domingo, 5 de julho de 2015

Livro Novo Pensar sobre Deus, Homem e o Mundo - por Jaci Régis

NOVO PENSAR SOBRE
DEUS, H0MEM E O MUNDO


Um novo pensar sobre Deus começará por deixar de lado o Deus Jeová, as afirmativas bíblicas e, de modo geral, as teorias  que fazem dele uma pessoa.
As palavras do louco de Nietzsche sobre a morte de Deus não devem ser tomadas como blasfêmia mas como a exclamação maior da decepção com o amor de Deus.
O Deus que Nietzsche matou é esse criado à semelhança das pessoas e cultuado, imposto pelas teologias de todos os tempos.
Isso não significa  a completa e satisfatória resolução da questão divina. Nem elimina a crença em Deus.


O que colocar em nossa mente a respeito de Deus. em substituição ao modelo rejeitado? É difícil fugir da realidade sensorial. Quando pensamos criamos imagens. Atendendo a essa necessidade do ser humano, todas as crenças criaram imagens concretas dos entes invisíveis.
Pensamos em Deus como “alguém”. Mas um “alguém” transcendendo o  delineamento corporal que nos dá o sentido das coisas. Deus continua invisível. O silêncio é a resposta das preces e imprecações. Há até um ditado “uma imagem vale mais do que mil palavras”. Daí a dificuldade de pensar num Deus sem face, sem corpo, sem imagem.
Mas Deus é o que é, não o que queremos que seja.
Isso nos autoriza a pensar em Deus sem imagem, limitações e sem ser uma pessoa.
O que seria então?
Não temos como saber, atualmente.
Todavia, a sua presença se faz na visão macro da vida, no encaminhamento através do tempo, que resulta invariavelmente no benefício da pessoa. Tudo começa no nível microscópico  num desenrolar dinâmico, atemporal dos elementos envolvidos para surgir, depois, um corpo, um animal, um primata, um homem, como conseqüência da seleção das espécies, da sobrevivência dos modelos mais resistentes transmitindo DNA que cria a cadeia genética.
O novo pensar vê nesse extraordinário poder de  desenvolvimento seqüencial dos seres a presença da inteligência divina. Na semente, como no embrião, existem códigos perfeitos que no ambiente adequado produzem a árvore e os frutos, o feto, a criança, a pessoa humana.
Assim como a ciência não sabe como esses fatores começaram a interagir, assim também não sabemos como a inteligência divina intervém para  dotar a natureza de princípios básicos, genéticos, que redundaram no panorama atual da Terra.
Entretanto, o novo pensar sobre Deus refaz o entendimento da relação divina com o ser humano.
Liberta-nos das cadeias de pecado, punição, morte e castigo que definem o Deus Jeová travestido no Deus cristão de amor, misericórdia e justiça.
O crente pergunta, onde está o Deus onipotente que não atua para eliminar o mal, punir os que praticam crimes e não salva e cura livrando-nos da morte?
A decepção provém do que se fala e diz sobre o amor de Deus.
A natureza não é lírica, mas objetiva, eficiente. Todavia não é perfeita. Esse paradoxo  precisa ser entendido:  a imperfeição dentro da perfeição.
Ou seja,  a perfeição absoluta atribuída à divindade comporta a imperfeição dinâmica dos processos evolutivos.
Um novo pensar sobre Deus nos conduz à compreensão de que a dinâmica da vida, em qualquer dos setores em que se manifesta, prima pela criação de  ambientes de oportunidade, seleção e superação.
Podemos questionar porque as coisas são assim. Todavia elas são assim.
O novo pensar sobre Deus pensa que o objetivo da vida é a felicidade.
A inteligência divina proporciona meios para isso, no tempo, através da lei da evolução.
A singularidade individual se envolve no processo para adquirir a sua própria identidade como ser único, imortal, progressivo, atemporal. O novo pensar sobre Deus tenta harmonizar a presença divina com  as necessidades do ser humano, oferecendo um conjunto de leis e sistemas vivenciais que abrem oportunidade de resolução dos problemas.
Dar atributos morais a Deus e sua transformação numa pessoa é fruto da criação da divindade à nossa imagem. Neste modelo não existe espaço para a personalização do Ser Supremo, nem cabe o estabelecimento de atributos, que o humanizariam, porque o paradigma disponível para pensar as virtudes é o humano.
O novo pensar começará por estabelecer que o universo não é estruturado, mas delineado. Seria, metaforicamente talvez, uma projeção da intenção divina, inteligência suprema e causa primária, centro ordenador e controlador, manifestado através da Lei Natural. Porque onde há Lei existe necessariamente controle.
A Lei Divina ou Natural está na base do universo, regulando a vida. Ela exprime a sabedoria divina na condução da humanidade, só apreciada ao longo do tempo.
A Lei divina ou natural, não cogita de julgar, condenar. Ou seja, Lei Natural não é uma lei moral. Ela controla a vida universal estabelecendo uma diretriz positiva que sobrevive e se impõe no aparente caos e nos limites do livre arbítrio.
E a Lei Natural está inscrita no Espírito através do processo evolutivo.
A existência da Lei Natural como centro irradiador do pensamento divino, é fundamental para compreender como o universo pode ser simultaneamente controlador e caótico. Para argumentar sobre essa polarização, poderíamos  aplicar a definição do elétron que pode ser substância e onda, sem alterar a estabilidade universal.
A Lei Natural exprime a sabedoria divina, com mecanismos extremamente competentes, estabelecendo o ritmo e a sucessão dos fatores com o fim de equacionar, no universo energético, tanto quanto no universo inteligente, o princípio do equilíbrio. Atuando através da lei de causa e efeito ou ação e reação, ferramenta de busca do equilíbrio, pela reciprocidade dos fatores.
Reside no campo moral, no campo das inteligências menores que somos nós, nos nossos anseios e esperanças, medos e expectativas, o principal problema.
Quem somos e porque somos. Eis a questão.

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