Outro dia
conversando com um amigo e assinante de nosso jornal, ele me comentava “nossa,
como o Abertura ficou político, depois que você assumiu a redação do jornal!”
bem, rebati que esta sempre havia sido a conduta do Abertura e que Jaci Régis
não deixava passar questões de política que afetassem a todos os brasileiros.
Ele sempre buscava dar um enfoque espírita aos fatos, o que normalmente recaía
na questão moral.
Meu
interlocutor não se deu por satisfeito e reafirmou, “Não. Está mais acalorado!”
no que lhe respondi, é que a discussão política está mesmo mais acalorada, em
todos os círculos de relacionamento, mas que nosso jornal abre espaço para
todos que tratem do assunto, sob a ótica espírita, está no DNA do jornal que,
como já afirmamos antes, nasceu na onda da “abertura política” no período final
da ditadura militar.
Resolvi,
pesquisar e tomei como base as últimas 12 edições do jornal e comparei com as
últimas 12 publicações feitas por Régis. O placar foi 18 x 10, ou seja,
realmente estamos dando mais importância às questões políticas seis anos depois,
contra fatos não há argumentos. Mas qual o porquê disto é que importa?
Creio que a
resposta passa pela mudança que o país sofreu nestes 5 a 6 anos, saímos da “marolinha”
e entramos num “tsunami” econômico,
evidentemente que num ambiente deste questões econômicas, políticas e
eleitorais ficaram mais acirradas. Nestes seis anos passamos pelo julgamento do
mensalão e mais recentemente atingiu a todos a Lava Jato, como exemplo de uma
série de operações em andamento pela Polícia Federal. Culminou com a conclusão
do Impeachment da Presidente Dilma Rousseff às 13:35 horas do dia 31 de agosto.
Esta é a
função de um jornal, interagir com a sociedade, mantendo-se afastado do
partidarismo, como deve ser um jornal independente, buscamos ter credibilidade
naquilo que é editoriado no jornal, claro que um redator tem pensamento
próprio, mas tem o dever de moderá-lo abrindo o espaço ao diálogo, como deve
ser a característica do “Homem de Bem” como bem nos ensinaram Kardec e os
espíritos que lhe responderam para a elaboração do Livro dos Espíritos.
Kardec, ao
tratar das perfeições morais acrescenta uma importante contribuição que cabe
bem ao momento, que de certa forma explica a luta pelo quê cada um acredita, e
que muitas vezes não paramos para pensar no que realmente nos motiva:
“ O homem deseja ser feliz e natural é o
sentimento que dá orígem a esse desejo. Por
isso é que trabalha incessantemente para melhorar a sua posição na
Terra, que pesquisa as causas de seus males, para remediá-los. Quando
compreender bem que no egoísmo reside uma dessas causas, a que gera o orgulho,
a ambição, a cupidez, a inveja, o ódio, o ciúme, que cada momento o magoam, a
que perturba todas as relações socias, provoca dissensões, aniqulia a
confiança, a que o obriga a se manter constantemente na defensiva contra o seu
vizinho, enfim a que do amigo faz inimigo, ele compreenderá também que esse
vício é incompatível com a sua felicidadee, podemos mesmo acrescentar, com a
sua própria segurança.”
No período
mais calmo que vivíamos há 6 anos, contávamos com a presença física de Jaci
Régis que produzía combativos editoriais contra os desvios do movimento
espírita religioso. Nosso grupo de articulistas não tem buscado esta
confrontação, pois se foca mais no rumo que tomamos enquanto sociedade e como
espíritas livre-pensadores. É nossa função discutir aspectos da vida social que
a tantos afeta.
Por isso uma força nos leva a escrever, por isso uma força nos leva a
tratar mais de política, por isso
uma força estranha nos mobiliza, por
isso é que escrevemos, mas é também por isso que, mesmo tratando disso, deste tereno árido,
buscamos manter a harmonia, pois todos nós pensamos de maneira diferente, como articulistas temos posições distintas. Por isso é que mostramos várias
abordagens.
Por isso que completo este artigo publicando a letra da
música de Caetano Veloso, que certamente não tem a mesma visão de mundo que eu,
mas que busca pelo caminho da poesia atingir o coração de todos nós, por isso é que todos nós
buscamos o Sol sobre a estrada.
- · Eu vi um menino correndo /Eu vi o tempo brincando ao redor /Do caminho daquele menino /
- · Eu pus os meus pés no riacho /E acho que nunca os tirei /O sol ainda brilha na estrada e eu nunca passei
- · Eu vi a mulher preparando outra pessoa / O tempo parou pra eu olhar para aquela barriga / A vida é amiga da arte / É a parte que o sol me ensinou /O sol que atravessa essa estrada que nunca passou
- · Por isso uma força me leva a cantar /Por isso essa força estranha /Por isso é que eu canto, não posso parar /Por isso essa voz tamanha
- · Eu vi muitos cabelos brancos na fronte do artista / O tempo não para e no entanto ele nunca envelhece /Aquele que conhece o jogo, do fogo das coisas que são / É o sol, é a estrada, é o tempo, é o pé e é o chão
- · Eu vi muitos homens brigando, ouvi seus gritos / Estive no fundo de cada vontade encoberta /E a coisa mais certa de todas as coisas /Não vale um caminho sob o sol / E o sol sobre a estrada, é o sol sobre a estrada, é o sol
É isso, e por isso que escrevemos.
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