Destacamos
a Entrevista e a Palavra da CEPA – feita por Alexandre Cardia Machado ao
Presidente da CEPA José Arroyo
A Palavra do CEPA - Entrevista de
Alexandre Cardia Machado com José Arroyo - novo presidente do CEPA.
Resolvemos fazer algo diferente nesta
Palavra da CEPA, optamos por entrevistar o novo presidente da CEPA, na conversa
José Arroyo nos disse que gostaria de passar a chamar esta comunicação de “
Desde CEPA”, “Palavra da CEPA” passa um tom muito autoritário.
José Arroyo - Saudações Alexandre,
Primeiramente, obrigado pela oportunidade de responder essas perguntas para
construir uma mensagem que possa ser facilmente lida, estudada e que nos
permita comunicar com clareza o que temos feito ou o que faremos, da CEPA –
Associação Espírita Internacional.
Alexandre – Quais as suas primeiras impressões ao ser presidente da CEPA?
Um coletivo internacional.
José Arroyo – A primeira coisa que posso expressar é que ter
sido escolhido para chefiar os planos da CEPA constitui uma honra e uma
responsabilidade que levamos muito a sério, como tudo o que fazemos por amor e
gratidão ao Espiritismo.
Ouso dizer, sem medo de exagero, que estamos sobre ombros de gigantes.
Mulheres e homens de estatura construíram algo que hoje assume uma forma
diferente, em sintonia com os tempos, com a maturidade das ideias e com os
estilos de interação que nos caracterizam.
Foto com os Ex-presidentes da CEPA
Dante Lopes, Jacira Jacinto, Jon Aizpúrua, o atual presidente de azul José
Arroyo e Alexandre Machado e Cláudia Régis
Um olhar histórico sobre a trajetória, execução e alcance da CEPA durante
estes últimos 78 anos evoca um sentimento de compromisso que nos ativa e
motiva. Mas além do institucional, a visão panorâmica acompanhada de conversas
adequadas com as pessoas que se nutrem do que a CEPA oferece, pode inspirar e
reforçar a vontade de fazer mais. Refiro-me, por exemplo, às pessoas que
confessam ter alcançado uma sensação de liberdade, de respirar amplamente, de
se permitirem pensar e discordar, ao mesmo tempo que conseguem ser ouvidas e
respeitadas, participando em atividades ou aproximando-se da CEPA; em contraste
com grupos onde reinava uma intenção unificadora que neutralizava suas
aspirações, pensamentos ou ideias que poderiam ser interpretadas como erradas
ou incorretas.
Na CEPA, às vezes alcançamos pessoas que, de outra forma, estariam
desinteressadas pelo Espiritismo ou ficariam frustradas com o que ele oferece,
porque o que encontram não atende às suas necessidades de análise, estudos,
debate e diálogo aberto e franco. É claro que o perfil laico, livre-pensador e
humanista do Espiritismo, tal como representado pelo CEPA, não é
necessariamente o que todo espírita procura, mas é isso que nos permite
encontrar aquelas pessoas com ideias semelhantes que precisam vivenciar o Espiritismo
como Kardec provavelmente pretendia que fosse: uma filosofia espírita de
consequências morais, que se alimentava da ciência e que a escutava para
interpretar o mundo e o universo a partir da cosmovisão do Espírito.
Apresentar esta perspectiva, de forma organizada, em diferentes países,
regiões, culturas e línguas, é um desafio em si. Porém, tenho a sorte de contar
com uma equipe de pessoas dignas de admiração e que sabem transformar uma visão
e missão em ação. Isso nos encoraja imensamente e também percebemos
solidariedade e apoio sincero, honesto e transparente.
Alexandre – Quais inovações você pensa em implementar?
José Arroyo – Para já estamos a rever todo o maravilhoso
trabalho herdado e a familiarizar os novos membros das diferentes equipas ou
comissões com o que foi feito e precisamos de manter. É verdade que também
temos trabalhado para identificar algumas atividades ou iniciativas que
poderiam ser realizadas de uma forma diferente e que oportunamente informaremos
ao mundo inteiro.
Também utilizaremos as redes sociais, páginas ou canais da CEPA para poder
divulgar o que fazemos, o que somos e o que não somos e não fazemos, de forma
dinâmica, respeitosa, ampla e divertida. Isto nos permitirá servir nossas
organizações afiliadas como um “Hub” ou espaço central a partir do qual, se
alguém nos perguntar sobre grupos, reuniões, cursos ou workshops em seu país ou
região, poderemos orientá-los a se comunicarem com um de nossos grupos
Cepeanos. Por outro lado, é importante divulgar conteúdos Cepeanos atuais sobre
o Espiritismo. Portanto, esta será a cola que unirá as nossas atividades de
comunicação.
Alexandre – Após 3 meses de mandato é possível identificar as
dificuldades e com base nisso traçar planos de trabalho?
José Arroyo - Estes últimos 3 meses, que se reduzem a 2 meses
devido à nossa convalescença com COVID no final da celebração do maravilhoso
24º Congresso que tivemos em Porto Rico, foram para traçar estratégias e
planos, recrutar pessoas e identificar ou mover recursos.
É inegável que uma organização com alcance internacional tem desafios únicos
ou singulares. Alguns desses desafios incluem:
- Comunicar de forma eficaz tudo o que acontece no mundo da CEPA, que conta
com contribuições de várias regiões do mundo.
- Divulgar as iniciativas que podemos desenvolver para apoiar as regiões e
grupos, coletivos ou indivíduos da CEPA, permitindo-nos levar uma mensagem
coerente em vários idiomas e superando limitações culturais.
- Quando se justificar e houver consenso maioritário, exprimirmo-nos com
prudência e sensibilidade relativamente à linha ténue que por vezes separa o
apoio aos Direitos Humanos do compromisso dos indivíduos com políticas/líderes
ou pseudo líderes partidários, que polarizam estratégica e maquiavelicamente,
sem cair nas redes da intolerância.
- O CEPA tem um perfil altruísta, como toda organização espírita deveria
ter, mas os recursos financeiros estão em situação desigual em relação a tudo o
que gostaríamos de fazer. Portanto, faremos o melhor que pudermos administrando
as arrecadações ou doações recebidas com sabedoria, respeito e sucesso.
- Temos recursos humanos de altíssima qualidade e um sentido de compromisso
com os nossos ideais que é evidente. Constatei que na CEPA não falta boa
vontade, trabalho constante em cada região e criatividade para continuar
desenvolvendo uma projeção atual, contemporânea e atual do Espiritismo para a
sociedade em geral. Mas precisamos de mais mãos voluntárias, digitalmente
qualificadas e atualizadas no uso da tecnologia para promover os nossos
objetivos.
Como mencionei, estes são alguns desafios que temos pela frente e já existem
ações em torno deles, que serão consolidadas e observadas ao longo dos próximos
meses. Caminharemos devagar, mas com segurança. Daremos passos ágeis, mas
sólidos. Não hesitaremos em aprender com os nossos erros e ouvir a voz amiga.
Além disso, essa gestão administrativa estará sempre aberta à voz e à
inspiração dos Bons Espíritos, que sem dúvida sempre estiveram presentes.
Alexandre – Qual a mensagem otimista que o senhor quer passar aos
espíritas livres?
José Arroyo – De norte a sul e de leste a oeste, sem falar de
países ou grupos específicos e deixando de mencionar alguém, sentimo-nos
acompanhados, apoiados e com grandes expectativas de liderar este grande grupo
de pessoas e grupos empenhados.
Recebemos muitas lições boas da nossa ex-presidente Jacira Jacinto da Silva,
então tínhamos um bom modelo a seguir. Também nos sentimos acompanhados pelos
ex-presidentes da CEPA e isso é vital para nós.
Se eu encerrasse esta entrevista com uma mensagem otimista aos
livres-pensadores que nos leem, seria essa: Não se escreveu a última palavra
sobre o Espiritismo, mas apenas as primeiras. Agora, no alvorecer do século
XXI, temos uma responsabilidade para com as próximas gerações de buscadores da
verdade, de caminhantes espirituais, de espíritas insatisfeitos com os
movimentos religiosos, de espíritas que raciocinam e questionam suposições, e
para com todas as pessoas que não sabem que elas existem. um grupo alteritário,
inclusivo, humanista e progressista com uma visão secular em relação às ideias
espiritualistas.
Temos convicção de que o Espiritismo é de Kardec e nossa referência primeira
é Kardec, apresentando suas ideias, preocupações e propostas à luz da
contemporaneidade; Sabemos que podemos, sem medo ou timidez, observar Jesus
como modelo de mediunidade e psiquismo equilibrado pela compaixão e
solidariedade de quem vive o que prega; Reconhecemos que é um dever com
honestidade, ética e verticalidade olhar para a sociedade atual, para além dos
fatores económicos, políticos ou culturais, para lhes oferecer uma vida
alternativa transbordante de espiritualidade, cheia de amor e sólida nos seus
princípios. Para muitas pessoas, outros podem ser os caminhos que atendem a
essas expectativas, para nós esse caminho se chama Espiritismo, sem sobrenomes,
e faremos o possível para comunicá-lo, expressá-lo e exemplificá-lo.
Essa é a nossa proposta como coletivo, da CEPA, e é também a minha proposta
como indivíduo, que assim como você, sou Espírito Espírita.
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