “tentando” nos ajudar!

Alexandre Cardia Machado – Uma breve história do Espírito – de 2022, no último capítulo do livro, num subcapítulo – Porvir:

Como nossa proposta é falarmos de evolução, não podemos deixar de falar no futuro, evoluiremos como espécie? Muitos pensadores têm debatido este ponto, algumas condições que impulsionaram a nossa espécie, não estão mais presentes, não temos áreas isoladas no planeta, no entanto temos sim, muita miscigenação e com isto nossos genes estão sendo cada vez mais compartilhados. Acreditamos também que   seguiremos evoluindo como Espíritos.

Se vamos viver mais, portanto, precisaremos pensar em como usar utilmente estes anos a mais a cada encarnação e animicamente, talvez nos utilizemos de tecnologia, para viver mais, eliminar doenças. 

Medicamentos específicos para cada código genético, inteligência artificial, marca-passos, válvulas e implante de órgãos de outros mamíferos e muito mais evitarão as mortes prematuras. Mas somos Espíritos imortais, logo, nossa existência precisa ter uma consciência mais ampla, além de nossos umbigos.

Nosso corpo físico é resultado de 3,5 bilhões de anos de evolução, o que poderá ocorrer daqui para frente vai depender muito disto, do que queremos, como colaboradores de Deus, para o desenvolvimento da espiritualidade universal.

 

Um dos princípios básicos do Espiritismo é o da evolução infinita, outro o da lei do progresso.

Para abrir mais a sua mente: leia - Uma breve história do Espírito - https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/27-icks-colecao-abrindo-a-mente?download=200:uma-breve-historia-do-espirito-alexandre-cardia-machado

 Artigo Publicado no Jornal Abertura em agosto de 2023

Baixe aqui:

https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/31-jornal-abertura-2023?download=248:jornal-abertura-agosto-de-2023

 

domingo, 25 de fevereiro de 2024

Um pouco sobre a história de Israel e do povo Palestino e suas relações com os árabes - por Alexandre Cardia Machado

 

Um pouco sobre a história de Israel e do povo Palestino e suas relações com os árabes

“ A história judaica é marcada por sucessivas dispersões e diásporas dentro de diásporas” Professor Luis Krausz – USP

Queremos trazer ao nosso público um pouco desta história milenar que envolve, árabes, hebreus e palestinos, não nos cabe concluir quem está com a razão, onde a razão desaparece ante agressões e revides milenares. No entanto entender um pouco da história nos ajuda a ter uma visão mais ampla.



Acreditamos, obviamente que a ONU terá que ter um papel mais forte e decisivo, buscando um entendimento que termine na coexistência de dois estados, um o já existente Israel e outro palestino.

Vamos então ver um breve histórico de 2800 anos: em preto os assuntos ligados aos judeus e em vermelho os assuntos ligados de alguma forma aos palestinos e aos árabes.

1700 a.C – O povo Hebreu foi escravizado e levado ao Egito (Segundo o Velho Testamento - Exodus - Mito).

1200 a.C – Segundo o Velho Testamento – Moisés trouxe os Hebreus de volta à região onde hoje se encontram Israel, Palestina ( Cisjordânia e Gaza) e Sul do Líbano. (igualmente um Mito)

586 a.C – Exército Persa de Nabucodonosor espalhou os Hebreus pela Babilônia – Diáspora.

538 a.C – Ciro II novo Imperador Persa autoriza o retorno dos Hebreus.

450 a.C -  o historiador grego Heródoto chama a região de Palestina pela primeira vez. Era uma referência aos filisteus, um grupo possivelmente indo-europeu que conviveu por séculos com os povos semitas- Veja mais em https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2023/10/29/israel-palestina-judeus-arabes-ocupacao.htm .

70 a 63 a.C – os Romanos lutaram e conquistaram os reinos de Judá e Galileia.

70 D.C – os Romanos espalham os judeus por todo o império Romano – Diáspora.

A Palestina troca de mãos:

644 D.C. - Após a morte de Maomé, seus sucessores, os califas, iniciam uma expansão que tomou territórios dos impérios Bizantino e Persa. Os califas omiadas conquistam o norte da África, península ibérica, Afeganistão, Paquistão e Ásia Central, enquanto os califas ortodoxos avançaram sobre o Líbano, Síria, Egito e Palestina… - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2023/10/29/israel-palestina-judeus-arabes-ocupacao.htm?cmpid=copiaecola .

1099 D.C. – Os Cristãos europeus conquistam Jerusalém - Os cruzados justificavam a necessidade de "resgatar a Cidade Santa dos infiéis muçulmanos”.

1187 D.C.  - Após o fim do domínio cristão em 1187, a "Terra Santa" volta ao Império Islâmico, passa para os mongóis (egípcios da dinastia aiubida de Saladino).

1252 D.C. - O Império Árabe Islâmico se mantém unificado até 1252, quando os mongóis invadem e destroem Bagdá, fragmentando o império… a região da Palestina passa ao controle Mongol.

1517 – É dominada pelo Império Otomano (Turcos), até  a I Guerra Mundial.

1834 -1919 -  Nascimento do sentimento nacionalista, a população árabe da Palestina se via principalmente como súditos otomanos. A revolta dos árabes na Palestina em 1834 é considerada como o primeiro evento formativo do povo palestino. Na década de 1830, a Palestina foi ocupada pelos egípcios que respondiam ao Império Otomano. A revolta foi precipitada pela resistência popular contra uma forte demandas por recrutas. Os camponeses estavam bem cientes de que o recrutamento era nada menos do que uma sentença de morte.

1834 - A partir de maio, os rebeldes tomaram muitas cidades, entre elas  Jerusalém, Hebron e Nablus. Em resposta, o exército egípcio se deslocou à palestina, derrotando finalmente os últimos rebeldes em 4 de agosto em Hebron. No entanto, os árabes na Palestina permaneceram parte de um movimento nacional panislâmico ou panárabe.

1911 - O jornal de língua árabe Filastin foi fundado em 1911 por cristãos  palestinos. É considerado um marco para o surgimento dos palestinos não judeus. as primeiras organizações nacionalistas palestinas apareceram no final da Primeira Guerra Mundial. Surgiram algumas facções políticas. 

1917 - I Guerra Mundial – O Reino Unido junto com seus aliados derrotam em 1917 o Exército Turco e recebem pela Liga das Nações junto com a França um mandato sobre uma grande área do Oriente Médio em 1922.

1917 - Declaração de Balfour, O Reino Unido se declara favorável a criação de um estado Judeu na Palestina, a partir daí começa a haver migrações de Judeus para esta região, melhorando a economia local.

1919 -  O primeiro Congresso foi realizado em Jerusalém para coincidir com a Conferência de Paz de Paris após a I Grande Guerra. Com a presença na Conferência de Chaim Weizman, que apresentou reivindicações sionistas, foi um gatilho para a convocação do Primeiro Congresso Palestino, a fim de apresentar contra alegações árabes e palestinas na Conferência. Quando o Primeiro Congresso Palestino emitiu seu manifesto antissionista rejeitando a imigração judia.

1920 - De acordo com Benny Morris, o nacionalismo árabe palestino como um movimento distinto apareceu entre abril e julho de 1920, após os distúrbios de Nebi Musa, a conferência de San Remo e o fracasso de Faiçal em estabelecer o Reino da Grande Síria.

1939 -1945 - II Guerra Mundial  – A Alemanha Nazista que já vinha perseguindo os judeus no seu território e nos até então conquistados e  iniciou  o assassinato planejado dos judeus e outras minorias étnicas. Holocausto.

ONU – Organização das Nações Unidas, criada após a II Grande Guerra, substituindo a liga das Nações, em sua Assembleia inicial – dirigida pelo brasileiro Oswaldo Aranha aprovou a criação do estado de Israel em 1947.

1948 – 14 de maio de 1948 – Criação do Estado de Israel.

Guerras árabes – israelenses: (Fonte – Site Brasil Escola - Brasil Escola - O maior portal de educação do Brasil (uol.com.br)) – escolhemos esta fonte por ser amplamente usada no Brasil para pesquisas escolares, assim não buscamos tendenciar os fatos. O leitor que quiser se aprofundar poderá encontrar outras fontes.

1948 a 1949 – 1ª Guerra - Os países árabes que cercam Israel não aceitam a formação do Estado de Israel e iniciam uma guerra que ao final é vencida por Israel que aumenta em 33% o seu território.

1956 – 2ª guerra - O Egito nacionaliza o Canal de Suez ( Presidente Nasser) contrariando os interesses Franceses, Ingleses e Israelenses – que se unem e tomam o Canal de Suez – ao final a URSS e os Estados Unidos propõe a paz, votando o canal à iniciativa privada. Esta foi a única guerra iniciada por Israel.

1967 - 3ª guerra  – Guerra dos 6 dias - ataques dos países árabes em conjunto contra Israel. Acaba com a vitória de Israel.

1973 -  4ª guerra – Guerra do Yom Kippur – ataques dos países árabes em conjunto contra Israel. Acaba com a vitória de Israel.

Intifadas – são ataques organizados por Grupos Palestinos contra Israel – acontecem diverso, sendo os principais os de 1987, 1993, 2000 e 2005. (todas exigindo a saída de Israel dos territórios conquistados nas guerras anteriores).

2023 – 5ª guerra -  Ataque Terrorista do Hamas em 2023 – Israel declara guerra ao Hamas que se localiza na Faixa de Gaza.

Este artigo foi publicado no jornal Abertura de novembro de 2023, quer ler o jornal completo, baixe aqui:

https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/31-jornal-abertura-2023?download=270:jornal-abertura-novembro-de-2023