Não sou favorável em dar cartaz a religiosos de qualquer tipo em periódicos espíritas . Mas tenho que admitir uma certa inveja em não ter produzido o texto que o Papa Francisco produziu intitulado " Papa manda lições para os atletas do mundial". Ele produziu um material claro, limpo, direto, imparcial e de caráter universal. Um texto belíssimo com um conteúdo magnífico que vai ao encontro do pensamento espírita em todos os sentidos. Leia o texto e comente.
ROBERTO RUFO
"Queridos amigos,
É com grande alegria que me dirijo a vocês todos, amantes do futebol, por ocasião da abertura da Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Quero enviar uma saudação calorosa aos organizadores e participantes; a cada atleta e torcedor, bem como a todos os espectadores que, no estádio ou pela televisão, rádio e internet, acompanham este evento que supera as fronteiras de língua, cultura e nação.
A minha esperança é que, além de festa do esporte, esta Copa do Mundo possa tornar-se a festa da solidariedade entre os povos. Isso supõe, porém, que as competições futebolísticas sejam consideradas por aquilo que no fundo são: um jogo e ao mesmo tempo uma ocasião de diálogo, de compreensão, de enriquecimento humano recíproco. O esporte não é somente uma forma de entretenimento, mas também - e eu diria sobretudo - um instrumento para comunicar valores que promovem o bem da pessoa humana e ajudam na construção de uma sociedade mais pacífica e fraterna. Pensemos na lealdade, na perseverança, na amizade, na partilha, na solidariedade. De fato, são muitos os valores e atitudes fomentados pelo futebol que se revelam importantes não só no campo, mas em todos os aspectos da existência, concretamente na construção da paz. O esporte é escola da paz, ensina-nos a construir a paz.
Nesse sentido, queria sublinhar três lições da prática esportiva, três atitudes essenciais para a causa da paz: a necessidade de “treinar”, o “fair play” e a honra entre os competidores. Em primeiro lugar, o esporte ensina-nos que, para vencer, é preciso treinar. Podemos ver, nesta prática esportiva, uma metáfora da nossa vida. Na vida, é preciso lutar, “treinar”, esforçar-se para obter resultados importantes. O espírito esportivo torna-se, assim, uma imagem dos sacrifícios necessários para crescer nas virtudes que constroem o carácter de uma pessoa. Se, para uma pessoa melhorar, é preciso um “treino” grande e continuado, quanto mais esforço deverá ser investido para alcançar o encontro e a paz entre os indivíduos e entre os povos “melhorados”! É preciso “treinar” tanto…
O futebol pode e deve ser uma escola para a construção de uma “cultura do encontro”, que permita a paz e a harmonia entre os povos. E aqui vem em nossa ajuda uma segunda lição da prática esportiva: aprendamos o que o “fair play” do futebol tem a nos ensinar. Para jogar em equipe é necessário pensar, em primeiro lugar, no bem do grupo, não em si mesmo. Para vencer, é preciso superar o individualismo, o egoísmo, todas as formas de racismo, de intolerância e de instrumentalização da pessoa humana. Não é só no futebol que ser “fominha” constitui um obstáculo para o bom resultado do time; pois, quando somos “fominhas” na vida, ignorando as pessoas que nos rodeiam, toda a sociedade fica prejudicada.
A última lição do esporte proveitosa para a paz é a honra devida entre os competidores. O segredo da vitória, no campo, mas também na vida, está em saber respeitar o companheiro do meu time, mas também o meu adversário. Ninguém vence sozinho, nem no campo, nem na vida! Que ninguém se isole e se sinta excluído! Atenção! Não à segregação, não ao racismo! E, se é verdade que, ao término deste Mundial, somente uma seleção nacional poderá levantar a taça como vencedora, aprendendo as lições que o esporte nos ensina, todos vão sair vencedores, fortalecendo os laços que nos unem.
Queridos amigos, agradeço a oportunidade que me foi dada de lhes dirigir estas palavras neste momento e prometo minhas orações para que não faltem as bênçãos celestiais sobre todos. Possa esta Copa do Mundo transcorrer com toda a serenidade e tranquilidade, sempre no respeito mútuo, na solidariedade e na fraternidade entre homens e mulheres que se reconhecem membros de uma única família. Muito obrigado!"
Texto proveniente da página http://pt.radiovaticana.va/news/2014/06/12/as_3_li%C3%A7%C3%B5es_de_francisco_para_uma_copa_de_solidariedade/bra-806415
do site da Rádio Vaticano