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quinta-feira, 28 de março de 2013

Religiões arrecadam 21 bilhões de reais em 2011 - Alexandre Cardia Machado

O jornal Folha de São Paulo publicou no dia 27 de janeiro de 2013 uma pesquisa realizada junto à Receita federal, através da Lei de Acesso à Informação, sobre a arrecadação das religiões e o valor – R$ 21 bilhões – é cerca de 90% do gasto total do Governo Federal com o Bolsa Família, em 2011.


Esta comparação faz sentido porque as igrejas obtêm esta quantia através das contribuições dos fiéis, enquanto o Governo Federal distribui quase o mesmo montante de volta à população de baixa renda.

Estão relacionadas nesta conta a Igreja Católica, as Igrejas protestantes e os Centros Espíritas, entre outras correntes religiosas.

Este ramo de atividade “econômica” está em franca expansão, crescendo, por exemplo, 35% no Nordeste, nos últimos 5 anos, 13% acima do crescimento do PIB nos estados desta região, onde 72,2% da população é Católica. Em todo o Brasil os católicos têm diminuído proporcionalmente e, hoje, representam 64,6% da população brasileira. No entanto, mesmo assim, os Evangélicos crescem a cada ano no Nordeste, já representando 10,8 % da população por lá.

Os três estados com maior arrecadação religiosa, no entanto, estão mais ao Sul: São Paulo, com 10,2 bilhões de Reais; Rio de Janeiro, com 2,39 bilhões de Reais; e Rio Grande do Sul, com 1,29 bilhões, ou seja, os estados mais ricos contribuem mais.

As entidades religiosas, por lei, não são obrigadas a pagar Imposto de Renda, mas precisam apresentar declarações como isentos à Receita Federal. Neste ponto, por nos declaramos laicos e, logo, não religiosos, pagamos um preço, pois caso venhamos a obter lucro pagaríamos Imposto de Renda.

Em outro artigo intitulado Análise – Legislação é despreparada para lidar com religião-negócio, publicado no mesmo jornal, o sociólogo gaúcho Ricardo Mariano, da PUC-RS, se refere ao Kardecismo da seguinte forma: “espera-se que a clientela dos médiuns após receber gratuitamente mensagens, passes e curas, doe alimentos, roupas e dinheiro para obras assistenciais”. Entendemos que a análise é rasa, pois esta forma de contribuição é mínima no conjunto de Centros Espíritas Brasil a fora.

As casas espíritas e dentre elas, nossos Institutos Culturais, em geral, funcionam como um condomínio, onde as despesas são pagas por seus sócios contribuintes e, claro, ações de arrecadação que variam bastante na sua forma de execução, mas em geral são pizzadas, bazares e feiras de livros. Algumas casas se destacam por possuírem Jornais, Livrarias, Editoras, TVs e rádio; claro, neste caso, possuem um negócio.

Não enxergamos o Espiritismo crescendo do mesmo jeito que as Igrejas, na forma de contribuições voluntárias, que existem mas são uma parcela muito pequena do capital que gira nas casas espíritas, onde, como já dissemos, servem apenas de manter a obra de caridade que cada instituição mantém.

Talvez até passe na cabeça de dirigentes espíritas cristãos que valorizam em excesso a fé, que possam pegar carona na necessidade das pessoas de ajudar, impulsionadas pela exacerbação da ajuda pela fé, que traz embutida a garantia da ajuda superior, mas pelo brilhante trabalho de Kardec, fica muito claro que não é ético cobrar pela mediunidade.

Os Grupos Kardecistas laicos seguem o caminho do trabalho, compromisso e compartilhamento de custos. Desta forma, contamos apenas com a receita de seus sócios e do pouco que arrecadam com a venda de assinatura de jornais e de livros, motivados pela vontade de construir um sociedade espiritualista melhor para se viver.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Vamos nos encontrar no XIII SBPE? Por Camila Regis

Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita tem, para mim, significado de encontro. Encontro de ideias e pensamentos, encontro de objetivos, encontro de amigos.



Foto tirada no VII SBPE em 2001 - Cajamar - SP


Criada em família espírita e, consequentemente, no meio espírita, acompanho desde os meus 7 anos este encontro idealizado por meu avô, Jaci Regis, em sua trilha para disseminar o Espiritismo de forma simples e direta, como uma doutrina livre-pensadora.


Das muitas vezes em que participei, recordo-me bastante dos encontros em Cajamar (SP), em um espaço muito amplo, onde além das palestras, estudos e atividades em grupo, havia o tradicional baile, os jantares, além de um espaço agradável para esportes, onde nós jovens da Mocidade Espírita Estudantes da Verdade, na época, nos reunimos em uma das noites para uma roda de conversa em volta da fogueira. A divisão dos quartos também era uma forma de convivência muito boa e, depois dessa interação, a amizade com jovens de outros estados se estreitava e sempre esperávamos o próximo encontro para poder revê-los e curtir aquela atmosfera boa que pairava sobre o SBPE.


Hoje, já adulta, posso ver claramente tudo o que envolve a organização deste encontro já consolidado na cultura espírita. O Simpósio é composto de muito trabalho, planejamento, esforço e doação de uma equipe de pessoas que se dedica para que o evento seja um sucesso, e o grupo do ICKS vem realizando este trabalho de forma impecável. Os parceiros também são fundamentais, desde aquele que doa o pó de café para os lanches tão gostosos, como nossos amigos espíritas que divulgam o SBPE aos quatro ventos. Por isso que Simpósio é encontro. Pessoas com propósitos comuns, ideias afins, vontades idem, que vão ao encontro umas das outras, com vontade de ajudar, colaborar, unir, estudar, discutir, crescer.


Este ano mais um SBPE vem aí, o segundo sem a presença de Jaci que, com certeza, está orgulhoso por ver seu trabalho indo adiante.



Espero, em 2013, encontrar com todos lá!




Camila Regis é jornalista, integrante do ICKS e revisora do Jornal Abertura ,reside em Santos.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Entrevista com Eugenio Lara - “O inimigo não está mais lá fora, está aqui dentro”


Este artigo está sendo publicado no jornal Abertura em duas partes, nas edições de Março e Abril, você blogueiro do ICKS tem a oportunidade de acessar todo o artigo com antecipação.

A presente entrevista foi concedida pelo colaborador do Abertura, Eugenio Lara, em fevereiro deste ano à jornalista Flávia Zanforlim para a revista mensal Ser Espírita, publicada pela Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas (SBEE), de Curitiba-PR. Com o objetivo de servir como fonte e base para uma ampla reportagem sobre a história do Espiritismo no Brasil, são abordados vários temas como o contexto propício em que ele surgiu em terras brasileiras, os fatos importantes ao longo de sua história e as dificuldades encontradas pelos espíritas para conquistarem o respeito, a aceitação social, hoje um fato evidente com o lançamento de filmes, peças teatrais, reportagens e especiais na televisão sobre a filosofia espírita. Leia a seguir, a íntegra da entrevista. Por entendermos que a entrevista provavelmente não será publicada na integra pela SBEE, estamos propiciando ao leitor do Abertura e ao seguidor do blog do ICKS tê-la em primeira mão.

1. Tem alguma opinião do porquê de o Espiritismo ter dado tão certo no Brasil?

O Espiritismo tinha tudo para dar certo na Argentina, o país mais europeu da América Latina. Até hoje observamos, no comportamento dos argentinos, uma influência muito grande da cultura europeia. No entanto, curiosamente, ele inicialmente se desenvolveu com bastante intensidade em Cuba, antes da Revolução Cubana; se disseminou na Argentina e na Venezuela, onde o caráter filosófico e experimental atraiu muitos adeptos e, posteriormente, no Brasil, sob uma feição cristã, religiosa. O contexto por aqui era bastante propício: a partir de 1860 já existia a benzedura, o curandeirismo indígena, as religiões africanas e o catolicismo, fatores bem marcantes no nosso dia-a-dia. O Brasil, apesar de não ter um único santo canonizado, é um dos maiores países católicos do mundo. O caldo cultural místico, religioso, bem cristão mesmo, mas com o espírito aberto a outras manifestações espiritualistas, serviu de substrato para o desenvolvimento do Espiritismo em nosso País. De início, a Doutrina Espírita, como na França, se disseminou na elite, na Corte, em círculos de estudos formados por pessoas cultas, que dominavam o francês, por filhos da elite que tinham condições econômicas de estudar na Europa. Trouxeram de lá os ideais do positivismo, do iluminismo e, também, do Espiritismo.
O Espiritismo, em sua origem, é uma cultura de postura racional, positivista, cartesiana, iluminista e eurocentrista. Enquanto que nossa cultura é toda analógica, gestual, oral. No dizer do grande poeta modernista Oswald de Andrade, o que ocorreu foi uma espécie de antropofagia, isto como metáfora da assimilação transcultural, de uma antropofagia filosófica, doutrinária. Ao tomar contato com nossa cultura religiosa, mística e supersticiosa, o Espiritismo se mesclou, foi “devorado” e assimilado pelo nosso imaginário. O resultado foi a formação de uma religião peculiar, radicalmente distante da matriz kardequiana. No dizer da antropóloga brasileira Sandra Stoll, criamos um “Espiritismo à Brasileira”, conforme os cânones de nossa cultura.
As condições culturais de nosso País foram propícias para o desenvolvimento do Espiritismo, com uma nova cara, nova feição cultural, um novo formato, determinado e adequado à nossa realidade social.

2. Conseguiria listar nomes de personalidades que foram fundamentais no espiritismo no Brasil?

Começo com Afonso Angeli Torteroli, o grande líder dos científicos no século 19, adversário de Bezerra de Menezes, líder dos místicos e outra grande personalidade da história do Espiritismo Brasileiro. Carlos Imbassahy foi o nosso primeiro grande intelectual espírita, seguido por Herculano Pires, Deolindo Amorim, Hernani Guimarães Andrade e, mais recentemente, Jaci Regis. Todas essas personalidades ajudaram a criar o que hoje podemos denominar de cultura espírita ou pensamento espírita, como alternativa e contraponto à religião espírita dominante, criada pela FEB, Chico Xavier e personalidades místico-católicas.

3. Quais momentos considera mais importantes desta história?

Os momentos foram muitos e corremos o risco de deixar de fora muitos fatos importantes para a história do Espiritismo brasileiro. A vitória dos místicos, sob a liderança de Bezerra de Menezes, no século 19, foi o fator de consolidação do Espiritismo religioso e da Federação Espírita Brasileira, que assumiu a hegemonia e a direção política do movimento espírita com o Pacto Áureo, em 1949.
Como reação a esse acordo de cúpula, de lideranças, o chamado Pacto Áureo, Deolindo Amorim fundou o Instituto de Cultura Espírita do Brasil (ICEB) em 1957, iniciativa que inspirou e tem inspirado muitos grupos espíritas por todo o Brasil, preocupados com o desenvolvimento da cultura espírita. Nesse aspecto, deve ser considerada também a fundação da Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas (SBEE), hoje um dos grandes polos de disseminação do pensamento espírita no Paraná e em todo o País, desde os anos 1960.
Cabe lembrar a fundação da USE - União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, em 1947, sob a orientação de Herculano Pires e Edgar Armond, que tornou-se um modelo para o projeto de unificação do Espiritismo brasileiro. Nos anos 1960, também tivemos o aguerrido Movimento Universitário Espírita (MUE), retomado nos anos 1980 com outro formato e sob o nome de Núcleo Espírita Universitário (NEU); nos anos 1970, o projeto Educação Espírita, graças à liderança de Herculano Pires e a criação do COEM - Centro de Orientação e Educação Mediúnica, estruturado pelo pedagogo Ney Albach e o médico psiquiatra Alexandre Sech. Nos anos 1980, a crise entre religiosos e não-religiosos foi um divisor de águas. Nesse período, destaco o Projeto de Espiritização idealizado por Jaci Regis e José Rodrigues, em Santos-SP, através do periódico Espiritismo & Unificação, sucedido pelo jornal de cultura espírita Abertura. Nesta mesma época é importante também mencionar a Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, projeto idealizado pelos gaúchos Maurice Herbert Jones e Salomão Benchaya, dirigentes do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, que edita o conhecido periódico Opinião. Nos anos 1990 tivemos a penetração mais intensa da Confederação Espírita Pan-Americana (CEPA), sob a liderança do venezuelano Jon Aizpúrua e a consolidação de projetos alternativos no movimento espírita, como o Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita, em Santos-SP, de grupos de estudos espíritas, grupos de pesquisa e, no final e virada do milênio, a penetração maciça do Espiritismo na internet e nas redes sociais.

4. Quais as facilidades para a entrada e permanência do Espiritismo no Brasil?

O processo de desenvolvimento e consolidação do Espiritismo no Brasil não foi fácil. Foi longo e tortuoso. No início, os espíritas tiveram que enfrentar a Igreja, a classe médica e até o Estado, que sob influência católica, proibiu durante um certo período o funcionamento de centros espíritas, como combate ao “curandeirismo” e às práticas contrárias aos interesses da Igreja. O Espiritismo era um caso de polícia. Possivelmente, não somente pelo espírito de caridade, mas também como uma maneira de ser aceito socialmente, os espíritas desenvolveram um trabalho assistencial muito pujante e respeitadíssimo pela sociedade. Além do fato de personalidades mediúnicas como Chico Xavier, Divaldo Pereira Franco, Yvonne Pereira, Zíbia Gasparetto, Luiz Gasparetto, dentre outras, terem contribuído com seu trabalho, exemplo e carisma para que o Espiritismo fosse cada vez mais aceito pela sociedade.
Quanto à permanência do Espiritismo, isso dependerá dos próprios espíritas, segundo uma frase atribuída a Léon Denis: “o Espiritismo será aquilo que os homens fizerem dele”. E penso que se o Espiritismo seguir o caminho do esclarecimento cultural, ético, procurando demonstrar suas teses através da experimentação e pesquisa sérias, o futuro do Espiritismo estará garantido. O caminho deverá ser, necessariamente, experimental, cultural, filosófico e profundamente ético. A transformação moral deve se impor, sem a qual, seríamos um movimento estéril e improdutivo.

5. Quais as dificuldades que o Espiritismo passou? O que perdemos com elas?

Assim como qualquer movimento de ideias, que aspira pela cidadania e aceitação social, o Espiritismo vem prosseguindo como um movimento bastante respeitado pela sociedade. Primeiramente, as maiores dificuldades enfrentadas, como citamos, foram com agentes externos: a Igreja, o Estado, a classe médica, a imprensa. Hoje, por ser um movimento consolidado, esses fatores externos não são mais tão marcantes assim. As dificuldades maiores encontram-se nos interstícios do Espiritismo. Ou seja, os próprios espíritas tornaram-se, de modo até inconsciente, os maiores inimigos do Espiritismo. O inimigo não está mais lá fora, está aqui dentro.

6. Como avalia o atual momento do Espiritismo no Brasil? Carecemos de um novo líder?

Vejo com otimismo o desenvolvimento do Espiritismo no Brasil. A intensa aceitação social, estimulada por filmes, peças teatrais e minisséries inspiradas na temática espírita, contribui para que haja a curiosidade, uma certa simpatia prévia em relação à filosofia espírita. Não acho que o Espiritismo precise de um líder, nos moldes religiosos. Chico Xavier era chamado, por muitos não-espíritas, de Papa do Espiritismo. No entanto, ele nunca desejou e nem consolidou algum tipo de liderança ideológica. Mesmo quando Bezerra de Menezes presidiu por duas vezes a Federação Espírita Brasileira, ele não era propriamente um líder como se exige de alguém vinculado a um movimento de ideias como o espírita, pois nosso movimento não é, por exemplo, como a Igreja, hierarquizado, com rituais de iniciação etc. Neste sentido, temos que considerar o caráter anárquico do Espiritismo, desde que surgiu por aqui no século 19. Mesmo com todo o processo de unificação, de tentativa de padronização e hierarquização, o que prevalece mesmo é a autonomia das entidades espíritas. A FEB, a USE ou qualquer outra entidade federativa não possuem o “controle” desejado do movimento espírita. Apesar dos “caciques”, o nosso movimento espírita parece ter mais “índio” do que “cacique”. A feição democrática que o fundador do Espiritismo, Allan Kardec, delineou no Projeto 1868, deveria ser uma referência doutrinária para as lideranças espíritas.

7. Como a homeopatia, maçonaria, religiões africanas e ideologia política progressista liberal podem ter colaborado com o Espiritismo no Brasil?

A história da homeopatia está imbricada com a história do Espiritismo. Os primeiros homeopatas brasileiros eram quase todos espíritas. O passe, muito comum hoje nos centros espíritas brasileiros, surgiu com os homeopatas, especialmente Bento Mure e Vicente Martins, pioneiros da homeopatia no Brasil. O primeiro Prolegômenos, em O Livro dos Espíritos (1857), tinha como um de seus autores Samuel Hahnemann, o fundador da Homeopatia.
O mesmo pode-se dizer da Maçonaria. Muitos líderes espíritas foram maçons. Há quem sustente que Kardec teria sido maçom, como foi Léon Denis. No Brasil, a Maçonaria e o Espiritismo foram parceiros em muitas oportunidades, como na Coligação Nacional Pró-Estado Leigo, com ampla participação dos espíritas, o que resultou na criação da Liga Espírita do Brasil, no Rio de Janeiro.
Sobre a questão da religião africana, não há como ignorar a Umbanda, surgida no movimento espírita carioca, na década de 20 do século passado, num meio kardecista. Pode-se dizer que a Umbanda é uma das filhas bastardas do Espiritismo. Apesar da confusão doutrinária que existe até hoje entre ambos, a Umbanda contribui bastante com a prática mediúnica e o ensino da reencarnação, da imortalidade da alma, da mediunidade, dentre outros princípios doutrinários, por influência determinante do Kardecismo nessa religião sincrética, genuinamente brasileira. A seu modo, contribui para divulgar as ideias espíritas. A Umbanda não deve ser vista como inimiga, mas como aliada. A Umbanda é a filha rejeitada devido ao preconceito social dos espíritas e a influência ainda muito marcante do eurocentrismo no estudo do Espiritismo.
Quanto à questão da “ideologia política progressista liberal”, não sei bem o que vc quer dizer com isso. O que é uma ideologia progressista liberal? É o PSDB, o PL, o antigo PFL, atual DEM? É uma ideologia de direita, antissocialista? Seria o Partido dos Trabalhadores uma nova ideologia progressista, depois do sucesso do governo Lula? São questões ainda em aberto...
O que importa ressaltar é que o Espiritismo não é de direita nem de esquerda: ele é humanista, a favor do ser humano, encarnado ou desencarnado, é partidário da liberdade, da igualdade e da fraternidade. Tem características libertárias, democráticas e socialistas. Como afirmou Allan Kardec na Revista Espírita (julho/agosto 1868), ele até poderia ser visto como um partido político: “A palavra partido, aliás, não implica sempre a ideia de luta, de sentimentos hostis. Não se diz: o partido da paz? o partido das criaturas honestas? O Espiritismo já provou, e provará, que pertence a esta categoria.”

8. Se quiser comentar mais alguma coisa, fique à vontade.

A História do Espiritismo no Brasil precisa ser reescrita de modo crítico e contextualizado para que não fiquemos reféns de ideologias que consideram somente a ação de supostos “vultos do Espiritismo”, quando sabemos que essa história é uma construção coletiva, não depende somente de alguns “grandes vultos”, normalmente eleitos por segmentos sectários e autoritários. O Espiritismo é uma obra aberta, uma construção coletiva, da alçada de nós, seres humanos, os verdadeiros elaboradores da Doutrina Espírita. Como afirmou Kardec: “Numa palavra, o que caracteriza a revelação espírita é o ser divina a sua origem e da iniciativa dos Espíritos, sendo a sua elaboração fruto do trabalho do homem.” (A Gênese, cap. I – grifo meu).

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terça-feira, 14 de abril de 2009

A PERPLEXIDADE DIANTE DOS FATOS por Jaci Regis

A PERPLEXIDADE DIANTE DOS FATOS
Jaci Regis

O panorama social do mundo neste século vinte e um é extremamente confuso, dinâmico, rico e pobre, violento e promissor.
Entretanto, é impossível ficar passivo diante da sucessão dos fatos.
Fatos que se modificam constantemente, que mudam cenários de um dia para a outro.
Isso tem provocado profunda preocupação nos religiosos em geral.
Um espírita escreveu que não fosse a reencarnação, deixaria praticamente de acreditar em Deus, tal a impressão de abandono e impassividade da divindade diante dos fatos.
Para ele, encontrar a culpa nas pessoas, relativamente ao passado, alivia a impassividade divina.
O exame é falho porque a reencarnação não é um instrumento de punição moral, nem o Universo se assenta na perspectiva do pecado e do castigo.
Vemos o papa católico, vestido à moda da Idade Média falando a multidões e à mídia, com idéia da Idade Média, sem que suas palavras causem efeito.
Da mesma forma os evangélicos, principalmente os pentecostais, arregimentam multidões, em shows de fé e arrecadação, mobilizando recursos da mídia eletrônica, sem que se veja qualquer atitude positiva na mudança das coisas, na modificação do ambiente.
N a verdade quem tumultua e muda é o materialismo que é genericamente apontado como o culpado de tudo.
É preciso, porém, definir esse materialismo.
Não se trata de um esquema filosófico, nem uma opção consistente. Esse materialismo representa a insatisfação generalizada, s subversão comportamental relativamente aos parâmetros que se instituíram na sociedade cristã. Talvez seja mais apropriado chama-lo de comportamento oportunista. Como ocorre com certas doenças que afloram devido à queda das defesas do organismo.
Essa insatisfação reflete a falta de perspectiva real, imortal da sociedade nominalmente espiritualista, mas que se envolve deliberadamente no sexualismo, no consumismo e na falta de perspectiva.
Esse materialismo solapou a religião, destruiu a estrutura familiar antiga e precipita a sociedade no jogo perigoso do desejo e do prazer.
Essa análise é mais ou menos unânime nos textos e discursos religiosos. Neles as religiões se escusam de qualquer culpa, pois se mantém como sempre foram.
É mesma coisa que pais que dão péssimos exemplos e quando os filhos se transviam alegam que a culpa é deles, das más companhias, do consumismo, enfim, nada com eles mesmos.
Como compreender a sucessão dos fatos que derrubam antigas ordenações morais
Por que o materialismo é tão sedutor?
Por que a porta da perdição é larga?
Na atual crise econômica o que menos se fala é em ética. Mas fundamentalmente ela decorre da ganância, da esperteza, da deliquencia de colarinho branco que corrompe as estruturas sociais.
Todavia poucas vozes se levantam para apontar essa falha básica, que não apenas do capitalismo, mas de todos os regimes e ideologias.
Tenta-se remendar com trilhões de dólares. A questão ética fica de lado até na crista da crise, quando nos Estados Unidos, foram pagos bônus milionários a executivos, mesmo tendo o dinheiro origem pública.
Seria demais apontar o fracasso das religiões como causa básica do avanço do materialismo?
O que pede a sociedade moderna?
A sociedade moderna olha para o que diz a ciência. A ciência se define como materialista, no sentido de restringir seu campo de atuação, no caso do ser humano, ao corpo.
Aqui, no corpo, estaria a base de tudo. A neurologia pretende responder a todas as perguntas sobre o comportamento através de complicadas explicações das funções cerebrais descartando qualquer natureza espiritual do ser humano.
Então, a religiões – católica, evangélica ou espírita - fazem de conta que nada mudou, que seus fundamentos continuam intactos, que o comportamento humano derivados das necessidades, desejo, desvios, seja do que for, está errado e que o único caminho é retornar aos roteiros por elas estabelecidos.
Todas essas religiões são cristãs. Isto é, estão baseadas no modelo criado pela Igreja nos primórdios da era cristã e que, estão comprovadamente falhos, incapazes de entender a natureza do ser humano e de dar uma diretriz objetiva para sua vida.
Vivem de rituais, de discursos repetitivos.
A verdade é que as religiões em toda a história são movimentos organizados para exercer o poder.
Promovem a fé, mas não a espiritualidade.
Desprovidas do poder real patinam em doutrinações que não questionam a natureza das emoções, medos e insatisfações do ser humano.