quarta-feira, 31 de julho de 2024

E se os homens pudessem engravidar? por Roberto Rufo e Silva

 

E se os homens pudessem engravidar?

 


"Não somos bruxas e a Idade Média já passou faz tempo". (Adriana Pimenta - Jornalista e escritora).

 "Se homens engravidassem, o aborto estaria liberado no Brasil há muito tempo". (Ex-Ministro da Saúde José Gomes Temporão).

             Diferentemente da Bíblia que nasceu de relatos e histórias de alguns homens, a teoria espírita é uma Ciência Filosófica e nasceu da observação racional dos fatos, sendo que Allan Kardec nunca fez o papel de profeta do Espiritismo. O Livro dos Espíritos é uma contribuição do plano espiritual com coordenação de um homem das ciências. Allan Kardec deixou bem claro "que se a ciência  provar  que o Espiritismo está em erro em algum ponto, ele se modificará nesse ponto".                                                 

Quando falamos em ciência há um reducionismo às ciências exatas , esquecidos que as ciências humanas também progridem especialmente nos campos da moral e dos costumes. E o Espiritismo tem o dever de acompanhar essas mudanças evitando o risco de se perpetuar numa única opinião que abrangeria a "certeza absoluta" pelo resto da humanidade.

Tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei (PL) 1.904/2024, que deseja obrigar meninas, adolescentes e mulheres, grávidas vítimas de estupro, proibidas de abortar se a gestação passar de 22 semanas. Caso contrário, poderão cumprir pena de até 20 anos. Já seu estuprador terá pena máxima de 12 anos. Eu penso que não existem mulheres que queiram a princípio realizar um aborto. Não é algo que se sinta feliz.  Mas penso que as mulheres donas de seu corpo têm o direito, ou deveriam  ter, de praticar o aborto. Os homens passam ao largo dessa discussão. Mas são justamente os homens que querem decidir a vida das mulheres. Quanto às religiões, estas sempre foram movidas por uma perseguição sectária às mulheres. 

O assunto aborto é abordado no Livro dos Espíritos de passagem apenas na questão 359 do Livro dos Espíritos, quando os espíritos são indagados quanto ao risco de vida da mãe numa gravidez. Os espíritos respondem que é preferível sacrificar o ser que não existe ao ser que existe. De forma radical o Espiritismo seria contra o aborto em todas as outras circunstâncias, inclusive na gravidez oriunda de um estupro. Por isso no início desse artigo indiquei que o Livro dos Espíritos não sendo uma Bíblia sagrada pode abraçar as modernas conquistas das ciências humanas, notadamente a psicologia. Manter forçosamente uma gravidez fruto de um estupro é uma violência psíquica contra uma mulher (menina , adolescente ou adulta) já violentamente punida pela injustiça sofrida. Se os homens engravidassem jamais admitiriam que outros lhes dissessem o que fazer com o seu corpo. O aborto já estaria legalizado no Brasil. O Projeto de Lei 1.904/2024 não existiria.

As religiões nunca mudam de opinião, pois se baseiam em livros sagrados. Ainda bem que a literatura espírita admite mudanças no campo da moral. Vamos dar liberdade às mulheres. O aborto está relacionado ao livre arbítrio feminino e não a questões morais ou religiosas.

 

P.S. : Dedico este artigo ao meu amigo e grande pensador espírita Eugenio Lara que desencarnou em 07.06.2024.

Artigo publicado no Jornal Abertura de julho de 2024 - veja o jornal completo aqui:

https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/42-jornal-abertura-2024?download=314:jornal-abertura-julho-de-2024


terça-feira, 23 de julho de 2024

Saiu o Jornal Abertura de julho de 2024

Saiu o Abertura de julho de 2024


Esta edição contém:

Lançamento do e-book VII SBPE
Editorial
Eugenio Lara nos deixa em junho de 2024
E se os Homens pudessem engravidar - Roberto Rufo
O Aborto, de novo - Milton Medran
Os Caminhos da Gratidão - Cláudia Régis Machado
Voltando as teorias cosmológicas - Alexandre Cardia Machado
Livraria Virtual
E-books gratuítos - links
Ecos do 24° Congresso da CEPA
A Atuação de Deus no mundo e a Lei de Ação e Reação - Ricardo de Marais Nunes

Baixe aqui:


terça-feira, 16 de julho de 2024

Eugenio Lara nos deixa em junho de 2024 - da redação

 

Eugenio Lara nos deixa em junho de 2024

   Foto - Eugenio Lara

Desencarna Eugenio Lara aos 61 anos.

    Difícil perder um companheiro tão inteligente, um pesquisador de primeira linha, tão cedo, com apenas 61 anos. Eugenio faz parte deste jornal Abertura, desde o primeiro número.

 


Cláudia e eu fomos ao velório, conversei com o seu irmão Vicente Lara, Eugenio teve problemas relacionados com o fígado seguido de anemia muito forte. Aos poucos foi complicando resultando em falência múltipla dos órgãos. Alguns dias antes da desencarnação ele falou ao irmão, já com alguma confusão mental que estava sendo tratado pelos irmãos espirituais. Temos certeza de que sim e ele também tinha.

    Eugenio tem uma relação profunda com o ICKS, este relacionamento é bem anterior à própria criação de nosso instituto. Eugenio era responsável pela diagramação dos jornais Espiritismo e Unificação em seus últimos anos e do sucessor Jornal de Cultura Espírita – Abertura. Onde militou por cerca de 10 anos.



Jornal Abertura-maio de 1998 – Eugenio Lara estava no Conselho de Redação e Diagramação e Composição Gráfica

Transcrevo aqui o que entre tantos outros que o homenagearam no WhatsApp da  CEPABrasil, o que escreveu Ademar Chioro:

” Estou triste e muito mexido com a notícia. Eugenio Lara é um querido amigo, com quem convivi intensamente desde a juventude. Foi um líder desde o movimento de mocidades espíritas. Um intelectual espírita, laico, livre-pensador, humanista (seu livro é uma pérola), progressista Arquiteto de formação, jornalista e designer gráfico por gosto e por competência. Produziu muito, e acho o site PENSE, em coautoria com José  Rodrigues, uma das suas mais importantes contribuições.

FOTO - Eugenio e Ademar participando de um painel no SBPE

Escrevia muito. Polemista. Irônico e provocador. Eu o chamava carinhosamente de o “Massaranduba” do espiritismo.

Parte muito precocemente. Vai fazer uma falta imensa. Na primeira fila será recepcionado por Jaci Regis e José Rodrigues. Parte um apaixonado pelo espiritismo. Um autêntico livre-pensador espírita.

Parte o primeiro dos fundadores e um dos mais ativos membros do CPDoc, ainda que andasse meio sumido nos últimos tempos.

Meu abraço amoroso, Eugenio. Até breve!!”

SBPEs

Eugenio participou de todas as edições do Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita, ele as vezes nem se inscrevia, mas aparecia por lá, adorava uma resenha, ficar próximo ao cafezinho discutindo o espiritismo.

Foto - Eugenio, Ivon Régis, Nazareth e Antonio Ventura em frente à sede do ICKS

Apresentou muitos trabalhos que terminavam em livros publicados ou em formato de ebook.

O ICKS está buscando textos publicados no Abertura e disponibilizando no blog do ICKS - https://icksantos.blogspot.com/; para consultar basta ir a MARCADORES e selecionar Artigos de Eugenio Lara.

Veja abaixo:



Numa das últimas vezes que conversamos pessoalmente, Eugenio disse que sentia falta dos artigos de folego, ou seja, aqueles artigos de duas páginas, as centrais, ainda no tempo do Abertura em papel jornal e formato tradicional.

Bem, esta despedida ocupa duas páginas, uma homenagem a ele, pela sua dedicação ao estudo e pesquisa do espiritismo. Ele era extremamente Kardecista. Vamos sentir muita falta deste nosso amigo.

Alexandre Cardia Machado


Artigo publicado no Jornal ABERTURA de julho de 2024.
Quer ler o jornal completo:



 

 

quarta-feira, 10 de julho de 2024

A AUTONOMIA FRENTE AS DETERMINAÇÕES - por Ricardo de Morais Nunes

 

A AUTONOMIA FRENTE AS DETERMINAÇÕES

A questão da autonomia e da heteronomia, muito discutida no movimento espírita da atualidade, deve ser colocada em justos termos, sob pena de incidirmos em análises simplistas do tema. É certo que Kardec afirma que “sem o livre-arbítrio o homem seria máquina”, porém esse homem livre não é tão livre como parece.

O ser humano está submetido a inúmeros condicionamentos de caráter social, biológico, econômico, ideológico, geográfico, cultural, familiar, enfim a inúmeros fatores que pressionam sua subjetividade, constituindo- lhe o eu, sem que na maioria das vezes tenha percepção desse fato, pois tais fatores, em geral, incidem em nível inconsciente. Se levarmos em conta, ainda, que nossa individualidade espiritual reveste inúmeras personalidades históricas, no tempo e no espaço, tal situação  se agrava.

Porém, é possível que o ser humano adquira consciência das determinações, as constate e as supere, claro que sempre em certa medida, pois há determinações, em tese, insuperáveis.

 Nesse sentido, negar que há uma esfera de liberdade frente as determinações certamente é um exagero que deve ser evitado, pois diferentemente dos animais o ser humano produz cultura e é dotado de perfectibilidade. E na perfectibilidade está a possibilidade do novo, da criação, do inédito.

O espiritismo, portanto, acerta quando afirma a perfectibilidade do espírito humano e o livre-arbítrio. O ser humano não está preso à natureza como os animais irracionais que repetem ao infinito os mesmos padrões de comportamento. Não é o caso de entrar aqui, para as finalidades desse artigo, na tese aceita por muitos estudiosos espíritas, de que um dia o princípio espiritual dos animais também entrará na esfera da liberdade e da consciência.

 Segundo o espiritismo, na medida em que desenvolvermos nossa perfectibilidade, enquanto seres humanos, através das reencarnações sucessivas, iremos ampliando nosso grau de liberdade ante os determinismos mesmo que esse aperfeiçoamento demore eternidades.

 O ser humano, para o espiritismo, portanto, é perfectível. Pode, através do pensamento crítico e do autoexame de si mesmo ir, em certa medida, além das determinações que o fazem pensar e ser de uma determinada maneira. Nesse procedimento reside a real autonomia, como capacidade de governar-se por si mesmo.

 Nas sociedades de todos os tempos a heteronomia, como norma exterior a induzir o comportamento humano, sempre foi muito presente. Desde as sociedades religiosas do passado às sociedades capitalistas de nosso tempo, sempre há aqueles que nos dizem o que pensar, o que fazer, como viver, como agir.

O ser humano autônomo é aquele que consegue dizer um não consciente às influências externas indo ao encontro de si mesmo. É fácil? Claro que não. Primeiro, porque é muito difícil constatarmos os condicionamentos que nos aprisionam muitas vezes de forma inconsciente. Segundo, porque nadar contra a maré das ideias e comportamentos padronizados já produziu o afogamento existencial de muitos. Mas, não há outro jeito, a autonomia é também um fator de libertação e de felicidade pessoal.

Claro que a autonomia pressupõe a responsabilidade pessoal perante o outro, o ser si mesmo autônomo leva em conta essa responsabilidade. Autonomia não é arbitrariedade, não é individualismo, nem egocentrismo, não é fazer o que se quer sem levar em conta os efeitos da ação praticada sobre o outro.

Como disse no início desse artigo o tema autonomia é muito discutido hoje no movimento espírita, o que é muito positivo. Precisamos, porém, ter cuidado para termos uma abordagem madura sobre o tema, sem menosprezarmos a força poderosa das inúmeras determinações que nos fazem agir, frequentemente, conforme o padrão aceito pela maioria.

Na verdade, o comportamento heterônomo da massa é a regra, sendo a autonomia a exceção. A autonomia relativa neste mundo é uma conquista, talvez seja a mais difícil empreitada a ser realizada pelo ser humano.

Ricardo Nunes


 E a autonomia verdadeira se reveste de um caráter prático, que diz respeito à ação no mundo, o que dificulta ainda mais a sua realização. Em geral, o mundo não aceita muito bem as personalidades que afirmam sua autonomia de pensar e agir.

 Este artigo foi publicado no Jornal Abertura de março de 2024, queres ler o jornal Completo?

Baixe aqui: 

https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/42-jornal-abertura-2024?download=293:jornal-abertura-marco-de-2024

O artigo foi publicado no jornal Catalão - FLAMA ESPIRITA 193 em Julho de 2024.

sexta-feira, 5 de julho de 2024

70 anos do Lar Veneranda - por redação

 

70 anos do Lar Veneranda

O ICKS, desde sua criação em 1999 até 2022 esteve ligado umbilicalmente com a Comunidade Espírita Lar Veneranda, que nesta data de 3 de outubro de 1999, transferiu a LICESP ao recém-criado Instituto Cultural Kardecista de Santos. Durante este período a instancia maior do ICKS era o Conselho de Administração do Lar Veneranda.

Como o Lar Veneranda decidiu agilizar a sua gestão, extinguindo o Conselho de Administração, tivemos, o ICKS que emancipar-nos totalmente. Mas temos uma gratidão e uma ligação espiritual com esta casa, que nos abriga. Mantemos uma sala no Lar Veneranda.

Nossa homenagem ao Lar, como podemos dizer é, portanto, de coração e alma.

Não há melhor exemplo de compartilhamento do que o existente entre a CAELV e o ICKS.

Um pouco da história desta instituição importante Espírita da Baixada Santista