A lição Trump
Até alguns
meses atrás costumávamos pensar que países mais desenvolvidos tivessem
instituições tradicionais, regras mais estáveis e, que grandes variações em
suas políticas internas, ou externas, não ocorressem facilmente. Isto seria
coisa de democracias mais recentes, como as do terceiro mundo.
Parece que
o novo presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, quer mudar esta
história, esta tradição. Trump, apoiado em uma proposta extremamente
nacionalista que o levou ao poder, vai testar os limites das relações
internacionais. Demonstra estar disposto a implantar, e rapidamente, sua
plataforma de campanha.
Trump
acredita que possa desfazer as engrenagens da globalização, sendo o mais
curioso nisso tudo, que justamente os EUA eram, até o momento, seus maiores
impulsionadores.
Será
possível que ele obtenha o sucesso pretendido? Acreditamos que não, mas que
essas ações gerarão conflitos comerciais, atritos em áreas que estavam
estabilizadas e uma grande inquietação no mundo todo, não há dúvidas.
Até a que
ponto isto irá afetar cada um de nós? Muito difícil prever, mas acende ainda
mais o alarme de que o nosso voto é um bem importante e de maior valor em uma
democracia. Trump foi eleito, não pela maioria dos eleitores, pois o processo
americano não é baseado no voto direto, mas assim mesmo legitimado pela
constituição americana e praticado há mais de 200 anos. Portanto, nunca pensem
que seu voto não vale nada, pois vale sim. Se não votarmos no que nos parece o
melhor, ou o que menos problemas poderá gerar, um pior ainda será eleito.
Desde a definição
de sua vitória as reações já começaram a acontecer, passeatas, movimento à
favor da mulher e outros, nos EUA, mas logo após a sua posse, Trump demonstra que vai mesmo fazer o
possível para que sua plataforma seja implementada e rapidamente. Acabando com
a ilusão de alguns, de que muito de sua campanha era apenas retórica.
O certo é
que os EUA serão uma pedra no sapato, para todos os países, nos próximos 4
anos. Nada que já não sejam hoje a China ou a Rússia. A diferença é que os EUA possui
a maior máquina de guerra do planeta. Se olharmos para a história, veremos que
este detalhe é um trunfo importante. O Presidente J.W. Bush desafiou o mundo
todo, o Conselho de Segurança da ONU e invadiu o Iraque, sabemos bem que se os
EUA decidirem agir, nada os pode impedir.
O
Espiritismo propõe a existência de um mundo aberto, onde o direito à liberdade
seja uma premissa central, consideramos como uma lei Natural. Claro que não há
liberdade plena em lugar algum, outro que não seja em pensamento. Temos países,
fronteiras, cercas, regras, religiões e sistemas políticos que nos impingem
barreiras.
As Trincheiras de Trump:
·
Não
à imigração clandestina ou indesejada:
o
Determinou
o início da construção do muro entre os EUA e o México, quer que o México pague
a conta;
·
Empregos
para os americanos:
o
Pressiona
a Ford a não construir uma nova fábrica de motores no México, ameaçando
sobretaxar estes motores em 60% na importação aos EUA;
·
Alianças
estratégicas em cheque:
o
Assinou
uma “Executive Order -EO” ( Uma espécie de Medida Provisória) cancelando a
Aliança de Livre-comérico do Pacífico;
·
Não
será o Xerife do planeta de graça:
o
Trump
espera que países aliados invistam mais em defesa, aliviando a conta paga hoje
pelos EUA;
·
Não
receber muçulmanos refugiados:
o
No
dia 27 de Janeiro, Trump assinou uma “Executive Order”, proibindo a entrada de
cidadãos provenientes de 7 países árabes ( Síria, Iêmen, Sudão, Somália,
Iraque, irã e Líbia) por 90 dias. Vários juízes Federais emitiram efeito
suspensivo em alguns aspectos do EO. Esta iniciativa levou várias lideranças
políticas mundias a reagir, pois não existe uma justificativa diplomática para
exclusão de pessoas, apenas por terem nascido em um determinado país.
Estas ações
lembram países ditatoriais, não de uma páis que se auto denomina – líder do
mundo livre.
Entramos em
um novo capítulo de nossa história contemporânea, só o tempo dirá como sairemos
da era Trump. Pelo menos em um país como os EUA, o juduciário é livre e as
ações do presidente podem ser barradas no Congresso, que mesmo tendo maioria
Republicana, partido do presidente, pode contestar alguns de seus atos, pois
comprometem ideais democráticos e republicanos do país.
Artigo publicado no Jornal Abertura em Janeiro/Fevereiro de 2017.
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