domingo, 1 de outubro de 2017

O Valor de Uma Biblioteca Espírita - redação Jornal Abertura

Fazendo a Diferença: O Valor de Uma Biblioteca

Estamos em tempos novos, onde tudo ou quase tudo é digital, as pessoas não querem mais ter bibliotecas e descartam com facilidade os livros que leram. É compreensível, não que todos sejam iguais, mas aqueles que guardam seus livros muitas vezes são chamados de acumuladores.
Mas não foi sempre assim e bibliotecas, tem sim, um papel importante na história do conhecimento humano e em sua universalização.

Com toda a modernidade, computadores,  “smartphones” e “tablets”, a velocidade de aceso a conteúdo livre é enorme, não resta nenhuma dúvida que isto é incrível e que facilita em muito a nossa vida, no entanto, ainda há espaço para o conhecimento impresso. Podemos citar vários exemplos práticos, mesmo em instalações super modernas como plantas de geração de energia, ou centrais nucleares, é impressindível ter os documentos críticos impressos, para os casos de emergência, como falta de energia ou ataque cibernético. Num momento destes os desenhos impressos são os mais indicados.

Na história, principalmente nos séculos XIV e XV quando a civilização européia, pelo contato com os árabes que a estavam invadindo pela península hibérica ou pelos balcãs, puderam voltar a entrar em contato com obras originais gregas, que eram mantidas fora do alcance dos pensadores europeus pela centralização do conhecimento pela Igreja Católica. Ao serem traduzidas, causaram a segunda grande revolução do conhecimento humano, o renascimento. A primeira foi sem dúvida o desenvolvimento da escrita que nos tirou da pré-história. Este conhecimento de obras dadas como perdidas de grandes filósofos gregos, só foi possível pela existência da grande biblioteca de Alexandria, no Egito e por outras menores espalhadas por seus sudanatos.

A importância dada ao conhecimento no oriente contrastava com o que ocorria na Europa no mesmo período, pensar sobre isto hoje, nos demonstra que o livre-pensamento é importantíssimo e que a religião como forma de opressão do pensamento é também capaz de produzir uma inversão cultural entre ocidente o oriente, hoje na área dominada pelo Islã, em muitos países, livros são queimados, por serem considerados impúros, tremenda ironia.

Biblioteca da Cidade do Nova Iorque


É verdade que quase ninguém quer ter, nos dias de hoje enciclopédias, pois a velocidade do crescimento do conhecimento, torna uma obra destas obsoleta muito rapidamente. Para aqueles que cresceram ao lado delas e que gostavam de ler, ou pesquisar nas enciclopédias, sabem bem como era legal descobrir as coisas, ficar maravilhado. Isto, é verdade, não acabou, podemos fazer isto usando os navegadores da internet, apenas precisamos tomar o devido cuidado de verificar as fontes pois dizem que 50% do que está publicado na web é de conteúdo duvidoso.

O mesmo acontece com jornais e revistas que sofrem ao competir com o conteúdo “online”. Nosso jornal necessita buscar o tempo todo por novos leitores, para se manter viável, sites de grandes jornais limitam o acesso ao seu conteúdo online como forma de buscar mais assinantes, ou alguma forma de compensação. Agora qualidade tem preço, bons conteúdos, científicos, para serem acionados é preciso que as pessoas se inscrevam e paguem por isto. As bibliotecas virtuais, profissionais, custam muito dinheiro, pois precisam funcionar 24 horas por dia, 7 dias por semana, com velocidade de busca, ocupando grandes espaços virtuais, que custam dinheiro.

A elaboração de trabalhos científicos, obriga a leitura e referência de artigos confiáveis, recentes, isto seria impossível, nos dias de hoje, se eles não fossem de acesso virtual, no entanto grandes cidades como Nova Iorque, Paris ou São Paulo, possuem grandes bibliotecas reais, com acervos e coleções importantes de livros originais, registros históricos importantíssimos e que não puderam ser digitalizados.

Institutos como o Instituto Cultural Kardecista de Santos, por exemplo, possuem acervo de trabalhos e obras produzidas por seus sócios, bem como uma pequena biblioteca espírita e de assuntos correlatos, para suas pesquisas, possuímos também o acervo completo dos jornais publicados pelos periódicos espíritas Espiritismo e Unificação e Abertura. Pequisadores podem acessar com hora marcada, bastando entrar em contato pelo email do ICKS. Mesmo entre nós, muitos se perguntam, mas por que guardar tudo isto?

A resposta é simples, para que não cometamos os mesmos erros do passado, para manter acesa a chama da busca permanente do conhecimento e do desenvolvimento do livre-pensar.

Artigos importantes de nosso jornal, são publicaos em nosso blog, assim em qualquer lugar do planeta, podem ser lidos, mas não temos recursos suficientes para digitalizar tudo, de uma forma que permita uma consulta por palavras como por exemplo podemos fazer no “google”, mas quem sabe, não possamos um dia vir a ter isto também. Quem sabe usando resumos dos textos que sim poderiam ser encontrados por navegadores e desta forma asceder a uma cópia digital mais simples do artigo.
Na pesquisa que estamos realizando para o trabalho do ICKS no 15° SBPE, coletamos muito material, digitalizamos e em algum momento poderemos disponibilizar. São artigos relativos a assuntos onde nosso grupo de pensadores tem demonstrado serem progressistas.

Jornais são também marcadores do tempo. Pensem nisso. Só não se esqueçam de um pequeno detalhe, para que tudo isso seja viável, há que ter gente que o faça.

Nota: Artigo publicado no Jornal Abertura - Agosto de 2017


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