O GRANDE PROBLEMA DA TRANSEXUALIDADE
O grande problema da transexualidade não é,
irônica e tragicamente, a própria transexualidade e menos ainda, o ser
transexual.
Somos nós, os chamados Cisgêneros, o grande
problema! Aqueles que são a maioria da Humanidade e, em sua grande parte, vivem
e exercitam uma visão maniqueísta, binária e excludente. Vivemos no terceiro milênio; mas nossa visão
de mundo se encontra há dois séculos passados.
Olvidando que o universo é o maior exemplo
de diversidade e de diferenças infinitas, ainda não conseguimos aceitar
plenamente aquele que não se nos apresenta, à nossa própria imagem e
semelhança. Aceitamos somente o espelho.
Talvez, muitas vezes, rejeitemos o
diferente porque tendemos ao seguro e ao estabelecido, que não nos impele a
questionamentos e crises conscienciais.
Mas, lentamente, a sociedade vem mudando. Os chamados invisíveis clamam por seu lugar
no mundo, por respeito, por acolhimento e por cidadania. Com seus direitos e
deveres.
Querem ser vistos e ouvidos... E nós,
enquanto sociedade, não mais podemos negá-los e devemos escutar seus anseios e
medos.
É bem verdade que, ao se fazerem notar,
algumas vezes, fazem tremer os alicerces de nossa sociedade, gerando situações
ainda não esclarecidas e, menos ainda, resolvidas. Somente com o tempo e o
avanço do conhecimento é que poderemos melhor compreendê-las.
As questões de trabalho, de atendimento à
saúde, de participação nos esportes e até de uso de sanitários. Onde situar o transexual? Estes são muitos
dos questionamentos dos Cisgeneros.
Afinal, a mulher trans (um indivíduo
nascido biologicamente homem, mas que se identifica com o gênero feminino)
deverá disputar esportes com mulheres cis? Se presidiária, deve cumprir pena em
uma penitenciária feminina ou masculina? Deve utilizar o sanitário feminino ou
masculino? Os mesmos questionamentos
surgem com o homem trans (indivíduo nascido biologicamente mulher, mas que se
identifica com o gênero masculino).
Divergências e até processos tem ocorrido
em razão disto, conflitos entre Cis e Trans.
É chegado o momento de realmente enxergarmos
o Transexual. Nos atemos a seu sexo biológico,
o que não é a sua essência. É
simplesmente um Espírito que se sente Homem ou Mulher, independentemente do seu
corpo. Essa é a questão. Não podemos mais os ver como um homem que
quer ser mulher, porque ele é uma mulher, ainda que num corpo masculino.
E não podemos os ver como uma mulher que
quer ser homem, porque ele é um homem, ainda que num corpo feminino.
É como o Espírito se vê e sente-se. E
devemos respeitar quem são e como se veem. Precisamos ver além... além da pele,
além do corpo.... A ALMA!
Ao fazermos isto, conseguiremos acolhe-los
e respeita-los. Muito mais que as lutas
que vivem para adequar o seu corpo ao seu Espírito, os sofrimentos imensos que
suportam são decorrentes de nosso comportamento enquanto sociedade. Da forma com que os tratamos: negando ,
rejeitando, maltratando, agredindo e até matando! Trata-se de garantir-lhes os
tão discutidos Direitos Humanos.
E quem melhor do que nós, espíritas, que
compreendemos as múltiplas existências em diferentes vivencias, para estender
os braços e com imenso carinho no olhar, acolhê-los?
Finalizando, para quem desejar, vale a pena
ler os “Princípios de Yogyakarta”, dos quais o Brasil é signatário. Foi publicado em novembro de 2016, como
resultado de uma reunião internacional de grupos de direitos humanos realizado
na cidade de Yogyakarta, na Indonésia. Contêm
um conjunto de preceitos destinados a aplicar os padrões da Lei Internacional
de Direitos Humanos ao tratar de situações de violação destes direitos referentes à orientação sexual e identidade de gênero.
Estes princípios foram complementados e ampliados em 2017, para
incluir mais formas de Expressão de Gênero e características sexuais, além de vários novos princípios.
Nota: Artigo
originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.
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Internacional
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