SOBRE A MORTE.
“Um desses a quem amais vai morrer. Inclinado para ele, com o coração opresso, vedes estender-se lentamente, sobre suas feições, a sombra da morte. O foco interior nada mais dá que pálidos e trêmulos lampejos; ei-lo que se enfraquece ainda, depois se extingue. E agora, tudo o que nesse ser atestava a vida, esses olhos que brilhavam, essa boca que proferia sons, esses membros que se agitavam, tudo está velado, silencioso, inerte. Nesse leito fúnebre mais não há que um cadáver! Qual o homem que a si mesmo não pediu a explicação desse mistério?” Léon Denis
O maior
problema do ser humano de todas as latitudes geográficas e de todos os tempos é
o problema da morte. O homem, entre todos os animais, é o único que consegue
antecipar em pensamento o seu fim, é o único que possui consciência de que vai morrer. Esta autoconsciência de sua própria finitude,
fez com que o homem procurasse respostas para esta angustiante questão. Como
resultado desta procura, surgiram as religiões que pretenderam responder ao
grande enigma e, ao mesmo tempo, trazer conforto diante da precariedade e
brevidade da existência humana.
Não apenas as religiões procuraram respostas
sobre este tormentoso tema, a filosofia, por sua vez, tentou, desde seus
primórdios, elucidar racionalmente esta questão. Grandes pensadores da
humanidade, de Sócrates a Heidegger, refletiram sobre o tema, sendo que
obtiveram respostas distintas, às vezes, contraditórias.
O espiritismo de Allan Kardec também refletiu
sobre o significado da morte e ofereceu ao mundo respostas consistentes. Infelizmente,
o espiritismo ainda não foi devidamente valorado nas perspectivas que abre para
o conhecimento científico e filosófico de nosso tempo.
Para
o homem contemporâneo, a morte ainda é o grande tabu a ser enfrentado. Vivemos
em sociedades materialistas e de consumo, nas quais o brilho da vida está
ligado indissoluvelmente a ideia do prazer sensorial e da posse de bens.
Vivemos em sociedades hedonistas do culto ao corpo, das cirurgias plásticas e
dos silicones.
Nestas sociedades do século XXI, reflexões
mais profundas sobre a morte e o morrer são frequentemente descartadas,
ignoradas e rejeitadas pela grande maioria das pessoas. Neste sentido, já dizia o grande compositor
brasileiro Gonzaguinha: “ninguém quer a
morte, só saúde e sorte”. No entanto, se é natural que a morte não seja uma
aspiração ou anseio humano, talvez devamos repensar o extremo pavor que ela nos
causa, pois na verdade ainda não sabemos encarara-la com naturalidade e serenidade.
A Dra.
Elizabeth Kubler Ross, uma das maiores estudiosas da morte e do morrer, diz, em
um dos seus preciosos livros: “a morte constitui
ainda um acontecimento medonho, pavoroso, um medo universal”. De fato, desde
épocas imemoriais o homem assimilou ao fim da vida as ideias de culpa e
castigo, daí as oferendas, os sacrifícios, na busca de aplacar a ira divina.
Já Kardec dizia no século XIX, que associamos à morte as piores ideias, como aquela de uma
caveira com um capuz e uma foice ou então ideias da decomposição pútrida do
corpo. Luc Ferry, filósofo francês
contemporâneo, afirma que nossas sociedades laicas se calam à beira dos
túmulos, pois as questões de sentido do ser e da vida ainda estão para serem respondidas.
A
morte, para o espiritismo, não é o fim. A essência do ser humano, sua alma, seu
espírito, consciente e individualizado, sobrevive ao túmulo. A doutrina de
Allan Kardec nos ensinou, inclusive, que podemos ter evidências desta realidade
através do estudo da mediunidade. Com o espiritismo, conseguimos ir além da fé,
e nos direcionamos rumo a uma convicção racional, rigorosamente fundamentada no
estudo de uma ampla variedade de fenômenos.
Quando
observamos a lagarta se transformar em um casulo, nossos sentidos dizem que é o
fim de tudo, que não há esperança. No entanto, a partir de um processo de metamorfose invisível e
surpreendente, nasce uma linda
borboleta, que ganha livremente os ares colorindo e embelezando a vida. Assim é
a morte para o espírita, o ingresso em uma nova fase da existência.
Nota do moderador: ERRATA –
artigo Sobre a morte
Infelizmente
o Artigo - Sobre a Morte, saíu na edição
de Abril do Jornal ABERTURA como de autoria de Roberto Rufo e na verdade seu autor é Ricardo de
Moraes Nunes. O ICKS e o Jornal ABERTURA lamentam o erro e publicam o artigo no Blog com seu verdadeiro autor como pedido de desculpas.
A Morte realmente assusta a todos por imaginar a perda de afetos, sentimentos, e a consciencia . A luz do espiritismo vem alertar pela continuidade de afetos, virtudes e defeitos dando-nos o direito de prosesguir o caminho da evolução.
ResponderExcluirO corpo morre,o espírito permanece ,sobrevive ,reencarna para ser feliz....
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