Um texto sem nome
Ciro Pirondi
foto: Palmyra Régis, Regina Celi, Ciro Pirondi, Reinaldo de Lucia, Cláudia Régis e Alexandre Machado no CEAK - Santos
foto: Palmyra Régis, Regina Celi, Ciro Pirondi, Reinaldo de Lucia, Cláudia Régis e Alexandre Machado no CEAK - Santos
Quando
compreendemos a complexidade – simples do Espiritismo, e a dimensão real da
itinerância das existências, sentimos que o mundo nos basta. E o presente, a
eternidade que nos satisfaz.
Não
corremos atrás de um Deus, mesmo que ele exista. Não sofremos pela salvação,
mesmo porque, ela não é necessária.
Como
sopra o espírito dos evangelhos, não nos inquietamos com o dia seguinte, pois o
amanhã se inquietará consigo mesmo. Basta a cada dia seu próprio penar.
No
cotidiano percebemos a razão de André Sponville ser a generosidade uma força e
vitória, porque ficamos mais leves, simples e gentis. Menos tolerantes com as
injustiças, principalmente as coletivas e sociais, como a de Paraisópolis.
Libertando-nos
dos anseios de eternidade e nos satisfazendo com o presente, nos tornamos mais
humanos, mais fortes e doces. Talvez mais eternos.
Não
se trata de dar lição a ninguém, mas ajudar a cada um a ser seu próprio mestre
e seu único juiz.
Aceitar
a distância entre o que sabemos e não sabemos, e termos a sabedoria de nossa
ignorância é a condição básica para aprendizagem. Os que sabem já não
necessitam aprender e os que dizem nada saber negam suas memórias, suas vidas.
Este
breve texto sem nome, fala um pouco dessas minhas inquietudes. Animei-me a
escrevê-lo quando li sobre os Cadernos de
Cultura que Jaci e eu inventamos. Talvez pense em editar um outro, sem
título ou tema, apenas convidando amigos a escreverem sobre suas reflexões.
Afinal
aqui estamos neste belo mundo, em um país temporariamente na escuridão, onde
nenhuma pessoa com bom senso pode se sentir confortável. Talvez só nos reste
resistir, intuir algo novo, acreditarmos na beleza, na leveza e nos poetas,
“antenas da raça”.
Ciro Pirondi é arquiteto e reside
em Mogi das Cruzes
Nota: Artigo
originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.
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digital, totalmente gratuito.
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