Aconteceu em
abril último o X Fórum do Livre-Pensar da Baixada Santista. O evento,
organizado por sete entidades espíritas de Santos e região, todos ligados à
CEPA, é realizado anualmente e objetiva colocar em debate temas atuais e, de
certa forma, polêmicos. Os palestrantes, convidados, são instados e falar tendo
como base uma ementa previamente proposta, observando os temas à luz da
doutrina espírita.
Neste ano, a
proposta do evento foi discutir a intolerância, nos aspectos político,
religioso e científico. Foi o que fizeram os convidados, analisando historica e
teoricamente como se apresenta o sectarismo intolerante ao longo dos séculos. Apesar
de não ter havido grandes debates, já que os palestrantes tinham pontos de
vista semelhantes, algumas conclusões interessantes podem ser extraídas do
evento. Vamos a elas.
A conclusão mais
básica é que, uma vez que a tal intolerância aparece sempre que o ser humano
sente-se ameaçado em seu conhecimento, sua posição social ou em suas ideias por
outros, ela existe desde que o homo sapiens surgiu. Mas, de alguma forma,
observamos que esse sentimento se potencializa quando entra em cena uma suposta
ameaça ao patrimônio ou a vontade de apoderar-se do patrimônio alheio. Então, o
motivo aparente é ideológico, mas a base é quase sempre econômica.
Em segundo
lugar, mesmo com os problemas que o sectarismo político trouxe ao mundo, as
piores atrocidades sempre ocorreram (e continuam...) graças à intolerância
religiosa. Por mais paradoxal que isto pareça, é muito fácil justificar a
violência contra o outro jogando a culpa na revelação divina de sua própria
religião.
E nem aquela
disciplina que o senso comum associa à busca incessante pela verdade, doa a
quem doer, escapa. Na ciência, a tendência ao conservadorismo, principalmente
pelo receio de perda do status – e consequentemente do financiamento de
pesquisa – leva fatalmente à desqualificação de qualquer ideia diferente
daquela do paradigma vigente.
O combate à
intolerância só pode ser feito individualmente, porque é totalmente interno.
Por mais que entendamos isso na teoria, a prática é uma luta constante contra
alguns sentimentos obscuros que todos temos em nós. A ética espírita ajuda, mas
a decisão é sempre nossa.
Artigo publicado no Jornal ABERTURA de Santos em Maio de 2015
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