quarta-feira, 6 de julho de 2016

Perispírito e Atualidade - Terceira Parte por Marcelo Coimbra Régis

Continuando o artigo de 09/06/16  -reveja no link:  https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8190435979242028935#editor/target=post;postID=2221778066036042093;onPublishedMenu=allposts;onClosedMenu=allposts;postNum=2;src=postname) 

Revisitando o Caderno Cultural Espírita - Outubro  de 2002


O PERISPíRITO e a ATUALIDADE  

                                                         Marcelo Coimbra Régis

O Conceito de Períspirto diante do Avanço da Ciência


                   Trataremos agora de algumas descobertas da ciência, notadamente da Biologia e da Medicina, que desafiam a Teoria do Perispírito construída nas bases apresentadas nos tópicos anteriores.


Avanços da Biologia

                    
                    Podemos afirmar que durante esse século avançamos muito no entendimento do funcionamento corporal, seus mecanismos e sua perpetuaçao. O entendimento dos mecanismos de ação e controle do cérebro sobre os órgãos e tecidos veio preencher uma grande lacuna na explicação das funções corporais. Nesse campo obtivemos grandes progressos: o entendimento do papel do Sistema Nervoso Central, coordenado e respondendo aos mais diversos estímulos sensoriais; o entendimento do funcionamento das células nervosas (neurônios) e sua comunicação através das sinapses; a complexa rede químico/elétrica de comunicação entre as várias partes do corpo, utilizando inclusive codificação binária através dos impulsos nervosos. Todos esses avanços vieram mostrar a intensa e complexa rede de controle existente no corpo e que a mesma é coordenada através de impulsos cerebrais.
                    Vale ressaltar ainda, o papel dos neurotransmissores e dos hormônios nessa rede de comunicação e controle, bem como o entendimento da complexa estrutura celular, com suas diversas funções: nutrição, respiração, reprodução, etc.
                    O breve apanhado acima nos leva a concluir que o Corpo Humano é um organismo complexo, porém poderoso, possuindo sistemas que possibilitam seu funcionamento normal sem muito espaço para uma interferencia externa tão direta quanto o apresentado nos itens anteriores.
                 

O Papel da Genética

                    
                     Nesses últimos 60 anos essa foi talvez a ciência que mais transformações provocou no entendimento da vida e do ser humano.
                    Somente a descoberta do DNA, do código genético e de seu relacionamento com a reprodução e a determinação de características físicas do ser humano, marcaram uma nova fase de entendimento do ser e de sua evolução.
                    Então vejamos: sendo o genoma do homem composto por aproximadamente 3,5 bilhões de ligações de bases (Adenina, Guanina, Citosina, etc), nele se encontra as informações necessárias para a organização do corpo a determinação de suas caracteristicas e ainda o modelo de funcionamento dos diversos tipos de células, tecidos e órgãos.
                    O Estudo da genética trouxe entendimento sobre várias questões antes atribuídas ao Perírpirito:
  • Herança e estabilidade celular: transmitida e mantida através do DNA, com suas sequencias de informações, qual programa estruturado para manter o funcionamento e o desenvolvimento do ser, contribuindo para a perpetuação da espécie e para a realização das funções tanto automáticas quanto superiores do organismo.
  • Controle e manutenção das funções celulares: determinado pela sequencia genética específica a cada tipo de célula. Assim células especializadas desenvolvem características especiais para o melhor desempenho de suas funções, coordenadas a partir dos impulsos químico/elétricos provenientes do sistema nervoso.
  • Modelo/Forma Organizadora: hoje atribui-se as informações contidas no genoma o desenvolvimento da forma e dos órgãos componentes dos seres vivos. A manipulação de tal informação possibilita, inclusive, a alteração de algumas características. Por exemplo: os supertomates desenvolvidos para terem maior peso e resistência as pragas; o Chester com maior presença de carne branca do que as aves naturais, etc. Nesse campo devemos ressaltar que estamos no início das pesquisas de como esse processo se realiza. Por exemplo: sabe-se que os órgãos seguem determinações genéticas para formar  e se desenvolverem, porém permanece em aberto a questão de que porque eles tendem a uma estabilidade em termos de peso e forma, ou seja, por que eles param de se desenvolver ao atingir o tamanho correto.
  • Diferenciação Celular: esse ponto tem sido explicado através da existencia dos Genes Homeóticos que sintetizam proteínas que ativam ou inibem o desenvolvimento de outros genes. Assim, o posicionamento desses genes no programa genético do genoma, determinaria quais as funções que as células desenvolvidas naquele período embrionário realizarão. Pesquisas com alteração desses genes em moscas drosophilas levaram a geração de órgãos em duplicidade ou com posicionamento alterado. As pesquisas agora estão direcionadas para o entendimento da sequencia existente na diferenciação celular, sendo que já se descobriu que inicialmente o Gene Homeótico determina no ovo fecundado qual será a parte frontal e a anterior do ser, depois a cabeça e o resto do corpo, etc.
                    A genética revelou que o corpo possui um programa escrito em seus cromossomos, formado durante séculos de evolução contínua. Apesar de estarmos ainda muito no início da compreensão de todos os aspectos da genética, as mesmas indicam que o Corpo Humano é um organismo complexo, auto-suficiente em suas funções básicas, possuidor de mecanismos que permitem sua perpetuação e a manutenção de sua estabilidade, sem a necessidade de uma interferencia direta do Perispírito. Tal esquema nos parece muito mais adequado para a garantia da perpetuação da espécie do que o sistema dependente do Perispírito, muito mais sujeito as instabilidades afetivo emocionais (vide o caso dos Espíritos ovóides, que perdem a forma e a organização devido a problemas psicológicos).

Novos Rumos da Medicina

                    
                     No ambito da medicina aplicada, a fecundação em vidro, o advento dos transplantes de órgãos entre vivos, a possibilidade da criação de órgãos e tecidos artificiais e mesmo o desenvolvimento de órgãos humanos em animais, desafiam a teoria do Perispírito.
                    Hoje os transplantes de coração, fígado, pulmão, medula etc são realizados com sucesso em todos os cantos do planeta. Os receptores ou transplantados mantém uma vida normal, tanto física quanto psicológica, não perdem sua identidade nem suas características físicas, nem seus tecidos transplantados entram em conflito com a orientação energética de seu corpo, como sugeria A. Luiz.
                    Se o perispírito possui órgãos similares ao corpo, sendo o Organizador e Coordenador Biológico, o que acontece no Perispírito dos transplantados? E os órgãos artificiais, como se encaixam na estrutura perispiritica? E a ligação célula-a-célula?
                   Todos esses questionamentos ficam sem resposta, ainda mais quando consideramos que temos muito a evoluir nesse campo. O que acontecerá ao Períspirito quando os órgãos desenvolvidos em animais puderem ser transplantados? E quando sintetizarmos elementos organicos em laboratório?
                   São esses desafios colocados pela ciência que pretendemos enfrentar com um reposicionamento e a atualização da teoria do Perispírito que apresentaremos a seguir no intuito de iniciar o debate sobre o tema.

Uma nova teoria Perispiritual

                    
                    Pretendemos iniciar um debate sobre o papel do Perispírito frente a modernidade e propor, através de um modelo, uma teoria do Perispírito, seu papel e funções tanto espirituais quanto organicas.
                    Para tanto é essencial voltarmos aos fatos: o Perispírito é o corpo do Espírito em seu estado errante. Isso nos é provado pelas materializações, pelos videntes e pelas comunicações dos Espíritos. Além disso, manifestações anímicas comprovam sua existencia também nos encarnados e que o mesmo possui a mesma forma e aparencia do corpo. Portanto, o Perispírito como o corpo/entidade existe, tem a forma humana, se locomove, se alimenta, respira e se comunica.
                    Partindo da observação de sua existencia e dos conhecimentos científicos atuais, passaremos agora a discutir um novo conceito de Perispírito nos itens: Definição, Constituição, Propriedades e Papel na vida materiala e espiritual, como fizemos com os autores analisados anteriormente.
  • Definição: Corpo do Espírito, de estrutura material, composição e estado diferenciado ao atualmente registrável e/ ou conhecido. Ligação energética entre o Espírito (pensante) e o corpo (atuante). O Perispírito é a cópia do corpo humano, mudando de forma de planeta a planeta e de aparencia a cada reencarnação.
  • Constituicão: Matéria ainda em estado desconhecido, porém sujeita a ação inteligente do Espírito e com capacidade de alterar seu estado natural de forma a tornar-se registrável aos nossos instrumentos (vide fenômenos físicos, ectoplasmias, raps, etc).
  • Propriedades: Em seu estado natural, responde a ação intencional do elemento inteligente (Espírito) que tal como imã, aglutina e mantém sua estabilidade. Como analogia, teríamos o Espírito como foco de atração, tendo ao seu redor a aglutinação da matéria perispírita, formando o complexo, Espírito/Perispírito, a emanar irradiações energéticas, conforme os estados emocionais do Espírito. Portanto o Perispírito como corpo, ente, só existe ligado/aglutinado ao Espírito, não possuindo existência independente.
  • Papel: O Perispírito tem atuação muito sutil na economia corporal pois o corpo humano é autonomo em suas funções básicas. Como transmissor das sensações e vontades do Espírito o Perispírito atua principalmente através do Sistema Nervoso Central, cabendo ao cérebro transformar esses impulsos energéticos em comandos reconhecíveis pelo resto do organismo. Sendo um corpo energético, ele também influência o resto do corpo, qual um campo de forças interagindo com as células e tecidos, porém sem comandar diretamente seus movimentos e ações.
  • Papel Espiritual/Fenomenológico: Propomos a manutenção da proposta de Allan Kardec acima referida.
  • Considerações Finais: Ao encararmos o corpo humano como auto-suficiente não entendemos isso como um recrudescimento do materialismo, visto que Espírito e Matéria participam da obra da criação cabendo a cada um papel específico na mesma. Ao Espírito cabe a inteligência, o sentimento, a decisão de como utilizar-se dos recursos colocados a sua disposição pela matéria e a vida biológica. Ao sentir, pensar e atuar, o Espírito através do Perispírito exerce sua vontade pelo comando das funções cerebrais superiores, expressando-se plenamente, como organismo vibrátil, vivo, através da interação energética com cada célula do corpo. No Complexo Espírito/Perispírito temos armazenada a evolução infinita, vivenciada e registrada dentre os múltiplos períodos errantes e encarnados. Ao corpo cabe a manutenção da história e o registro da evolução biológica, ligada as particularidades de cada planeta. Cabe a ele manter a estrutura, o meio que será utilizado pelo Espírito na sua busca constante por crescimento. 
                    Esperamos que esse trabalho sirva de contribuição ao estudo do tema como alerta para a necessidade de acompanharmos a evolução científica, sob pena de continuarmos repetindo como verdade absoluta teorias sem conexão com a realidade. Ao mesmo tempo, devemos encarar o Espiritismo como uma contribuição adicional ao conhecimento humano e não esperamos dele respostas para todos as nuances e detalhes da vida.
  

     

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